História Welcome To The Wood - Capítulo 3

O garoto levantou e já estava escuro. Todos estavam dormindo menos Mel que estava sentada na entrada da cabana olhando para a floresta pensativa, ela não percebera que o garoto havia acordado.

-Não vai dormir um pouco? –Josh disse com serenidade para não assusta-la e se sentou ao seu lado.

-Já dormi o suficiente. Acabei de trocar com Seb. Estamos trocando as vigias de hora em hora.

-Deviam ter me avisado, eu também trocaria.

-Você, Hanna e Edward pareciam muito cansados, não queríamos os acordar. -Ela voltou a olhar em direção à floresta.

-Eu queria ajudar em alguma coisa. –disse meio triste abaixando a cabeça e começando a brincar com a grama que havia na entrada.

-Mas já está.

-Como? –ela tentou pensar em alguma coisa, mas se rendeu com um suspiro e negando com a cabeça –É disso que estou falando. Você salvou a Candy e descobriu como eles agem. Collie fazia com que acreditássemos que iria ficar tudo bem. E eu não fiz nada, a não ser ficar com medo até do vento.

-Você tirou o corpo do banheiro, se não tivesse feito isso não teríamos como tomar banho. –tentou argumentar.

-Micke e Teddy quem fizeram a maior parte, eu só tirei os restos. –suspirou –E você também impediu que eu ajudasse a limpa-lo. –disse a última frase mais baixo.

-Desculpa... –ela pediu abaixando sua cabeça, fazendo sua franja cair sobre os olhos os deixando sombrios.

Josh se encolheu. Talvez não tenha sido uma boa ideia ter desabafado com ela, ele não sabia do passado da garota e, talvez, tenha tocado em um ponto muito pessoal.

-Bom, acho que também deveria tomar um banho. –disse se levantando e foi em direção ao banheiro com sua mochila.

Ele achou melhor deixa-la um tempo sozinha, não queria fazer nada estupido de novo. “Não devia ter reclamado...” pensou ele “Eu deveria é ter agradecido por ainda estar vivo.”.

O banheiro já estava todo arrumado. Mel tinha feito uma faxina completa que ele acreditou que nunca tivessem encontrado um corpo quando chegaram. Por falta de energia, eles tiveram que improvisar uma fonte de luz com uma lanterna pendurada com uma corda no teto. A água gelada escorria pelo seu corpo dava arrepios, ele terminara rápido para não ter uma hipotermia e pôs umas roupas quentes que encontrou na cede.

-Quando isso tudo vai terminar? –se olhava no espelho e bagunçou os cabelos ainda molhados.

Ele saiu do banheiro se deparando com uma cena que o fez dar um pulo. Mel estava na porta da cozinha colocando mais balas na pistola que tinha um silenciador caseiro, havia um homem alto vestido com roupas de palhaço preta e branca estava na porta de entrada da cabana olhando em volta.

-Josh tire todos daqui agora! –gritou a morena voltando a atirar no palhaço.

-Jack Risonho... –cochichou ele chocado olhando para o homem. O sorriso psicopata dele o fazia ter um dejavú.

-Josh! –gritou Mel novamente o tirando do transe.

Micke e Teddy acordaram com toda a gritaria e se assustaram com a criatura assustadora os olhando, analisando-os. Eles se levantaram para procurar suas armas desesperadamente, Teddy, na correria, acabou tropeçando em Sebastian que se preparou para xinga-lo, mas recuou vendo a criatura.

-Queridos cheguei! –disse Jack com uma voz assustadora e em seguida deu uma risada arrastada de terror.

-Saiam daqui todos! –Mel gritou atirando a arma para o lado e usou as facas por falta de balas.

Sebastian se apreçou em acordar os outros, pegaram as mochilas para sair dali. Entretanto não tinham por onde saírem, Jack estava na entrada impedindo sua passagem. Micke, com ajuda de Sebastian e Teddy, abriram um buraco em uma das paredes às pressas e saíram correndo dali.

-Josh, vamos logo! –Brit gritou correndo na frente.

-Onde está você? –a criatura perguntou cantarolando vendo eles saírem pelo buraco sem mexer um único musculo. –Eu irei acha-lo.

Josh também observou os outros tentando descobrir quem ele procurava. “Edward!” o mais novo era a vitima daquele palhaço assustador. Josh não conseguia encontra-lo apenas com os olhos.

-Ed! Vem logo! –Candy gritou olhando em direção a Mel.

Ele se escondera ainda mais atrás da morena que em nenhum momento parara de atacar o palhaço.

