“Eu já não sou eu mesma…
Tão vulnerável diante de você.
Contudo, isso não é algo que eu possa evitar.
Seria errado se eu pedisse a você que ficasse?
E que não me soltasse até os fantasmas forem?”
—Mais uma vez... 1, 2, 3, 4... 1, 2, 3, 4... —Sensei ditava os passos e eu os seguia. —Não! Azurah, por favor... Você faz muito melhor do que isso.
—Desculpa, Sensei. —Peço de cabeça baixa, encarando os meus pés. Eles doem tanto.
Dez anos, era o que eu tinha. O balé ficava cada vez mais sério, os ensaios cada vez mais exaustivos e doloridos — isso quando eu não conseguia levantar o braço depois de treinar violoncelo por sete horas seguidas. Mas eu tinha que aguentar, eu sabia que precisava e podia.
—Você sabe que não sairá daqui até conseguir completar o ato. —Afirma autoritariamente. —Preciso que esteja perfeito, entendeu Azurah?
Eu assinto, enquanto Sensei recoloca a música de balé clássico para tocar e volta a contar: 1, 2, 3, 4... — esse números não saem da minha cabeça. Eu nunca vou conseguir completar, não com a dor que sinto nos meus pés que mal conseguem me manter levantada, porém Sensei não enxerga a minha dor, apenas se enfurece comigo, dizendo que não iremos parar até que esteja perfeito.
“Eu preciso estar perfeita... Ser perfeita! Senão ninguém vai me querer e eu vou acabar sozinha.”
—Não está bom, mas acabamos por hoje. —Informa Sensei após eu repetir o ato mais de vinte vezes. Sinto que minha sapatilhas estão manchadas de sangue. —Vá tomar um banho e prepare-se para sair hoje.
—Eu tenho mesmo que ir, Sensei? —Pergunto dolorida.
—Você não irá fazer essa desfeita, não é Azurah? —Seu olhar é muito sério e eu não posso ir contra ele. —Que tipo de educação você acha que lhe dei? Você não deixará o convidado esperando.
—Não, Sensei.
—Muito bem, Azurah. —Ele se aproxima de mim, colocando uma das mãos nos meus ombros e com a outra levanta o meu queixo. —Só uma coisa... Quando estiver falando com alguém, não abaixe o olhar, encare nos olhos... Você é a melhor, Azurah. Jamais se esqueça disso.
Eu sorrio, orgulhosa das palavras de Sensei. Eu gosto quando ele diz coisas assim para mim, me faz sentir especial, mesmo que, às vezes, eu acabe me machucando.
—Você sabe que sempre será a minha estrela. —Comenta massageando os meus cabelos.
—Eu sei, Sensei. —Confirmo sem fechar o sorriso.
—Guarde sempre esse sorriso para mim. —Ele beija os meus cabelos. —Mesmo hoje à noite, qualquer problema pode chamar por mim.
—Sensei vai estar sempre comigo, não?
—Claro, Azurah. —Ele sorri gentilmente para mim. —Seu Sensei jamais lhe abandonará.
Eu puxo-o para um abraço apertado, pois quero transmitir o quanto ele é especial para mim — Sensei é o único que amo. Ele retribui o meu abraço, com suas mãos grandes descendo pelas minhas costas.
—Agora apresse-se, Azurah. —Ordena após separar-se de mim. —E trate de cuidar das suas feridas, você não quer ficar feia.
—Eu estarei pronta para hoje à noite, Sensei. —Respondo demonstrando confiança.
—Você nunca me decepciona, Azurah, e é isso o que amo em você. —Eu sorrio orgulhosa, enquanto ele se afasta.
Sento no chão da sala de espelhos, retirando delicadamente as minhas sapatilhas com as solas manchadas por um tom escarlate já seco. A unha do meu dedão quebrou após ficar tanto tempo na ponta dos pés, sem falar nos dedos inchados, acho que precisarei colocar um gelo nisso e sei que tem uma bolsa térmica no vestiário. Dói, mas eu suporto, pois Sensei disse que eu consigo — afinal eu sou uma bailarina, elas são lindas, delicadas e perfeitas.
O estúdio de balé está vazio, somente eu fico treinando até tarde, recebendo aulas particulares de Sensei, porque eu sou a melhor, as outras garotas não chegam aos meus pés. Sensei sempre ficou maravilhado com meus múltiplos talentos, imaginando de onde viria essa “mina de diamantes”, isso o faz feliz portanto me faz feliz — não importa se dói, pois Sensei é a única pessoa que tenho e ele não me deixará sozinha. As outras garotas do Saint Lucy me olham torto, cochicham sobre minha relação com Sensei, mas eu não me importo, porque é só inveja já que Sensei não olha para elas como olha para mim — ele provavelmente nunca disse que as amava como ele me ama.
“Se eu tenho Sensei, não preciso me preocupar com nada, nem mesmo com a dor... Porque ele vai estar do meu lado quando eu me sentir sozinha.”
—Sensei! —A garotinha de onze anos berra, sendo segurada por uma mulher forte, que tentava contê-la.
“Por que eles estão levando Sensei?”
—Querida, está tudo bem agora. —Dizia a mulher tentando me acalmar.
