– Blossom?! – Mitch chamou-a do lado de fora, despertando-a. – Por favor, Blossom. Me responde! O que aconteceu?
A ruiva encarou seu reflexo, sua maquiagem borrada e seus olhos fundos. A imagem do ruivo apareceu em sua frente. Olhos vermelhos e sorriso sádico. Depois de tanto tempo os investigando, querendo descobrir quem eram, como eram, por que fazem o que fazem... Ele estava bem ali, em sua frente. Não poderia deixar isso passar!
– Blossom, você está me preocupando, por favor. – Mitch encostou sua testa na porta do banheiro – Saia daí para conver- – a porta se abriu, assustando-o. – Blossom... – encarou a ruiva. A mesma havia lavado o rosto e estava com uma expressão mais fria do que seu normal.
– Preciso conversar com o agente Rossi. Agora!! – exigiu, deixando-o confuso.
[...]
– Definitivamente: NÃO! – negou.
– Mas senhor, eu preciso do meu distintivo e minha arma de volta. – insistiu.
– Já disse: Não! – bateu na mesa de sua sala, irritado – Agora, explique-me o que aconteceu naquela sala. Quem é Red? De onde o conhece? De onde vem esse “Utonium”? O que significa “Pinky”? – requisitou explicações sobre todas as coisas comentadas pelo ruivo preso.
– Tsc. Se não vai me ajudar, então não posso ajudá-lo. – virou-se para ir embora – Boa sorte com ele, porque não falarei mais nenhuma palavra por vocês! – retirou-se da sala.
– Blake! Volte aqui Blake!! – seu chefe gritou, impaciente.
Blake continuou seu caminho até o elevador, mas como a dúvida ainda martelava em sua mente, desviou seu destino, voltando para a sala de interrogatório. Precisava de respostas, e se seu chefe não as daria legalmente, conversaria com o criminoso de outra maneira.
– Você voltou?! – foi a primeira coisa que o ruivo disse ao vê-la. Blossom continuou séria, não surtaria como antes. Ele estava preso junto à mesa, não poderia lhe fazer mal. Mesmo assim... A ausência de uma arma ainda era um problema. – Que bom! Já estava ficando entediado. – sorriu de canto.
– Tsc. Escute aqui, idiota! – aproximou-se, batendo as mãos na mesa de metal e perguntando-se de onde havia tirado tanta coragem para falar com ele tão diretamente – Eu vou perguntar uma vez e somente uma vez. Você vai me responder com o máximo de detalhes possíveis. – suspirou profundamente, não deixando de fitar os olhos vermelhos – O que fez com minha tia?
– Como é? – ergueu uma sobrancelha.
– Você me ouviu bem! O que fez com minha tia??
– Você perguntou duas vezes. – soltou uma risada.
– Pare de brincar!! – gritou irritada – Me responda!! – ordenou, fazendo-o revirar os olhos.
– Nada. Nem sabia que tinha uma tia!
– Mentiroso!! – afastou-se da mesa, frustrada. – Você a estuprou e depois a obrigou a se matar!
– Me pergunto de onde tirou essa idiotice. – bufou – Não me pagam pra estuprar pessoas, gata!
– Não me chame assim!!
– Prefere: Pinky? – sorriu com gozação.
– Argh! Eu te odeio! Te odeio seu monstro! – saiu da sala, sem ter paciência para atura-lo.
– Blossom, estava te procurando. – Mitch apareceu – Estava conversando com ele? – olhou para a porta da sala de interrogatório.
– Não. – tentou passar pelo moreno, mas teve a mão segurada. – Mitch-
– Espera! Por favor! – pediu – Eu só quero- – fitou a outra mão da garota – O que aconteceu?
– Nada. – escondeu a mão machucada atrás de si. Mitch suspirou.
– Blossom, conversa comigo. Por favor! Eu posso te ajudar!
– Pode me dar uma arma e um distintivo? – perguntou, deixando-o confuso.
– B-Bem... Não, mas-
– Então não pode me ajudar! – soltou-se dele e seguiu para o elevador. Se Rossi, Mitch e o ruivo não irão colaborar, precisava fazer sua própria investigação. Começaria com a cena do crime: a casa de seu tio.
[...]
Policiais. Haviam policiais na entrada da frente. E sem um distintivo, não poderia passar por eles. Rapidamente, bolou um plano que precisaria da ajuda da vizinha de seu tio: Senhora Carmem, mãe de dois e avó de três.
