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História Was It You? - Chapter XXII - História escrita por SadSoulXX - Spirit Fanfics e Histórias
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História Was It You? - Chapter XXII


Escrita por: SadSoulXX

Notas do Autor


Primeiramente como sempre queria pedir desculpas pela demora, porém pensei em mil maneiras diferentes de encerrar essa história, mas nada saía e eu não queria entregar qualquer coisa.

O capítulo final ficou enorme, por isso dividi em dois. Esse + a outra parte, e por fim um epílogo (com a cena da CCTV).

E por fim queria saber da opinião de vocês de com quem ela deve ficar, Kun ou TaeYong? Conto com a opinião de vocês.

Capítulo 32 - Chapter XXII


 

Tudo se consistia em apenas uma coisa: a escuridão. Era um breu infinito, eu não via, mas eu conseguia ouvir. Eu ouvia vozes clamando pelo meu nome, era das mais diversas, das mais grossas as mais finas, porém, eu não sabia de quem eram. Era uma ambiguidade de sensação das mais diversas, era como sentir tudo e ao mesmo tempo não sentir nada. Era como estar em um labirinto no meio de uma madrugada, com um céu totalmente tampado pelas nuvens mais obscuras...

 

Mas serenamente a escuridão é tomada por um clarão, logo consigo levemente abrir os olhos, e de um simples clarão sinto um caleidoscópio de cores me atingir, uma dor fervorosa atinge minha cabeça, entretanto a dor não deixa meu frescor de acordar se esvair.

 

Com os olhos abertos, pisco freneticamente tentando me acostumar com a luz que era emergida de algum lugar, minha consciência estava retomada. Sinto um leve formigamento no dedo da mão, mas não consigo mexer ela.

 

Era como ter o corpo flutuando em nuvens, ou se deixar levar pelas ondas do mar; meu corpo estava leve demais, eu não o sentia.

Pisco em nervosismo, eu podia mexer levemente o dedo que formigava, mas o resto de meu corpo não obedecia aos comandos. Um pânico começa a tomar conta de mim, consigo apenas sentir o gelado escorrer pela minha bochecha silenciosamente, era a pior sensação que eu já experienciara.

 

Tento mover o pescoço, e apesar de sentir uma dor consigo vira-lo devagar, e consigo ver o que era o formigamento em minha mão. Alguém a segurava firmemente como se a pessoa tivesse medo de eu ir embora enquanto ela dormia.

 

A luz solar que entrava pela janela enorme batia diretamente em sua face, o que o fazia parecer mais lindo do que sempre já tinha sido. Sua pele era como porcelana de boneca, seus fios, agora pretos, caíam sobre seus olhos. E mesmo num sono profundo ele não soltava minha mão, Kun era realmente incrível.

 

Kun abre os olhos pacificamente, levantando a cabeça que estava deitada na cama. Ele boceja e me olha quase desmaiando ao me ver acordada, seus olhos se arregalam.

 

- BaekHee? - Ele me chama levando a mão na boca em surpresa.

 

- Kun. - Consigo dizer com muito esforço, a máscara de oxigênio me atrapalhava.

 

- Meu deus! Não consigo acreditar, preciso chamar o médico, e ligar pro Dejun. - Ele fala andando de um lado para o outro. - Droga! Eu sou o médico, o que eu faço agora? - Ele fala desesperado para si próprio, pegando o telefone e discando algo. - Dejun, venha para casa agora! - E desliga sem mais nenhuma palavra. - Okay, respira Kun. - Ele fecha os olhos e respira e inspira, sinto vontade de rir, mas até isso era difícil.

 

- Kun? - Chamo novamente.

 

Ele corre de volta para meu lado.

 

- Não faça muito esforço, você consegue falar? - Balanço minha cabeça confirmando. - Okay, qual é seu nome?

 

- O falso ou o verdadeiro? - Ele ri com minha piada. - Kim HaeYoung, ou pode ser Yoon BaekHee.

 

- Ótimo Baek, você lembra da sua família? O nome do seu tio e do seu irmão? - Ele diz vestindo um jaleco branco e colocando luvas, logo se aproximando novamente de mim com uma lanterninha em mãos.

 

- Dejun alguma coisa, nunca perguntei o sobrenome, e Kim DongYoung.

 

- Muito bem, siga a luz por favor. - Ele coloca a luz da lanterna em meus olhos, no começo irrita meus olhos, mas logo consigo segui-la.

 

- Kun eu não sinto meu corpo, minhas pernas, nem os braços o que está acontecendo? - Choramingo.

 

- Calma Baek. Isso é normal após um coma tão extenso, isso pode ser atrofia muscular, por conta do desuso dele.

 

- Coma extenso? Do que você está falando Kun, eu estava em coma? A briga com a ChaeYoung não foi ontem? - Eu conseguia me lembrar claramente da briga de ontem no telhado, os olhos cheio de ódios de ChaeYoung, pronta para machucar TaeYong. Me desespero, e o fato de não conseguir mover o corpo só piora meu estado.

 

- Calma, Baek, por favor. Não me faça te anestesiar, por favor. - Ele implorava com uma tristeza nos olhos.

 

- Kun, eu... eu... - Não consigo terminar, era doloroso demais tentar se mover e não conseguir, não doloroso fisicamente, mas sim emocional. Milhões de pensamentos me atingiam em um fração de segundos, penso que ficaria assim para sempre e desejo nunca ter acordado.

 

Kun se aproxima de mim com uma injeção, suponho que era o calmante.

 

- Não precisa, Kun. - Me refiro ao calmante. - Me conte o que rolou, por favor.

