Era um dia incomum, naquela manhã, o sol havia resolvido dar o ar de sua graça sobre os que residiam em Forks. Como dias assim não eram muito aproveitados por ali, todos resolveram sair, ir à praia, curtir tudo o que o sol faria eles desfrutarem naquele dia. Porém, Victória estaria em outro lugar. Alguns dias haviam passado, e naquela mesma noite, os Cullen haviam descoberto quem é que estava por trás de todo esse alvoroço relacionado aos vampiros recém criados. De acordo com o que Jacob havia contado, a vampira planejava uma vingança contra Edward e Bella, por conta de seu namorado. Victória sabia que o problema não era diretamente com ela, mas eles também queriam elimina-la, tendo conhecimento de seus poderes e o que ela representava.
— Tem certeza que não quer ir com a gente? — Angela arrumou o chapéu de cor clara sobre sua cabeça, olhando a prima, que se mantinha de pé na entrada principal da casa.
— Tenho sim. Jacob precisa de mim.
Sorriu de lado, dando-lhe um beijo na bochecha. Ele, de fato, não precisava dela. Mas a ruiva queria estar ali por ele, o tempo inteiro. Ainda mais hoje, quando haveria o maior choque de convivência, pensava ela.
Viu os Weber adentrando o carro, e em seguida, saindo com o mesmo. Iriam a praia, e depois disso, seguir para a casa de uma de suas tias. Um suspiro saiu pelos lábios de Victória, enquanto ela se virava e fechava a porta, subindo com rapidez as escadas até seu quarto.
— O que eu preciso, o que eu preciso…
Murmurava consigo mesma, puxando uma bolsa simples, preta, de couro, de dentro de seu armário. Abriu-a e pôs as coisas essenciais de que precisaria para passar o dia, seu celular, algo para prender seu cabelo, óculos escuros, entre outros. Assim que terminou, verificou como estava em seu espelho vertical. Passou as mãos pelos quadris, marcados por uma bermuda jeans, curta, depois por sua barriga, coberta com uma regata verde claro, e seu olhar caiu aos tênis brancos. Estava tudo certo, até o mesmo.
Arrumou o cabelo sobre os ombros e foi então que ouviu o barulho da buzina, vinda de lá de baixo. Pegou sua bolsa e desceu rápido, do mesmo jeito que havia subido, saindo da casa e trancando-a, antes de caminhar até a caminhonete que a esperava, mas quem a dirigia não era Jacob.
— Embry! Tempo que não te vejo.
Abriu um sorriso aberto em direção ao garoto, que retribuía a altura, apenas esperando que ela entrasse e fechasse a porta devidamente, para que então tornasse a dirigir. Deixou os vidros abertos, a ruiva apoiou um braço inclinado ao lado de fora, mexendo os dedos.
— Eu sei que sentiu saudades. Mas não se preocupe, eu senti também. Não sou um amigo tão ruim. — continuou sorrindo, levando sua mão a bochecha da garota e a apertando.
— Onde ele está?
— Hum… Ele já está lá desde cedo. Ele não está muito feliz, entende? Por isso que pediu que eu viesse.
Assentiu lentamente, encostando a cabeça no banco, pensativa. Talvez fosse acabar sendo bem mais difícil para Jacob do que ela pensava. Ainda mais para os outros meninos, que eram piores que ele. Menos Embry, é claro.
Assim que adentraram a trilha da floresta, pararam apenas quando chegaram mais no centro da mesma, vendo Edward e seus irmãos logo a frente.
— Vick! — Alice sorriu aberto quando a viu, lhe dando um dos costumeiros abraços, que foi logo retribuído desta vez. — Fico feliz que tenha vindo.
— É claro. Eu também tenho que aprender.
Deu uma risada divertida, cumprimentando todos os outros, até sentir algo cutucando-a pelas costas, bem no meio da mesma. Antes mesmo de se virar, ela sabia que era um focinho. E claro, de quem era.
Um sorriso se abriu em seus lábios, antes que se virasse completamente, olhando o mais belo dos pelos de qualquer lobo. Jacob ergueu-se e ficou a altura de seu rosto, logo lambendo uma de suas bochechas.
— Jake.
Tentou repreender, mas riu baixo. Em seguida, levou suas mãos por entre seus pêlos e o focinho dele roçava em seu rosto, como se estivessem se acariciando. De certa forma, estavam
— Eu te amo. Tá bem? Vou ficar ali no canto, olhando tudo. — falou num tom baixo, dando um beijo entre suas duas orelhas fofas, se afastando em seguida.
Parou apenas quando achou uma pedra em que pudesse se alojar e subiu, sentando-se, prendendo seu cabelo e pondo os óculos. Colocou as mãos ao lado do corpo e ficou balançando as pernas, observando todos começarem a se movimentar. Jasper ensinava, devido sua experiência, a como serem certeiros em matar recém criados. Victória não concordava muito com aquilo, mas não havia outra escolha a se fazer.