Com seu auxilio e permissão, pulou o muro que dividia as duas casas. E logo após garantir que não havia nenhum policial ao redor, e recolocar seus saltos, entrou por uma das janelas da casa. Por sorte, lembrou-se de levar luvas para não deixar digitais ou contaminar a cena do crime.
Olhou em volta da sala, não havia nenhuma indicação de roubo. Todos os objetos de valor estavam em seus lugares, intocáveis. O que significava que não era um assalto em uma vizinhança reconhecida como de classe alta.
Depois de buscar bem o andar debaixo, subiu para o segundo. Logo no corredor, perto da porta do quarto de seus tios, duas possas de sangue – e placas amarelas dos investigadores – uma um pouco afastada da outra. Blossom deduziu que a vitima estava tentando chegar na porta do banheiro por causa da marca de digitais ensanguentadas na porta. Provavelmente seu tio.
– Sim... Ele me disse que o banheiro do quarto estava em reforma, então usava o do corredor. – imaginou seu tio saindo do banheiro para voltar ao quarto, quando recebeu o primeiro tiro na perna, fazendo o cair no chão. Ao tentar se afastar e voltar para o banheiro, recebeu o segundo na barriga. – Isso poderia mata-lo... – murmurou, apertando suas mãos em punho.
Balançou a cabeça, tentando manter o foco. Saiu do corredor e entrou no quarto de seus tios. No chão, em frente a cama de casal, uma enorme possa de sangue. Claramente de sua tia. A cama, bagunçada e intocada pelos peritos.
– Foi aqui... – tentou evitar imaginar o sofrimento que sua tia havia passado naquele quarto. Um lugar, que era para ser seguro e confortável, tornou-se um local de horror e angústia. – Droga! – limpou rapidamente a lágrima desobediente que caiu. – Foco, Blossom! Foco! – seguiu para perto da cama, encontrando um livro de poesias jogado no chão. – Vamos dizer que ela estava aqui... Lendo o livro na cama... – olhou para a porta. – Ele deve ter a atacado primeiro, mas... – juntou as sobrancelhas, sem entender – Como meu tio não ouviu os gritos ou o tiro? – pensou por um momento – Deve ter usado um silenciador na arma, mas... Como a polícia chegou aqui se nem os vizinhos podiam ouvir? E os gritos? Minha tia teria gritado! – olhou em volta, em busca de respostas – E por que meu tio demorou tanto tempo no banheiro ao ponto daquele maníaco conseguir fazer o que fez?
Tantas perguntas. E Red não queria dar as respostas. Blossom insistia que ele era o culpado do que havia acontecido. Ele fez sua tia sofrer, ele a fez se matar, ele atirou em seu tio duas vezes sem dó e nem piedade. Se já si entregou para o FBI, por que não confessar seus crimes começando por este? Por que não começar pelo mais recente?
– Por que não abrir logo a boca? – irritou-se, fitando o sangue seco. O “vermelho” não era somente em relação às roupas do homem, mas seus olhos também. Profundos, misteriosos, cheios de desprezo e mentiras.
– Parada! Policia! – Blossom assustou-se quando dois policiais apareceram no quarto, acabando com sua investigação.
– Tsc. Droga! – praguejou levantando as mãos em rendição.
[...]
– Você invadiu uma cena de crime. – Rossi disse sério e rigoroso. Blossom suspirou.
– Não teria invadido se tivesse devolvido meu distintivo e arma. – comentou. A ruiva estava em sua sala, de volta ao departamento do FBI. Os policiais haviam a levado até lá para confirmarem sua história de trabalhar para o “Federal Bureau of Investigation” ou, traduzindo, “Departamento Federal de Investigação”.
– Argh! Blake! – massageou as têmporas, sentando-se em sua cadeira de frente para a mulher – Antes de falar com você, mandei investigarem o caso que ocorreu naquela casa e fiquei surpreso ao saber que uma das vítimas se chama Eugene Utonium. – Blossom desviou os olhos – Você o conhece, certo? – nada respondeu. O homem suspirou esgotado – Vamos Blossom! Colabore comigo. Estou com um ruivo caladão na minha sala de interrogatório, que só quer falar com uma agente que não sabe ser sincera com seu chefe. – fez uma pausa – Ande. Conte-me o que está acontecendo. – pediu outra vez. Demorou alguns segundos antes de Blossom suspirar e decidir que não podia fazer tudo o que queria sozinha ou sem um distintivo e arma.
– O que quer saber? – perguntou derrotada.