 

- Você não deve receber choques emocionais no momento Baek, Dejun deve estar chegando, vou ligar para o hospital e pedir uma ambulância, vamos fazer uma bateria de exames. Eu só preciso ligar. - Ele fala deixando a anestesia de lado e tentando pegar o telefone no bolso.

 

- Kun, por favor. É tudo que eu te peço. - Eu imploro, por mais doloroso que fosse eu precisava saber o que aconteceu de verdade.

 

- Okay, mas você não pode se estressar. - Ele diz se sentando. - Concordo com a cabeça. – Baek, você está em coma a cinco anos.

 

Uma confusão se passa em minha cabeça, cinco anos? Eu dormia por cinco anos? Como isso acontecera, para mim parecia que tudo tinha acontecido ontem. O que aconteceu nesses cinco anos que eu estive inconsciente? Como Doyoung deve ter lidado com ChaeYoung em todos esses anos, ou como Dejun estava? TaeYong por onde ele andava? Muitas e muitas perguntas, que faziam meu peito se encher em vazio e ansiedade.

 

- Baek? Baek? - Kun diz passando a mão na frente de meus olhos. Finalmente volto a si.

 

- Cinco anos, Kun? Como isso é possível? - Engulo em seco.

- A queda foi brusca demais, Baek. Para ser sincero, as esperanças de você acordar um dia eram bem poucas. - Ele segura em minha mão.

 

- O que aconteceu com a ChaeYoung?

 

- Baek, é melhor a gente parar por aqui e esperar a ambulância. - Ele diz se levantando, mas uso toda força que podia para mover a mão segurando em seu dedo.

 

- Se foi tão forte o impacto, o que aconteceu com ela que estava por baixo de mim?

 

- Ela não resistiu, Baek. Faleceu com uma parada cardíaca. - Ele baixa a cabeça.

 

Por mais que eu odiasse Kim ChaeYoung, ela ainda era minha irmã, e querendo ou não, eu empurrara ela lá de cima.

 

- Foi minha culpa, eu não devia ter feito aquilo. - Eu não tinha energia nem mesmo para chorar.

 

- Não! Não se culpe, a culpa não foi sua, Baek. - Kun se senta novamente, pegando em minha mão com suas duas mão e a levando perto de sua cabeça. - Você a parou, foi apenas isso. Você salvou todos que estavam naquele telhado prontos para ser atacados por ela.

 

- Mas... - Não consigo terminar a porta se abre bruscamente.

 

- Kun, o que aconteceu, por que você me.... - Dejun para no meio de sua frase assim que me olha. - BaekHee? - Ele corre em minha cama, como se não acreditasse no que acontecera.

Dejun continuava o mesmo, mas traços de cansaço apareciam embaixo de seus olhos. Por um momento ele fica em choque mas logo se recupera e começa a chorar.

 

- Hyung, ela finalmente recobrou a consciência e se lembra de quem é, entretanto, como esperado não consegue se mover por conta do desuso. - Kun explica para ele. - Já liguei para uma ambulância, vamos desloca-la para o hospital e fazer uma bateria de exames.

 

- Claro, Kun. Vamos. - Ele se vira para mim. - Senti tanto sua falta, BaekHee. Você não tem noção de como foi difícil todos esses anos sem você. Me perdoe por não ter conseguido cuidar de vocês. - Ele continua chorando sem parar.

 

- Você não teve culpa alguma, tio. - Ao ouvir a palavra 'tio' Dejun chora ainda mais, pegando em minha mão. - Está tudo bem. - Uso o único movimento no dedo para acariciar sua mão. - Está tudo bem.

 

- Hyung, a ambulância chegou irei lá embaixo preparar os aparelhos e volto para pegá-la. - Kun anuncia saindo.

 

- Okay, preciso avisar Doyoung, e avisar... - Ele começa.

 

- Tio Dejun, onde está Doyoung? - Pergunto aflita.

 

- Ele está no Japão, BaekHee. Após seu acidente ele queria largar os sonhos e deixar a faculdade para lá, mas com muito esforço o convenci a ir, ele liga todos os dias para ter notícias. - Ele diz se sentando onde Kun estava antes.

 

- Você fez bem de ter insistido, tio. Ele deve estar enorme.

 

- Quando eu avisá-lo ele vai correr para vir te ver. - Ele sorri, mas ouvir isso me magoa.

 

- Não avise ele, por favor. - Peço.

 

- Como não, BaekHee? Ele precisa saber. - Dejun questiona meio surpreso.

 

- Você disse que ele não queria ir, se ele vier ele não vai querer voltar, e eu não quero que ele me veja dessa maneira. - Murmuro triste.

- Não quero que ele me veja nessa cama.

 

- Mas, BaekHee...

 

- Por favor, me deixe melhorar, só um pouco pelo menos. Por favor, tio Dejun. - Era quase uma súplica.

 

- Tudo bem, BaekHee. Ele se forma no fim desse ano, ele pretendia se formar e voltar para Coréia. Ele não vai me perdoar de não ter dito antes.

 

- Está vendo, se ele voltar ele não vai terminar, não quero que meu menino interrompa seus sonhos por minha causa. Eu sei, que por mais que ele me odeie, ele ainda tem consideração para comigo. - Confesso triste em saber que fiquei cinco anos sem ver meu Doyoung.

 

- Ele não te odeia, Baek. Ele só estava magoado, mas ele sofreu tanto com seu acidente, ele ficava o dia inteiro enfiado no quarto de hospital com você. Ele não comia, não dormia, ele desejava todos os dias estar no seu lugar. Ele se sentia culpado pelo acidente. - Dejun confessa melancolicamente.

