Candice POV
Ver Robert tão mal daquela forma me fazia sofrer e questionar tudo o que acreditava, será que realmente ele não tinha mentido? Tentei ser forte e não ceder. Após chorar por algum tempo no banheiro saí e encontrei uma certa muvuca no corredor e um armário destruído.
-O que aconteceu aqui? – perguntei para um grupo de garotas que pareciam saber do que se tratava.
-Foi o Robert, ele quebrou o armário...
-Como?
-Sim, foi o que disseram, ele socou a porta até a mão quebrar! Um desastre! Tão lindo, mas tão doido. Você deve saber disso... – fiz uma careta e me virei.
Por quê Robert tinha feito isso? Será que havia sido após a nossa briga? Essas perguntas e essa situação me faziam fraquejar muito mais a respeito dele. Não podia pensar nisso, estava ferida e tudo o que acontecia com ele tinha nome e chamava carma.
Apesar da maior parte minha gritar para esquecer, ainda queria saber se ele estava bem. Comecei a andar até a saída, Rick veio até mim, continuei andando.
-Chato isso que aconteceu com o Robert, não acha?
-Se você está dizendo...
-Fiquei sabendo que foi por causa da briga de vocês, não acredito que ele esteja te fazendo passar por uma vergonha dessas... – o encarei.
-Não acho nem um pouco vergonhoso, na verdade pelo menos ele está lutando por mim limpamente, diferente de outros que passam por cima...
-Não sei do que está falando...
-Sabe sim, acha que eu não sei qual são suas intenções, sempre soube que você era invejoso e sempre falei isso para o Robert. Você quer tudo o que é dele ou já foi... – senti uma dor ao falar essa frase, suspirei – Mas ele sempre achou que você era amigo, acho que ele percebeu. Só para que saiba, antes de ter algo com você prefiro voltar para o Robert!
Saí andando e o deixei parado lá, eu não sou um troféu que ele pode levantar para mostrar a Robert que havia ganhado a disputa criada. Eu sou uma pessoa com sentimentos. Sentimentos esse que ainda pediam por Robert e ansiavam pelo seu toque.
Robert POV
Saí do hospital com um gesso na mão, tinha acabado de quebrar os ossos dos dedos e teria que ficar imobilizado por um bom tempo, ou seja, nada de futebol por um longo tempo.
Voltei para casa e entrei no meu quarto, mas logo que passei cinco segundos lá me senti mal, aquele local lembrava Candice e todas as noites que havíamos dormido juntos.
Cada centímetro me recordava seu cheiro, suas carícias e o gosto do seu beijo, entre todas as torturas do mundo aquela era sem dúvidas a pior. Tomei um banho rápido, vesti uma roupa qualquer e saí. Caminhei por horas sem rumo, até parar em um bar, lá sentei a frente do balcão e simplesmente esperei. A garçonete me serviu uma dose dupla em um copo parcialmente cheio.
-Não deveria ao menos pedir minha identidade?
-Fica entre nós e a propósito, você está com cara de quem precisa de uma dose e principalmente desabafar.
-Acho que realmente preciso, mas não tenho vontade de falar, não sobre esse assunto – virei o copo sem parar para respirar ou saborear o gosto – Ainda não estou bêbado o bastante para isso...
-Então vou te acompanhar até que fique bêbado o bastante para isso... – ela riu, eu sorri e apontei para o copo.
Acredito que tenha bebido por horas, não demorei muito para desabafar e logo perdi completamente o senso das minhas atitudes. A bebida me fazia esquecer da dor e principalmente me fazia esquecer dela.
Logo o bar ficou completamente vazio, somente eu e a garçonete – que agora estava sentada ao meu lado – insistíamos em ficar lá. Levantei e coloquei o dinheiro no balcão, ela se levantou e segurou meu braço.
-Não se prenda a ela, se essa garota é burra o bastante para dispensar um homem como você, eu não sou! – ela puxou minha nuca e uniu nossos lábios em um beijo.
Não demorou muito já a coloquei em cima do balcão, ela envolveu suas pernas ao redor do meu corpo, entre um beijo e outro percebi que não era isso que eu queria, mas acima de tudo não era ela que eu queria.
-Desculpa, mas eu não posso! – eu me afastei dela.
-O que? Como assim?
-Não é que você não seja bonita, mas eu não te quero! Desculpa...
Saí do bar cambaleando e de alguma forma consegui chegar em casa, deitei na cama e abracei o travesseiro que Candice costumava dormir. Ele ainda continha o cheiro do perfume dela e me fazia sentir como se ela estivesse lá, voltei a chorar e nessa noite sonhei que estávamos juntos e eu havia sido perdoado pelos meus erros.
Continuei com o hábito de beber até cair e ser socorrido por algum conhecido e era horrível, mas graças a ele conseguia esquecer Candice por alguns momentos. Quando entrava no quarto tudo voltava e eu podia perceber que não podia viver sem ela.
Candice POV
Duas semanas haviam se passado desde minha última discussão com Robert, desde aquele dia não o vi mais na escola. Guardei minha bicicleta no estacionamento e entrei no colégio.
Logo que passei pelas portas percebi uma aglomeração e alguns panfletos com a foto de Robert e o escrito “desaparecido” em baixo, meu coração disparou, algo tinha acontecido com ele e talvez eu fosse a culpada.