– Tudo! Desde o sobrenome ‘Utonium’ até sua relação com aquele homem e o que estava fazendo naquela cena de crime.
– Tsc. Tudo bem! Mas é uma longa história. – informou.
– Eu tenho tempo! – encostou-se em sua cadeira.
– Quero dizer, senhor, que é uma longa história que deve ficar somente entre mim e o senhor. – explicou seriamente – Nenhum outro agente deve saber. Nem mesmo Mitch!
– O seu parceiro? – ergueu uma sobrancelha – Deve ser bem sério, imagino!
– O senhor não faz ideia!
[...]
– Sua água. – Mitch entrou na sala de interrogatório.
– Posso saber aonde está a Senhorita Blake? – perguntou direto, sem paciência para com o moreno.
– Está em um lugar onde não é da sua conta. – colocou o copo em sua frente. Red encarou o copo e depois o moreno, sorrindo de canto.
– Não posso beber! – mostrou as mãos presas contra a mesa.
– Problema seu! – deu de ombros – Pediu água, e eu trouxe água. Divirta-se! – virou-se para sair.
– Prefere que eu me sirva sozinho? – a pergunta o fez parar – Desse jeito não direi quem é o culpado daquelas “catástrofes” que mencionei antes.
– Pensei que só ia falar com Blake? – o olhou, ainda com a mão na maçaneta.
– E só irei falar com ela. – reconfirmou sua decisão – Porém, quando ela vier me perguntar, e ela vai vim, eu irei negar. Direi que seu ajudante não queria me servir um copo de água. – sorriu, provocando-o.
– Eu sou parceiro dela! – voltou para a mesa, ficando, novamente, de frente para o ruivo.
– Sério?! – soltou uma risada – Sinto muito por ela, então!
– Ora seu, filho da p-
– Senhor Mitchelson! – um agente entrou na sala – O Senhor Rossi necessita de sua presença na sala de reuniões. – avisou.
– Tsc. – Mitch encarou o ruivo mais uma vez. Estava começando a odiar o sorriso convencido do criminoso. – Já vou! – afastou-se novamente.
– Foi bom falar com você! – ouviu o ruivo gritar antes de sair da sala. Suspirou profundamente para se acalmar e depois continuou seu caminho para a sala de reuniões.
Chegando ao local, ficou surpreso ao ver Blossom e Rossi o esperando. A ruiva estava com sua arma e distintivo de volta, presos na cintura. Segurava um controle e um tablet, em pé ao lado de um televisor. Na mesa redonda, duas pastas e dois tablets de um provável caso, e seu chefe sentado em uma das cadeiras.
– Senhor?! – chamou a atenção dos dois – Mandou me chamar? – perguntou confuso.
– Sim. Sente-se, por favor! – pediu, apontando para a cadeira ao seu lado. Mitch seguiu suas ordens. – Pronto! Pode começar, Senhorita Blake! – voltou sua atenção para a ruiva. A mesma concordou com um aceno e suspirou.
– Os agentes que investigaram o caso os chamaram de ‘The Rowdyruff Boys’, conhecidos também pela sigla RRB. – apertou um botão do controle, fazendo aparecer no televisor, três fotos. Duas anônimas e a do meio com a foto de Red, o ruivo preso na sala de interrogatório – Seus codinomes são: Blue, Green e Red. Sendo Red, o líder do trio e comandante dos crimes.
– Espera! Espera! – Mitch a interrompeu antes que continuasse. – Está dizendo que aquele ruivo de merda faz parte de um trio e é um criminoso procurado? – perguntou desorientado na história.
– Sim. – Blossom confirmou metódica.
– M-Mas como? Tem provas contra ele?
– Eu vou chegar lá, Mitch. – suspirou revirando os olhos, impaciente com o moreno – Posso continuar?
– Pode, eu só estou um pouco confuso. – cruzou os braços, sabia que tinha a irritado e não gostava quando isso acontecia.
– Tudo será esclarecido, Senhor Mitchelson! – Rossi pronunciou-se – Continue! – pediu à ruiva.
– Pois bem... – voltou-se para o televisor – Seus crimes focam-se somente em assassinar pessoas... – várias imagens de famosos e pessoas importantes apareceram na tela – Políticos, militares, cantores, modelos... Eles não parecem ter um padrão. E encontrarão mais das vítimas em seus tablets. – informou, fazendo-os pegar os aparelhos.
– É uma lista enorme! – Mitch comentou impressionado com os vários nomes e fichas.
– Não fique surpreso. Esses são só alguns que foram incluídos na investigação desse trio. Não sabemos ao certo se eles são culpados por maioria deles ou se há mais vítimas não listadas.