 

- Como ele está agora?

 

- Ele está enorme, muito bonito. Foi difícil para Yuta e YoungHo convencer ele de ir para o Japão. - Dejun pega o celular dentro do paletó. - Olha como ele está. - Diz me mostrando uma foto onde YoungHo e Yuta abraçavam Doyoung.

 

- Eles estão lindos, ainda não acredito que YoungHo foi junto pro Japão, o pai dele deve ter surtado. - Digo sorrindo.

 

- Surtou demais, mas ele estava decidido a seguir os passos do Yuta. Inclusive YoungHo trocou a tão sonhada faculdade de medicina, que seu pai queria que ele fizesse.

 

- Sério? E o que ele está estudando? - Pergunto curiosa. YoungHo finalmente tinha tomado a direção de sua própria vida.

 

- Ciências da Computação. Doyoung e Yuta estudam Engenharia de Computação. - Dejun fala orgulhoso.

 

- Uau, isso é incrível, fico feliz que estejam fazendo algo que queiram. - Fico extremamente feliz e orgulhosa dos meninos, eu jamais iria querer atrapalhar isso. - Mais um motivo para não contar, na verdade não conte para ninguém. É muita coisa para processar, preciso de um tempo.

 

- Claro, Baek. Irei respeitar sua decisão. - Ele diz passando a mão em minha cabeça.

 

- Tio, e o TaeYong? - Eu queria tanto vê-lo.

 

- Ele...

 

- Hyung, cancelei todas as reuniões de hoje e... - Hyuck entra pela porta, que estava aberta, e para de falar assim que me vê. - BaekHee! - Ele corre até mim. - Não acredito, que incrível você ter acordado. Você lembra de mim? Sou o Hyuck seu amigo, sabe filho da senhora e senhor Lee. - Ele falava sem parar, apenas rio.

 

- Sim, Hyuck me lembro, é bom ver você também.

 

- Tudo pronto Hyung, vamos levar a Baek.

 

Após uma bateria de exames, dos mais complexos aos mais simples, e um bando de médicos das mais várias áreas e países se reunirem para uma reunião, veio o laudo. Eu realmente estava com atrofia muscular, e precisaria de vários exercícios e fisioterapia para voltar a andar e fazer tudo sozinha, mas por outro lado minha saúde estava boa, um pouco de anemia mas nada que um tratamento acompanhado não resolvesse. Eu já não precisava mais dos aparelhos para respirar, mas por precaução passaria essa noite no hospital.

 

Kun me contava de como as coisas tinham se tornado, após o acidente, Dejun havia provado a inocência de Kun, e ele fora aceito na SKY, mas decidira ser médico para um dia cuidar de mim, e aqui estávamos, ele já estava em sua residência e logo se formaria.

 

HaRi havia se formado em administração e tomava conta das empresas do pai com maestria, e logo seu casamento aconteceria com Yukhei, que agora também comandava a empresa do pai e logo se formaria em arquitetura.

Hyuck tinha cursado administração e agora era o braço direito de Dejun, seus pais já não mais trabalhavam, e apenas curtiam a vida, Hyuck tinha dado uma enorme casa para eles. Era um garoto de sucesso em sua carreira.

 

Chenle tinha uma carreira consagrada como pianista profissional, e estava tocando com uma das orquestras mais importantes da China.

 

Renjun após ter sido machucado e fazer uma grave cirurgia, voltara para China e ninguém mais ouviu falar dele.

 

Era importante para mim saber como todos estavam, mas ninguém tocava no nome daquele que eu tanto queria saber, mas eu tinha apreensão em perguntar.

 

- Pergunte, BaekHee. - Kun diz depois de mostrar algumas fotos da formatura.

 

- Perguntar o que, Kun? - Fico confusa.

 

- Pergunte sobre TaeYong, eu sei que está louca para saber por onde ele anda. - Ele me olha.

 

Ele me conhecia perfeitamente.

 

- TaeYong ficou ao seu lado por um ano, ele sofreu tanto quanto Dejun e Doyoung. Mas uma hora ele perdeu as esperanças, após um ano ele foi pros Estados Unidos, ele se formou em administração e agora cuida das matrizes da empresa que ficam nos EUA. Ele continua bonito, se quer saber, ele nunca mais ligou diretamente para Dejun, mas o pai dele sempre pergunta de você. - Kun fala tudo de uma vez. - Quer que eu ligue para ele?

 

- Não. Não precisa, não quero atrapalhar a vida dele. Está tudo bem, ele fez o que devia ser feito. Eu teria feito o mesmo. - O que não deixava de ser verdade, por mais que me machucasse.

 

- Teria superado ele? Acho que não. - Kun provoca.

 

- Claro que teria, espera só para você ver, quando eu melhorar vou conhecer um cara legal, e se ele gostar de mim vou seguir em frente. - Falo convencida.

 

- E se esse cara legal já gostasse de você a muito tempo? Você seguiria em frente? - Ele fica sério.

 

- Claro, traga ele aqui. Eu consigo superar muito fácil.

 

- Esse cara não pode ser eu, Baek. - Kun provoca, mas ele estava sério.

 

- Yah, Kun. Por que está brincando comigo? Acha que não consigo? - Digo divertida, mas a feição de Kun não muda.

 

- Não estou brincado, BaekHee. Gosto de você, com toda sinceridade.

 

- Kun? – Fico pasma. - Como assim? Por quanto tempo?

 

- Por todos esses anos eu te amei em segredo, BaekHee. Conhecer você foi a melhor coisa que aconteceu em toda minha vida.