—Não! —Exclamo com força. —Sensei, não vá! Não me deixe! —Grito mergulhada em lágrimas.
Eu só queria que Sensei ficasse comigo para sempre, como ele me prometeu.
—//—
—Ela precisará ficar de repouso, pois perdeu muito sangue. —Informa o mordomo.
—Isso de novo. —Diz dando um suspiro cansado. —Eu ficarei aqui, caso haja algum imprevisto.
—Azurah-san é bem forte, sairá dessa sem dúvidas. —Diz Yuuki sem esconder um certo orgulho direcionado à cabeleira negra. —Ruki-sama, não hesite em me chamar para qualquer coisa.
O Mukami assente e o mordomo da mansão retira-se do quarto cor-de-rosa, deixando os dois a sós, ou melhor, o vampiro com a mulher desacordada. Já fazia algum tempo, Ruki não sabia dizer quanto, que ela estava desacordada, porém após o mordomo dar uma poção indicada por Sakamaki Reiji, a cor da cabeleira negra retornara e ela já parecia recuperada, fazendo-o pensar que “ser” seria ela para resistir a uma perda tão grande de sangue.
Kou... Somente de pensar no segundo irmão seu sangue gelado ferveu um pouco; quase o jeito dele estragou tudo, quase matando-a. Eles teriam uma conversa séria, sem dívidas, porque ele seria punido por tamanha estupidez — o pior que também era culpa dele, deixou que a relação entre o loiro e o gado se expandisse e transformasse nisso, algo perigoso. Lembrava-se como foi difícil controlar Yuma e agora Kou era o descontrolado, e sem dúvidas ele seria muito pior do que o castanho. Ruki sabia que não iria conseguir afastá-los, porém se ela ficasse logo com um dos Sakamaki — talvez Shu ou Subaru —, essa situação seria rapidamente resolvida e, quem sabe, sua missão ficaria mais fácil.
O garoto passa suas mãos por seus cabelos petróleo, demonstrando seu estado de aflição e nervosismo. Ele não iria falhar, não desta vez, estava decido, além de que não deixaria a culpa dominá-lo novamente, iria manter sua mente focada e deixaria qualquer ideia não-racional bem longe de sua mente — ele mostraria que era digno. Esses pensamentos continuavam a ecoar na sua cabeça, para lembrá-lo a quem ele era leal.
Um gemido tira-o de seus pensamentos. Seus olhos azuis acinzentados retornam a mulher deitada na cama, a qual parecia apavorada com algo, algo que via em seus sonhos, pois seus olhos estavam fechados e ela parecia querer se mover, mas não conseguia. Ela estaria tendo um pesadelo? O Mukami acredita que sim, ou talvez um delírio.
Aproxima-se apressadamente dela e leva a mão a sua testa, a qual estava incrivelmente quente, mais quente do que a pele dela costumava ser, por isso suspeitava que ela tinha febre e isso estava fazendo-a delirar. Estava pronto para chamar o mordomo, quando a ouviu gesticular:
“Não me deixe...”
Ela não dizia aquilo para ele, porque os dois não se davam de jeito maneira, mesmo que já a tivesse salvado três vezes — era o que ele contava — e mesmo que ela já tivesse ajudado ele e seus irmãos a fazerem às pazes. Azurah poderia se dar bem como seus irmãos, porém eles jamais dariam certo, a ousadia de um gado como ela era inadmissível.
“Eu… não quero ficar sozinha…” —Ela gesticulou novamente, quase como um sussurro que não escapou aos sentidos vampíricos dele.
Ruki chamou seu familiar e pediu que fosse imediatamente ao mordomo. Ele sentou-se na cama dela e segurou a mão quente dela. Droga! Qualquer um dos seus irmãos seriam melhor do que ele para isso, pois ele não tinha nenhuma relação com ela, o que aconteceu entre eles foi um momento de fraqueza de ambos e, queria ele, não voltaria a acontecer.
—Você pode me ouvir? —Pergunta, segurando firmemente a mão dela.
Em resposta, mais como algo instintivo, Azurah retribui o seu aperto, com uma força surpreendente, porém suportável ao vampiro. Seu rosto se contorcia, como se estivesse com dor, como se quisesse fugir de algo... Ela estava com medo, estava sofrendo, muito semelhante à garota que viu perdida na floresta e também no cemitério.
—Ruki-sama. —Yuuki surgiu preocupado.
—Acho que ela está com febre. —Informou o ex-humano. —Parece estar delirando.
O mordomo levou a mão a testa da cabeleira negra, para checar sua temperatura. Ruki tentou soltar-se da mão dela, porém o aperto dela o impedia.
—Ela não tem febre. —Afasta o mordomo. —Acho que ela está tendo um pesadelo, às vezes é muito comum.
—Somente isso? —Questiona desconfiado.
—Azurah-san... —Yuuki a chama. —Azurah-san... Ficará tudo bem, só precisa abrir os olhos.
Os nebulosos olhos do vampiro encaram a expressão de familiaridade entre o mordomo e a cabeleira negra. Já fazia tempos que Ruki desconfiava que havia algo nessa pessoa, não parecia um familiar de seu mestre, porém o mesmo não negou sua existência. Contudo, o que ficava no ar era sua relação com Azurah.