-Encontrei você! –o sorriso da criatura aumentou enquanto andava em direção a eles.

Mel tirou uma faca de caça do colete e  se pôs a frente do garoto o protegendo. Eles estavam encurralados e pela expressão de Mel suas armas haviam acabado. O sangue de Josh ferveu na hora. Ele pegou sua foice-corrente amarrada como sinto sem ao menos saber como manuseá-la.

-Foge Mel!

Infelizmente ele demorara de mais para fazer algo. Jack, com um movimento rápido, prendeu Mel na parede com uma das mãos enquanto a outra enfiou suas garras no tronco de Edward o fazendo vomitar sangue.

-Ed! –Mel se debatia para se soltar.

Jack arrancou o coração do garoto que ainda batia e o espremeu na mão o explodindo e fazendo a cozinha toda ser suja com sangue. A morena via a cena aterrorizada. Algumas lágrimas formaram em seus olhos e escorreram pelo rosto pálido.

-Mel! –Josh trincou os dentes.

Ele arremessou uma das pontas da foice-corrente em Jack e a encravou em sua cabeça.

-Isso dói. –o palhaço olhou em direção ao garoto. –Gostaria de sentir a mesma dor? –sua voz saiu arrastada de terror.

-Vai para o inferno! –ele puxou a corrente com toda a força que tinha rasgando a cabeça de Jack ao meio e puxando sua pele estranhamente branca.

Jack caiu no chão sem vida, mas seu sorriso não desaparecera de sua face. Josh podia jurar já ter visto aquele sorriso antes, infelizmente não se lembrara de quando e nem aonde.

Ele respirava com pressa tentando acalmar a adrenalina correndo em suas veias. Seus dedos tremiam muito e ele soltou a corrente para observar suas mãos. Elas estavam vermelhas e doloridas por causa da força que usara para segurar e puxar as correntes.

-Mel? –só então lembrou da garota que olhava o corpo de Edward derramando mais e mais lágrimas. –Mel! –correu para ajuda-la. –Mel, você está bem?

-Fique longe de mim! –ela gritou o empurrando

-Mel, se acalme. Está tudo bem agora. –ele estendeu as mãos a frente do corpo para mostra-la que ele não iria machuca-la.

-Não se aproxime de mim seu monstro! –lhe apontou a pistola que o assustou. Ela apertou forte os olhos.

O resto do grupo voltou para a cabana vendo que os outros três não estavam os seguindo e se assustaram ao ver a morena apontando a arma ao garoto.

-Mel, por favor, não atire. –Micke disse tomando cuidado para não assusta-la.

-Micke não se aproxime! –Josh alertou –Nenhum de vocês! –olhou nos olhos da morena –Ela está em transe... –os olhos verdes da garota estavam opacos –Mel sou eu, Josh. Acabou. Jack está morto.

-Não se aproxime!

-Você está segura agora.

-Vamos sair juntos daqui.

-Vá embora! –ao gritar isso ela puxou o gatilho.

Felizmente a arma estava descarregada e todos deram um suspiro aliviados após o click. Em um movimento rápido  Josh tirou a arma de suas mãos e deitou a cabeça da garota em seu peito.

-Se acalme Mel. Está tudo bem agora, nada pode te fazer mal. –ele acariciava os cabelos da mais velha de uma forma calma e tranquila. As lágrimas dela cada vez mais molhavam sua camisa, mas ele não se importou. –Vai passar, vai passar. –Mel soluçava e apertava firmemente a camisa do garoto.

-Josh... –chamou Teddy –Temos que sair daqui. Eles podem ter escutado os gritos.

