Yoon BaekHee POVs
- Meu nome é Xiao Dejun, eu sou irmão da Kim MinYoung.
- Kim MinYoung? - Me afasto um pouco para que possa olhar para ele.
- Ela é a mãe do DongYoung e da... ChaeYoung. Eu sou irmão dela, irmão por parte de mãe, meu pai é chinês e o dela coreano. - Ele novamente segura em minha face falando baixo. - Me desculpa por mentir.
- Por que você mentiu seu nome? Por que tudo isso? - Excedo um pouco o tom.
Ele olha para trás de mim como se conferisse se ninguém ouvia, ele vai até a porta e olha para os corredores e fechando-a em seguida. Voltando em minha direção e me sentando na ponta da cama e em seguida ficando de joelhos na minha frente.
- BaekHee, é complicado de te explicar tudo. - Ele pega em minhas mãos. - É muito difícil, mas eu preciso te dizer que eu estou aqui para honrar o nome de minha irmã e realizar seu último desejo em vida; talvez eu o já tenha realizado, mas para mim é mais do que apenas isso.
- O que aconteceu com ela? - Pergunto curiosa já que nunca ouvira o nome e a história dela nessa casa.
- Esse velho foi a causa da morte dela, por causa dele ela morreu, você não tem ideia do quanto ela sofreu por conta dele. - Ele baixa o olhar e respira fundo. - Além de matar ela, ele machucou as coisas que eram mais importantes para ela, os seus filhos. Ele os separou, e ainda ficou com toda a fortuna dela.
Coloco minha mão em seu ombro como apoio.
- Sabe como foi difícil ser apenas um adolescente fraco e não poder fazer nada para ajudar minha irmã, ele deu um jeito de me mandar estudar fora da Coreia, ele sabia que eu seria um empecilho para seu plano, e minha irmã como queria me proteger sabendo o lixo de homem que aquele velho era, aceitou me obrigando a ir para fora. Eu nem consegui me despedir. - Ele chora profundamente.
Me abaixo no chão junto a ele e o abraço.
- Está tudo bem, pode colocar tudo para fora. - Dou leve batidinhas em suas costas.
Ele chorava como um bebê. Imagino como ele devia ter se sentido todos esses anos, e se segurado para ser forte e realizar o último desejo da irmã. Ahn... digo Xiao Dejun era realmente um cara forte e incrível.
- Estudei esses anos todos pra me tornar o melhor advogado que podia, para vir me candidatar a vaga de secretário desse velho, eu queria saber todas as leis e todas as formas possíveis de me vingar dele, pegar de volta a fortuna dos meus sobrinhos e poder cuidar deles. Sabe como dói ver eles nessa situação? Eu sei que você deve estar pensando mal de mim por deixar DongYoung naquela situação, mas se eu o tirasse de lá o velho desconfiaria, mas... - Ele pega em minhas mãos, vejo medo em seus olhos. - Eu juro que ele tem tudo o que precisa, apesar daquele casa, o resto tudo ele tem. Eu ainda vou tirar ele daquele buraco, eu só preciso terminar as coisas aqui.
- Está tudo bem, Dejun. - Dou um sorriso.
Ao ouvir seu nome verdadeiro, ele parece se sentir mais calmo.
- Me desculpa deixar ele te humilhar daquela forma, eu disse que estaria lá com você, mas eu não podia jogar esses dez anos no lixo, me perdoa. - Ele implora olhando nos meus olhos.
Apenas chacoalho a cabeça em negação.
- Você não tem que me pedir desculpas, eu te entendo. - Sorrio tentando o acalmar.
- Entende mesmo?
- Claro.
- Tem mais uma coisa. - Ele olha para o lado evitando contato. - Mas não estou pronto para falar sobre isso agora. - Ele finalmente me olha.
- Está tudo bem, quando se sentir pronto eu estarei aqui para te ouvir, certo?
- Na verdade, eu não sei se tenho coragem para contar, mas... mas se ele te contar vai ser melhor, eu sei disso... ele vai te contar, vai sim. - Ele parecia um pouco desestabilizado falando como se fosse para si próprio.
Eu estava começando a ficar preocupada com ele.
- Ele? Ele quem, Dejun? - Pergunto olhando para ele que parecia confuso.
- Ele... - Ele coloca as mãos na cabeça parecendo perturbado.
Seus olhos estavam vermelhos e molhado, suas roupas amassadas e fora do lugar, seu cabelo parecia um ninho, ele não estava nada bem.
Apenas o abraço novamente, apenas tentando o acalmar.
Após um longo tempo tentando acalmar Dejun, ajudei-o a se arrumar e coloquei-o para dormir com a ajuda de alguns dos meus calmantes. Ali do seu lado passei o resto da tarde e da noite.
