Dias de premiere são sempre uma loucura. A equipe de preparação chegou cedo demais para o meu gosto, e antes das 10h eu já estava sendo colocada em uma cadeira em frente à um mini estúdio que havia sido preparado na sala privada do meu quarto.
Além de todo o nervosismo e ansiedade por conta de toda a rotina da turnê de divulgação de Passengers, eu não havia dormido direito na noite passada. Após gravar a última entrevista, Pratt, eu e toda a nossa equipe, jantamos no restaurante do hotel. Quando subi para o quarto já era madrugada, então apenas tirei a roupa e me joguei na cama, apagando imediatamente, mergulhando em um sono inquieto até ser despertada pelo irritante toque do meu despertador, - programado por minha equipe, é claro - às 09hs. Hoje eu estava me sentindo exatamente como Katniss Everdeen sendo preparada para o desfile dos tributos, mas o que eu mais queria, era me enfiar debaixo das cobertas e ficar naquela cama o dia inteiro. Mas obviamente e infelizmente, isso não seria possível.
A equipe passa o dia me preparando, entre máscaras faciais, retoques em meu cabelo, hidratações e banhos relaxantes, pois perceberam meu estado de tensão. Consigo comer algumas coisas no decorrer do dia, e assim que o último botão do meu vestido é fechado e meu batom está ok, sou deixada sozinha e me permito fechar os olhos, pela primeira vez no dia - e logo sou teletransportada para uma outra realidade.
O dia está lindo. Ensolarado, mas não muito quente, e uma deliciosa brisa passeia pelo ar de uma vizinhança diferente e até então desconhecida. As casas parecem estranhas, mas ao mesmo tempo soam familiares.
− E então, gostou? - a voz de Josh soa atrás de Jennifer.
− Eu amei, Josh! É linda! - responde ela com meu olhar ainda fixado na casa. − Você comprou? - pergunta ela.
Josh não responde, apenas faz se sim com a cabeça contra o ombro dela. Jennifer abre um sorriso fitando a casa mais bonita da vizinhança, e que agora, pertencia a eles. Ela é pouca coisa menor que a casa atual do Josh, onde eles moram, mas essa casa, tem um ar aconchegante, um toque de casa do interior, e Jennifer poderia apostar que foi o que conquistou a ambos.
Por um momento, eles ficam parados, apenas contemplando a nova casa dos dois. Jardim na frente, varanda. Sobrado, dois andares e um belíssimo terraço na cobertura. Ficava em um luxuoso condomínio fechado mais distante do centro de Los Angeles.
Jennifer está parada em frente ao jardim quando de repente Josh estende a chave da casa na frente dela. Ela sorri pegando a chave e se vira para beijá-lo, caminhando entre o beijo, em direção à porta de entrada. Ela começa a abrir a porta quando Josh a surpreende, a abraçando por trás e a empurrando para dentro da casa, enquanto beija seu pescoço. Algumas pessoas passam pela rua os observando e sorriem para eles e Jennifer ri, feliz, livre sem qualquer peso em suas costas, pois lá não existia PR's, nem nada que os impedisse de ser apenas eles mesmos: um casal apaixonado.
Jennifer anda pelo ambiente vazio, olhando para o teto e paredes, imaginando como a casa ficaria linda quando estivesse com todos os movéis. Josh a pega pela mão no meio de seus devaneios e a faz girar até ambos caírem no chão, vendo o mundo girar ao redor deles.
Eles riem alto, deitados no chão, um do lado do outro. Josh pega na mão dela e sorri. Uma fresta de luz entra pela janela da cozinha e ilumina os dois. O dia claro e ensolarado, é estranho para essa época do ano, mas parece que até o sol compartilha a felicidade deles.
Ele vira o rosto para ela e a beija, até que quando se dão conta, o corpo dele está por cima do dela. Josh interrompe o beijo e a olha ternamente sussurrando um “eu te amo” pela milésima vez só naquele dia e também pela milésima vez, ela responde “eu te amo” igualmente apaixonado, com um enorme sorriso no rosto.
E então, ela ouve um som estranho ao longe. Alguém chamando.
Com certeza alguma vizinha querendo dar as boas vindas.
Jennifer se vê levantando para ir até a porta, quando a voz soa novamente, dessa vez acompanhada de algumas batidas na porta.
− “Jennifer! Jennifer?” A voz continua insistindo e vai se modificando, ficando mais próxima até que se torna alta e clara.
− “Jennifer, você está viva, está tudo bem? Temos que ir, o carro chega em 15 minutos!”
E então ela percebe que a voz pertence a Chris Pratt.