Josh acenou com a cabeça e ajudou a garota a se levantar para poderem seguir caminho.

~~~~~~~~~~~////////////////~~~~~~~~~~~~~

Eles continuaram a andar pela floresta sem dizer nada. Mel ainda parecia triste, então vez ou outra Josh a abraçava para lhe passar algum conforto. Eles chegaram a um lago bem aberto e extenso.

-Aqui é bem aberto, -Micke colocou a mochila no chão e olhou em volta –se algum deles aparecer dará tempo de fugir ou nos defender.

-Parece bem tranquilo. –Candy limpou o chão da maneira que podia e se sentou dando um suspiro. –Essa andança toda já está me dando dor nos pés.

-Ninguém mandou estar de salto em uma floresta como essa. –brincou Teddy e também se sentou no chão.

-Como eu iria saber que seria sequestrada? –ela o fuzilou.

-Por isso que eu sempre ando prevenida. –Brit sorriu se aproximando do lago com um cantil.

-Pera Brit! –Sebastian correu e segurou o braço da garota. –Não sabemos se essa água pode ser consumida, pode estar envenenada.

A morena se encolheu e soltou o cantil assustada dando passos para trás se afastando do lago. Mel se soltou de Josh que a abraçava e se aproximou do lago.

-O que vai fazer? –perguntou o garoto temeroso e se aproximou junto com ela. Mel se agachou próxima a beirada. –Mel! Espera! Não faz isso!

-Tá tudo bem. –ela disse tranquila. Colocou dois dedos no lago e os levou a boca. Todos a olhavam amedrontados. –Está limpa. –eles soltaram um suspiro aliviado.

-Ainda bem. –Brit pegou o cantil no chão e se aproximou do lago agora mais confiante.

-Como pode ter certeza disso, Mel? –Micke se aproximou dela.

-Venenos tem dois tipos de sabor, ou são muito doces ou muito amargos. Essa água está com gosto de mina, não tenho duvidas de que esteja limpa. –respondeu dando de ombros.

-Onde você aprendeu todas essas coisas? –Candy parecia desconfiada.

-Tive que aprender a me virar sozinha a partir dos dez anos.

-E vive assim por nove anos? –a loira se levantou e ficou a sua frente a olhando de cima.

-Não. –a morena também se levantou e se aproximou de seu ouvido. –Se conhecesse minha história ficaria com medo de mim até se eu estivesse de mãos atadas.

-Isso será verdade mesmo, ou você não passa de uma gatinha assustada? –a loira também disse em seu ouvido.

Os que estavam em volta não podiam ouvi-las e estavam começando a ficar assustadas com o clima tenso que se instalava entre elas. Eles olhavam de uma para a outra tentando imaginar o que estaria acontecendo.

-Quer mesmo testar sua teoria, que sou apenas uma gatinha assustada? –continuou Mel e a loira pode ver apenas a ponta da lamina sair da manga de seu agasalho.

-Estava esperando que perguntasse isso. –a loira pôs a mão dentro do bolso de trás do shorts e colocou os socos-ingleses nos dedos.

-Para uma putinha você está bem confiante.

-Mas não sei se minha confiança se compara a de uma vampira depressiva.

-Cuidado. Essa vampira pode morder. –sorriu sarcástica.

Elas iriam continuar aquela discussão por horas se o sorriso da outra não tivesse atingido a loira que em um movimento rápido retirou a mão do bolso e tentou socar Mel que desviou para o lado e segurou a mão dela. Candy trincou os dentes tirando uma risada nasal satisfeita da morena.

-Mel! Candy! –Josh ia para-las, mas Micke o impediu.

Mel puxou o braço da loira e com a faca, em sua outra mão, tentou acertar seu rosto. Candy segurou seu pulso antes de atingi-la e a puxou para frente dando uma joelhada nos estomago da morena que se afastou um pouco e caiu no chão com o joelho esquerdo tossindo.

-Achei que fosse mais esperta. –brincou a loira triunfante.

-Achei que você fosse mais rápida. –mostrou os socos-ingleses da loira.

-O quê? Como você...? –se espantou, mas em seguida sorriu. –Entendi. Você quer me desarmar. Bom, isso não vai dar certo. –ela pôs a mão nas costas, mas se espantou novamente.

-Procurando por isso? –Mel, agora de pé, girava o gatilho da arma no dedo. –Talvez você não seja tão esperta como eu pensava. –parou de girar a arma, a travou e a jogou para Josh –Acha mesmo que entre uma arma e um par de socos-ingleses eu escolheria os socos-ingleses? Você precisa aprender mais sobre sobrevivência se quiser continuar viva.

-Mas não ache que eu te queira como professora! –a loira partiu para cima dela  de novo com um soco após o outro.

Mel desviava dos socos da loira com uma facilidade incrível, parecia até que ela estava brincando com a paciência da loira e isso só a deixou mais irritada. Mel já estava quase dentro do lago e Candy aproveitou a oportunidade para desferir mais um soco contra ela, que novamente foi desviado. A loira perdeu o equilíbrio e quase caiu no lago se a outra garota não tivesse segurado seu braço a fazendo ficar pendurada na borda.

-Eu não te aceitaria como aprendiz de qualquer forma. –Melanine a puxou a fazendo cair sentada ainda olhando para o lago assustada. –Mas quem sabe eu não pense no assunto se mudar essas sua arrogância.