No capítulo anterior...
– Sabe garoto, você tem muito mais a esconder do que eu imaginava e eu aposto que estou bem perto de descobrir a verdade.
– Não. Você está bem longe da verdade. Você não sabe nada da verdade.
– O quarto nome se trata de uma pessoa que já está presa. Mas não se engane. Ele vai fugir.
– Quando?
– Essa noite, em uma transferência de prisioneiros para a prisão de Huntsville no Estado do Texas.
– E o nome dele?
– O nome eu não sei. Mas no meu mundo, o chamamos de... O Mudo!
– Max Von Nitrate.
– Aqui diz que ele já foi um famoso ator alemão de cinema mudo.
– No passado ele sofreu um acidente de carro, sua traqueia foi prejudicada e ele perdeu a voz. Ele era um ator alemão famoso com uma bela voz, e por mais que tivesse sucesso nos filmes mudos, sua fama ia crescer quando os filmes falados chegaram. Porém, com a perca da voz, ele perdeu tudo, incluindo fama e família. Perdeu também a sanidade quando os estúdios de cinema o jogaram para o lado. Começou a matar as pessoas e arrancar suas traqueias.
– Ele também coloca papeis nas bocas das pessoas com alguma coisa escrita. Como se fosse ele falando por meio delas
– A janela do terceiro banco desse lado é a única que parece que foi quebrada de fora para dentro. As outras, foram quebradas de dentro para fora. Isso significa que alguém o libertou. Talvez a mesma pessoa que fez o ônibus virar e deu o canivete para ele.
– Não sei se estou certo, mas eu diria que foi com um Rifle L96. Coisa de atirador de elite.
– Um sniper?
– Exatamente.
– O Sr. Von deve ter arrumado amigos novos na prisão temporária em que estava. Deve ter aproveitado que veio pra essa do Texas, e que iria morrer, para escapar. O suborno é algo que sempre vai existir na vida, agente Rossi.
– Eu e Blossom achamos o corpo de uma mulher na Rua Carvalho 562 Oeste. Ela está do mesmo jeito do motorista e achamos um bilhete na boca dela.
– O que está escrito no bilhete?
– “O demônio loiro me soltou. Agora estou de volta ao trabalho.”
– Você está se divertindo, mas eu não. Não sou seu escravo pra ficar carregando essas coisas.
“Você já foi mais paciente, demônio loiro.”
“Onde estão os outros demônios?”
– Oi irmão!
– Tsc. Boomer!!
Agora...
– O que você faz aqui? – ele apertou o pulso do loiro.
– Calma, mano. Só estou tentando te ajudar. – respondeu, fazendo uma careta pela dor que estava sentindo.
– Como Butch da última vez? Tsc. Esqueça, Boomer. Vai embora!! – Brick ordenou, o soltando.
– Oi? Butch veio te ver? – o loiro parecia surpreso, enquanto massageava seu pulso. – Tsc. Aquele canalha, nem pra me contar. O que houve com nossa relação de irmãos, hein? – sorriu para o ruivo.
Brick cruzou os braços e fez uma expressão séria.
– Não me obrigue a começar com isso novamente. Já sei que ajudou o Mudo a fugir, agora vaza antes que você acabe como ele!
Boomer riu.
– Ah, qual é, Brickzinho! Você não mataria seu irmão favorito, mataria?! – o abraçou pelos ombros – Além disso, estou só te ajudando com a lista. Foi eu que te passei a informação da fuga do Mudo, deveria me agradecer.
– Ah jura? Aceita ser esmurrado como agradecimento? – mostrou o punho para o irmão, que engoliu seco e o soltou.
– Aceito um sorvetinho se der. – sorriu amarelo.
De repente, o rádio de Brick deu sinal.
– Agentes e Diretor Sam, aqui é a agente Blake. Acabei de ver o criminoso correr em direção ao porto. Irei segui-lo para não o perder de vista. – Blossom avisou.
– O que? Blossom, não!! – Brick respondeu ao rádio, mas não teve uma resposta da ruiva de volta. – Tsc.
– Essa é a voz da Utonium?! – Boomer riu – Não mudou muita coisa.
