Estou sentindo minha cabeça explodir. Enquanto a apresentadora perguntava coisas inúteis sobre nós, mais as meninas ficavam mais tensas, querendo partir pra cima uma da outra e meter a faca.
Após o questionário Christina se vira para mim:
- Loma, querida - ela começa a dizer, um pouco séria demais. - Poderia me explicar o motivo inicial desse barraco?
Abro a boca, mas paro por um instante. Essa pergunta me parece ter uma resposta bem na cara, né?
- Enquanto o nosso time estava ganhando, o time de Lily começou a ficar descontrolado - olho para Lily ao meu lado.
Ela desvia o olhar.
- Hum... Muito bem - a apresentadora bate as próprias mãos uma na outra. - Queremos ouvir mais desse... Desentendimento. Quero dizer, como foi que elas chegaram a esse ponto. Pode nos explicar, Lily?
Após Lily abrir a boca para relatar o que aconteceu, escuto uma voz gemendo não muito longe de mim.
Agora, a voz está gritando.
Olho para a esquerda, de onde a voz vem, e percebo que todo mundo olha também.
É a Tulla.
- Tulla, cê tá bem? - Urach pergunta, confusa.
- SAI, DESGRAÇADA! - Tulla grita e dá um forte tapa na mão de Andressa.
Todas nós nos levantamos das nossas cadeiras.
- Isso é normal? - Christina pergunta a Inês, ao meu lado.
- Não - Inês volta o rosto para Tulla. - Quer dizer, eu nunca vi.
Tulla começa a se esperniar no chão, tremendo toda e xingando todo mundo.
- Gente, ela tá possuída?! - Regina pergunta, chocada.
- Eu duvido muito - diz um homem, se aproximando de nós.
Ele usa um terno e está com um jaleco branco no braço.
De onde ele veio?
- Moço, você pode ajudar ela?! - Xuxa pergunta.
- Temos de levar ela pro hospital. Suponho que seja um tipo de virose.
Olho para a minha frente, para a plateia. As câmeras não param de filmar e todos estão muito atentos a nós.
- Vamos sair daqui - me aproximo de Tulla. - Rápido. Me ajudem a levá-la.
Todas as divas se aproximam enquanto Tulla rola para os lados no chão.
- A gente vai ter que dopar ela - afirma Regina. - Ela tá muito louca.
Olho para o doutor atrás de nós, que está com uma seringa na mão, balançando-a entre os dedos.
Me aproximo e tomo a seringa de sua mão. Volto para Tulla e enfio a seringa no lado do seu pescoço, pressionando-a.
Os gritos de Tulla param e ela fecha os olhos.
- Já dopou? - Andressa pergunta.
- Sim - largo a seringa. - Alguém chama uma ambulân-
Paro de falar ao ver alguns homens usando uniformes brancos se aproximando de nossa amiga esquizofrênica e levando-a em um colchão com rodas embaixo.
Nunca vi aquilo antes. Tanto o comportamento de Tulla, quanto aquele colchão estranho.
Quando os médicos saem, nós fomos todas juntas.
- Aonde estão levando a nossa amiga? - pergunto ao homem esquisitão que tinha a seringa.
- Ao hospital - ele responde. - Não precisa vir atrás de nós, estamos com tudo sob controle.
Hesito um pouco, mas concordo com a cabeça.
Eles vão embora a minha frente.
Ouço passos rápidos atrás de mim.
- E então, o que ela tem? - Xuxa me pergunta ao se aproximar com as outras Divas.
- Eu não sei, mas sinto cheiro de merda - respondo.
Ficamos quietas observando os homens estranhos levarem Tulla.
{ Duas horas depois...}
- Eles estão demorando demais! - grita Lily, tensa. - Estamos aqui há duas horas e não temos uma notícia de Tulla, sendo que temos jogo amanhã!
- São 16:45 - Zuzu responde, olhando para o seu pulso.
- Mas você nem está usando relógio - Regina diz, confusa.
- Eu sei.
Regina e Lily se olham e se afastam de Zuzu.
Já faz duas horas que estamos na porta do estágio do Maracanã. Estamos cansadas e irritadas com tudo isso.
- Cansei - Andressa fica a minha frente. - Nós temos que ver a Tulla. Não podemos ficar paradas aqui sem fazer nada!
- Mas nós nem sabemos em que hospital eles foram... - diz Xuxa, confusa.
- Acho que eu sei - diz Lily.
Lily está atrás de nós, olhando para a estrada e apontando em direção a um homem que está correndo na calçada a nossa frente, com o mesmo uniforme que aqueles enfermeiros esquisitos estavam.
Nós nos entreolhamos e todas corremos em direção àquele homem, escondidas.
O seguimos.
(.........Depois.........)
Minhas pernas estão doendo de tanto correr.
- Ali! - Xuxa grita. Ela aponta para um grande prédio no outro lado da calçada, onde o homem que seguimos entrou.