Após gemer um pouco mais, a respiração dela se acalma e parou de liberar aquele cheiro tão tentador — Azurah voltou a repousar como se nada houvesse acontecido.
—Ruki-sama, irei preparar algo para ela. —Informou rapidamente. —Azurah-san acordará em breve.
Assim dito pelo mordomo, não deu nem um minuto que ele se retirara do quarto e ela começou a abrir aqueles olhos de uma profundidade escura como ébano. Ruki aproveitou o momento semi-desperto dela para afastar-se sem que ela percebesse.
—Hum... O que...? —Ela levou rapidamente a mão ao pescoço e, ao tocar o curativo, soltou uma baixa exclamação de dor.
—Kachiku acordou mais cedo do que eu imaginava. —Comenta Ruki com seu tom de sempre.
—Ah, você está aí! —Exclama Azurah percebendo a presença do vampiro impuro. —Como eu...?
—Eu a trouxe. —Interrompe-a. —Novamente. Acho que o gado deveria parar de dar tanto trabalho ao seu mestre.
Ele pensou que ela fosse rir debochadamente, como sempre fez, no entanto ela desvia o olhar, parecendo um pouco perdida e distante.
—Está se sentindo bem? —Pergunta desconfiado. —Se lembra do que aconteceu?
—Acho que sim, eu estava no meio da briga entre Kou e Subaru. —Relembra, sem querer dar muitos detalhes.
—Neste momento, eles já devem ter ouvido Sakamaki Reiji, porém falarei pessoalmente com Kou para acertar essa situação. —Diz seriamente.
A garota apenas assente, sem dizer mais nada e permanecendo distante. Ruki também preferia não conversar, mesmo que fosse estranho, visto a pessoa barulhenta e incomoda que ela era.
—Há quanto tempo está aí? —Ele surpreende-se com a pergunta.
—Algum tempo, logo o mordomo irá lhe trazer algo para beber. —Responde sem encara-la.
“Eu jurava que ouvi a voz dele nos meus sonhos... Deve ser o mesmo de sempre, porque sempre escuto muitas vozes dizendo-me coisas sem nexo nos meus pesadelos.” —Pensou Azurah nervosa.
O silêncio incômodo pairou até o retorno de Yuuki. Ruki percebeu como ela sorriu docemente para o mordomo e como ele teve a delicadeza de não tocar no que tinha ocorrido antes dela despertar.
—Eu fiz o curativo e coloquei uma blusa limpa em você... Espero não ter feito nada de errado.
—Eu estou bem, Yuuki. Obrigada. —Agradeceu gentilmente. —O curativo está ótimo, nem consigo sentir.
—O chá tem um pouco mais da poção de Reiji-sama para a senhorita recuperar-se logo. —Acrescenta tomando a xícara das mãos fracas da garota.
—Eu ficarei, Yuuki. —Afirma confiante.
—Não tenho dúvidas, mas ainda preocupo-me com o estado da senhorita. —Diz afastando-se e olhando-a serenamente. —Tem problema que Ruki-sama fique com a senhorita?
Azurah negou, para a surpresa do vampiro que imaginava que ela o mandaria embora. O mordomo retorna seu olhar para o Mukami, o qual apenas assente e confirma que ficará com a cabeleira negra. Quando ele se retira, os dois voltam a ficar novamente em um silêncio ensurdecedor.
—Você não precisa ficar se não quiser. —Diz ela mexendo as pernas para sentar-se na beirada da cama.
—Eu disse que o faria. —Ele volta a sua atenção para ela e percebe o intuito de se levantar. —O que pensa que está fazendo, Kachiku?
—Eu vou pegar meu celular na bolsa, tenho que falar com alguém.
“Preciso falar com Lia. Ela me ligaria ou mandaria uma mensagem sobre a sua reunião da Igreja.”
Quando ela planejava se levantar, Ruki segura seus ombros, impedindo-a de levantar.
—O que pensa que está fazendo? —Pergunta quando o impuro faz um movimento para empurra-la de volta à cama.
—Acho que não preciso dizer que você tem que ficar de repouso. —Soa óbvio. —Eu já estou tendo trabalho demais com você, Kachiku.
—Eu disse que não precisava ficar...
—Mas eu estou ficando. —Diz firmemente afastando-se dela. —Agora trate de ser uma boa garota e fique quietinha.
Azurah faz uma careta, mas obedece, visto que não teria forças para ir contra ele e nem queria. Eles permaneceram em um longo silêncio, com Azurah querendo afastar seu último pesadelo de sua mente e a sensação de ter “falhado” de seu peito. No final, era o mesmo de sempre: ela estava com medo de ficar sozinha novamente e queria morrer para estancar esse sofrimento.
—Você está ansiosa... —Comenta o vampiro após um longo período de silêncio.
—Estou esperando o sono vir. —Diz sem vontade de conversar com ele.
—Tem certeza que está bem? —Questiona com desconfiança.
—Depois de quase morrer pela milésima vez, acho que já estou acostumada. —Responde com seu deboche característico.
—Não me refiro a isso. —Azurah não parece compreendê-lo. —Mattaku! Enquanto eu estive aqui, você teve um pesadelo.
A mulher não se surpreendeu com a curiosidade do impuro, na verdade, suspeitava após ter ouvido sua voz chamando-a em meio ao pesadelo.