– Argh! – Brick se irritou e o puxou pela orelha, indo em direção ao porto.
– Ai! Ai! Ai! O que você está fazendo?? – Boomer perguntou com dor e confuso.
– Você começou isso, você vai terminar agora. Se a Blossom morrer nas mãos daquele maluco, eu te mato e ainda caço toda sua família. – Brick ameaçou.
– Dah! Você é minha família. – ele retrucou, recebendo um olhar irritado de Brick. – C-Certo. Eu te ajudo a matar o Mudo, mas solta minha orelinha, por favor! – choramingou.
Brick revirou os olhos e o soltou.
– Temos que chegar lá antes do FBI ou da polícia. Vamos! – Brick começou a correr. Boomer murmurou alguns palavrões e logo o seguiu. Os dois indo em direção ao porto.
[...]
– Ele está tentando fugir em um navio de carga. – Blossom comentou para si mesmo enquanto seguia o criminoso com cuidado para não ser notada. Os dois indo através dos vários contêineres que preenchiam o porto.
Enquanto isso, Brick e Boomer já haviam chegado ao local por estarem perto. Brick começou a procurar Blossom com rapidez e preocupação, enquanto Boomer só o seguia, achando tudo irrelevante.
– Vejo que ainda se preocupa com sua garota. – o loiro comentou, querendo puxar assunto – O amor não vai te ajudar a completar a lista. Sabe disso, né?
– Tsc. Pare de falar bobagens e procure o Mudo. – Brick ordenou.
Boomer bufou.
– Você sabe como aquele cara é... Já trabalhamos com ele há anos. Continua o mesmo monstro de sempre. – revirou os olhos. – Ele ainda chama a gente de demônios, sabia? Até estava com saudades da gente. – riu – Ei! Sabia que ainda estamos à procura dele?! É isso que devíamos estar fazendo, e não perdendo tempo com uma lista idiota.
– Essa lista idiota foi o único jeito de manter vocês vivos. – Brick se virou para Boomer – É para a segurança da nossa família.
– Parece mais um plano idiota. – Boomer cruzou os braços – Já matou quantos até agora?
– Tsc. – Brick abaixou o olhar – Três...
– Sóó?? – Boomer fez careta. – Irmão, você já foi melhor que isso. – sorriu presunçoso. – Admita, a Utonium te amoleceu, não é?
– Muito longe disso. – Brick voltou a procura-la – É ela que me fortalece todos os dias para continuar com essa lista idiota.
– Hum... Sei... – Boomer desviou os olhos. – Achei! – falou, atraindo a atenção do ruivo.
Os dois se esconderam atrás de um contêiner e viram Blossom, também escondida, observando o procurado. Brick suspirou aliviado ao ver que ela ainda estava viva. Boomer chegou em seu ouvido e começou a sussurrar.
– Ela está igual eu me lembro, mas parece mais madura e bonita. – sorriu malicioso – Será que a irmã dela, aquela loirinha, também está assim. Au!
Ele recebeu uma cotovelada no estômago.
– Cala a boca. – Brick olhou em volta e avistou um grande guindaste. – Acha que consegue acertar o Mudo dali? – perguntou ao irmão.
– Tsc. – ele ainda massageava o estômago – V-Você deu sorte. – ele puxou uma arma com silenciador da cintura. – Eu tenho a melhor mira, lembra? – sorriu convencido.
– Claro. – Brick o agarrou pelo colarinho – Acerte qualquer pessoa sem ser o Mudo e eu mesmo vou te colocar na lista. Entendido?
– Sim, senhor! – Boomer sorriu feliz, quase que inocente. Mas Brick sabia que o irmão estava longe de ser assim novamente.
O ruivo suspirou e o soltou.
– Fique longe dos olhos do FBI. – Boomer assentiu e saiu correndo, em direção ao guindaste.
Brick sabia que ele precisava de altura e distância caso fosse atirar sem intenção de ser visto por olhares da justiça. Agora, só teria que lidar com Blossom e mantê-la longe do alvo. Ao olha-la novamente, a viu preparar-se para pegar a arma.