 

- Mas você me ajudava com TaeYong, Kun. - Fico maravilhada com sua confissão, mesmo com esses sentimentos ele sempre me ajudara.

 

- Ver você feliz, para mim já bastava, independente de quem estivesse ao seu lado. - Ele desvia o olhar.

 

- Me desculpe por não ter percebido, e não ter tido o cuidado com essa questão, Kun. Eu realmente não imaginava. - Fico envergonhada e talvez um pouco abalada.

 

- Você não tem culpa, eu sempre soube que meu amor era unilateral, e por isso tive o cuidado de não atrapalhar nossa amizade com isso. - Ele volta a me olhar. - Na verdade me desculpa por ter contar isso dessa maneira e nesse momento, eu só achei que ia explodir se não contasse. Me desculpa, de verdade.

 

Eu conseguia sentir a soturnidade e o peso em suas palavras. Era incrível pensar como alguém podia amar alguém por tantos anos, e se manter ao seu lado. Não, eu não estava culpando TaeYong, pois eu entendia seu lado, e agradecia por ele me deixar e seguir sua vida, pois eu me sentiria eternamente culpada por estragar sua vida. Mas Kun havia ficado do meu lado, e mesmo assim continuado sua vida, sem esperar nada no fim das contas.

 

- Obrigada por me contar, Kun. Bom, faça o seu melhor então. - Digo sorrindo.

 

- Sério? Tipo, sério mesmo? - Kun parecia que ia cair duro a qualquer momento.

 

- Sim, obrigado. - Sorrio com sinceridade.

 

Eu dava valor em pequenos gestos que faziam para mim, pois amor se prova com gestos e não palavras, os sentimentos vinham com o tempo.

 

Havia passado dois meses desde que eu acordara, Kun continuava me ajudando com os exercícios da fisioterapia e tudo mais que eu precisasse. E ninguém ainda sabia sobre eu ter acordado. As coisas estavam ao pouco voltando ao seu 'devido lugar'.

 

Eu já conseguia movimentar as mãos, de forma limitada, mas já era um grande passo.

 

Kun e eu estávamos no jardim, uma mesa cheia de guloseimas estava posta perto da piscina. Após vários exercícios na piscina,

Kun me ajudava com os talheres, cada vez mais minha coordenação motora das mãos estava melhor.

 

- Você consegue fazer sozinha? - Ele pergunta soltando minha mão.

 

- Sim, deixa comigo. - Eu colocava muito empenho em comer aquele bolo sozinha. - Kun tem algo me incomodando, preciso te questionar.

 

- Vá em frente, Baek. - Ele diz olhando com atenção e cuidado o que eu fazia.

 

- Estamos namorando já faz um tempo, e quando vamos se beijar? - Ele me olha tímido. - Não quero ser indelicada, mas tem algum problema comigo? - Questiono curiosa.

 

- Sabe, Baek, eu só fico aflito em te machucar, você ainda está melhorando. Eu te esperei por longos cinco anos, te esperar mais um pouco não vai me matar. - Kun diz puxando sua cadeira para mais perto, ele segura minha face com as duas mãos.

 

- Sempre um cavalheiro, como continuou solteiro por tanto tempo? - Digo provocando-o.

 

- Eu estava esperando minha Bela Adormecida acordar. - Kun se aproxima e beija minhas testa, logo beijando a ponta do meu nariz, e em seguida, com todo carinho ele deixa um leve e breve selar em meus lábios.

 

- BaekHee? - Dejun aparece e logo que vê minha aproximação de Kun, ele fica envergonhado e se vira para ir embora.

 

- Hyung, vou preparar os remédios dela, fique a vontade. - Kun se levanta e sai de cena.

 

- Parece que eu tenho o péssimo hábito de aparecer quando não devo. - Ele fala se lembrando do incidente de anos atrás com ele...

 

- Vem no pacote família. - Brinco desconversando. Dejun se senta.

 

- Amo esse pacote. - Ele ri. - Baek, eu preciso conversar com você um assunto sério, espero que entenda eu ter demorado todo esse tempo para falar sobre isso. Queria ter certeza que estava bem emocionalmente para saber disso. - Ele afrouxa a gravata, mania de quando ele ficava agoniado com algo. Aí vinha uma bomba, e das grandes.

 

- Pode dizer, eu estou bem. - Afirmo.

 

- Na verdade são dois assuntos. Bem, primeiramente, quando aconteceu tudo aquilo, me entregaram um pen-drive. - Ele pega o item no bolso. - Decidimos que deixaríamos você decidir o que fazer com ele. - Ele me entrega, com esforço o pego.

 

- O que tem aqui? - Fico curiosa.

 

- A resposta pra sua grande dúvida, Baek. - Arregalo os olhos.

 

- Você quer dizer?

 

- Sim, a CCTV do dia do acidente, mais especificamente a gravação do telhado. - Fico em estado de torpor ao ouvir isso. - Eu já vi, porém o final de tudo isso está em suas mãos, se alguém tiver que ser culpado ou não você decide, Baek.

 

- Obrigada pela confiança, tio. - Digo morrendo de curiosidade, mas com medo do que eu veria.

 

- Você saberá julgar melhor do que eu. E a segunda coisa, bem; é um pouco mais delicada. - Ele dá uma pausa. - Baek, com o acidente, você precisou fazer várias cirurgias e perdeu muito sangue. Com isso, foi necessário uma transfusão, porém meu sangue não era compatível com o seu, e Doyoung estava em completo estado de choque, sendo assim não podemos doar para você. - Fico aflita de pensar em como estava o estado emocional de Doyoung para chegar a tal ponto. - Mas alguém apareceu, Baek.