– Vejo que focou muito em estuda-los, Senhorita Blake! – Rossi comentou, voltando sua atenção para ela.
– Sim, senhor. Dediquei minha vida toda a isso!
– Por que? – Mitch intrometeu-se, curioso. Nem Rossi e nem Blossom o responderam.
– Bom trabalho! – Rossi a elogiou, ignorando a pergunta do moreno – Continue! – pediu novamente. Mitch bufou, frustrado por ter sido ignorado.
– Como estava dizendo, há várias vítimas, mas nenhuma prova concreta que os incrimina ao ponto de leva-los para o julgamento. – olhou para Mitch – Respondida sua pergunta?
– Sim, obrigado! – desviou os olhos, constrangido pelo olhar frio da parceira.
– Entretanto, consegui retirar uma informação dele.
– Que tipo de informação? E quando foi isso? – perguntou Rossi, desconfiado.
– Quando fui pergunta-lo sobre... – encarou Mitch por um momento – Aquele assunto em particular. – suspirou.
– Entendo! Fale a informação.
– Ele disse que não é pago para... – hesitou.
– Pode falar, Senhorita Blake. – olhou para o moreno – Tenho certeza que Mitch não irá fazer perguntas.
– Não vou? – indagou confuso, recebendo um olhar repreendedor do chefe. – É. Claro! Não vou! – concordou, mesmo querendo muito saber do que estava acontecendo entre Rossi e Blossom.
– Bem... Ele disse que não é pago para estuprar as pessoas. O que significa que ele é pago por alguém ou por várias pessoas, para cometer seus assassinatos e-
– Ou! Ou! Ou! Estuprar?! Mas do que- – Rossi forçou a garganta, chamando a atenção do moreno – Tsc. Desculpe! – cruzou os braços – Continua, por favor!
– Tsc. Como eu estava dizendo antes de ser interrompida... – o olhou com raiva – Venho a cogitar que o trio não arranja seus alvos por conta própria, e sim são contratados como mercenários para eliminar alvos de outras pessoas e ganhar dinheiro em cima disso.
– São as únicas informações que tem deles, Blake? – observou os papéis e o tablet.
– Além de sempre serem vistos com cores que representam seus nomes?! Infelizmente sim, senhor!
– Entendo... – murmurou pensativo – Precisamos trabalhar em cima do nosso prisioneiro então. Ele mencionou um homem que talvez tenha cometido alguns casos classificados como “sem solução” pelo FBI, mas não sabemos se isso é verdade. O que acha, Blake?
– Acho que ele está tentando mostrar o seu valor, senhor!
– Sim. Sim. Também acho que é isso... – suspirou – Senhorita Blake, vamos precisar falar com esse Red novamente. Tem certeza que pode fazer isso?
Blossom suspirou. Falar com ele, por mais que alguns minutos, era necessário. Precisava saber por que ele havia voltado, atacado seus tios e se entregado ao FBI. Pensou nas dicas que sua psiquiatra tinha dado para controlar um ataque de pânico caso tivesse um novamente, respirou fundo e assentiu para o agente Rossi.
– Sim, senhor. Posso fazer isso!
– Ótimo! – Rossi levantou-se, sendo seguido por Mitch.
– Mas... – Blossom chamou sua atenção.
– Sim? – Rossi perguntou.
– Quero permissão para perguntar sobre meus tios. – pediu seriamente.
– Tios?!? – Mitch ficou surpreso.
– Devo informa-la de que não é uma boa ideia. Se o colocar como pessoal, não irá facilitar as coisas para você.
– Eu sei disso, mas é impossível não ser pessoal!
– Eu entendo... – massageou as têmporas mais uma vez naquele dia – Tudo bem. Mas seja breve. Foque no restante!
– Sim, senhor!
[...]
– Mitch! – Blossom o parou – Antes de entrarmos... Deixe que somente eu fale, ok?! E depois disso, não pergunte sobre nada a mim. Não importa o que ele diga e não importa o que eu diga. Não pergunte nada! Entendeu?
– Sim, Blossom! – suspirou – Não irei me meter na sua vida! – concordou, mesmo relutante e irritado por ficar de fora.
– Acho bom! – Blossom respirou profundamente para se acalmar e entrou na sala, sendo seguida de Mitch.
– Pinky! Você voltou! – Red sorriu – E trouxe esse chato. – fechou a cara ao ver Mitch, mas logo voltou a sorrir – Por que não ficamos à sós?