A Blake estava com os olhos fixos no alvo. O Mudo estava escondendo-se, sem querer chamar a atenção, de um grupo de trabalhadores que estavam fazendo um carregamento na direção que ele queria seguir. Porém, estava tão impaciente, que pegou seu canivete, pronto para atacar. Blossom percebeu sua ação e estava prestes a pegar sua arma para defender aquelas pessoas.
– Blossom. – de repente, sua mão foi puxada e suas costas bateram contra o contêiner, fazendo barulho e atraindo a atenção do Mudo, que estava alguns metros há frente.
– Ei! O que- – a voz irritada de Blossom morreu ao ver que se tratava de Brick. Seus olhos se arregalam, sua respiração se prendeu. – O-O q-que... O... O q-que... – seu cérebro, seus pensamentos, falharam pela aproximação inesperada e assustadora.
Sim, era assustadora para a mulher que convivia com um trauma e o revivia diariamente em suas noites mal dormidas. Para Brick, poderia ser um sonho, mas também um pesadelo. Ver o medo estampado nos belos orbes rosados era de apertar seu peito. Mas ele precisava de tempo, tempo para que Boomer conseguisse atirar. Blossom não podia ser atingida, ou até mesmo ficar exposta à mira do loiro. Por mais que fosse seu irmão, Brick sabia do que ele era capaz para que as coisas não tomassem o mesmo rumo como há seis anos.
– Tsc. Brick seu safado... – o loiro riu, observando pela mira, o irmão cobrir a ruiva com o corpo. – Isso poderia acabar tão rápido... – ele direcionou a arma para o Mudo, que desconfiado pelo barulho, se aproximava dos ruivos. – Mas você complica tanto. – ele colocou a língua para fora da boca, preparando-se para atirar.
– Por favor, não fique com raiva de mim... Pinky. – Brick sussurrou, suplicando, para Blossom.
– T-Tira as mãos de mim. – Blossom estava tremendo, e não era de frio. Estava ao máximo tentando manter a mente acordada e focada. Se desligasse, pensava ela, podia ser seu fim.
Brick fechou os olhos e respirou fundo.
– Eu gostaria de nunca te soltar. – ele confessou, uma de suas mãos no pulso de Blossom e a outra no braço dela, mantendo-a imóvel. Ele abriu os olhos, ainda podendo ver o medo nela, principalmente depois de suas palavras.
– T-Tira suas mãos seu- – e de repente, um corpo caiu ao lado dos dois. – O-O que é isso? – Blossom olhou para o corpo do criminoso que estava perseguindo. Sem vida, com um buraco na têmpora de onde o sangue escorria.
Brick suspirou e se afastou, soltando Blossom e desviando os olhos para o guindaste. Boomer não estava mais lá, o que fez o ruivo fechar as mãos em punho. Já Blossom, ao ser soltada, ignorou o ruivo e correu na direção do Mudo, seus olhos ainda abertos. Não demorou muito e os agentes, assim como o Diretor Sam chegaram na cena.
– O que houve?? – Sam perguntou
– Agente Blake, atirou nele? – Rossi logo questionou.
– N-Não. Jojo me atrapalhou e quando percebi ele tinha caído do meu lado. – explicou Blossom, confusa, levemente tremendo.
– Atrapalhou ela? – Rossi olhou para o ruivo com raiva.
– Parece que o tiro veio de outra direção. – agente Snyder comentou, verificando o corpo e o buraco da bala.
– Argh! Vou avisar meus policiais. – Sam se afastou, pegando o rádio.
– Tsc. Lá vem bronca. – Brick murmurou, enquanto Rossi se aproximava dele com raiva.
– Qual o seu problema? Não obedece a minhas ordens e ainda fica atrapalhando? O que eu te disse várias vezes, Jojo??!! – Rossi brigou.
– Era um nome da minha lista e eu não queria que Blossom se machucasse. – respondeu, também irritado.
– Eu não pedi para você me proteger. Me deixa em paz!!! – Blossom gritou e se afastou da cena, ainda tentando se recuperar das coisas repentinas que ocorreram.