 

- Você quer dizer que 'ele' apareceu? - Fico consternada.

 

- Sim, finalmente o pai de vocês se apresentou, ele te doou sangue. Ele sempre te visitou nesses anos no hospital, e bom ele sabe que você acordou.

 

- Mas... - Protesto.

 

- Calma, ele me prometeu não contar para ninguém, ele iria esperar seu estado melhorar e queria vir conversar pessoalmente com você. - Dejun segura minha mão. - E esse momento chegou, ele está lá dentro te esperando, mas apenas se você quiser.

 

- Acho que não tenho mais idade para adiar isso, tio. - Eu precisava ser madura e enfrentar as coisas de frente, olho a olho.

 

- Okay, vou chamá-lo. - Dejun se levanta e sai por um momento.

 

O tempo parece que congelara, e muitas coisas se passavam em minha mente. Como será que ele era? Será que eu me parecia com ele?

Mas uma vozinha chata no meu subconsciente me dizia para não criar muitas expectativas, mas os elefantes brigando meu estômago diziam outra coisa.

 

- BaekHee ou HaeYoung? - Ouço alguém dizer, aquela voz eu conhecia. Ele aparece em minha frente se sentando.

 

- Não acredito, você? - Começo a rir descontroladamente. - Ah, isso só pode ser piada.

 

- Isso te incomoda? - O homem pergunta passando as mãos em nervosismo.

 

- Para ser sincera, não me incomoda e nem me agrada, na verdade tanto faz, diretor Choi. Que bagunça tudo isso.

 

- Bom, eu deixei há muitos anos deixei de ser seu diretor. - Ele fala num tom menos despreocupado.

 

- Quem diria em, me fez refazer aquelas provas idiotas. - Me relembro da última vez que o vi.

 

- Você guarda muito rancor. - Ele ri seco. - Essa escola passou anos na minha família, de geração a geração. Eu estudei nela, lá eu conheci sua mãe, senhor Lee, e todos esses caras que eram país de seus colegas. - Ele da uma pausa. - Com sua idade eu me reencontrei com MinYoung em uma das reuniões do ensino médio.

 

- Espera com minha idade, mas eu tenho... - Eu paro no meio, nem mesmo isso eu tinha pensado.

 

- Vinte e quatro. - Ele entende minha confusão.

 

- Vinte e quatro? - Saber que eu tinha vinte e quatro e não mais meu amado dezenove, era mais assustador do que saber que o diretor da escola era meu pai.

 

- Imagino como se sente. - Ele ergue a mão para colocar na minha, em forma de conforto, mas ele para no meio e retorna sua mão na perna. - Naquele dia, relembramos do passado, e bebemos muito. Foi uma aventura de uma noite, ela era casada com aquele infeliz; e bem, eu não era o tipo de cara que namorava.

 

- Você é azarado, com apenas uma vez fez três erros. - Rio da minha própria piada.

 

- BaekHee! - Ele diz surpreso.

 

- Desculpa. Prossiga. - Eu ainda ria internamente.

 

- Nunca mais a vi, até o dia que ela me procurou e contou a verdade, sabe era uma época difícil para mim, antes se sair com ela eu tinha acabado de voltar de um intercâmbio, e o fato de eu ser irresponsável me ver fazer o mesmo erro duas vezes, no caso quatro. - Ele ri e eu faço o mesmo, nunca tinha visto o diretor tão confortável. - Não que vocês sejam um erro, mas digo da ação imatura em si. Sua mãe tinha muito medo do marido, e ela queria que eu desse suporte a mãe da outra criança. Então decidimos deixar por isso, quando ela faleceu eu não tinha muito o que fazer, HaeYoung havia falecido, DongYoung e ChaeYoung estavam bem. - Ele dá um suspiro. - E sim, eu vejo que falhei todos esses anos com DongYoung, e me arrependo demais, BaekHee.

 

- Agora que percebi que tenho outro irmão, que surpreendente. Tio chinês, irmão japonês, pai coreano, qual será a próxima nacionalidade que virá? - Brinco.

 

- Você é bem humorada. - Ele elogia.

 

- Tudo que me resta, rir com minha própria vida. Chorar não vai resolver muito. - Tento alcançar o canudo do suco e ele me ajuda. - Doyoung sabe disso?

 

- Sim, quando contei toda verdade a Dejun, Doyoung estava presente. - Ele falava enquanto segurava o copo próximo a mim.

 

- E como ele reagiu a isso? - Volto a beber.

 

- No começo ele ficou em choque e bravo, mas depois ele até que gostou da ideia, não em si de ter eu como pai, mas de ter Yuta como irmão.

 

- Ele definitivamente tem uma conexão enorme com Yuta, ele sempre dizia dessa conexão de irmãos. Fico feliz de saber que eles estão juntos. E Yuta, como ficou?

 

- Yuta e eu nunca tivemos uma relação boa, ele odiava a ideia de ter um pai coreano e ter que morar comigo. Mas ele também adorou a ideia de ter um irmão mais novo no caso. - Ele sorri com muita verdade ao pensar nos meninos.

 

- Você não contou para eles que eu acordei, certo?

 

- Não, Dejun me explicou sobre seus planos, e tenho certeza que eles ficarão surpresos. - Ele coloca o copo de volta na mesa.

 

- Sabe, ex diretor Choi. - começo.

 

- Eu ainda sou diretor, BaekHee. Apenas não mais da sua turma. - Ele corrige.

 

- Okay, senhor Choi apenas, não se preocupe em ter que assumir funções de um pai, eu vivi anos se um e não tenho nada a cobrar do senhor. - Sou sincera.