Entramos correndo no prédio. Chegamos a recepção. Aqui é bem limpo, parecendo com um laboratório.
Vou até a moça do balcão.
- Com licença - digo ao me encostar no balcão. - Pode me dizer onde está a paciente Tulla Luana?
- E quem seria você? - a mulher me pergunta.
- Sou amiga dela.
- Documento, por favor - ela estende a mão, de cabeça baixa, olhando para o computador a sua frente.
Fico parada. Dou um murro em seu rosto e ela cai de sua cadeira.
Ao ouvir o barulho, minhas amigas se aproximam.
- Meu Deus, por que fez isso, Mona?! - Inês pergunta, olhando para o estrago que fiz no nariz da moça.
Salto até o outro lado do balcão. Procuro alguma fixa com o nome de Tulla e, de tanto passar a mão nos papéis, eu o encontro. Começo a lê-lo
Todas as outras Divas começam a me chamar, dizendo que sou louca e outras merdas, mas eu ignoro elas e volto a ler o documento.
Algo me chama atenção. Há uma foto de Tulla e algumas palavras ao lado, escrito:
Teste 1 - Síndrome de Bolderline Mutagênico.
- Galera! - grito para as meninas, sem tirar os olhos do documento.
- O que?! - todas perguntam em uníssono.
- Olhem isso! - entrego o documento a elas e começam a lê-lo.
- O que significa isso?! - Zuzu pergunta, surpresa demais.
- Acho que estão fazendo a Tulla de cobaia pra alguma coisa - respondo. - A gente tem que encontrar ela agora!
- Quarto 145 - Andressa diz, olhando para o documento, em voz bem alta. - Ela está no quatro 145.
Escutamos passos rápidos vindo do corredor ao nosso lado.
São os seguranças.
- Ei! Parem aí! - um deles grita.
- CORRE, SATANÁS!! - Grito, saindo do balcão e subindo as escadas que vi em minha frente.
As divas me acompanham.
- Gente, o que seria de nozes sem a Loma - Aracy fala, com dificuldade, ainda com machucados na boca por causa da treta com Lily.
- Agora você decide abrir a boca?! - Lily reclama.
- Calem a boca e continuem correndo! - Inês fala por mim.
Após subir vários degraus, dando varias voltas, encontramos o quarto 145 e paramos em sua porta.
- Beleza - digo para as meninas, com a mão na maçaneta. - Se preparem, Divas. Se tiver alguém aí dentro, vamos meter a faca.
- Disso eu sei - Aracy tira uma faca da sua calça. Lily faz uma cara feia pra ela, mas a ignora.
- Se tá com Loma, tá com Deus - comenta Xuxa. Dou um breve sorriso.
Todas as outras divas vão pegando tudo o que está no nosso alcance, aqui no corredor, enquanto os seguranças ainda sobem as escadas.
Elas pegaram de tudo: Cadeiras, pedaços de canos, vassouras e até uma espada, que estava inconvenientemente próxima a nós.
Eu fui a única que não peguei nada.
- 1... - começo a contar, para abrir a porta. - 2...... 3! - abro a porta com raiva, com as Divas atrás de mim fazendo seu grito de guerra enquanto pulamos para dentro do quarto.
Me surpreendo ao olhar ao redor: não há ninguém aqui e a janela está aberta, com o vendo balançando a cortina.
Escuto um grito familiar.
- Tulla! - todas nos dizemos ao mesmo tempo e corremos até a janela.
- Cadê?! Onde ela tá?! - todas ficamos espremidas, empurrando uma e outra para ver a janela, mas não encontramos com Tulla.
Escutamos outro grito dela.
Ficamos paradas e quietas.
Lentamente, olhamos para cima. Há um helicóptero rodando o hospital que estamos.
Tulla está nele, gritando e berrando.
- Meu Deus... - Andressa bota a mão na boca.
- Gente, como nós vamos atrás dela?!?! - Xuxa fica desesperada.
- Relaxem, monamour - diz Inês, um pouco mais tranquila. - Eu tenho um helicóptero.
- Na casa do caralho - Gretchen reclama. - Ou você faz que nem eu, que tem um helicóptero sempre a disposição e perto de mim.
- É claro, mona - ela responde.
Gretchen e Inês pegam seus celulares nos seus bolsos e colocam sobre os seus ouvidos, falando com pessoas que não conhecemos.
Fico meio confusa.
Um segundo depois, surgem mais dois helicópteros acima do hospital e eles se aproximam da janela.
- Nossa! - Xuxa fica surpresa. - Isso é muito útil!
- Não foi o que minha mãe disse - Inês fala.
- Vamos logo, gente! - Gretchen sobe no helicóptero, junto com Xuxa, Inês e Andressa.
Um som forte passa por trás de nós. Os seguranças entraram no quarto.
Aracy e Zuzu se colocam a nossa frente, como se fossem nos defender.
Para a minha surpresa, Aracy mete a faca no segurança mais próximo e levanta as pernas rapidamente, chutando a cabeça de outros dois seguranças nos ar, com a mão apoiada no pescoço do coitado esfaqueado.