—Você parecia com medo. —Continua ele. —Disse que não queria ficar sozinha. —Ela sentiu-se um pouco constrangida, por ser tão fraca. —Eu sabia que não era para mim...
—Mas mesmo assim você ficou. —Interrompe-o para encarar aqueles olhos acinzentados surpresos com suas palavras. —Às vezes, falo sozinha e acho que isso faz com que eu fale enquanto durmo.
—Achei que fosse uma melhor mentirosa que isso. —Satiriza, passando a mão pelos cabelos. —Enfim, eu a deixarei sozinha, se é isso o que quer...
—Não! —Exclamou instintivamente. Ruki encara-a impassível, enquanto ela tenta se recompor. —Você pode ficar, pelo menos até eu pegar no sono novamente.
O Mukami senta-se na cama e percebe que seus olhos negros já começaram a pesar, provavelmente por conta do remédio — o que explicaria a reação intensa dela —, mas mesmo assim ela parecia querer resistir.
—Você não precisa temer ficar sozinha. —Comenta ele aleatoriamente, surpreendendo-a. —Meus irmãos estão apegados à você, e com os Sakamakis não creio que seja diferente.
Ela dá um sorriso debochado e descrente.
—Vocês ainda vão enjoar de mim ou eu de vocês... Eu ainda vou estragar tudo. —Diz dando um longo bocejo de cansaço. —Obrigada de novo.
—Eu já cansei de ser o seu guardião, Kachiku. —Diz tentando soar rude, contudo não parecia surtir efeito.
—Eu até te daria o meu sangue se tivesse. —Responde tocando o topo da mão dele sob a cama.
—Fica para uma próxima. —Ruki encara o contato sútil entre eles e como ela não temia ele de forma alguma.
Aqueles olhos obscuros estavam semi-cerrados, quase embalsamados pelo sono.
—Poderia não ter uma próxima... Nunca mais. —Ela diz baixinho, porém sem escapar dele.
O vampiro não levou no mau sentido, sabia que ela não se referia a ele, mas a ela. “Ela está desistindo...” Pensou após ler um pouco sobre esse tipo de comportamento humano, o qual anseia pela morte, muitas vezes a qualquer custo. Ele não entedia isso, era contra a natureza humana de querer sempre sobreviver, mesmo que ela talvez não fosse verdadeiramente humana. Era um trabalho difícil tentar manter a salvo alguém que quer morrer, contudo ele não iria falhar.
Quando se deu conta, sua mão segurava a dela e a outra massageava os longos fios negros que se emaranhavam na cama. Ele pensou em se afastar, porém quando percebeu a expressão serena e adormecida da cabeleira negra, Ruki permitiu-se abaixar um pouco a guarda. O rosto dela tombou para o lado, encostando na mão fria do vampiro, aconchegando-se como se aquilo lhe agradecesse, o que o faz sorrir inconscientemente. No final, era como Azusa, em um sofrimento constante, como Kou, com traumas, e Yuma, que gosta de bancar a durona e nunca mostrar seus sentimentos — ou isso seria ele? Ruki bufa cansado, porque ele não daria conta de ter que cuidar de mais um irmão mais novo.
—//—
Um forte estalo de um tapa, o qual ressoou por toda a sala de estar, chocando todos os ali presentes, principalmente aquele que levou a mão ao rosto vermelho, visivelmente surpreso por aquela reação, o que fizeram seus olhos claros arregalarem-se como nunca.
—Estou sendo claro, Kou? —Indagou com uma expressão totalidade enfurecida e autoritária.
—Ruki… não precisa... —Diz Azusa com uma voz tensa, tentando evitar um possível briga entre seus irmãos, por mais que ele acreditava que o tapa fosse merecido após o que o loiro fez à cabeleira negra.
—Fui claro, Kou? —Indaga novamente, com ainda mais força diante do olhar vacilante do ídolo.
—Sim, Ruki. —Responde cabisbaixo, contendo qualquer sentimento de raiva após o mais velho tê-lo atingido no rosto. Afinal, ele merecia.
—Espero que Ruki tenha sido mesmo, Kou. —Soa o terceiro ir ao também bastante furioso. —Tá com merda na cabeça? Você diz que se importa e depois quase fode com tudo?
—Eu sei! —Exclama o loiro tomado pela culpa e irritação. —Eu fui um completo estúpido. Acho que Neko-Chan não vai me perdoar.
—Por isso você ficará afastado por um tempo.
—O que!? —Indaga incrédulo. —Não Ruki! Eu já estou preso aqui e você ainda não quer que eu veja mais a Neko-Chan?
—Exatamente isso. —Responde firmemente. —Eu preciso lhe lembrar o que aconteceu da última vez que você perdeu o controle?
Kou abaixa a cabeça, constrangido. Sim, ele se lembrava como podia ficar descontrolado quando muitos sentimentos desconhecidos começavam a preenchê-lo.
—Essa é a sua punição, Kou. Por algumas semanas, até você aprender a se conter. —Completa autoritariamente. —Já que você entende que eu tive muito esforço para salvá-la.
—Ruki, acho que você está exagerando. —Comenta Yuma percebendo com desconfiança a reação do mais velho.
