Lucy Heartfilia é a única herdeira da casa Heartfilia e seu pai, Jude, espera ansiosamente para casar a filha desde que ela fez dezesseis anos, porém, Lucy sempre foi firme sobre a ideia de só se casar aos ou após seus dezoito anos. Assim como qualquer um que sabe do seu valor, ela fez seu pai prometer que a deixaria participar da “escolha” para seu parceiro perfeito.
Hoje Lucy completa dezenove anos e se diz disposta a tentar encontrar alguém, pois graças a ajuda de sua mãe, Layla, ela conseguiu mais tempo com o pai. Cansado e sentindo a idade chegar, Jude não é mais tão exigente quanto ao par de sua filha, mas tem um pretendente em mente.
A casa dos Heartfilia é conhecida pelas belas mulheres e a árvore genealógica impecável ao passar dos séculos e, graças a essa fama, foi fácil para Lucy conseguir convidar todas as casas importantes do Reino de Magnólia, até aqueles que ela nunca ouviu falar como A Casa de Zeref. Apesar de não querer transformar seu aniversário em uma espécie de competição para quem consegue sua mão, Lucy vai ficar feliz em ser paparicada e por conseguir novos amigos.
— Você está nervosa, querida? – perguntava Layla, enquanto arrumava o cabelo da jovem.
— Você estava nervosa na noite em que conheceu meu pai? – retrucou Lucy, observando a mãe corar pelo espelho.
— Eu não me casei com seu pai imediatamente, nem tão pouco o conheci na mesma noite em que fiz dezoito – Lucy deu um sorriso malicioso para sua mãe através do espelho. — Você é uma boa filha, sempre nos obedeceu, mas meu pai… Ele sempre ficava preocupado comigo. Conheci Jude em um festival de inverno e passei a sair escondida para ficar com ele.
— Mãe!
— Você poderia ter feito o mesmo se soubesse sair escondida.
Lucy se virou rapidamente para a mãe e as duas começaram a rir. Mesmo que fracassasse em conseguir um par, ela já estava feliz por ter tido esse momento agradável com sua mãe.
— Respondendo sua pergunta: não estou nervosa – disse Lucy, ao se virar para o espelho novamente e deixando que sua mãe continuasse a escovar seu cabelo. — Acredito que as estrelas sempre sabem o que fazem, não é? Você costumava me dizer isso quando eu era criança.
— Sim, você está certa. Você nasceu na Noite Celestial, logo quando a maior estrela do céu caiu. Eu consegui vê-la do quarto e você chorava em meus braços, mas acho que estava feliz.
— A Noite Celestial deixou de ser comemorativa, não? – perguntou a jovem enquanto olhava para o entardecer pela janela. — Nunca mais vi festivais azuis pela cidade, nem casas decoradas para assistirem ao céu.
— Dizem que nenhuma outra estrela caiu depois do ano em que você nasceu,e nos três anos restantes de festival não vimos mais estrelas caindo. Elas caem quando ninguém está olhando – Layla também bisbilhotou o céu. — Sabia que nossa família tem um significado com as estrelas? Sua bisavó costumava dizer que nosso cabelo é da cor das estrelas e nossa essência é feita delas.
Lucy nunca tinha escutado sobre isso, mas sabia dos inúmeros mitos que rondam a terra e as suspeitas de que magia ainda existe. Em seus sonhos mais secretos, Lucy sempre sonhou com um jardim cheio de rosas amarelas e apenas uma rosa – rosa, entre elas. Nunca contou a ninguém sobre o sonho e também nunca teve coragem de puxar a rosa para saber o que acontece.
Por mais inteligente e racional que seja, a jovem sempre tende a acreditar e se deixar fascinar por mitos e estórias.
— Você acredita? – Layla ficou em silêncio, observando a filha pelo reflexo. — Acredita que sejamos feitas de estrelas? – Lucy riu.
— Eu acredito que você tenha sido a última estrela – ambas sorriram uma para a outra — Olhe para você, filha. Me orgulho de ter feito alguém tão bonita, inteligente e tão celestial. Sua beleza não parece daqui.
