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História Welcome to the Jungle - Desordem - História escrita por Nessa11 - Spirit Fanfics e Histórias
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História Welcome to the Jungle - Desordem


Escrita por: Nessa11

Notas do Autor


Espero não ter errado muito porque eu escrevi isso rápido, porque eu não aguentava mais ver essa história incompleta.

Sim, eu voltei.

Capítulo 5 - Desordem


“Faze-me justiça, ó Deus, e defende a minha causa contra um povo infiel; livra-me dos homens traidores e perversos”. 

Salmos 43:1 

 

PARK JIMIN 

Tudo era mais denso que o normal. Mesmo com enormes sombras no chão, o caminho nebuloso parecia nítido e devorando nossas almas à medida que caminhávamos. O ar gélido entrava como lâminas em meus pulmões. As cores eram tão vívidas daquele lado. Eu tinha uma sensação estranha, porém libertadora.  

Nada era mais assustador do que estar nas costas de um homem que acabara de conhecer. Com toda a certeza, eu estava perdendo toda a razão. Era tarde demais para voltar atrás.  

A partir de agora eu viveria como um híbrido impuro. A prova da minha profanação estava manchada em meus cabelos acinzentados. Todos aqueles pensamentos me entristeceram. Queria encontrar um meio de encarar a todos, porém estava além do meu alcance.  

Minha presença levaria somente desgraça aos outros no internato. Não temia a rejeição dos outros, mas a integridade daqueles que eu amo estaria em risco. O melhor a se fazer era sobreviver naquele lugar arrepiante.  

Eu estava entregue a sorte ou, devo dizer que estava entregue aos braços daquele jovem alto e moreno que me carregava nos ombros de forma ágil. Ele escalou o paredão de rochas que cercava a clareira onde estávamos antes como se não fosse nada demais.  

Estava tão inserido em lembranças dolorosas que não percebi as lágrimas escorrendo no rosto até que um soluço alto cortasse o silêncio entre nós. 

— O que está acontecendo? — Ouvi o tom preocupado de sua voz.  

Larguei seus ombros ao chegar no topo e senti suas mãos ásperas tocar meus braços. Meu corpo vacilou. Dobrei os joelhos e levei as mãos ao rosto sentindo-me envergonhado. Sua pele quente e despida de tecidos me fez sentir uma estranha frustração. O desejo de tocá-lo me espantou. 

— Não sei o que está acontecendo comigo, não entendo — Balbuciei na esperança de não ser ouvido. 

— Conheço alguém que pode te ajudar a entender — ele disse me deixando ainda mais confuso — confie em mim.  

Sabia que não existia mais ninguém disposto a me estender a mão. Era uma completa insanidade. Mas, precisava acreditar em suas palavras. Jeon parecia honesto e eu não estava em posição de rejeitar sua ajuda. Ainda assim, aquela proximidade fazia meu coração acelerar.  

Era a primeira vez que eu falava com um homem. Não podia confundir as coisas com aquele rapaz. Acho que estava me impressionando fácil com os seus cuidados. O que aconteceria depois? Ele era apenas alguém educado e íntegro que me socorreu em uma situação de perigo. 

Não queria imaginar o que poderia acontecer se fosse pego no meio do vilarejo em um período de cio. Eu deveria ter tomado mais cuidado. Aquela situação se tornaria um escândalo. Erguer uma fogueira em praça pública ou me apedrejaram como herege.  

Continuei a caminhar ao seu lado. Respirei fundo e tentei me manter calmo. Mesmo com minhas orelhas felinas, o único ruído que se destacava a quilômetros eram os nossos passos. Pensei que a floresta seria mais barulhenta. Sabia que o rapaz não conseguia ler minha mente, mas por algum motivo percebi em seu silêncio, um respeito ao momento perturbador que me afligia. 

Antes que eu pudesse pensar em algo que sanasse nossa falta de diálogo, uma estrutura erguida no meio das árvores capturou minha atenção. Tinha diversas tendas, fogueiras acessas e troncos caídos no centro. Outros, homens e mulheres com poucas roupas, nos encararam friamente.  

Meu coração acelerou de medo, não sabia o que estava acontecendo, mas aquela gente me deu calafrios. Todos pareciam pessoas comuns, e um vislumbre dos aldeões me paralisou. Jungkook segurou minha mão sorrateiramente. Baixei a cabeça sentindo minhas bochechas quentes. Porém, ele não pareceu se importar com os olhares curiosos.  

Caminhamos por todo o acampamento de mãos dadas. Senti seus dedos grandes envolvendo a minha. Era tão bom. Me senti subitamente protegido, ao mesmo tempo isso me pareceu precipitado. Quando notei que as barracas haviam ficado para trás, ele não parou de caminhar. Chegamos em uma clareira menor, distante de todos.  