—Isso é para Kou ter noção da gravidade dos atos dele. —Rebate passando a mão por seus fios pretos, cansado e estressado com toda a situação. —Aprender que suas ações tem consequências, e graves quando envolvem outras pessoas.
—Acho que… Ruki tem… razão. —Concorda o mais novo. —Kou… foi errado.
—Tá tá... Todo mundo está contra mim. —Diz emburrado.
—Se você sabe disso, trate de se conter. —Adverte novamente. —Não quero voltar a ter essa conversa com você, Kou. Porque, coloque isso na sua cabeça, pode não ter uma próxima vez.
Tal fala chocou o loiro, pois Ruki tinha razão — ela poderia não sobreviver para uma próxima vez. Contudo, não podia negar a reação até um tanto exagerado por parte do mesmo. Kou sabia que errou, e errou feio, mas Azurah estava bem, fora de perigo, por isso a última coisa que o ídolo esperava era receber uma agressão física por parte de Ruki, o qual sempre demonstrava-se contido. O que era aquilo? Havia algo mais por trás da reação de Ruki? Kou podia jurar que sim, era algo que suspeitava há algum tempo.
—Dá para ouvir os gritos de vocês lá da cozinha. —Comenta uma figura baixa surgindo com seus olhos roxos focados nos quatro vampiros impuros.
—Tsh! Era o que faltava! —Exclama Yuma revoltado após a chegada do roxeado.
—Teddy... Você não acha que eles deveriam pagar por machucar Azurah-san? —Cochicha à pelúcia com um olhar vidrado no ex-ídolo.
—Kanato-kun, já estou sofrendo bastante já. —Responde o loiro com um sorriso tenso, visto a maneira psicótica que o Sakamaki o encarava.
—Você até que é bonito... Daria uma bela boneca. —Diz analisando o Mukami dos pés à cabeça.
—Eu acho que vou arrumar as coisas como Ruki ordenou. —Kou fica de pé de supetão. —Avisem quando a Neko-Chan acordar para eu saber que ela está realmente bem. —E desapareceu com uma velocidade incrível.
—Mattaku! —Exclama Ruki passando novamente a mão por seus cabelos, dando um longo e tenso suspiro.
—Ruki, tem certeza que tá bem? —Questiona o maior desconfiado.
—Só tive muito trabalho para conseguir consertar o erro de Kou. —Responde um pouco distante.
—Mas, Azurah… ficará bem, não? —Indaga o esverdeado com um semblante de preocupação.
—Sim, Azusa. Ela está fora de perigo. —Responde sentando no sofá e respirando profundamente.
—Teddy, acho que devemos ir atrás do nosso irmãozinho descompensado. —Comenta o roxeado com um sorriso psicopata. —Pena que parece que ele se trancou no caixão dele de novo.
—Sakamaki Kanato... —O primeiro Mukami chama-o, o que faz seus olhos roxos encararem-no com surpresa. —Onde estão seus outros irmãos?
—Laito está trancado ainda no quarto. Acho que Shu está com Reiji na sala dele e Ayato não poderia me importar menos. —Responde sem muita vontade.
Logo após isso, o roxeado se retira em direção aos jardins. Ruki percebeu o quanto ele parecia irritado, pelo o que escutou de Sakamaki Reiji, o roxeado começou a chorar e a gritar com o mais novo dos irmãos porque ele queria que a cabeleira negra voltasse a cantar para ele.
—Acho que você precisa relaxar, Ruki. —Diz Yuma soando preocupado. —Tá tenso. Não dorme direito...
—Estou respondendo cartas daquele homem. Isso demanda muito tempo. —Responde vagamente.
—Não há… nada que, possamos… fazer? —Questiona Azusa tentando aliviar o peso nos ombros do irmão.
—Se tiver algo, eu aviso. —Diz por fim, com um olhar perdido, longe de onde seus irmãos estavam.
Yuma faz sinal para o mais novo que seria melhor deixar Ruki sozinho, pois ele gostava de pensar em paz. Sozinho na sala de estar, o Mukami tentou limpar a mente de tudo e focar no principal, esquecendo tudo o que era superficial. Ela estava fora de perigo, por enquanto, até ela se envolver em mais um problema.
Passos lentos, de alguém descendo as escadas soa ouvidos, fazendo Ruki retornar à realidade e levar seus olhos azuis acinzentados à figura da mesma altura que a sua e um olhar um pouco mais sério do que ele costumava demonstrar.
—Oi! Como ela está? —Pergunta assim que senta no sofá, preparando para se deitar ali mesmo.
—Bem, mesmo que tenha perdido muito sangue. —Responde friamente, sem demonstrar nada diante do primeiro Sakamaki.
O loiro apenas bufou, visivelmente irritado.
—Soube por Sakamaki Reiji que irá retornar ao colégio. —Comenta encarando a figura desleixada do herdeiro.
—Acho que ela não pode ficar sozinha nem um segundo. —Ruki pareceu concordar. —Mas não que ela fosse, já que você vive atrás dela, como ontem.
—Mattaku! Acha que eu sou uma ameaça a você, Sakamaki Shu? —Questiona com um sorriso presunçoso.
—Bem, seus irmãos não sabem que vocês já passaram a noite juntos. —Aquilo soou como uma ameaça, entretanto não abalou o outro mais velho.