– Calado! – Blossom mandou – Somente eu falo aqui. Você só irá falar quando eu mandar que fale. – cruzou os braços. O agente Rossi, atrás do espelho falso, somente observando.
– Antes de você achar que manda em mim, me responde uma coisa... – seu sorriso sumiu – Você já transou com esse cara? – apontou para Mitch com a cabeça.
– Tsc. Isso não é da sua conta! – Blossom respondeu, enquanto Mitch tentava esconder a leve ruborização que havia aparecido em seu rosto.
– Eu vou considerar como um: “Não”! – suspirou – Veio perguntar sobre sua tia novamente?
– Eu já disse que somente eu faço perguntas aqui. Mas já que tocou no assunto... Pronto para admitir o que fez com ela?
– Não. Não estou pronto para admitir algo que não fiz!
– Pare de mentir! Você com certeza tem a ver com o que aconteceu naquela casa! – Red revirou os olhos.
– Como você ficou chata com o passar dos anos. – reclamou – Você já foi mais divertida, sabia?
– Cala a boca! – gritou – Não tem direito nenhum de dizer isso. Você não me conhece!!
– Tem razão, não te conheço. Você não me deixou te conhecer. – sorriu de canto – Queria ter terminado o serviço!
– Argh!! – Blossom segurou-se para não pular e estrangula-lo ali mesmo.
– Concentre-se, Blake...! – Rossi murmurou, apreensivo que a agente fizesse alguma loucura. A ruiva inspirou e expirou para se acalmar.
– Vamos mudar o assunto, por enquanto... Quem é esse homem que você mencionou?
– Ah! Finalmente algo que sei! – seu sorriso convencido irritava tanto Blossom quanto Mitch – O que quer saber?
– Que tal um nome? – perguntou como se fosse óbvio.
– Ah! Claro! – revirou os olhos – Vocês do FBI adoram trabalhar com nomes. Falando nisso... Não gostaria de saber o meu? – os pegou de surpresa.
– O seu nome?! – Blossom murmurou – É claro que sim! Me fale seu nome! – Red riu.
– Eu falo. Eu falo. – disse entre o riso – Mas só depois que pegar o Dr. Zero!
– Dr. Zero?!
– É o homem responsável por aquelas coisas que falei antes e outras que não mencionei. – deu de ombros – O apelido dele é Dr. Zero, mas seu nome verdadeiro é Augusto Gold.
– Está mentindo! – Mitch se pronunciou – Augusto Gold está morto. Morreu em uma queda de avião.
– É isso que ele quer que a esposa e a amante dele achem. – soltou uma risada – E claro, a polícia!
– Se não me engano... – Blossom ficou pensativa – O Sr. Gold era um cientista que serviu ao exército quando mais novo. Lembrou-me de ler que lutou na Segunda Guerra Mundial.
– Está correto, linda! – Blossom fez uma careta de nojo ao elogio – E você não tem ideia do que uma guerra pode fazer com um homem.
– Se ele está vivo, aonde está agora? – Mitch intrometeu-se na conversa.
– Não sei. – olhou para cima – Não me lembro agora... – murmurou.
– Como assim “não se lembra”? O que quer dizer com-
– Uma hora! – Red a interrompeu – Volte daqui uma hora e talvez eu te conte o que ele está aprontando.
– Uma hora?! Como quer que eu espere por-
– Senhorita Blake! – e novamente Blossom foi interrompida, dessa vez, agente Rossi apareceu na porta. – Por favor, venha! Você também Mitch!
– Sim, senhor! – Mitch o acompanhou. Blossom deu uma última olhada para o ruivo antes de sair da sala.
Odiava ter que conversar com o homem, a voz dele assombrava seus sonhos. Era aterrorizante ouvir ao vivo, em carne e osso mais uma vez, mas era necessário para por à limpo o que havia ocorrido com seus tios e outras vítimas.
– Precisamos confirmar mesmo se Augusto Gold está vivo. – Rossi os parou no meio do corredor – Mitch, cuide disso, sim?
– Certo! – concordou.
– E Blossom- – o toque do celular da ruiva o interrompeu.
– É do hospital. – comentou – Será que posso... – apontou para o celular. Rossi suspirou.
– Por sorte, você tem uma hora! – Blossom concordou e saiu, atendendo ao telefonema.
– Hospital?! – Mitch chamou a atenção do chefe. – Sem querer ser ofensivo, senhor, mas o senhor e a Blossom estão cheios de segredinhos, né?