Um homem pequeno, diria que da minha altura, magro e muito branco mexia um caldeirão. Por alguns instantes, agradeci por aquele homem não estar seminu como a maioria das pessoas que vimos anteriormente. Era impressionante como era belo, mas não era mais bonito que Jungkook. Me repreendi de imediato por pensar algo assim. Aquele não era o momento para tanta bobagem.  

— O que estão esperando? Se aproximem — ele sorriu e eu olhei para o alfa que me não me largou de perfil — sentem-se, a comida está quase pronta. 

Minha barriga roncou vergonhosamente alto e eu preferia acreditar que nenhum dos rapazes a ouviu. Jeon não se pronunciou e eu continuei escondido em suas costas esperando o que iria acontecer quando o branquelo ergueu o olhar na nossa direção.  

— Onde estão os outros, hyung? — Jungkook disse firme. 

Olhei com curiosidade para o rapaz que não parecia nem um pouco mais velho que Jeon, mas a maneira como o meu salvador o tratou mostrou a hierarquia e o respeito entre ambos. 

— Sei o que veio fazer, não perca seu tempo explicando. Ela não está, mas vocês podem se servir enquanto esperam. 

Primeiro, iríamos ver alguém que, segundo Jeon, me ajudaria. Lembrava-me das palavras de Jungkook e agora, sabia que esse alguém se tratava de uma mulher. Contudo, o cheiro da comida me distraiu. Jejuei tantas vezes no internato para não cair em tentação, mas a gula por aquele caldo esquisito me tomou. Torci para não ser um feitiço, mas aquele homem parecia muito com um bruxo. Ainda assim, não resisti e pressionei um pouco mais o braço de Jungkook.  

Estava com receio de falar na presença do outro. Jeon me guiou a um banco perto da fogueira, cobri minhas pernas com o manto e o observei. Me sentia um tolo. Ele experimentou a sopa me deixando com água na boca e logo notei ele pegando duas vasilhas.  

Me senti como um selvagem segurando a tigela e levando a boca de forma afoita. Estava quente, mas não quis esperar. Mesmo sobrando o líquido, a mistura queimou a ponta da minha língua. Eu grunhi de dor e cobri a boca assim que notei o som vergonhoso que escapou. Éramos proibidos de emitir sons vocais como os animais, a Madre me puniria se soubesse.  

Mas, que tolice a minha. O internato estava há quilômetros de distância, mesmo assim não me sentia à vontade com aquela liberdade. 

— Onde está o Taehyung? — Jungkook continuou a falar. Nenhum deles pareceu se importar com a minha falha. 

— No rio, lavando os pratos — o outro homem respondeu simplista.  

Pensando bem, depois de ter devorado aquela comida preparada por um completo estranho no meio do mato, era reconfortante ouvir que aquelas pessoas mantinham hábitos de higiene. Não devia ser uma surpresa, eles pareciam nômades, não animais. O próprio Jeon estava se banhando quando o encontrei, mas eu estaria pecando se admitisse o que vi.  

— Lisa está com ele, você sabe como ele é. Se distraindo com qualquer coisa.  

Queria perguntar quem era esse Taehyung de que tanto falavam. Jungkook parecia se importar com ele. Eu estava sendo imaturo sem motivo algum. Apesar disso, ouvir Jeon falar de outro homem com tanta intimidade me deixou arisco como um verdadeiro gato.  

Ele me encarou e sorriu. Sabia que meu rosto estava corado. Eu precisava parar com aqueles absurdos, pois eu mal o conhecia. Não existia nada entre nós. Na verdade, eu não fazia parte daquele mundo. Era como um estrangeiro que não compreendia o idioma nativo. 

— Não temos o dia todo — reclamou levantando-se e por impulso eu o segui de prontidão. 

Quando me virei na sua direção, não esperava dar de cara com uma mulher. Uma jovem com metade dos cabelos coloridos, nunca tinha visto nada igual. Estava coberta por um vestido feito de vários tecidos. Não era estranho, pensei que a peça lhe caísse bem. Mas, meu corpo gelou com a outra figura que surgiu ao seu lado. 

Um lobo. Um animal gigante, com pelos castanho claro iluminados pelos raios de sol, espreitava a clareia por cima do ombro da mulher.  

Minhas pernas fraquejaram, mas não consegui gritar. Seríamos todos devorados. O animal parecia estar olhando diretamente para mim. Seus olhos estavam fixos nos meus. Meu estômago embrulhou. Não consegui sentir nada além de pavor quando o monstro cruzou as árvores correndo na nossa direção. 