E assim se passou o restante do dia, com eles apenas treinando, se atracando, e algumas vezes querendo machucar um ao outro, com a desculpa de que não era verdade. Carlisle se mostrava sério, também aprendendo com o “filho”, todo momento.
Mas, alguém não havia aparecido naquela tarde e não passou despercebido por Victória. Na verdade, desde o encontro dos três a dias atrás, Paul estava sumido. Não comparecia a reuniões, encontros, nada que estivesse relacionado a Jacob e afins. A ruiva achara que ele até houvesse aparecido em sua janela no dia seguinte àquele, porém não teve coragem de dar as caras. De certa forma, ela conseguia o entender. As coisas entre eles aconteceram de forma espontânea, e entre ela e Jacob, repentina. Mas, afinal, esse seria o destino agindo. Estava prescrito. Jacob tivera o imprinting e agora os dois se amavam mais que tudo. Nada ficaria entre os dois.
Quando todos se dispersaram para começar a se aprontar para ir embora, a ruiva sentiu que o amuleto, que não havia saído de seu pescoço desde o momento em que o aceitara, começara a esquentar. Nada que fosse alarmante, mas ela chegou a sentir em sua pele.
Pegou-o entre os dedos, observando-o, a procura de alguma coisa que pudesse concretizar aquele momento como, no mínimo, estranho, mas voltara ao normal, repentinamente. Deu de ombros, soltando-o e olhando para baixo, quando viu Jacob, ainda em sua forma de lobo, logo abaixo da pedra, olhando-a.
Um sorriso cresceu em seus lábios e então puxou sua bolsa, colocando-a em seu ombro, a tempo de descer seu corpo e cair já sentada sobre o lobo enorme. Ela já não achava mais esse tipo de atitude estranha, havia se acostumado com a ideia.
— Meus tios saíram, hoje.
Comentou, inclinando seu corpo para a frente e se deitando no pêlo fofinho, chegando a fechar seus olhos.
Ainda raiava um sol, bem lá em cima, porém o vento mais frio já começava a se fazer presente, dado o fato que a noite chegaria em pouco tempo. Provavelmente, os Weber deveriam estar saindo da praia naquele momento para ir visitar os familiares, iriam dormir por lá mesmo.
Então, sentiu que Jacob começara a se mover, o que fez com que ela se segurasse mais forte, abrindo os olhos apenas quando havia parado, e estavam de frente para a casa do garoto.
Desceu do mesmo, olhando-o mais uma vez, antes de se virar e deixá-lo ali para ficar a vontade, e caminhar para dentro da casa pequena, porém aconchegante.
— Com licença, Billy…
Bateu a porta de madeira, adentrando e olhando em volta, não obtendo resposta alguma, o que denunciou que eles também estavam sozinhos. Caminhou vagarosamente até o quarto do moreno, deixando sua bolsa em cima de sua cama, em seguida caminhando até a janela, olhando o campo do lado de fora.
De repente, como algo totalmente repentino, uma ideia lhe veio na cabeça.
Virou o rosto sobre o ombro quando ouvira a porta da casa, provavelmente sendo Jacob a entrar, então saiu a seu encontro, sorrindo quando achara o garoto apenas de cueca, já na cozinha.
— Hum… Isso é alguma técnica de sedução? Vai acabar funcionando.
O moreno chegou a rir baixo, porém logo se apoiou na bancada simples a sua frente, soltando o ar de maneira pesada.
Victoria, então, percebeu que aquele era um dos momentos críticos. Aproximou-se com calma, abraçando-o por trás, encostando sua cabeça no meio de suas costas, sentindo os músculos tensos do maior relaxarem minimamente ao seu toque.
Jacob virou seu corpo de maneira lenta, depois de alguns minutos na mesma posição. Poderia ficar ali durante o dia inteiro que nem sentiria o tempo passar. Assim que o fez, seus dedos tocaram os ombros da ruiva, apertando-os suavemente, e viu o rosto da amada se erguer em sua direção, os olhinhos brilhantes piscando, e então mais um suspiro saiu por seus lábios.
— O que aconteceu, hum?
— Nada aconteceu. Quer dizer… Não aconteceu ainda. Mas eles estão arquitetando um plano para conseguir despistar os recém nascidos. Eu não sei você, Vick… Mas eu não consigo tirar a imagem de você em meio a extremo perigo da minha mente.
Victoria comprimiu os lábios e virou o rosto, encostando a bochecha no peitoral quente e totalmente confortável de Jacob. Os dois passaram mais alguns minutos em silêncio, até a garota levantar a voz mais uma vez.