– Bloss, espera! – Mitch correu atrás dela. Brick os seguiu com os olhos e quando olhou novamente para Rossi, ele estava de braços cruzados, encarando-o com raiva.
– Tsc. Não pode me controlar! – Brick também cruzou os braços, sua expressão séria.
Rossi se aproximou alguns passos do ruivo, e como Rossi era mais alto, isso deixou Brick incomodado, mas não ao ponto de se mostrar intimidado. Quase ninguém conseguia esse feito. Quase...
– Não é a mim que está perdendo. – Rossi jogou simplesmente, fazendo o ruivo ficar surpreso. – Acabamos aqui, vamos voltar. – ele ordenou em voz alta, virando-se e indo até o Diretor Sam para uma conversa final.
Os dias de loucura de Max Von Nitrate haviam acabado. O quarto nome, eliminado.
“Dê a todas as pessoas seus ouvidos, mas a poucas a sua voz.”
(William Shakespeare)
[...]
– Sinto mais uma vez pelo o que aconteceu. – Rossi disse ao Diretor Sam, perto do jato particular. Ele era o único que faltava entrar.
– Tudo bem. Max já estava com os dias contados no corredor da morte. Não é como se tudo tivesse acabado tão ruim. – Sam deu de ombros.
– Não tinha família?
– Não. Nada.
– Hum. E a investigação sobre o tiro que ele recebeu?
– Especialistas em balística disseram que veio de um lugar alto. O atirador provavelmente era o mesmo que o ajudou a fugir.
– E algum sinal desse parceiro?
– Nada também. – Sam suspirou – Procuramos por toda a cidade, vendo casas e lugares abandonados... O cara já deve estar longe agora.
– Certo. Bem... – ele estendeu sua mão, que foi segurada por Sam em um aperto – Qualquer coisa é só nos chamar. Estamos aí para isso.
– Agradeço. Ah, e antes que eu me esqueça. – Sam se virou para seu carro, abriu a porta e tirou um pacote de lá. – Deixaram isso perto da minha prisão. Estava com seu nome.
– Meu nome? – Rossi recebeu o pacote suspeito de tamanho médio. Uma caixa mediana para ser mais exato.
– Sim. Já mandei verificar, sem bombas ou qualquer coisa do tipo. – deu de ombros – Tem amigos aqui? – perguntou curioso.
– Não... – ele encarou a caixa com estranheza – Bem... – deu de ombros – Obrigado mesmo assim. – guardou a caixa no paletó que usava. – Até breve. – despediu e caminhou até o jato, entrando nele.
Sam viu o jato se preparando para partir, quando de repente seu celular tocou. Ele pegou e atendeu, sem verificar quem era.
– Entregou o que te pedi? – a voz do outro lado da linha perguntou.
– Sim, senhor. – Sam respondeu, sua expressão indiferente.
Enquanto isso, um pouco longe da área de aeronaves, estava um carro preto estacionado e um homem encostado nele.
– Ótimo. – o loiro, de óculos escuros, sorriu enquanto via o jato levantar voou e ir embora. – Fez um bom trabalho. Conte isso para alguém e vou, novamente, atrás da sua família. Estamos entendidos... Diretor Sam?
– S-Sim... Entendido.
O loiro desligou, e jogou o celular no chão, deu uma última olhada para o céu e pisou no aparelho. Retirou um chiclete do bolso do casaco, colocou na boca e entrou no carro, onde alguém já o esperava.
– E então? – o moreno perguntou, impaciente de ter que o esperar.
O loiro retirou os óculos, mostrando o azul de seus olhos, e sorriu.
– Tudo feito. – ele cruzou os braços atrás da cabeça.
– Tsc. – o moreno ligou o carro. – Espero não termos feito merda, Boomer.
– Só saberemos disso depois, Butch. – o loiro deu de ombros. – E que história é essa de ver o Brick sem me avisar? – perguntou em tom magoado.
O moreno bufou.
– Cala a boca. – respondeu por fim e saiu com o carro.
[...]