– Tsc. Não fique com ciúme e faça o que mandei! – retirou-se, voltando para sua sala. Mitch bufou frustrado.
– Alô? – Blossom atendeu, ansiosa.
– Alô?! É a Senhorita Blossom Blake? – parecia ser a voz de uma enfermeira do hospital.
– Sim. Sou eu! Aconteceu alguma coisa com meu tio? – preocupou-se por um momento.
– Nada de grave. Não se preocupe! Só liguei para informá-la que seu tio acordou e deseja falar com a senhorita.
– Ok. Obrigada! Estou indo imediatamente para aí!
[...]
– Ele está aqui! – a enfermeira mostrou o quarto – Ele ainda está um pouco fraco, então não o force demais. – pediu.
– Está certo. Obrigada! – Blossom agradeceu e a enfermeira se retirou. Suspirou fundo, pensando que não deveria falar nada sobre sua tia. Pelo menos ainda não. – Tio?! – entrou no quarto, chamando por ele. A atenção que tinha na janela, direcionou-a para sua sobrinha.
– Ah! – sorriu fracamente – Que bom que está aqui. – tossiu duas vezes. – Entre! Entre!
– Tio... – fechou a porta – O senhor está melhor? – perguntou, aproximando-se de sua cama.
– Um pouco... – murmurou – Não sinto minha perna, mas o doutor já me explicou que é por causa da anestesia. – soltou uma risada fraca. – E Magdalena? Como ela está? – perguntou com anseio – Perguntei ao médico em que quarto ela estava, mas... Ele me ignorou e mandou eu descansar. – suspirou – Vamos, Blossom! Conte-me! Onde está minha esposa? Ela está bem, certo? – forçou um sorriso – Ela está em um quarto descansando ou lendo alguma poesia, certo? Ou talvez até reclamando das cortinas do hospital, certo? – Blossom abaixou o olhar – Blossom... Por favor... – seus olhos encheram-se de lágrimas – Seja sincera com seu tio: Onde está minha esposa? Onde está... O amor da minha vida?
Blossom fitou os olhos pretos e chorosos do homem à sua frente. Não poderia dizer a verdade. Não agora. Seu estado iria piorar, poderia ocasionar em um ataque cardíaco se falasse agora que está se recuperando.
– Ela está bem! – pela primeira vez, em anos, sorriu. Um sorriso forçado que foi necessário. – Ela está em um quarto lindo com rosas perfumadas. A janela tem uma brisa leve e gostosa. Ela está em paz, lendo um livro de poesias. – não era totalmente mentira, pensou.
Ela devia estar assim, em algum lugar do céu. Blossom não era muito religiosa desde que sua adolescência foi destruída, mas acreditava que sua tia estava em um lugar melhor do que esse mundo caótico e injusto.
– Aah! – sorriu aliviado – Que bom! Que bom! – suspirou – Espero poder vê-la logo.
– Sem pressa. – Blossom comentou – Recupere-se primeiro, sim?
– Sim! Certo! – soltou uma risada, sentindo um pouco de dor ao faze-la – Tenho que me recuperar para não a preocupar! – sua expressão mudou – Falando nisso... Você conseguiu prender o culpado, certo?
– Ah! Sim! Claro! Estamos com ele!
– Ah! Ótimo! – suspirou – Aquele homem maluco. Tsc. Mesmo depois de tudo que fiz para ele...!
– Hã?! Como assim, tio? Conhece ele? – juntou as sobrancelhas, confusa sobre a nova informação que havia recebido.
– Infelizmente. – balançou a cabeça, decepcionado – Tentei ajudar a mulher dele, mas como poderia se ela era culpada? – Blossom ficou estática.
– Mulher? – murmurou.
– Ela era culpada, Blossom! E como advogado justo que sou, não defenderia um criminoso! – bufou, frustrado e cansado.
– Hãã... Tio... Antes de desmaiar na ambulância, o senhor me deu uma cor. O senhor lembra?
– Uma cor? – pensou – Ah! Sim! Vermelho!
– Isso! Ele estava de boné vermelho, certo? – perguntou apreensiva.
– O que? Não. Não. – soltou uma risada – Não brinque comigo, Blossom. O homem que nos atacou, estava com uma roupa toda vermelha. Estranha! Chegava a ser ridícula. – irritou-se, mas ao gemer de dor, tentou relaxar. – Tenho sorte de ter uma sobrinha que trabalha no FBI. – pegou na mão da ruiva – Fico feliz que tenha pegado... Harold Smith!
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