— Eu vou ficar bem, Jake. E eu sei do que você precisa. Do que nós precisamos. — tornou a erguer o olhar para ele. — Um dia normal. Sem pensar em nada disso. Um dia apenas, sem ter de nos preocupar com vampiros que estão sedentos por arrancar a minha vida.
— E o que vamos fazer, hum? — a mão do moreno tocou parte do seu rosto e ela fechou os olhos, aproveitando do que era, para ela, a melhor sensação de todo o mundo.
— Você, eu não sei… mas eu tenho ideia do que eu vou fazer. — tornou a abrir os olhos e encontrou o namorado totalmente confuso. — Não me entenda mal. Acho que, pelo menos, essa noite separados e sem pensar em tudo o que está acontecendo vai ser bom. Principalmente para você, que não para de pensar coisas ruins. Deve sair com os meninos, comer pizza, rir de coisas bobas… eu juro que irei ficar bem.
Pôs-se na ponta dos pés, selando seus lábios demoradamente, e lhe dando as costas, indo em direção ao quarto de Jacob, para acomodar suas coisas e sair em seguida. Não quis dar tempo dele pensar de mais, nem mesmo contestar aquilo. Até porque também se tratava dela. Não dos dois e seu relacionamento, mas o que ela sentia naquele momento. O que sentia sabendo o que estava por vir.
Com apenas algumas notas nos bolsos e sem o celular, Victoria saiu dali e se permitiu ir em direção a floresta, enquanto Jacob tomava seu banho. Andou e andou, até achar um lugar confortável e longe o suficiente. Então, ela gritou. Gritou tão alto e forte que os pássaros se alvoroçaram, as árvores balançaram e o céu pareceu mais triste. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto enquanto os joelhos iam de encontro ao chão.
Aquele momento era ela desmoronando. Até agora, havia aceitado tudo sem se dar o luxo de explodir. Ser descendente de uma bruxa, descobrir vampiros e lobos, amar um deles e ter um imprinting. Sem contar, claro, com a legião de reféns nascidos se aproximando. E eles a queriam.
O céu já estava mais escuro e ela continuava na mesma posição. Seu rosto ainda molhado, não havia parado de chorar nem um minuto se quer. Ouviu passos sob as folhas e não ousou erguer o rosto. Sabia quem era. Apenas sabia. E nada disse, enquanto braços fortes e grandes a pegavam no colo, sustentando suas costas e por baixo de seus joelhos.
— Não precisa…
— Vai ficar tudo bem, babe. Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.
Manteve seus olhos fechados. Estava odiando que ele a visse desse jeito. Era o motivo de tê-lo mandado fazer qualquer outra coisa. Em sua cabeça, não haveria nada pior do que Jacob vendo ela daquela forma.
Quando retornaram para a casa, Jacob esperou que ela tomasse banho e fosse para o quarto. Vendo que estava deitada em sua cama, já com seus shorts de dormir, aproximou-se com uma caneca cheia de chocolate quente. Sentou na beira da cama, ao lado do corpo feminino que parecia mais frágil do que nunca, olhando-a com total ternura. Os olhos ainda inchados e a pele ainda mais rosada. Ele teve que sorrir.
— Por favor, não faça isso. — ela pediu baixo, enquanto aceitava a caneca de sua mão.
— Fazer o que, hum?
— Está sentindo pena. Eu não queria que me visse desse jeito. Não era para ser assim. — Jacob soltou um suspiro pesado, inclinando o corpo na direção da ruiva e passando um braço por cima dela, ficando ainda mais próximo.
— Eu sei. Entendi logo que saiu. E eu esperei o momento certo para ir até você. — ergueu sua mão e tocou a pele de seu rosto com as pontas de seus dedos. — Eu sei o que tá passando pela sua cabeça. Eu sei e entendo, acredite. Isso é bobagem da sua parte, visto que vamos ficar juntos para sempre e eu irei te ver de muitas formas. Todos fraquejamos, Victoria. Eu faço isso sempre...E vamos passar por isso juntos. No final, vamos ficar bem. E eu vou fazer questão de colocar um sorriso diferente nesse seu rosto lindo, todos os dias.
Victoria bebeu um grande gole da bebida quente e doce, sorrindo abertamente e nem mesmo percebendo que o líquido havia deixado um leve resquício acima de seus lábios. Jacob Riu divertido e se inclinou ainda mais, tirando marca de chocolate com os próprios lábios enquanto deferia vários beijos na amada.
— Beba e depois vamos descansar. Amanhã é um novo dia.
E quando ela terminou, ele pegou a caneca de sua mão e colocou sobre a mesa perto da janela. Fechou devidamente a cortina e a porta, deitando-se ao lado da garota, colando totalmente seus corpos ao abraçá-la e ela foi a primeira a dormir, deixando ele a encarando em meio a escuridão do quarto e pensando no futuro difícil que os aguardava.
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