− Estou bem! E viva! Desço em alguns minutos. - respondo me sentando na cadeira e piscando para me orientar. Apenas fechei os olhos por alguns instantes e foi o suficiente para que eu me teletransportasse para a realidade dos meus sonhos. Uma realidade em que eu estava bem com Josh e tudo era tão fácil.. Olho para o meu reflexo no espelho e o vestígio de uma lágrima surge no canto dos meus olhos. Eu a limpo rapidamente, impedindo-a de cair, e pego meu celular. Ao desbloquear a tela, encontro algumas mensagens dos meus pais me desejando boa sorte na premiere e também algumas de Josh, que chegaram apenas ha alguns minutos atrás. “Vai dar tudo certo na premiere, apenas respire e fique calma. Você vai arrasar, como sempre.” Me pego sorrindo ao ler. Antes de todas as premieres, Josh me mandou uma mensagem semelhante a essa, e em todas, foi impossível não sorri ternamente para o celular e me acalmar pelo menos um pouco.
Digito rapidamente: “Obrigada. Terei que lidar com escadas, então me deseje muita sorte mesmo!” e bloqueio a tela do celular, me dirigindo para a porta. A imagem do meu sonho ainda ocupa todos os meus pensamentos quando ouço o sinal de nova mensagem.
“Sinto sua falta. E só para você saber, eu não vou desistir de você nem de nós. Nunca.”
Me dirijo para o elevador e enquanto o elevador desce, leio e releio a mensagem várias vezes antes de responder.
A situação entre mim e Josh, que na verdade nunca foi fácil, ultimamente andava um pouco mais complicada que o normal. As brigas entre nós, sempre foram raras, porque desde que havíamos decidido ficar juntos, sabíamos com o que estávamos lidando e na maior parte do tempo, tudo funcionava tem. Lógico que haviam momentos de briguinhas, mas que casal não tem as suas? É normal, principalmente quando a relação envolve PR, mas nossa última DR, havia sido um pouco mais séria, tanto que antes que qualquer outra decisão fosse tomada, concordamos em dar um tempo. Um tempo para pensar, para refletir e principalmente para que as coisas se acalmassem e tudo voltasse ao normal.
Desde o começo sabíamos exatamente o que poderíamos enfrentar, mas na prática, tudo se torna diferente e às vezes a situação se torna insustentável. Pelo menos é o que pensamos na hora que o problema nos confronta ou pensamos que não aguentamos mais a situação..
As coisas nunca haviam sido fáceis para nós, mas uma coisa que sempre tivemos, é o amor. Aliás é justamente por causa dele, do amor que temos um pelo outro, que estamos dispostos e somos capazes de enfrentar tudo, afinal, se havia dado certo durante tanto tempo e conseguimos chegar até aqui, porque desistiríamos agora? Todos os momentos que compartilhamos juntos, cada um deles foi e sempre será precioso demais para ser jogado ao vento, para serem deixados para trás. Josh e eu tínhamos uma ligação forte demais que duvidávamos até que fosse uma simples ligação entre duas pessoas. Nossa relação sempre foi especial, sempre foi mais, e por ela, eu lutaria. Nós lutaríamos até o fim, porque não importa o que acontecesse, ao final do dia, quando deito minha cabeça no travesseiro, são os olhos dele que eu vejo, é a boca dele que eu quero na minha e são os nossos momentos que me fazem sorrir do nada, até aqueles mais idiotas de quando ainda éramos apenas melhores amigos. Temos nossas diferenças sim, mas nós funcionamos bem, como peças diferentes que se encaixam, e somos perfeitos juntos.
O elevador soa, sinalizando que havia chegado ao térreo e antes que as portas se abram, Jennifer limpa uma lágrima que havia se formado em seu olho direito, e pegando o celular, se vê respondendo o que não responderia há apenas algumas horas atrás, quando estava firme em seu propósito de manter o tempo que tinham combinado- : “Que bom, porque eu também não vou desistir de nós. Nós vamos ficar bem. Te amo.”
As portas do elevador se abrem e ela sai alisando o vestido longo caminhando até o carro que estava à sua espera para levá-los ao local da premiere, quando o som de uma nova mensagem soa. Jennifer apenas acende a tela do celular, ainda caminhando em direção ao carro, e lê pela barra de notificação a mensagem de Josh: “Eu sei. <3”
E pela primeira vez em semanas, a felicidade e o sorriso discreto que ela exibia, era sincero.
no one said this would ever be easy, my love
ninguem disse que seria fácil, meu amo
but I will be by your side
mas eu estarei ao seu lado
when the impossible rises up
quando o impossível se levantar
we will travel this life well worn
vamos viajar essa vida bem vivida.
no matter the cost, no matter how long
não importa o custo, não importa o tempo
we'll leave our footprints behind
nós deixaremos nossas pegadas para trás
and carry on
e seguiremos em frente.
Música: Carry On - Olivia Holt
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