Cansado de uma longa viagem e um caso complicado de engolir, o agente Rossi chegou em sua casa. Jogou as chaves do carro em uma tigela perto da porta, retirou o paletó e jogou em cima do sofá, nem percebendo a caixinha que havia recebido, caindo no chão. Foi até a cozinha, onde acendeu as luzes e abriu a geladeira, pegando de lá, uma cerveja gelada. O homem suspirou, fechando a porta da geladeira, e depois voltou para a sala, jogando-se no sofá.
O chiado da cerveja se abrindo parecia até uma música relaxante. Deu um primeiro gole e se ajeitou no sofá, sentindo seus ombros pesarem. Em meio ao silêncio de sua casa, seus olhos distraídos se viraram para seu porto seguro: um porta-retratos em uma pequena mesa perto de onde estava sentado. Nele, a fotografia de sua esposa e filha.
Ao pegar o porta-retrato e observar a imagem enquanto degustava de mais um gole, Rossi sorriu para a fotografia. Só depois, de fitar por bastante tempo a foto, foi que ele notou a caixa caída no chão. Desconfiado e curioso, ele retornou o porta-retrato aonde estava e pegou a caixa do chão. Deu um grande gole na cerveja, acabando com ela e amassando a lata logo em seguida, deixando-a de lado, e concentrando-se inteiramente no estranho pacote.
Nas laterais da caixa de papelão rígido, estavam algumas fitas que impediam da tampa se abrir. Rossi as retirou com tranquilidade, sem pressa. Desviou os olhos para o relógio na parede, onde marcava meia-noite e meia e suspirou mais uma vez, sem sono. Cansado, mas sem sono, Rossi terminou de retirar a última fita da caixa, abrindo-a finalmente.
– Hum. – ele verificou o conteúdo da caixa, sendo a primeira coisa a ver, uma foto de um lugar. – Que isso? – ele virou a caixa de cabeça para baixo e três fotos caíram. Duas dela tendo alguma coisa escrita.
Rossi pegou as fotos e as juntou, a primeira, nas costas, estava escrito “6 – Sedusa”, confuso, o agente a virou, podendo ver um Cassino, que logo Rossi conseguiu identificar como o Palazzo Resort Casino de Las Vegas. Passando para a segunda foto debaixo, Rossi viu uma bela e enorme floresta, além de montanhas que se destacavam. Virando a fotográfica, estava escrito “5 – Confusão”.
– Mais o que seria isso... – ele finalmente viu a terceira foto, onde então, finalmente se impressionou.
[...]
– Alguém sabe por que Rossi nos chamou aqui tão cedo? – agente Snyder perguntou aos demais de sua equipe. Brick de um lado, Mitch e Blossom do outro. A ruiva, ao máximo evitando contato visual com o ruivo.
– Não sei... – Mitch bocejou – Nem consegui dormir direito depois que voltamos do Texas.
– Hum. Acho isso um pouco estranho. Mal fechamos o caso do quarto nome e ele já nos chama com tanta pressa. – Robin olhou para Brick, que mesmo tentando ser discreto, era óbvio seu olhar sobre Blossom – Você vai nos dizer mais nomes, Brick? – ela perguntou, atraindo a atenção do ruivo.
Mas antes que Brick pudesse responder, ele foi interrompido por uma voz forte.
– Ele não precisa. – era Rossi, descendo as escadas e atraindo a atenção dos quatro.
– Tsc. Por que? Desistiu de mim e do nosso acordo? – Brick perguntou presunçoso.
Rossi, esperto, sorriu de canto, coisa que surpreendeu Blossom e Mitch, que mal viam o chefe sorrir. Rossi levantou as duas fotos dos dois lugares que viu na noite passada.
– Eu sei onde encontrar mais dois nomes. – comentou, surpreendendo a todos, até mesmo Brick.
– Tsc. Impossível! Eu não te dei nenhum nome. Você nem sabe quem é. Isso é um blefe. – Brick duvidou.