 

- Eu sei que vocês tem uma magoa de mim, e com toda razão. Mas eu queria me aproximar de vocês de coração. - Ele finalmente cria coragem e pega na minha mão. - Não quero me tornar um pai babão do nada, mas quero poder estar na vida de vocês, no dia a dia, nem que seja apenas como alguém que te conhece de longa data.

 

- Não se preocupe comigo, eu não tenho magoas de você, eu respeito as decisões que você e minha mãe tomaram. A gente pode tentar isso ai aos poucos, quem sabe.

 

- Obrigada, BaekHee. - Ele sorri. - Bem, vou indo, qualquer coisa sabe que pode me ligar. - Ele se levanta, mas não vai embora, ele da um longo sorriso antes de dizer. - Você é muito parecida com sua mãe, ela era assim sincera com seus próprios sentimentos. - Ele da um último aperto no meu ombro antes de sair.

 

- HaeYoung! - Eu falo.

 

- O que? - Ele se vira.

 

- Você pode me chamar de HaeYoung! - Falo pela primeira vez aquele nome com tanto orgulho, ele também paredia orgulhoso.

 

                               --x--

 

- Vinte e quatro anos, você consegue imaginar. - Eu reclamava no ouvido de Kun, minha indignação, que me ajudava a se deitar para dormir.

 

- Continua com rostinho de dezenove. - Ele elogiava enquanto ajeitava o cobertor em volta de mim.

 

- Só o rosto, eu não esperava ter tudo aos vinte e quatro, mas não tenho nada, sou uma burra que não terminou o ensino médio, não tenho uma faculdade, única coisa que eu tenho é cabelo. - Eu me referia ao enorme cabelo com que acordara, o antes curto dera lugar a um cabelo que passava da cintura.

 

- Primeiro que você fez as provas finais, ou seja você encerrou o ensino médio. - Kun senta na cama ao meu lado.

 

- E quais foram as notas? Você se lembra do ranking? - Nem tempo disso eu tive.

 

- Você sabe que é incrível, Baek. Você conseguiu novamente o segundo lugar. - Ele diz cutucando minha bochecha.

 

- Ah, eu sempre soube. - Comemoro. - HaNa deve ter morrido por dentro.

 

- Na verdade ela se mudou antes mesmo de sair os resultados. Ela ficou muito traumatizada. - Kun ri lembrando. - E sobre a faculdade você passou na SKY, infelizmente o destino não deixou você seguir até ele, mas você passou.

 

- Parabéns, aposto que vai se tornar um médico incrível. - Elogio de todo o coração.

 

- Obrigada. - Ele fica sem graça. - E sobre esse cabelo eu posso dar um jeito.

 

- Só preciso ajeitar as pontas, notei que eu fico muito gata com ele assim. - Me vanglorio.

 

- De qualquer jeito você continua linda. - Kun me olha intensamente.

 

- Devia fazer logo, Kun. Voltei a nunca ter beijado na vida, só com essa enrolação. - Dou um empurrão.

 

Em todo aquele tempo de escola, eu sempre achara Kun extremamente bonito, sua beleza era impossível de ser explicada. Mas eu ainda sempre pensara nele como um amigo, contudo, nesses dois meses eu estava mudando meus pensamentos, e me via encarando seus lábios por tempo demais.

 

- Se você quer tanto assim. - Ele me provoca se sentando mais próximo, de maneira que eu não precisasse mover minha coluna.

 

Gentilmente Kun se aproxima, ele segura minha cabeça, uma de suas mãos ia na nuca e a outra sobre a bochecha. Carinhosamente ele restringe o curto espaço entre nós.

 

Com um selinho, ele inicia, seus lábios eram macios e convidativos; logo preciso de mais e ele também. O beijo fica mais intenso, mais cheio de desejo e necessidade, logo há línguas no meio, e uma grande falta de ar. Kun era um beijoqueiro nato, e eu poderia me render aquele beijo para sempre.

 

- Kun, a BaekHee... - Dejun entra no quarto, aquilo era castigo. - Já dormiu? - Ele termina a frase com desanimo.

 

- Você quer que eu morra solteira, tio? - Falo emburrada, vendo um Kun viajando em pensamentos.

 

- Me desculpa, vou criar uma plaquinha para você colocar na porta 'estou de pegação, não incomode'. - Dejun debocha se aproximando. - E o senhor, Doutor Qian Kun, acho bom se comportar com mãos bobas. - Dejun avisa se sentando na beira da cama.

 

- Sem problemas, senhor.

 

- Baek, com toda essa loucura e correria eu esqueci de te entregar isso. - Ele tira um saquinho transparente do bolso. - Seu antigo celular, e bom seu escapulário.

 

- Nossa, onde achou esse colar? Eu tinha perdido. - Digo abrindo o saquinho e pegando o escapulário, que era tão precioso para mim.

 

- Estava no pescoço... - Ele pausa por um momento, pensando se devia ou não prosseguir, mas continua. - No pescoço da ChaeYoung. - Ele se levanta, tentando evitar o assunto. - Bem, vou indo, boa noite. E se comportem.

 

- Obrigada, tio. - Digo enquanto olho admirada para o escapulário.

 

- É o colar que ele te deu, né? - Esqueço do fato que dividia tudo com ele. Kun parece chateado.

 

- Sim, é que tinha uma foto minha com Doyoung, por isso era especial. - Digo tentando não magoa-lo. - Deixa eu te mostrar. - Kun se senta mais perto me abraçando de lado.

 

Tento abrir o escapulário, mas falho, ainda era uma ação complexa para mim, então Kun abre.