—Você acreditaria se eu dissesse que eu não tenho interesse no gado? —Indaga encarando desconfiadamente o corpo deitado no sofá.
Shu, ainda de olhos abertos, vira a cabeça e encara fixamente o rival, analisando suas feições e também sua postura que chegava a ser tão irritante quanto a do irmão de óculos.
—Não. —Responde monotonamente, desviando o olhar. —Mas eu agradeço por tê-la salvado... De novo.
O vampiro impuro apenas assentiu, sem saber se o Sakamaki havia visto esse movimento ou não, e depois levantou-se, pronto para retornar ao seu quarto e tentar dormir um pouco.
—Não ache que isso me faz dever algo a você. —Comenta o loiro aleatoriamente, assim que o Mukami começou a subir as escadas.
—Não esperava que você fosse me retribuir o favor, Sakamaki Shu. —Responde com sarcasmo. —Essa mulher é tão importante para você assim?
Shu não respondeu, permaneceu com seus olhos fechados como se dormisse, mas o Mukami já sabia a resposta.
—//—
Quando eu acordei, Yuuki estava lá e saudou-me com uma deliciosa refeição, um almoço completo na cama, inclusive trocando o curativo no pescoço — afirmando que talvez uma cicatriz se formasse assim, porém eu não teria tanta certeza. Não me surpreendi ao reacordar e não vê-lo ali, talvez Ruki tivesse ficado ali até eu adormecer e depois se livrou de mim o mais rápido possível, já que acho que ele apenas me salvou porque o cheiro do meu sangue era tão insuportável que ele teve que fazer algo, no entanto, não posso negar que estou devendo a esse sanguessuga novamente.
Assim que Yuuki se retira, verificando que estou bem melhor e me aconselhando a não dar meu sangue de maneira alguma — como se eu quisesse ver um dos sanguessugas. Vou até a minha mochila e apanho meu celular, ligando imediatamente à caçadora, algo que eu deveria ter feito ontem.
“Aconteceu algo?” Perguntou Lia assim que atendeu o telefone.
—Me meti no meio de uma briga de sanguessugas. —Encurto a história, literalmente não quero falar sobre o que aconteceu lá no terraço.
“Eles precisam de uma lição?” Questiona quase que pronta para dar um tiro neles.
—Não, eu me viro com eles. —Na verdade, provavelmente não irei fazer nada, porque a culpa também foi minha de não ter acabado com aquilo no momento, me deixe levar pelo desejo. —Enfim, como foi?
“Bem ruim.” Ela parece lamentar. “Os caçadores estão cada vez mais convictos a começar uma guerra contra os vampiros, estão com novas armas e literalmente massacrando vampiros menores e impuros.”
Meus olhos negros se arregalam, isso é horrível, mesmo que eu não seja uma fã desses sugares de sangue, é quase genocídio.
—O que você irá fazer? —Pergunto preocupada.
“Estou planejando escapar.” Confessa temerosa. “Sinto que eles estão desconfiados sobre mim, por isso o melhor que faço é ir embora.”
—Mas para onde você vai? —Não pude deixar de temer por ela, pois não quero que Lia vá.
“Eu ainda não sei, mas...” Ela dá um longo suspiro antes de continuar: “Eu queria que você fosse comigo.”
Sou novamente surpreendida, desta a vez até mais, com meu coração batendo acelerado.
—Você diz… deixar a mansão? —Gaguejo um pouco.
“Você quase morreu, Azu. De novo!” Exclama nervosa. “Tenho alguns contatos, eles podem nos ajudar com as buscas… sinto que estamos perto com isso.”
—E,eu não posso... —Lamento infeliz.
“Por que?”
—Eu conversei com Christa, há uma última peça faltando e ela está em uma sala secreta na mansão. Preciso encontrá-la, Lia. —Digo tentando soar decidida e confiante.
“Azu... Você está se colocando em perigo por algo que você nem tem certeza.” Ela tenta me alertar.
—Eu sei, mas sinto que preciso fazer isso. —Escuto-a suspirar cansada.
“Podemos nos encontrar no colégio hoje? No mesmo lugar de sempre?” Sinto que ela prefere discutir cara a cara, o que também prefiro.
—Claro, nos vemos lá. —Digo tentando soar animada, mas posso sentir que Lia está um pouco decepcionada.
Merda! Se eu já tivesse achado essa última peça, poderia fugir com ela — não quero deixá-la ir, quero que ela fique comigo.
Abandono o quarto cor-de-rosa, decidida a encontrar essa última parte antes do anoitecer. De repente, uma melodia familiar começa a soar, parece vir de um piano. Acho que lembro-me dela, escutei Beatrix tocando-a em meus sonhos algumas vezes e ela parece me guiar até algum lugar — será a sala secreta que Christa citou? Não sei, apenas sigo a melodia, a qual fica cada vez mais alta a medida que vou subindo as escadaria e seguindo por corredores que nunca estive antes, até que chego a uma estreita escada em caracol. Subo-a chegando até uma pesada porta escura que parece trancada com correntes.
Tento força-la a abrir ou encontrar algo que possa quebra-la, porém não há nada.
—Essa sala é amaldiçoada. —Posso ouvir sua voz orgulhosa de sempre.