– Jojo, eu estou há um, não... Há dois passos de você. – ele virou-se para os demais – O quinto nome é Confusão e o sexto é Sedusa. – os olhos vermelhos do ruivo se arregalaram. Ele descruzou os braços e se desencostou da mesa, chocado e irritado – Imagino que essa Sedusa seja uma mulher e parece que ela se encontra em Las Vegas, em um dos cassinos mais famosos de lá. – mostrou a foto do local, e o verso, onde estava escrito o sexto nome. – Já esse... Confusão... – balançou a cabeça – Não sei o que imaginar. Só sei que está localizado neste local. – mostrou a segunda foto – Me parece familiar, mas não sei dizer o lugar exato. Agente Mitchelson, investigue, sim? – entregou a segunda foto para Mitch.
– Pode deixar, senhor. – Mitch sorriu – Isso é incrível! Onde encontrou isso?
– Está aí uma ótima pergunta que eu adoraria saber a resposta. – Brick rangeu os dentes, fuzilando Rossi com os olhos.
– Imagino Jojo, que pela sua reação de... Decepcionado... – Rossi sorriu arrogante – Essas informações estejam certas. Onde consegui isso não é da sua conta, tenho meus contatos. – ele cruzou os braços, ficando autoritário – Acha que é o único que mantém segredos? Não me subestime, garoto. – virou-se para Mitch. – Vamos, Mitch. Ache o local.
O moreno assentiu e saiu para o computador mais próximo, Rossi o seguiu, assim como Blossom e Robin. Já Brick, ficou imaginando quem poderia ter vazado informação que era tão sigilosa. Lá se iam mais duas oportunidades para ficar pelo menos alguns minutos a sós com Blossom. Mas, de qualquer forma, não era como se isso estivesse dando certo. Ela o odiava, e nada que fizesse, poderia consertar o erro do passado. Um erro que estragou todos os seus planos futuros
– Acho que achei. – Mitch alertou, chamando a atenção de Brick – A foto foi tirada da internet. Foi fácil.
– De onde é? – Blossom perguntou, sua voz um pouco quebrada.
– De New Hampshire, mas especificamente nas White Mountains.
– Dois lugares. Um mais perto daqui e outro mais longe. – Robin comentou – Como vamos fazer? Ir em um de cada vez ou-
– Vamos nos dividir em equipes. – Rossi informou, respondendo sua dúvida.
– Tem certeza disso, senhor? Esses nomes não são perigosos? – perguntou Mitch, receoso.
– Por que não nos diz você, Jojo? – Rossi virou-se para o ruivo, que somente se emburrou e virou o rosto.
– Não é esperto o bastante para descobrir? – Brick perguntou de volta.
– Tsc.
– Como vai ser essa divisão senhor? – Blossom perguntou.
– Acho que pode ser eu, você e a agente Snyder.
– Tsc. Ei! Eu não fico com o Jojo, mas nem fudendo. Ele pode me matar e vocês nem vão sentir minha falta. – Mitch se pronunciou, levantando-se irritado.
– E eu não fico com esse cachorrinho. – Brick compartilhou do mesmo sentimento.
– Tsc. Primeiro, olhe como fala agente Mitchelson. – Rossi repreendeu.
– Desculpe, chefe. – ele pediu.
– Certo, então Mitch vão com vocês dois e eu fico com o Brick. – Robin propôs.
– Sem ofensa, mas prefiro ficar na mesma equipe que a Blossom. – Brick retrucou.
– Eu não vou ficar em um time sozinha com ele. – Blossom pronunciou-se, sem nem o olhar.
– Sendo assim não digo nada sobre esses dois nomes. E eu sei de muitas coisas que podem ser úteis. – Brick se aborreceu novamente.
– Argh! Certo. Certo. – Rossi suspirou. Parecia que estava lidando com criancinhas. – Acho que vamos ter que sortear então.
– Tsc. O que é isso? Sorteio para grupo de apresentação do Ensino Médio? Que ridículo. – o ruivo reclamou.
– Vai ser assim e ponto final, Jojo. Controle-se!! – Rossi saiu para pegar alguns papeis e caneta.
Blossom, ficou tensa, odiava sorteios até quando estava na escola, imagina agora onde poderia acabar na mesma equipe que o monstro de seus pesadelos. Já Brick, o medo era o contrário. Perdeu a chance de dizer dois nomes para Blossom, e agora, não poderia perder a chance de passar essa missão ao lado dela.
