O sol estava desaparecendo sobre o vale, Thanos observava, o início de seu novo mundo.
Estava quieto, sem conflitos, sem fome, sem guerra. O Titã sentia paz pela primeira vez em anos. No entanto, Thanos podia ver um novo problema. O universo havia sido moldado para ser perfeito, mas Thanos sabia que ainda precisaria de ajuda. As pessoas que ficaram não iriam entender sua gentileza. Eles iriam atacá-lo, como todos os mortais faziam quando tinham medo de algo novo, independentemente de como isso os beneficiária. E apesar de seu poder, ele só estaria por perto para ajudar e completar sua grande tarefa. Thanos não planejava viver para sempre em morte, guerra, ele apenas queria descansar. Tantos anos em busca das jóias, agora merecia um descanso. Ele precisaria de um herdeiro para continuar seu trabalho. Ele precisaria de uma criança com o fogo que havia queimado em Gamora. Uma criança que poderia sobreviver e prosperar, uma criança que seria treinada para fazer o que fosse necessário, independentemente daqueles que lutassem contra eles. Todos seus filhos ou se rebelaram ou estavam mortos, para conseguir o equilíbrio, lhe custou tudo, se encontrava sozinho.
Thanos se mexeu, o pequeno corte em sua bochecha ardendo. Um pensamento veio à sua mente, uma lembrança de um par de olhos castanhos, queimando com um fogo familiar. Uma mortal que o enfrentou em Titã. Madison Stark. A pequena ruiva resmungando a alguns metros a frente.
Uma brisa suave acariciou o rosto da ruiva, fresco e limpo. Trouxe consigo o cheiro de terra molhada e o som calmante da água correndo em algum rio. Ela estava deitada na grama. O corpo de Madison doía com uma dúzia de machucados diferentes, o braço direito estava quebrado e a costela esquerda trincada.
Um gemido de dor saiu de seus lábios carnudos enquanto ela lentamente se virava de costas para o chão. Uma vez que a dor aguda em um de seus ombros diminuiu, Madison lentamente abriu os olhos. O céu azul sem qualquer resquício de nuvens a saudou, um sorriso fraco estendeu por seu rosto. Por um momento, a paz reinou em seu peito, porém um soco de flashbacks a lembrou dos últimos acontecimentos.
Peter. Cinzas. Tony. Titã. Thanos.
Aquele lugar definitivamente não era Titã, enquanto o planeta morto era sem graça e o céu laranja, onde estava lhe trazia uma sensação de conforto, o céu azul a fez acreditar em que estava na terra. Mas o choque de realidade não a deixou muito tempo nessa fantasia, se sentando no gramado verde e bem cortado com um gemido, pode observar melhor. Uma extensa floresta ao seu redor, tudo parecia calmo, onde estava parecia uma clareira, a visão de uma enorme lua no céu azul, a fez levantar em um pulo, mesmo com muita dor. A lembrança de desaparecendo em um portal com Thanos a apavorou.
Thanos.
Esse estava sentado com uma expressão pacífica e contemplativa há dez metros de distância de si.
Madison pensou em atacá-lo mas a dor em seu corpo e a costela quebrada juntamente ao seu braço, lhe deram um breve lembrete de que era impossível naquele momento. A ideia de correr, fugir do Titã passou pela sua cabeça, mas se ele a trouxera, com certeza a encontraria sem qualquer esforço. Ele tinha as seis jóias do infinito em posse. Ele era invencível. Em sua mão esquerda, a manopla derretida com as seis jóias intactas chamavam atenção. Por um segundo levou em mente que poderia ser ele brincando com a sua cabeça, ou criando uma realidade diferente, mas as jóias estavam sem o brilho forte como quando ele utilizava. Não era um sonho, nem uma ilusão, nem mesmo uma realidade modificada, era real, ela estava com o Titã frente a ela, a olhando como se ela fosse inofensiva, como se ele fosse inofensivo. Como se não tivessem em uma guerra a pouco tempo, em lados opostos. Reunindo coragem restante, logo se via falando apavorada com o Thanos.
— O que você fez? — Questionou com um fio de voz. — O que você fez? — Gritou, o medo, o pavor preenchendo seu peito. — Onde eu estou? Onde está o meu pai? — Naquele momento de silêncio ela se sentia estúpida por fazer aquelas perguntas. — Me responda, droga. — Ela poderia jurar que ouviu seu pai dizer “Olha a língua”, bem no fundo de sua mente.
Em um movimento rápido, Thanos se pôs de pé, ainda com a ferida aberta em seu peito. O breve movimento do Titã assustou Madison, qual deu um pulo e um meio passo atrás. Na medida que o Thanos dava um passo para frente, Madison dava dois recuando, segurando seu braço quebrado e gemendo pela costela trincada. Sem notar, tropeçou em uma pedra, caindo sentada no gramado fofo, dando tempo suficiente para Thanos se aproximar e se ajoelhar ao lado da ruiva, que se encolheu.
— Seu braço. — Thanos balbuciou para a garota que franziu a testa. — Deixe-me ver seu braço — disse com firmeza, ela se encolheu.
— Fique longe de mim. — Ela queria chorar, queria poder se encolher nos braços do seu pai e se sentir protegida, mas não demonstrou, tinha que se manter forte.