— Mãe, nós somos iguais.
— Ficaria surpresa se visse o resto da família – brincou Layla, guardando a escova prateada na gaveta. — A propósito, sua tia Anna virá ao seu aniversário.
— Eu gosto da tia Anna, ela é sempre muito calma e atenciosa comigo – Lucy avaliou seu cabelo escovado no espelho e se deu por contente.
— Sua avó achava que Anna era uma estrela também.
— É realmente coisa de família – Lucy riu.
— Pergunte para outro nas ruas e ele lhe dirá que acredita – Layla deu um sorriso largo enquanto observava os detalhes do vestido azul que sua filha irá usar esta noite — E com esse vestido, pergunte a qualquer um da festa.
— Mãe… – Lucy corou de vergonha — Eu posso fazer o resto sozinha, você deve ir se arrumar. Tenho certeza que o papai está tendo problemas com a gravata.
— Ele nunca aprende – elas riram. — Antes de ir, peço que use o anel de aquário esta noite. Ele combina com o vestido e também é um espírito forte para lhe proteger.
— Tudo bem.
Outro misticismo na família: os anéis do zodíaco. Sua mãe não tem todos eles, mas os guarda como se fossem uma relíquia de família. Nas lendas dizem que quem possuísse os anéis, estava abençoado e protegido para o resto da vida. Os espíritos se manifestam como animais na natureza e nunca se tem certeza se são realmente eles que protegem seus guardiães ou se são meras coincidências. Lucy prefere acreditar no que sua mãe a ensinou a vida inteira: respeitar os espíritos do zodíaco como se fossem amigos próximos.
Ela nunca obteve provas de que eles realmente existem, mas também nunca esteve em perigo para pedir ajuda.
Ao mesmo tempo que Lucy terminava de se arrumar com a ajuda de Michelle, uma das contratadas da família, Jude e Laya conversavam alegremente sobre o dia da filha no quarto enquanto se arrumavam e ajudavam um ao outro. Jude usava um terno verde musgo e uma gravata verde aspargo, penteando o bigode para baixo e o cabelo para trás, tentando rejuvenescer o rosto. Usaria o brasão de sua nova família e de sua família anterior, os Venermilia, pois jurou carregar um pouco de sua essência até o fim da vida.
Layla estava deslumbrante em um vestido justo de seda verde como a floresta, destacava ainda mais seus fios loiros que estavam presos em um coque elegante. Usava esmeraldas nos brincos e no colar, acompanhados de um batom um pouco mais marcante que a cor de seus lábios, deixando apenas um anel verde do espírito de sagitário em seu dedo indicador como acessório. Ela também usaria uma capa amarela narciso junto de seu marido para representar a cor da Casa Heartfilia.
Os dois estavam impecáveis como jamais vistos.
— Acha que ela terá a mesma sorte que nós? – perguntou Jude, enquanto Layla arrumava sua gravata. — Você sabe, há rumores sobre guerras. Se não fosse por isso, eu não estaria tão impaciente. Todas as casas querem se manter fortes para defender seus territórios e não quero que Lucy seja enganada para ser um triunfo. Quero que ela encontre alguém que a ame e a proteja, como sempre fizemos um com o outro.
A loira sorriu para o marido, deixando-o tímido por palavras tão doces.
— Jude, Jude… Você não muda. Disse o mesmo para meu pai quando pediu minha mão.
— Uma vergonha.
— Não foi vergonhoso. Eu achei encantador.
— Seu pai me fez dizer as mesmas palavras para sua mãe, pois não era ele quem cuidava do assunto “casamento”. Eu queria sucumbir de vergonha – Layla gargalhou com graciosidade, Jude corou ao admirar a beleza de sua esposa.