Viro-me para trás e dou de cara com aqueles brilhantes olhos de víbora, além de um sorriso falso nos lábios, contudo sinto que ela está até feliz de me ver ali.
—Christa disse que você era a única que esteve aqui... Isso significa algo? —Indago curiosa.
—Acho que você já teve uma visão com essa sala. —Comenta esperando que eu mesma encontre a resposta.
Demoro um tempo até vasculhar minha mente e encontrar algo.
—Foi aqui que Laito a empurrou? —Questiono temerosa.
—Exatamente. Mas só morri quando meu coração foi removido. —Prefiro deixar essa informação para lá. —Eu já consegui abrir essa fechadura com minha magia, contudo ela está mais resistente.
—Como faço para entrar? —Pergunto transitando meu olhar entre a porta e Cordélia. —Christa me disse que há algo importante aqui.
—Não há apenas minhas coisas aqui, também há coisas da velha bruxa e da louca. —Responde com certo desdém. —A chave deve estar com a última pessoa que entrou aqui.
Fico duvidosa, sem saber quem, no entanto, desvendando o sorriso malicioso da mulher de cabelos roxos, desconfio quem seja.
—Laito? —Ela assente. —Não sei você sabe, mas ele tentou me matar e eu fiz o mesmo por ele.
—Laito nunca muda. —Cordélia sorri encantada, o que somente faz meu coração ferver de raiva. —Você realmente não entendeu o que ele quis fazer.
—Ele tentou me matar? —Soei óbvia.
—Realmente é difícil para alguém de uma humanidade tão elevada entender como nós, demônios, pensamos. —Diz orgulhosa. —Ele tem a chave do cadeado, porém creio que não seja difícil para você conseguir.
Sinto-me um pouco zonza e com falta de ar, começo a dar alguns passos cambaleantes, sem saber direito onde estou, porém sinto que alguém me segura. Minha mente volta aos poucos e percebo que estou na entrada da sala de estar, sem saber como vim parar ali.
—Azurah... —Encaro seus olhos claros, imersos em preocupação e culpa. —Achei que tivesse que estar de repouso.
—Precisava sair um pouco. —Respondo, tentando normalizar minha respiração.
—Aqui, se apoie nos meus ombros. —Aceito sua ajuda, mesmo que esteja que esteja com raiva dele.
O loiro guia-nos até o sofá da sala de estar e coloca-me sentada, com ele do meu lado, encarando-me timidamente.
—Me desculpe, Neko-Chan. —Pede com o rosto levemente corado. —Eu fui infantil e babaca.
—Ainda bem que você sabe. —Digo rudemente já recuperada.
—Por isso espero recompensar você. —Encaro-o confusa. —Você sempre foi legal comigo, quando não tentava me matar, e somos amigos... Eu pisei na bola. Tenho que recompensa-la.
—Não precisa fazer isso para mostrar que está arrependido. —Advirto impaciente.
—Eu estou arrependido, de verdade. —Kou não consegue me encarar, parece incrivelmente sem jeito. —Às vezes, eu extrapolo demais, usando meu olho para ver todo mundo.
—Você não consegue controlar isso? —Pergunto curiosa.
—Sim, porém, às vezes, a curiosidade fala mais alto. —Confessa com um sorriso torto. —Um defeito humano que ainda tenho.
—Você sabe que o que fez foi errado, provocando Subaru daquela forma. —Digo dando quase uma bronca nele.
—Sabia que você ficaria do lado de Subaru-kun. —Kou resmunga nervoso.
—Não é questão de estar do lado de ninguém, é questão de ser justa. —Rebato nada contente com sua acusação. —Eu não estou namorando ninguém e mesmo se estivesse, vocês não tinham o direito... Subaru também fez errado, porém você não podia provocá-lo.
—Me desculpe. —Pede cabisbaixo, com os cotovelos apoiados nos joelhos, porém voltando seu olhar bicolor para mim. —Acho que só reparei nisso quando a vi gelada, quase morta na minha frente. Nem eu nem Subaru-kun sabíamos como reagir, foi graças a Ruki que chegou ao socorro rapidamente.
—Vocês conversaram? —Questiono, lembrando da conversa com o mais velho no meu quarto.
—Eu ouvi muito e ficarei em casa por um tempo, sem ir ao colégio, e fazendo umas coisas mais que Ruki pediu... —Ele brincava com suas pulseiras, desconfortável com a situação. Parece estar ocultado algo. —Contudo, com quem eu queria me desculpar era você.
—Eu estou com raiva, Kou-kun. —Não escondo meus reais sentimentos. —Mas também errei em não ter apartado a briga já no começo.
—Não é sua culpa, Neko-chan. —Diz com um pesar. —Quer dizer, eu e Subaru-kun nunca nos demos bem, desde o momento em que nos conhecemos.
—Pergunto se isso é porque vocês são muito diferentes. —Minhas palavras fazem Kou rir baixinho.
—Não sei, apenas não nos damos. Acho que tipo você e Reiji-kun. —Diz levantando a cabeça e encostando-a no sofá.
—Pelo contrário, Reiji-san e eu temos muito em comum, por isso não nos damos bem. —Contradigo, lembrando-me do que vi sobre ele: excluídos, tentando mostrar-se úteis àqueles que admiramos, porém eu consegui, de certa forma, e Reiji não.