 

- Baek, isso aqui é... - Ele para de falar assim que consegue ver a foto que se encontrava no colar.

 

Não só ele, mas eu também fico espantada.

 

- Sim, isso é a foto de família. - Fico espantada por ver que ChaeYoung havia retirado minha foto com Doyoung do escapulário, e no lugar colocado uma foto minha e dela, a foto do dia da família. - Isso quer dizer algo certo? - Pergunto confusa, mas no fundo eu sabia.

 

Eu lembrava de suas palavras no dia do incidente, mais especificamente do momento em que caímos.

 

- No fundo, bem no fundo, naquele coração cheio de espinhos ela gostava de você. Talvez de uma maneira um tanto quanto equivocada, mas ela gostava. - Kun fala beijando minha cabeça.

 

- Você pode me levar para vê-la? Eu também nunca fui no túmulo da minha mãe, também.

 

- Vou te levar lá, não se preocupe.

 

E como Kun havia dito, ele me levara no dia seguinte no cemitério para visitar o túmulo de ChaeYoung e de nossa mãe. ChaeYoung havia tido suas cinzas próxima as de nossa mãe no cinerário¹.

 

- Kun pode me deixar só por um minuto? - Pergunto segurando sua mão, assim que ele para minha cadeira de rodas próxima ao cinerário.

 

- Claro. - Ele se reverência para as cinzas de minha mãe e saí.

 

Eu era alguém com dificuldade para expressar meus sentimento, então falar o que eu precisava seria difícil com alguém próximo.

 

- Parece que eu demorei para vir aqui, mãe. E peço desculpas por isso, tio Dejun me mostrou algumas fotos suas, e pude ver o quão linda você era. - Eu estava triste, mas não tinha lágrimas para chorar. - Obrigada por ter dado o seu melhor para cuidar de nós. Espero que cuide da ChaeYoung, e deixe que cuidarei de Doyoung. - Fecho os olhos por um minuto. - ChaeYoung você estava errada. O Sol e a Lua não são opostos. Uma não depende da posição da outra em relação a terra, se fossem opostas não existiriam os eclipses. A Lua e o Sol existem para trazer luz, mas quando nosso eclipse aconteceu, colapsou e trouxe a escuridão... - Fico em silêncio por um tempo, em uma de minhas mãos eu apertava o escapulário. - Espero que em nossa próxima vida, eu nasça sua irmã e que tenhamos a chance de ser como a Lua e as estrelas que vivem em harmonia...

 

                           --x--

 

Com a demasia de sentimentos acumulados recentemente eu esquecera do pen-drive que Dejun me dera. O pen-drive que continha o segredo que eu tanto lutara para saber. Com o passar do tempo e com todos os acontecimentos eu me questionara se valera a pena passar por tudo, por aquele simples pedaço de plástico e metal. A curiosidade já me deixara, e o medo de saber o que tinha naquilo me assolava.

 

- Se você não quiser olhar, está tudo bem, Baek. - Kun mais uma vez estava ali para me apoiar.

 

Sentados na mesa próximo a piscina, após mais uma série de exercícios, eu criava coragem para abrir o arquivo.

 

- Acho que sofri tanto por causa disso, que desperdiçaria todo meu esforço. - Respondo colocando o pen-drive no notebook.

 

- Estarei aqui para apoiar sua decisão, não se preocupe. - Ele sorri, e eu retribuo.

 

Clico no arquivo, e coloco o play.

 

Era exatamente o vídeo da CCTV que ficava em frente ao local da queda, então eu não teria que criar teorias, eu realmente veria a verdade, nua e crua.

 

- Uau, quem imaginaria isso. - Kun comenta.

 

Eu não tinha palavras para descrever o que eu sentia vendo aquilo, era complexo demais, era como um déjà vu.

 

- O que pretende fazer? - Kun pergunta assim que o vídeo termina.

 

- Isso foi um acidente, nada mais que isso, certo, Kun? - Era mais uma afirmação do que uma pergunta, era apenas isso que eu iria acreditar.

 

- Sim, sim. - Algum tempo depois ele responde.

 

Ambos estavam desconcertados com o que realmente acontecera naquele dia. Era como ver uma novela dramática.

 

Retiro o pen-drive rapidamente e o arremesso na piscina. Sem arrependimentos, era aquilo que devia ser feito, era passado, não tinha porquê tirar a casca da ferida.

 

- Foi apenas um acidente. - Repito baixinho.

 

- Acho que de todas as pessoas, essa era a última que eu imaginaria. - Kun comenta desligando o notebook. - Hey, foi apenas um acidente. - Kun me abraça.

 

"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito."  - Machado de Assis

                       --x--

Yoon BaekHee POV's

 

Cinco meses haviam passado desde que eu acordara, e com todo o empenho de Kun em me ajudar todos os dias com a fisioterapia, em menos tempo do que previsto eu já estava andando e me movendo sozinha. Era novamente como se eu tivesse nascido e aprendido a fazer tudo do zero.

 

A formatura de Doyoung e Yuta seria em alguns dias, e finalmente eu verias meus irmãos.

 

Tudo já estava planejado, Dejun, Kun e eu viajaríamos ao Japão para ver os meninos, eu estava uma pilha de nervoso. Eu tinha medo da reação de Doyoung e se ele me perdoaria; eu tinha muita coisa pra resolver com ele e Yuta. Muitos sentimentos estavam prestes a me devorar.

 

- BaekHee, eu fiz algo que talvez te deixe muito brava. - Kun diz entrando no meu quarto, onde eu estava terminando de ajeitar meu cabelo para tomar café.