Eu não havia ido para o cursinho, não estava nem um pouco bem emocionalmente, apenas estudei ali mesmo em seu quarto.
Meu celular vibra e vejo uma mensagem de TaeYong:
"Você está bem? HaRi me disse que seu pai voltava hoje, está tudo bem? Me diga se precisar de algo."
Parecia que ele havia sentindo o quão sofrendo eu estava naquele momento, o quanto eu precisava de um ombro amigo.
Penso no que responder, eu só queria sumir daquele lugar, mas não podia largar Dejun sozinho. Digito algumas coisas, mas apago em seguida, sem coragem de enviar.
- Por quanto tempo dormi? - Dejun fala ao acordar.
Olho assustada, fechando meu livro e indo em direção a cama. Coloco minha mão em sua testa e vejo que a febre havia sumido.
- Como você está? Talvez eu tenha me empolgado nas gotas do calmante, me desculpa. - Dou um leve sorriso de lado envergonhada por quase ter o matado com calmantes.
- Está tudo bem, eu só...
- Não se preocupe, senhora Lee cuidou do velho, ele também passou a tarde dormindo.
Ele tenta se levantar, mas o seguro.
- O que está fazendo?
- Preciso cuidar de algumas coisas, ele provavelmente não poderá trabalhar amanhã, terei que ir no lugar dele. - Ele tira a coberta se levantando.
- Mas você precisa descansar. - Me levanto indo atrás.
- Está mais perto do fim do que você imagina, BaekHee. Quando tudo tiver acabado poderei descansar. - Ele sorri.
- Tudo bem, então.
Me dirijo a porta, mas paro e me viro.
- Dejun?
- Sim, BaekHee? - Ele se vira, já que pegava um terno no armário.
- Você é muito forte, te admiro muito! - Sorrio fazendo um joinha.
- Obrigada, BaekHee. - Ele sorri de volta.
Ele parecia estar melhor, e isso me acalma um pouco. Reflito pelo que ele deve ter passado todos esses anos, a culpa, a mágoa, o medo. A culpa de não ter podido ajudar a irmã, a mágoa de guardar tudo para si, e o medo de não poder fazer nada, de não falar nada, de fingir ser o que não era para vingar a irmã e cuidar dos irmãos Young.
Encostada no corredor olhando uma das janelas, vejo a neve cair, era a primeira do ano.
- Você está bem, BaekHee? - Era Dejun novamente.
Ele estava de volta aos eixos, em seu paletó completamente alinhado, bonito e em sua postura de sempre, uma postura que mostrava o quão forte e imbatível ele era, o quão inabalável parecia ser. Talvez ele fingia ser tudo isso quando vestia essa armadura para se proteger, mas na real ele era muito mais que isso, ele era um cara normal e incrível que só queria mudar as coisas. Eu o admirava, e tenho certeza que se a senhora Kim estivesse aqui, também o admiraria.
- Aham. - Olho para o celular mais uma vez.
- Primeira neve do ano. - Ele coloca aa mãos nos bolsos. -Sabia que tem uma superstição japonesa que diz que se o encontro for na primeira neve do ano, serão felizes para sempre. - Ele põe a mão em meu ombro e da um leve sorriso, indicando o celular com a cabeça.
- Mas e depois? E se...
- Não se preocupe, apenas faça o que seu coração quer, BaekHee. Confia em mim, tenho certeza absoluta que não vai ter um 'mas' depois.
- Obrigada.
Eu: "Você pode me encontrar no parque perto de casa?"
TY: "Estarei aí em 10 minutos."
Corro para o quarto pegando um casaco, e sem mais delongas e preocupação corro para o parque. Enquanto corro, o vento gelado, mais uma vez bate como chicote em minhas bochechas, a sensação é maravilhosa.
Desacelero quando chego próxima ao parque, vejo uma silhueta de costas, encostada num dos brinquedos. Apesar de dizer dez minutos TaeYong já estava ali, e não, eu não morava longe do parque; e não, eu não levara nem cinco minutos me trocando e correndo até ali.
Hesito em me aproximar, eu tinha medo, mas as palavras de Dejun ecoam em minha mente, seguir meu coração. Repito isso algumas vezes, respiro fundo.
- TaeYong? - Corro em sua direção.
Eu não deixaria o 'mas' tomar conta de mim, eu mesma escreveria minha história, e nela não havia espaço para 'mas'.
- Eu...
Não deixo que TaeYong termine de falar, me jogo em seus braços e o beijo. Beijo com toda intensidade, com toda vontade e desejo. O sentimento parecia ser mútuo.
Ele rodeia minha cintura com seus braços me ajudando a ficar nas pontas dos pés para alcançá-lo. Minha mão passeia entre seus cabelos. Seus lábios estavam gelados pelo frio, a sensação era maravilhosa, era esplêndida. Ele sorria durante o beijo.