Quis esbravejar. Berrar para Jungkook fugir o mais rápido possível, mas ele continuou inerte como se o lobo não estivesse vindo na nossa direção. Involuntariamente minhas mãos largaram seu braço, meu corpo escorregou para trás o deixando esperando a fera nos matar.  

Mas, o que aconteceu em seguida foi ainda mais perturbador. Eu diria que aquela metamorfose era monstruosa. Eu devia estar sendo castigado por todas as brincadeiras bobas na hora das missas, por não respeitar os sacerdotes tarados que visitavam o internato vez ou outra ou por quebrar as regras com Hoseok. De certo, eu estava no purgatório, e aquela blasfêmia era uma visão das trevas, onde homens se transformavam em monstros e vice-versa.  

O corpo gigante do lobo se deformou bem diante dos meus olhos. Não era uma cena bonita de descrever, foi repugnante. Entranhas distorcendo em segundos para fora da carne. Mas, antes que pudesse vomitar, longos braços me envolveram. 

O animal se transformou em um homem alto e me ergueu com um abraço apertado e suado. Ele estava um tanto melecado de algo que eu nunca desejaria saber.  

Meus olhos deviam estar o dobro do tamanho, não era somente porque um homem nu acabara de me agarrar e me pressionava contra seu corpo. Era muito pior. Ele era um lobo, igual aqueles que nos atacaram na vila.  

— Então, você deve ser o Jimin — ele falou alto e sorridente — Estava ansioso para vê-lo de perto, Jungkook não deixou ninguém se aproximar da caverna. 

Eu o empurrei mesmo que meus pequenos braços não tivessem forças para um homem daquele tamanho, mas ele pareceu entender, pois me soltou no mesmo instante. Queria gritar de puro pavor. Estava de fato apavorado com o que acabou de acontecer, e todos em volta continuaram estranhamente calmos. 

Até mesmo ele, Jungkook. Me senti um idiota. 

— O que são vocês? Parecem humanos, mas não pode ser! — Esbravejei ofegante, era como se todo o ar tivesse escapado dos meus pulmões, minha cabeça girou e senti como se estivesse prestes a desmaiar — O lobo, aquele lobo enorme, acabou de se transformar. 

Meu dedo trêmulo apontou para o homem despido na minha frente. 

— O que você acha que somos?  — Jungkook rebateu impassível. 

— Você mentiu — não queria acreditar. Me senti traído e vi um brilho demoníaco crescer em seus orbes escuros.  

Aquilo não podia ser verdade. Os lobos causaram pânico na vila, eram mais inteligentes que animais comuns. Tudo se encaixava como em um quebra-cabeça. Era tudo um plano, eles invadiram nossas vidas, mataram inocentes. Aquele lugar não era um acampamento de pessoas itinerantes nudistas como imaginei. Aquilo era um covil de lobos. 

Eu não poderia continuar ali parado. Não queria ouvi-los ou olhar para eles. Não queria olhar para Jungkook. O que eu deveria pensar dele agora? Se ele foi capaz de esconder algo tão grave, o que mais ele não estava me contando?  

Todos sabiam da caverna, a clareira não tinha nada especial. Talvez, eu não fosse o primeiro. Quantos híbridos, humanos ou mulheres ele “ajudou”? Pensei que o conhecia, que nosso encontro era especial. Mas, eu não sabia nada sobre ele ou sobre os outros lobos daquele lugar. 

— O lobo preto na cachoeira, aquele lobo que desapareceu na caverna. Todo esse tempo, você era o lobo? 

Eu não queria encarar Jungkook, sabia que ele me olhava de volta. Mesmo que a resposta fosse óbvia, eu gostaria de ouvi-lo negar, mas seu silêncio era apenas uma confirmação. A floresta se tornou desconfortavelmente silenciosa. Meu corpo adormeceu aos poucos. Vi o mundo girar e meus joelhos se chocaram contra o chão. Tudo estava ficando escuro, frio.  

Eu iria desmaiar, mas antes minhas pálpebras pesadas se esforçaram para enxergá-lo uma última vez. Segurei o tecido que cobria o meu peito vendo suas írises avermelhadas me encarando, meu coração apertou. O mesmo par de olhos do lobo, eram os olhos de Jungkook. 


Notas Finais


Eu não sou tão dramática como aparenta agora. Mas, eu prometo, no próximo vai ter uma boa explicação para várias coisas que talvez vocês tenham esquecido. E, NÃO, o Yoongi não tem poderes mágicos nessa história, isso é outra fic... vejam no meu perfil.

Sim, eu demorei.


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