—Não imagino você com um chicote punindo ninguém. —Comenta Kou irônico dando uma alta risada.
Um sorriso sádico paira sobre os meus lábios, excitando-me com a ideia. Volto-me ao loiro e empurro-o no sofá, encarando-o abaixo de mim, o qual parece incrivelmente surpreso.
—Ah gatinho... Não me provoque com essa ideia tão tentadora. —Digo inclinando-me sobre ele e segurando seus braços acima da cabeça. —Você realmente merece ser punido por ser um garoto mau.
—Neko-Chan... —Ele ficou nervoso quando percebeu minha expressão sádica e também meu forte aperto sobre seus pulsos. —Bem, talvez não seja uma má ideia ser punido por você.
—Você é realmente um gatinho mau, tão sujo... —Digo montando em cima dele e agarrando a minha adaga presa na cintura. —Acho que você não deveria me provocar, eu posso ser ainda pior que vocês.
—Que tipo de coisa ruim passa na sua cabeça, Neko-Chan? —Questiona com o olhar brilhando em luxúria.
—Quer experimentar? —Indago totalmente dominada por esse desejo sádico.
Eu corto a ponta do meu dedão com a adaga e levo-o até seus lábios, tingindo-os com o meu tom escarlate, provocando-o com o cheiro do meu sangue.
—Você quer isso, gatinho? —Indaga novamente lambendo o meu sangue que escorre.
Kou me olha com desejo.
—Digamos que essa é a visão mais sexy que já tive na vida. —Responde totalmente seduzido.
Me inclino, ainda com o gosto do meu sangue na boca e beijo seus lábios pintados com muito fervor, quase como animais loucos de desejo, transmitindo o meu gosto da minha boca para a ele. O maldito geme quando minhas mãos descem por dentro da sua camisa, arranhando-o com um desejo de dominante. Separo nossos lábios para rasgar a sua camiseta, neste momento Kou tentou me parar, visto a maneira como eu estava o encarando, contudo não posso ser parada.
—Você não queria me recompensar? —Questiono manhosamente, ainda montada nele e apontando a adaga contra seu lindo rostinho. —Vai me recompensar ficando quietinho enquanto eu faço isso.
Inclino novamente meu rosto, desta vez direcionado ao seu abdômen magro, no qual começo a distribuir beijos doloridos, querendo que fiquem boas marcas para que Kou não se esqueça, principalmente quando começo a descer minha adaga para depois rasgar sua linda pele de sanguessuga.
—Posso saber o que pensam que estão fazendo? —Tal voz autoritária soa furiosamente na sala de estar.
Merda! Quando Kou me provocou, esqueci completamente onde estávamos. Levanto-me vagarosamente, saindo de cima do ídolo, enquanto a vítima apenas olhava para o irmão constrangido, sem saber o que responder.
—Kou, acho que não preciso lhe explicar mais sobre a sua punição. —Diz furioso, passando a mão por seus fios escuros.
—S,sim, Ruki... —Confirma sem graça. —Eu e Neko-chan estávamos apenas...
—Sei bem o que vocês estavam fazendo. —Interrompe-o com um olhar de julgamento sobre nós. —Kou vista-se e lembre-se que você não está na sua casa, e mesmo se estivesse...
—Ok~ Eu já entendi. —Diz colocando-se de pé. —Me desculpe.
—Depois terminamos a sua punição, Kou-kun. —Digo assim que o loiro dá as costas para nós.
Sem dizer nada, o ídolo se teletransportar para longe, como se temesse o que me transformei. Gosto assim!
—Você realmente não tem limites. —Comenta desaprovando totalmente minha conduta.
—Achei que seu irmãozinho também precisava me ouvir. —Digo sentada e encarando-o seriamente. —Uma voz feminina é sempre mais efetiva.
—Sei como... —Diz com desdém antes de me dar as costas.
Penso em dizer algo para ele, contudo não tenho palavras para me expressar, por isso apenas observo-o desaparecer do meu campo de visão, enquanto sinto uma raiva crescer dentro de mim.
—Como essa pessoa pode ser tão arrogante, pretensiosa, babaca...
—Senhorita? —Sua voz calma e formal desperta-me do meu ódio mortal. —Já está de pé?
—Achei que precisava sair daquele quarto. —Confesso com um sorriso doce ao mordomo.
Yuuki olha para o espaço vazio que eu encarava antes, parecendo já saber de quem se tratava os meus xingamentos.
—Ruki-sama parecia tão preocupado com a senhorita. —Comenta aleatoriamente, fazendo-me questionar mentalmente alguns pontos sobre o Mukami mais velho. —Mas creio que todos estavam com medo pela senhorita. Acho que Azurah-san os conquistou.
Dou um fraco sorriso, mais de orgulho do que por outra coisa, porque não é como se eu me importasse realmente com eles, é apenas o que Yui e as mães Sakamaki colocam na minha cabeça — ou pelo menos é assim que imagino. Yuuki pergunta sobre o jantar e eu o acompanho até a cozinha, questionando-me como minha relação e meu interesse pelos sanguessugas mudou desde que os conheci, se estou começando a me importar realmente com eles.
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