A neve caia fazendo parte do fascinante cenário de conto de fadas, e por um minuto desejo de todo coração que a superstição que Dejun contara se realize.
Nos separamos por falta de ar.
- Você me disse que mesmo quando tenta me segurar forte, eu desapareço... - Falo rápido e titubeando entre as palavras. - Eu não quero desaparecer, porém eu tenho medo, medo das consequências e mais ainda, medo dos 'mas' que vão surgir.
- Eu sei que você já deve ter ouvido "confie em mim" demais, entretanto será que você pode apenas mais uma vez ouvir isso? - Ele pega em minha face.
- Aham. - Olho-o com atenção, cada detalhe era fascinante.
- Você pode confiar em mim? Eu quero te ajudar a superar esse medo, e a principalmente tomar suas próprias decisões para que não se arrependa no futuro. Então será que dessa vez posso esticar minha mão e te alcançar?
Não sei quando começara a chorar, mas agora sentia as lágrimas geladas descerem pelas minhas bochechas, e pela primeira vez na vida elas eram de felicidade.
- Por favor, não solte-a. - Peço sorrindo.
- Jamais eu vou soltá-la. - TaeYong me abraça.
Me enterro em seus braços, encostada em seu peito ouço seu coração agitado.
- Cha... hum, posso te chamar só de Young? - TaeYong pede passando o dedão em minha bochecha limpando aquelas lágrimas bobas.
- Pode.
TaeYong enfia a mão no bolso, e de lá tira um band-aid, o mesmo tinha desenhos.
- Agora é minha vez.
Com suavidade ele coloca o curativo no corte da minha bochecha, cujo eu mesma havia esquecido de cuidar.
Fomos para um café ali perto, já que a neve aumentara. Eu aquecia minhas mãos pressionando a xícara de chocolate quente.
- TaeYong?
- Sim?
- O que a gente tinha antes do acidente? - Finalmente pergunto.
Eu fizera diversas teorias desde que havia descoberto, mas eu queria saber a verdade há muito tempo atrás, mas eu não tivera coragem de perguntar.
- Foi apenas um lance sem muito aprofundamento. - TaeYong não liga muito, ele mexia no celular.
- Sem aprofundamento? - Questiono.
- Era para ser apenas uma brincadeira, mas acabou fazendo eu me apegar. Não é a mesma coisa que agora, se é isso que quer saber. - Ele abaixa o celular me encarando. - Agora é real, Young. Estou sendo sincero, é diferente o sentimento que eu sentia pela ChaeYoung do passado, e pela Young que está sentada aqui agora. É profundo, é real. - Ele sorri de lado. - E você?
- O que tem eu? - Bebo o chocolate tentando disfarçar.
- Quando percebeu que gostava de mim?
- Eu perdi a memória, esqueceu? Como eu lembraria? - Balanço os ombros e bebo novamente.
- Desde que chegou aqui, Young. Se você perdeu a memória e não lembrava de mim, então desde que chegou aqui, quando percebeu? - Ele ri baixinho.
Me afogo, eu iria começar a ficar com vergonha novamente. Era estranho mentir para ele agora que eu havia assumido meus sentimentos.
- Deve ter sido desde a primeira vez que eu quis enfiar a mão na sua cara. É deve ter sido ai. - Brinco.
- Com certeza. A propósito, queria me desculpar pelo nosso primeiro encontro, e pela forma que te joguei no armário. Eu não sou desse jeito, mas fiquei descontrolado quando vi que eu teria que ver novamente quem eu amo sofrer. Doyoung é como um irmão para mim, e pensar em vê-lo triste novamente, me deixou louco. - Ele fala sinceramente.
- Tudo bem, já passou.
- Está tarde, vou pagar a conta e te levar para casa.
Apenas concordo e ele se levanta indo ao caixa. Aproveito para terminar os biscoitos rapidamente.
TaeYong me deixa na porta de casa, o velho deveria estar ainda em seu quarto para nos pegar ali.
- Bom descanso, Young. - TaeYong beija minha testa.
- Vá com cuidado.
- Claro. - Ele vira pegando o capacete em sua moto.
- TaeYong?
Ele se vira para mim.
- Eu não sei quando me apaixonei, mas sei que me pegava pensando demais em você, curiosa demais sobre você, preocupada demais. Eu tentei fugir e fingir que nada acontecia, mas agora eu vejo que eu mentia para mim mesmo, por isso não vou mais mentir. TaeYong eu...eu... - não consigo terminar a frase.
Eu queria gritar que gostava dele, mas novamente o medo me traz a realidade.
- Tudo bem, Young. - Ele sorri me passando tranquilidade.