Sem dizer uma única palavra ou se afastar da pequena figura ruiva, contragosto de Madison, Thanos agarrou o braço da garota, forçando-a a mostrar seu machucado. A menina se surpreendeu com o toque firme porém gentil, alternou o olhar em seu machucado e o rosto do Titã.
— Seu poder fez isso? — Perguntou a ela que tinha os olhos castanhos arregalados pela voz calma.
— O que eu estou fazendo aqui? — Engoliu seco com o olhar de Thanos. — Me deixe ir embora, você conseguiu o que queria não é? Dizimar metade do universo.
— Você é uma menina corajosa. — Elogiou Thanos. — Uma mera criança, lutando uma batalha da qual você não sabe nada. Por mais fúteis que sejam seus esforços, eu a admiro por tentar. — A jóia do poder brilhou mais forte, e como mágica, seu corpo e ossos quebrados, estavam novos se curando rapidamente.
— O que… — ela se movimentou não sentindo nenhuma dor. — Você me curou? Por que?
— Preciso de você intacta. — A observou, um silêncio se instalou, o cérebro de Madison processava tudo lentamente, ela sentia como se sua cabeça fosse explodir.
— Você matou ela. — Balançou a cabeça confusa. — Você não amava ela.
— Eu perdi muitas crianças no meu sacrifício pelas jóias. — Respondeu Thanos calmamente se sentando ao lado dela. — Eu tinha um dever com o universo. Eu não podia permitir que ela ficasse no caminho, ignorei meu destino uma vez por ela, não poderia fazer isso novamente.
— O que eu estou fazendo aqui? — O questionou calma, já que parecia a única maneira de conseguir conversar com o Titã, em vez de gritar. Nem se ela quisesse gritar com ele, o cansaço começava a atingi-la.
— Eu terminei meu dever e é hora de um herdeiro continuar meu trabalho. Os meus outros filhos foram mortos ou me abandonaram. — Madison sentiu o sangue gelar.
— Você é louco? — Se levantou assustada e tentou atacá-lo com seu poder, mas nada veio. — O que você fez? — Olhava as mãos, em busca de respostas.
— Uma parte do seu cérebro está bloqueando seu uso dos poderes. — Mostrou a jóia da mente brilhando. — Você é jovem, pequena Madison. Cheia de potencial. Comigo, você será mais do que já é. Eu a trouxe comigo por um motivo. — O fôlego de Madison ficou preso em sua garganta. Thanos não prestou atenção à sua hesitação.
— Com você? Por acaso você não poderia perguntar? — Disse sarcástica. — Felizmente não estou na fila de adoção para loucos genocidas como você. Meu pai é Tony Stark, não você.
— Seu pai não poderia fazer você chegar ao nível máximo de seus poderes com aqueles brinquedos de metal.
— Nível máximo? — Sua voz ficou baixa.
— Sim, querida. — Se levantou, sendo observado pelos olhos castanhos. — Você poderia destruir um planeta apenas com suas vibrações, isso não seria incrível? — Sorriu fechado colocando as mãos grandes e roxas nos ombros da ruiva, que se encolheu com o toque. — Não tenha medo de mim, pequena. Minha intenção não é machucá-la, é ensiná-la. — Limpou a fina lágrima que escapou de seus olhos castanhos, idênticos de Tony.
Madison ficou apenas mais aterrorizada com o fato de que ela realmente não via nenhuma intenção maliciosa ali, apenas um toque fraternal e preocupado. Ela queria Malia, cheirar seu cabelo castanho com xampu de bebê e a abraçar fortemente. Sentir que tudo ficaria bem apenas com ela consigo.
— Eu poderia matá-la por você se isso tornasse mais fácil aceitar isso. — Thanos ofereceu. Madison visivelmente entrou em pânico com a ideia de Thanos se aproximar de sua cria.
— Não, não! Não machuque Malia! Não toque na minha filha! Não se atreva a encostar em um fio de cabelo dela. — Ela gritou. Thanos assentiu, olhando ela e olhando para o céu.
— Se é isso que você deseja. — Caminhou de volta para onde estava sentado. — Sente-se comigo, Madison.
— Não! — Se encolheu na sua blusa virando de costas para Thanos. Ele soltou uma pequena risada seca.
— Gamora pensava de maneira muito semelhante. Ela se distanciou de mim, mas não acho que vou ter esse problema de novo.
— Eu não sou a Gamora — resmungou. — Você age como se você já tivesse vencido — sorriu de lado desdenhosa. — Como se não houvesse metade dos Vingadores ainda lá fora, prontos para te derrubar.
Madison notou Thanos passando o polegar sobre a jóia amarela, uma dor atingiu seu peito, Visão estava morto.
— Você não acredita em suas palavras, minha filha. — Se pôs atrás dela, uma mão em seu ombro.
Frente a ela, uma imagem se formou, todos os Vingadores. Um grande salão, e espalhados, Thor, Steve, Natasha, Rhodes, Bruce e um guaxinim, estavam perdidos, quebrados, em completo silêncio, seu próprio luto.
— Pare de brincar com a minha cabeça. — Seus olhos não moveram da imagem.
— Eu não estou, seus heróis não viram buscá-la, eles estão despedaçados. — Os olhos castanhos de Madison marejaram. — Eles não irão tirar você de mim, minha filha.
— Eu não sou sua filha. — Madison sussurrou. Thanos suspirou e acariciou o cabelo ruivo.
— Você não era antes. — Ele admitiu.
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