Corri pelos corredores e vi algo perturbador e surpreendente, era o próprio Robert quem entregava os panfletos. Senti um misto de alívio e raiva, caminhei até ele e dei um tapa em seu rosto.
-Qual é o seu problema? – bati nele de novo, senti meus olhos queimarem e as lágrimas caírem.
-Qual é o seu problema? – ele jogou os panfletos no lixo e segurou minhas mãos com uma das suas e com a outra segurou meu queixo forçando a olhar seus olhos.
-Eu pensei que algo tivesse acontecido com você, tem noção do que você quase fez?
-Ficou preocupada? – seus olhos brilharam.
-Se o seu objetivo torpe, era me ver preocupada contigo, então você conseguiu! Está satisfeito? – ele sorriu e uniu nossos lábios, sentir seu gosto novamente fez meu coração disparar, fechei meus olhos e passei minhas mãos agora já livres pela sua nuca. Em um lampejo me soltei dos seus braços e bati novamente em seu rosto, dessa vez mais forte, ele soltou uma exclamação de dor – Nunca mais faça isso está me ouvindo?
-Pra quê lutar contra isso que nós sentimos? Eu sei que você gostou...
-Não seja estúpido, eu vou embora, já vi que você está bem!
-Cands, eu não estou bem! Meu objetivo não era te ver preocupada, era te mostrar que sem você eu estou desaparecido, não me encontro mais sozinho. Me ajuda – senti algo ficar preso na minha garganta, queria abraçá-lo e fazer a dor passar, mas isso não iria acontecer.
-Robert... – ele segurou meu rosto novamente, senti sua respiração, minhas pernas fraquejaram.
-Eu sei que deveria te deixar ir, mas meus sentimentos ainda são os mesmos!
Soltei suas mãos e saí correndo, queria me afastar o mais rápido de tudo aquilo, queria conseguir esquecê-lo e deixá-lo só com a sua dor, mas a cada dia e a cada nova atitude minha coragem de transformar isso em realidade se esvaia.
Robert POV
Mais uma vez fiquei somente parado vendo Candice partir, não aguentava mais continuar dando murro em pontas de faca, contudo algo em mim dizia que ela voltaria a ser minha cedo ou tarde. Porque ela pertence a mim.
Caminhei até a saída da escola e sentei em um dos degraus, fiquei observando o vazio, ouvi passos atrás de mim.
-Não se cansa mesmo de fazer papel de trouxa, não é Robert? – me levantei e olhei para Rick com todo o desprezo do mundo.
- Eu poderia partir a sua cara agora, mas meu psicólogo diz que eu devo contar até dez todas as vezes que eu quero matar alguém, no caso você!
-Por quê você não entende que ela não vai mais voltar para você? Desiste!
-Bom, se ela não vai ficar comigo também não vai ficar com você! Candice sempre soube que tipo de pessoa você é, só eu quem fui o cego esse tempo todo! – ele riu e me empurrou, eu caí pelo corrimão batendo a cabeça em uma pedra, ele caminhou até mim e pisou nos meus dedos machucados. Gritei de dor.
-Vou só te dar um aviso, eu não hesitaria em te tirar do meu caminho, se eu te ver ao lado da Candice será muito pior que isso!
Ele se afastou e eu logo em seguida levantei do chão, limpei a sujeira da calça e suspirei. “Mais essa” pensei enquanto caminhava até o refeitório, se minha vida não estava boa o bastante, agora tinha que lidar com mais essa.
Candice apareceu, mas dessa vez não fui atrás dela, estava exausto demais para isso. Me surpreendi ao vê-la se aproximando de mim e sentando ao meu lado.
-Pensei que não queria mais me ver... – ela abaixou a cabeça – Vou te deixar sozinha...
-Espera... O que houve com a sua cabeça? – ela perguntou preocupada, coloquei a mão e percebi que sangrava – Espera, vou dar um jeito nisso...
Ela saiu andando e caminhou até o banheiro, não demorou muito para voltar com um pedaço de papel, limpando meu ferimento, me contorci de dor.
-Para de se mexer Robert, haja como homem... – fiz uma careta e segurei seu braço, olhei diretamente em seus olhos e percebi que ela tentava desviar o olhar.
-Olha para mim... – ela me olhou, aproximei meu rosto deixando pouca distância entre nós.
-Robert, por favor... – ela sussurrou, uni nossos lábios, novamente senti um frio na barriga.
Ela se ajeitou na cadeira, passei a mão pela sua cintura pedindo passagem com a minha língua, ela cedeu e eu comecei a explorar cada centímetro que eu já conhecia da sua boca.
-Sinto tanto a sua falta Candice... – ela não respondeu, voltou a me beijar. Ela tomou uma pequena distância e suspirou profundamente.
-Você devia respeitar minha opinião e me deixar em paz!
-Não consigo... – voltei a beijá-la, ela nos separou de novo.
-É sério Robert, não posso! Você me deixa fraca, não posso ficar fraca assim!
-Volta para mim...
-Não posso! – ela se levantou e foi embora.
Deitei minha cabeça na mesa, tudo o que pensava naquele momento era que queria tê-la de volta e não teria ameaça que me afastaria desse objetivo.
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