TaeYong passa sua mão em minha cabeça, e sorri novamente.
- Eu... eu... também. - Ele ri.
Lee TaeYong acabara de debochar da minha declaração falha? Só ele para conseguir me deixar confortável numa situação constrangedora dessas.
Ele me abraça uma última vez e me beija mais uma vez, novamente sorrindo entre o beijo. Aquela sensação era absurda demais para caber dentro de mim.
Entro na casa alegre e saltitante, eu estava feliz demais mesmo com tudo que acontecera mais cedo.
- Parece que alguém se divertiu? - Dejun aparece do nada me pegando de surpresa.
- Digamos que foi como nos contos de fada. - Falo sorrindo. - Agora voltamos para realidade dura. - Falo suspirando. - Como está as coisas?
- Não é a primeira vez que ele tem início de AVC. Logo ele ficará bem, por isso apenas tenta evitar ver ele.
--x--
O resto da semana eu apenas ia da escola para cafeteria estudar e pro cursinho de noite. Passava o dia fora estudando, e de noite ficava trancada no quarto, também estudando, e claro evitando o velho, desde aquele dia não havia o visto.
TaeYong me chamara algumas vezes para sair, mas eu insistia em apenas estudar, algumas vezes ele me ligava, mas eu usava dessa oportunidade para obrigá-lo a praticar Inglês comigo. Ele era muito inteligente.
Tirei uma tarde para me encontrar com Yuta, Doyoung e TaeYong e fizemos a lista de lugares que iríamos na viagem pós provas. Convidar YoungHo e Chenle não havia necessidade, eles não existiam em épocas de provas.
Seria mais uma situação a lidar pós tudo isso, como explicar a YoungHo, sem machucá-lo, que eu estava prestes a sair com TaeYong? Seria uma dor de cabeça essa viagem.
Mais uma semana havia passada e com ela foram as provas, eu estava confiante de meus resultados. Poderia parecer que eu estava me gabando, mas eu achara que as provas de uma escola conceituada seria mais difícil do que fora. Agora era só esperar os resultados.
--x--
Finalmente o dia dos resultados havia chegado, eu estava ansiosa e com medo de olhar. Eu queria muito não só ter conseguido o top 3, porque ele sairia no meu boletim, mas eu também queria que os esforços de HaRi e Kun não tivessem sido á toa.
Para ser sincera eu também estava com vergonha da humilhação que seria ver a tal Do HaNa se gabar e esfregar na minha cara de que eu não era capaz de atingir tais metas.
- Não sei se estou pronta, HaRi. - Eu insistia.
- Claro que está, agora vem a melhor parte. Vamos lá. - HaRi tentava me convencer a ir ao pátio principal esperar os resultados serem colados no mural.
- Agora é só ver os resultados e comemorar seu top 3. - Kun também tentava.
- E se eu não tiver conseguido? Vocês sabem que seremos chacotas, principalmente você e eu, HaRi.
- Bom argumento. - Kun elogia falsamente. - Você estava super confiante, cadê aquela confiança toda?
- Você pegava as coisas facilmente e até mesmo o professor do cursinho te elogiou, deixa de ser boba, vamos lá! Quero saber os resultados de primeira mão. - HaRi finge estar brava.
- Mas e se... - Ela não deixa que eu termine.
- Chega de mas, eu confio em você! - HaRi sorri colocando uma de suas mãos em meu ombro.
- Eu também confio em você! - Kun também coloca sua mão em meu outro ombro.
Eu finalmente cedo, era difícil bancar a durona com os dois sendo tão sentimentais e verdadeiros.
Eles me arrastam até o pátio principal, em um canto vejo TaeYong, que sorri ao me ver, retribuo. Ao seu lado estava Doyoung e Yuta que conversavam, Doyoung parecia apreensivo e Yuta tentava acalmá-lo passando a mão em sua cabeça.
Em outro canto vejo Chenle, HaNa e YoungHo, ao notarem minha presença os dois primeiros sorriem com deboche, já YoungHo apenas acena de forma triste.
Também avisto Renjun, Yukhei e Hyuck em outra parte, olho bem a tempo de ver HaRi mandar um beijo para Yukhei. As coisas iam bem com eles nesse meio tempo, ela realmente era inteligente.
Após poucos minutos, que mais pareciam eternidade, o professor chega com a lista e a coloca no quadro de avisos. HaNa, HaRi e Chenle são os primeiros a correr para ver. Os três ficam sem reação apenas olhando o ranking, o que era impossível saber se eu tinha conseguido ou não.
Kun pega em minha mão me puxando até lá, eu definitivamente não teria forças para ir sozinha.
Finalmente chego perto e olho a lista indo direto ao ponto: top 3. Fico sem reação e sem saber o que sentir, meu nome não estava escrito no top 3...
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