Ele começou a se lembrar do dia em que viu Layla em um evento como o mesmo que está prestes a acontecer agora, com a filha deles. Lembrou-se do quão desesperador o ciúme lhe tomou enquanto teve que apenas assistir sua mulher dançar com tantos outros pretendentes mais vantajosos do que ele. Segurou a pequena fúria que quase lhe tomou os olhos ao se lembrar que Layla se aproximou de outro, que quase gostou de outro, seu eterno inimigo Igneel Dragneel.
Jude sempre fora de manter relações amigáveis e respeitáveis entre todos do Reino de Magnólia, até mesmo com aqueles que ele não gostava muito, mas Igneel nunca esteve nesse patamar. O loiro sempre se sentiu inferior a ele, pois os cabelos vermelhos de Igneel sempre pareciam mais charmosos do que qualquer esforço que Jude fosse capaz de fazer. Quando sentiu que quase perdeu Layla para ele, Jude se fechou completamente para alguém como ele.
A loira apenas observava de canto a expressão confusa do marido, logo imaginou sobre o que ele pensava e o que o deixava aflito.
— Eu exatamente o que está passando nessa sua cabeça dura, Jude. – Ela terminou de arrumar a gravata e deu um tapa em seu peito, se afastando logo em seguida.
Jude sabia que aquele não era um assunto bom e se arrependeu naquele momento por ter revivido memórias tão frustrantes.
— Layla… Desculpe. Eu só… ainda não superei esse assunto – disse ele.
Ela virou-se de volta para Jude, o olhar sério e impaciente. Como um professor olha para um aluno depois d’ele tentar o mesmo exercício quinhentas vezes e nunca obter resultado.
— Dezenove anos se passaram. – Jude encolheu os ombros e desviou o olhar — Você não superou porque nunca encarou essa fantasia. Eu sempre deixei evidente que jamais abandonaria minhas amizades pelo nosso relacionamento e tentei, tantas vezes, eu tentei te fazer enxergar que meu coração pertencia à você. Igneel era meu melhor amigo. Você é meu marido. Depois de tantos anos, eu ainda preciso deixar isso claro para você?
— Não! – ele foi até ela, os braços prontos para um abraço — Não precisamos falar sobre isso hoje. Nossa filha terá uma noite maravilhosa, nós seremos os pais mais orgulhosos do continente e não teremos atenção para outra coisa além dela.
Apesar de gostar de ouvir coisas otimistas, Layla sabia que Jude só falava aquilo para desviar do assunto. Ela desviou de seu abraço e arrumou seu vestido, como se o movimento brusco tivesse o sujado.
— É bom que você seja decente. Lucy convidou todos os jovens e moças do reino para o aniversário dela. – Layla deu um sorrisinho para Jude e saiu pela porta o mais ligeiramente possível.
Jude ficou ali um tempo processando que todos os jovens do Reino de Magnólia estariam presentes no evento. Era perigoso e… decepcionante.
Layla e Jude desceram como anfitriões da casa e não o evento em si, pois sabiam que essa parte ficava para Lucy e seu momento de descer as escadas do salão. A casa era tão grande que a jovem ficava com medo de errar a escada na hora de descer e acabar aparecendo na entrada da mansão.
Estava tudo decorado em amarelo e azul, representando a Casa Heartfilia e a cor favorita de Lucy. Todos os talheres de ouro foram utilizados para o dia de hoje, eram somente requisitados em eventos de extrema importância para a família. Lucy pediu por muito vinho e recusou o champagne, pois era de sua preferência. Os docinhos e aperitivos foram organizados por Layla e Michelle, alguns funcionários extra foram contratados especialmente para a noite de hoje.
O casal recepcionou cada um, dando sorrisos e rápidos abraços para que todos se sentissem à vontade. Quando Jude notou que Igneel e seu único filho, Natsu Dragneel estavam se aproximando, ele inventou que Weisslogia estava chamando por ele do outro lado do salão. Layla ficou decepcionada, mas não demonstrou quando viu o marido pedir por atenção do colega Weisslogia e o filho dele, e concentrou toda a sua atenção naqueles que pisavam no salão de sua mansão.
Um amigo que ela não via há muitos anos, nem sabia se ele ainda se lembrava dela, e o filho dele que ela nunca conheceu. As mãos dela transpiravam um pouco.