– Certo. Nesses papeis escrevi o nome de alguns de nós. – Rossi colocou alguns papéis dobrados em cima de uma mesa. – Não acredito que estou mesmo fazendo isso... – suspirou – olhando para os lados e verificando se nenhum agente superior estava presenciando esse mico. – Eu e o agente Mitchelson somos os líderes. Ou seja, nós vamos tirar os papéis. Agente Mitchelson, por favor. – Rossi apontou para os três papéis.
– Certo. – Mitch esfregou as mãos e se aproximou, observou os papéis com cuidado e pegou um, desdobrando-o – “Blossom”. – sorriu animado ao ler o nome da garota. Brick revirou os olhos.
– Minha vez. – Rossi pegou um papel e o desdobrou – “Robin” – informou.
Blossom respirou fundo, enquanto Mitch bufava.
– Isso significa que eu fico na equipe da Blossom. – Brick sorriu animado.
– E eeeeuuuu!! – Mitch lembrou.
– Certo, e o cachorrinho. – deu de ombros.
– Tudo bem para você, agente Blake? – perguntou Rossi.
Blossom pensou um pouco e mesmo a contragosto, balançou a cabeça em afirmação.
– Certo. E qual equipe fica com qual caso? – Robin perguntou.
– Eu e você, agente Snyder, somos a equipe A, ficamos com o caso da Sedusa em Las Vegas. Por sorte conheço o local e podemos resolver o caso rápido se tudo der certo. Mitchelson, Blake e Jojo, vocês são a equipe B e ficam com o caso do Confusão. Jojo, precisaremos de informações dos dois nomes. Vamos para lugares grandes, com muitas pessoas no caso de Las Vegas ou muita natureza como é o caso de White Mountains, precisamos de toda e qualquer informação que tiver. A equipe que terminar primeiro vai para o local da outra equipe caso precise. Como Nevada é mais longe, eu e a agente Snyder vamos de jato. Já vocês, acho que dá para ir de carro.
– Tsc. Senhor, são 6 horas de carro. – informa Blossom.
– Desculpe, agente Blake, mas não há outra alternativa. Infelizmente, pegar um avião até lá levaria mais tempo e não temos tudo isso.
– Tudo bem, Bloss, eu dirijo muito bem, chegaremos lá rapidinho. Você vai ver. – Mitch diz confiante.
– Ok. – Blossom diz após um suspiro.
– Certo. Jojo passa as informações durante o caminho, podem ir arrumar suas coisas. – eles se retiraram – Espere, agente Blake, podemos conversar na minha sala antes?
– Claro, senhor! – Blossom seguiu Rossi até sua sala.
Lá, Rossi pegou sua mala e colocou sobre a mesa, suspirou e encarou Blossom seriamente.
– Eu não fui totalmente sincero, agente. – comentou.
– Sincero? Sobre o que, senhor?
– Sobre as fotos. Nenhum contato meu me mandou as fotos. Na verdade, recebi de alguém anônimo.
– Alguém anônimo? – Blossom desconfiou.
– Sim. E junto com essas duas fotos, também havia essa. – e de seu paletó, Rossi retirou a terceira foto encontrada, entregando a Blossom.
Ao pegar a foto, a primeira coisa que chamou a atenção da agente, foi a cabeleira ruiva em um canto branco. Olhando mais atenta, Blossom notou que se tratava de um garoto ruivo, de mais ou menos 12 anos, sentado no canto de uma sala completamente branca, sem portas e sem janelas visíveis pela foto.
– Suspeito que esse seja Brick Jojo. – comentou Rossi, atraindo a atenção dela.
– O que? – ela reviu a foto, notando certa semelhança. – M-Mas... C-Como que-
– Eu não sei. Minha suspeita é que a pessoa que mandou isso para mim não só conhece ele, como também conhece essa lista dos dez. – suspirou – Não contei a Brick sobre essa terceira foto porque tenho certeza que ele negará e evitará meus questionamentos.
– E... Por que me contou isso? – perguntou, ainda sem tirar seus olhos da foto, achando inacreditável como aquele garotinho assustado e triste naquela imensidão branca, poderia se tornar um pervertido, sequestrador e assassino... Um monstro.