Toda os três caíram no chão, inconscientes.
Fico de boca aberta enquanto as outras Divas sobem no outro helicóptero.
Zuzu se coloca na frente de um segurança que está com uma arma apontada para ela, mas ela se finge de cega.
- Onde é que eu tô, meu Deus?! - ela fica abanando as maos no ar e chuta o saco do segurança, que coloca as mãos entre as pernas.
Zuzu bate a sua cabeça contra a dele e ele desmaia.
Fico mais surpresa ainda.
Eu, Zuzu e Aracy corremos para a janela e subimos no outro helicóptero.
- Eu não sabia que vocês lutavam - digo para elas.
- Nem eu - elas respondem em uníssono.
Fico confusa.
O nosso helicóptero sobe mais aos céus juntamente com o das outras Divas.
Nos aproximamos do helicóptero vilão.
Ouço sons de tiros ao meu lado. Ao olhar, percebo que Gretchen está atirando no veículo vilão.
Desde quando ela atira???
Nossos helicópteros ficam lado a lado com o do vilão, cercando-o.
Abrimos as portas dos nossos veículos voadores ao mesmo tempo e saltamos para dentro do helicóptero onde Tulla está.
Ha! - gritamos em uníssono ao pular em seu helicóptero, no lado esquerdo e direito. O piloto fica assustado e o cara que está próximo a Tulla é aquele homem esquisito de mais cedo.
Tulla está com as mãos amarradas, mas esqueceram de tampar a boca dela. Ela não para de gemer.
- O que está fazendo com nossa amiga? - Gretchen aponta duas armas para os dois vilões.
- Ela serve de uma ótima cobaia - o homem louco responde. - E se você quiser ela, terá que passar por ci-
Gretchen dá um tiro na testa do homem.
- E você? - ela aponta as duas armas para o piloto.
Ele fica nervoso e, do nada, decide saltar do helicóptero.
Gretchen se aproxima da porta, com o vento em seus cabelos escuros tampando a cara de Xuxa, e atira na cabeça do piloto, enquanto ele está caindo no ar.
Olho para trás. Andressa e Lily estão tentando desamarrar as mãos de Tulla, enquanto conversa com ela.
- Esses escrotos do CARALHO! - ela grita - Eles achavam que eu não era esquizofrênica! EU SOU ESQUOZOFRÊNICA!
- Mas, e aquele documento escrito: Síndrome de Bolderline Mutagênico? - pergunto a ela.
- Vocês viram?!?! - Tulla fica surpresa. - Afinal, como vocês chegaram aqui?!?!
- Depois a gente explica - Lily bota a não no ombro de Tulla, que olha pra ela confusa.
- Responda a minha pergunta - digo.
- Esse negócio mutagênico era só uma injeção que colocavam no meu sangue pra ver se eu era realmente esquizofrênica ou portadora de síndrome de Bolderline.
- Então, teve mais do que um teste?! - Andressa pergunta, surpresa.
- Sim, mas sou mais forte que isso. E vem cá, quem tá pilotando agora já que Gretchen matou o piloto?
Olho para o banco da frente, assustada, mas vejo Gretchen sentada nele, pilotando o helicóptero.
- Eu estava aqui já faz cinco minutos, suas putas - a pilota diz. - Já estamos descendo.
Um vento forte percorre os nossos corpos e o helicóptero pousa.
Descemosos próximo ao maracanã.
{Tempos depois....}
Após a explicação de Tulla, decidimos que nunca mais iríamos participar de programas de TV sem ver o contrato antes. Pois, quando Tulla estava lendo no SBT, de tanto ela passar a folha e assinar todas elas sem ler, ela acabou assinando um acordo com aquele hospital escroto que, no final, descobrimos que aquele homem era um agente e fazia experimentos para cientistas.
Esse acordo era pra Christina.
- Ok, nunca mais faço isso de novo - Tulla abaixa a cabeça. - Alguém tá com celular aí? Eu quero escutar Ananda.
Inês empresta para ela e volta ao campo para treinar com as outras meninas, enquanto eu permaneço ao lado de Tulla.
Estávamos, todas nós, treinando no campo, mas agora algumas de nós está na arquibancada, descansando.
- E aí? - pergunto a Tulla. - Você ficou... Muito assustada?
- Não - ela responde. - A maioria do tempo eu tava dopada, então não vi quase merda nenhuma.
- É...
- Mas eu não sabia que você lutava - ela bota fones de ouvido, mas não tira os olhos de mim.
- Eu também não - rio. - Nenhuma de nós sabíamos. Acho que foi a adrenalina do momento.
Começamos a conversar um pouco mais sobre tudo que aconteceu hoje e sobre Ananda também.
Os gritos de felicidade e de raiva na quadra são os mesmos. Isso me deixa melhor.
As luzes se apagam e uma voz ecoa:
- É aquele ditado: vamo fazer o que?
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