 

- Qual foi a bagunça da vez? - Me levanto pegando uns anéis e os colocando.

 

- Promete que não vai ficar brava? - Kun se aproxima me puxando pela cintura e me abraçando.

 

- Se está tentando me agradar, aposto que foi bem grande. - Aperto suas bochechas com minhas mãos, ele faz um bico. - Aposto que eu vou ficar bem irritada.

 

- Talvez. - Ele se aproxima mais me beijando. - Por isso você vai prometer não ficar brava. - Ele beija minha bochecha em seguida sorrindo. Ele sabia que eu não tinha como resistir aquele sorriso.

 

- Okay, prometo que não ficarei brava.

 

- Eu trouxe duas pessoas para te ver. - Ele sorri tímido.

 

- O quê? - Eu grito.

 

- Você prometeu não ficar brava. - Kun me abraça. Respiro fundo.

 

- Quem é, meu amor? - Pergunto irônica.

 

- Por que não desce lá embaixo e vê? - Ele me solta, me segurando pelo ombro para que possa me olhar nos olhos.

 

Rapidamente corro saindo do quarto e correndo para a sala, no topo da escada consigo ver duas caras tão conhecidas por mim. Desço apressadamente as escadas.

 

- Eu não acredito! - Digo feliz.

 

- Ah, meus deus, BaekHee! Você, você acordou! - HaRi grita assim que me vê, se levantando e correndo em minha direção. Ela se joga me abraçando. Vejo Yukhei sentando no sofá espantado. - Isso só pode ser um sonho. - HaRi se solta me olhando dos pés as cabeças para ter certeza que era eu.

 

- Sinto muito por tudo, de verdade, HaRi. - Me refiro ao fato de mentir.

 

- Não se preocupe. - Ela diz chacoalhando a cabeça tentando não chorar, mas era tarde demais. - Está tudo no passado, eu não acredito que não me contou a verdade, mas já passou. Eu sou muito grata pela sua amizade, BaekHee. - Ela já estava em lágrimas, sua maquiagem já queria escorrer.

 

- Que maquiagem barata é essa, HaRi? - A provoco.

 

- Yah! - Ela me da um leve tapinha e ri no meio das lágrimas. Yukhei se levanta dando um lenço para ela.

 

- Eu também sou grata a sua amizade, HaRi. - Sorrio.

 

- Me desculpa, BaekHee. - Yukhei diz meio tímido. - E obrigada por me ajudar com a HaRi. - Ele timidamente me abraça, retribuo.

 

- Fiquei sabendo do casório. Parabéns para os pombinhos. - Felicito-os.

 

- Agora que você acordou você pode ser nossa madrinha também. - HaRi parara de chorar na hora e fica animada. - Ai, vai ser lindo meus dois melhores amigos sendo meus padrinhos.

 

- Vai ser uma honra ser madrinha de vocês ao lado da minha namorada. - Kun aparece colocando seu braço em volta de meu pescoço.

 

- Não acredito! - HaRi grita entusiasmada. - Vocês vão me contar tudo agora.

 

Após aquele dia HaRi vinha me ver todos os dias e me carregava para cima e para baixo, para lhe ajudar com os preparativos finais do casamento. Ela até mesmo me ajudara a escolher um belo vestido para a formatura dos meninos.

 

E assim como planejado ali estava eu usando ele em frente ao espelho, pronta para reencontrar meus irmãos em poucos minutos.

- Você está linda, Baek. - Kun rodeia minha cintura com seus braços, beijando meu pescoço. - Você fica linda em qualquer roupa, mas nesse vestido está mais espetacular do que o normal.

 

- Não exagere. - Falo tímida.

HaRi tinha bom gosto.

O vestido era de cor carmim, o qual combinava com meu batom. Meu enorme cabelo estava todo com ondas. Eu tinha que concordar, estava linda.

 

E Kun não estava muito diferente disso. Todo elegante em seu caro smoking, seus cabelos penteados para trás dava contraste com sua bela face.

 

Um motorista levou nós três até o local, o auditório de um grande hotel de luxo que ficava na parte mais rica de Tóquio. Agora eu já não parecia mais uma boba olhando todo o luxo, eu já estava acostumada com tudo aquilo. Já virara parte do meu dia a dia.

 

- Como você está se sentindo, BaekHee? - Dejun me pergunta notando que eu não saía do lugar, ainda estávamos na entrada do hotel.

 

- Eu não sei, tio. Eu estou com um tumulto de emoções, é inexplicável. Parece que minhas pernas nem me obedecem, e que tem borboletas no estômago. - Rio com a comparação clichê. - Estou ansiosa, mas ao mesmo tempo amedrontada. Tenho medo da reação dele.

 

- Você sempre sofre com antecedência, Baek. Você lembra do que eu costumava te dizer? - Ele põe uma de suas mãos em minha cabeça.

 

- Não se importar com o "e se"?

 

- Exatamente. - Dejun sorri retirando a mão.

 

- Vai dar tudo certo, apenas seja forte. - Kun diz me abraçando de lado.

 

Respiro fundo algumas vezes e quando estou prestes a me mover, algo interrompe.

 

- Dejun hyung?! - Uma voz chama, uma voz que eu reconheceria em uma multidão barulhenta.

 

Me viro no impulso dando de cara com ele. Que mesmo com o passar dos anos continuava lindo, e que continuava fazendo meu coração falhar uma batida.

- BaekHee? - TaeYong pergunta incrédulo.

 

 


Notas Finais


1. O termo “cinerário” provém de “cinzas”. Isto é, consiste em um local reservado à acomodação dessas.


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