– Você tem investigado sobre os RRB há bastante tempo. Brick sendo um deles... o tal do Red... Não sei, talvez essa foto seja útil para alguma coisa.
– Hum... – Blossom pensou – Certo. Vou verificar isso melhor depois, qualquer coisa eu aviso ao senhor.
– Certo. Pode ir arrumar suas coisas. Nos comunicaremos no caminho.
Blossom assentiu, guardou a foto e se retirou.
[...]
– Vamos começar a troca de informações. – Rossi avisou pelo comunicador.
Agora, no carro, estava Mitch no volante, Blossom no passageiro e Brick atrás, indo para New Hampshire, White Mountains. Enquanto Rossi e Robin estavam a caminho de Nevada, Las Vegas, de jato.
– Fale primeiro sobre Sedusa, Brick, por favor. – pediu Robin.
Logo, Brick começou a rir, com um sorriso malicioso no rosto.
– Qual é a graça? – Mitch perguntou, olhando-o através do retrovisor.
– Nada... – ele balançou a cabeça, abaixando o olhar – Só algumas lembranças.... – murmurou nostálgico. – Bem, Sedusa na real é só uma ladra louca por joias. Já roubou coisas que vocês como policiais ou agentes nem sabem. Acham que ainda está lá? Que nada. Provavelmente é falso e os capangas dela já pegaram o verdadeiro.
– Capangas? – perguntou Rossi.
– Sim. Ela comanda um grupo bem grande de ladrões. Mas não se preocupem com isso, assim que a rainha cair, eles vão junto. São totalmente submissos a ela, uns ninguém!
– Tem ideia do que ela estaria fazendo em Las Vegas? – perguntou Robin.
– Las Vegas tem tudo o que ela mais gosta: dinheiro, gente ingênua e homens bêbados. Por que não ir para lá?! – Brick revirou os olhos – Deve ter algo de especial por lá. Alguma joia rara ou algo assim. Se duvidar, ela tem uma caverna de tesouros, assim como um dragão teria. Mas não se enganem, de dragão ela não tem nada. A mulher é bonita demais e seduz qualquer homem, então... Cuidado agente Rossi. – Brick riu, divertido.
– Vou fingir que não ouvi essa última parte. – Rossi comentou.
– E o tal Confusão? – perguntou Mitch.
– Hum... Na verdade, no meu mundo, costumamos chamar ele de Fuzzy Confusão. Acho que já dá para adivinhar o porquê do nome. – Brick revirou os olhos mais uma vez – Ele é um ótimo caçador, tanto de animais, quanto de humanos.
– Humanos? – Robin perguntou assustada.
– Sim, ele é tipo um mercenário. Assassino de aluguel, se preferir. Da última vez que fiquei sabendo dele, tinha se aposentado. Mas se você mexe com ele ou com o que é dele... Bem... Reze para conseguir correr o mais rápido que puder. – ele suspirou, recostando-se no banco do carro, cansado de uma noite mal dormida.
– Sabe por que ele estaria em New Hampshire? – perguntou Mitch.
– Lá tem uma floresta. Ele gosta desse tipo de coisa. Deve estar caçando, disso não duvido. Ah... – ele bocejou, deitando-se – Ele também é bom com armadilhas. Já a Sedusa, ela é rodeada de alguns ladrões que andam disfarçados, então...
– Cuidado. Ok, já entendemos. – Robin concluiu.
– Certo. Acho que essas informações podem nos ajudar. Quando chegarem em New Hampshire nos avise. Boa sorte com o caso. Desligando. – Rossi desligou.
– Uau... Sinto que isso vai ser bem tenso. E você, Blossom? – Mitch perguntou. – Blossom? – a olhou, e a mesma estava distraída com a vista que a janela proporcionava, perdida em pensamentos. – Hum. Jojo? – Mitch virou-se e viu o ruivo dormindo, o boné vermelho cobrindo seu rosto. Mitch bufou, voltando a se concentrar na estrada. – É... Mais tenso do que posso esperar.
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