Até que Igneel parou na entrada do salão e ficou um tempo olhando para ela sem dizer nada. Seu filho, Natsu, ficou olhando pelo salão procurando por alguém e de olho na mesa de comida. Quando o rosado percebeu que o pai se comportava estranho, Layla resolveu agir.
— Fico contente que tenham conseguido uma folga de suas agendas. Soube que estão há dois anos enfrentando ameaças do desconhecido, não é mesmo? – ela engoliu em seco. Não sabia muito bem como agir diante de alguém que ela não tinha contato há tanto tempo.
— É – concordou Natsu, olhando estranho tanto para Layla quanto para seu pai.
— Sinto muito pelo assunto inapropriado, só quero que saibam que eu aprecio a presença de vocês e tenho certeza que minha filha também – ela sorriu, do jeito Heartfilia de sorrir, o sorriso que deixava qualquer clima tenso um pouco mais calmo.
Igneel parece ter sido tirado de seus devaneios com o gesto.
— Ficamos lisonjeados com o convite – disse ele, curvando a cabeça para Layla. — Faz um tempo que não tiramos uma folga de nossas missões para aproveitarmos um baile. Soube que sua filha tem sido relutante com o baile dela, espero que não tenha razões para isso.
— Não, claro que não. Ela só é um pouco… Exigente.
— Ah, eu entendo sobre exigência – apontou silenciosamente para o filho.
Natsu escutava a conversa e rolava os olhos, fazendo Layla gargalhar. Do outro lado do salão, Jude fingia prestar atenção na conversa entre o atual Grande Rei, Skiadrum, e seu velho amigo Weisslogia, mas só conseguia se concentrar no comportamento de Igneel e Layla. Ele segurava a taça com tanta força que quase a quebrava com as mãos.
— Como vejo que vocês são os últimos a chegar, posso guiá-los para a mesa em que foram colocados. Aceitam minha companhia?
— Precisamos cumprimentar o Grande Rei – disse Natsu.
— Sim, não queremos lhe fazer esforço – completou Igneel.
— Vamos lá, não seja assim, Igneel. Não estou tão velha!
— Não, você está ótima! – ele ficou sem graça. Dessa vez foi Natsu quem segurou a risada. — Eu só… sei que meu filho fica mais tranquilo somente em minha presença.
Layla tampou os lábios com a mão ao rir.
— Você continua o mesmo, Igneel. Não consegue mentir.
Ele arregalou os olhos um pouco antes de desviar o olhar, mas foi Natsu quem pareceu surpreso.
— Vocês já se conhecem? – perguntou ele.
Os dois olharam em volta, desviando da pergunta e do constrangimento ao pensar em explicar como e por qual motivo eles se conhecem. Layla ficou brevemente incomodada com o fato de que Natsu não fazia ideia de quem ela era, mas não tinha como culpá-lo. Seria estranho contar ao seu filho sobre uma breve paixãozinha de adolescência. Já Igneel, estava extremamente constrangido por não ter se imaginado nessa situação antes de vir para o evento.
Natsu estava quase se irritando com o silêncio dos dois que quase partiu para a agressão com o pai, eles sempre tiveram essa relação de pancadas e gritaria, mas a distração que descia as escadas do salão lhe tomaram toda a atenção e ele rapidamente se esqueceu sobre o que conversava com seu pai e a moça ao seu lado. Só conseguia olhar e reparar naquela jovem de vestido azul que tomava a atenção de todo o salão somente para si, até o Grande Rei parecia impressionado com ela.
— O que a Casa Heartfilia tem escondido há tantos anos… – pensou Skiadrum, em voz alta.
— Pelo visto ouro não é a maior riqueza deles. – Constatou Weisslogia, olhando ao redor e reparando que todos assistiam a cena com olhos atentos e impressionados. Seu filho também olhava impressionado, mas a cabeça de Sting não parava de pensar que seu pai estaria mais satisfeito do que ele neste momento.
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