- A nossa família era muito bem de vida por conta dos negócios da pesca. A fábrica ia muito bem e tínhamos conforto para a nossa filha, mas Luíz estressado com o trabalho começou a se envolver com jogos de azar. Todos os dias ia jogar poker com os amigos e logo começou a apostar. Perdemos quase tudo e só não hipotecamos a casa porque não deixei. Luiz foi assassinado por uns homens a quem devia dinheiro, Dominic só tinha 10 anos de idade. Precisei vender a nossa casa e fui embora de San Sebastian, vindo morar aqui em Sacramento para que mal nenhum acontecesse comigo e nem com a minha filha. Vivíamos de uma maneira bem discreta e humilde, pois tinha que economizar o dinheiro que consegui com a casa e com algumas aplicações que Luiz fez, pois era tudo que tínhamos. Mas Dominic já era acostumada com o padrão de vida de San Sebastian e não se conformava em viver daquela forma. Minha menina deu muito trabalho, cresceu rebelde, andava com pessoas estranhas e ostentava o que não tinha. Até que com 16 anos, Dominic engravidou. Fiquei sabendo por um acaso quando um namorado dela veio aqui e falou de aborto, ela não quis e eu dei todo o apoio pra minha filha. O garoto sumiu e apareceu morto 7 meses depois, por causa de um acidente de carro, estava apostando com os amigos na pista
- Isso é chamado de “racha”, é muito comum entre os playboys – disse Megan
- É exatamente isso que vi na TV. A gravidez de Dominc foi muito complicada, pois ela estava triste pelo namorado, porém não queria deixar de ter seu filho. O Dereck nasceu e as coisas pioraram porque por mais que eu ajudasse, Dominic não tinha paciência e nem jeito pra ser mãe, ela se irritava com muita facilidade. Foi então o dia em que acordei e fui ao seu quarto para verificar se precisava de alguma ajuda e ela não estava. Só tinha um bilhete perto do berço de Dereck dizendo que aquela não era a vida que ela queria, que nos amava e que voltaria para nos dar uma vida melhor
- E a senhora voltou a vê-la depois desse dia? – perguntou Megan
- Sim. Depois de quase um ano sumida eu vi nos jornais que uma nova modelo foi descoberta, era ela, mas não com o nome que eu dei, era um nome inventado: Liz Diamonds
- E ela veio aqui alguma vez? – Indaguei
- Veio sim. Ela vinha sempre visitar o Dereck. Trazia presentes, brincava com ele... Ela o amava, mas não tinha paciência pra cuidar dele. Pareciam mais irmãos do que mãe e filho. Até que ela se afastou, depois que casou com aquele cantor famoso, ficou quase 2 anos sem dar notícias
- E a senhora a viu antes dela morrer?
- Eu não, o Dereck sim. Ele mantinha contato com ela, mas só às vezes. Eu estranhei quando ele chegava da escola cada vez mais tarde e dava umas desculpas que não convenciam ninguém, aí depois apareceu com uns presentes caros e ele acabou confessando que foi atrás dela, ele não sabe mentir – riu. Eu e Megan nos entreolhamos
- Eu posso conversar um pouco com ele? – perguntei a Marta
- Pode, ele está no quarto – levantei e fui até a porta do quarto do Dereck, dei duas batidas e ele gritou pra entrar. Entrei devagar e fechei a porta novamente. Ele estava jogando videogame, um jogo bem violento por sinal
- Oi Dereck. Meu nome é Peter, eu sou da Polícia de Los...
- Isso você já disse – disse me cortando e sem tirar os olhos da tela
- Pois bem. Eu queria perguntar sobre a sua mãe – disse calmamente sentando em sua cama com o olhar fixo sobre ele
- O que você quer saber sobre aquela mulher? – disse ainda sem olhar pra mim
- Qual foi a última vez que a viu?
- No dia que nos encontramos e ela me deu esse videogame, depois ela disse pra eu sumir da vida dela porque ela já tinha outra família – disse frio com olhos fixos na tela
- E ela falou exatamente com essas palavras? – disse desconfiado, Liz nunca falaria com alguém daquela forma
- Não, ela disse em código morse – revirou os olhos – claro que com essas palavras, ela não vale nada, nunca ligou pra mim e nem pra minha avó, só pra aquela familiazinha de comercial de margarina que ela tinha
- Onde vocês se encontraram? – Dereck bufou e pausou o jogo olhando diretamente pra mim pela primeira vez
- Por que você quer saber disso tudo? Já não prenderam o marido dela? Foi ele quem matou, é simples: Ela tinha um amante e ele com ciúmes foi lá e matou! Pronto! – disse exaltado e gesticulando com as mãos. Foi quando eu percebi algo no dedo dele
- E essa aliança? Foi ela quem te deu? – disse tentando pegar na mão dele, mas ele foi rápido e puxou na mesma hora
- Não interessa! Dá o fora daqui antes que eu fale com a minha avó e ela coloque você e sua parceira pra fora! – disse levantando. Olhei bem pra cara dele e saí do quarto, andando rápido pelo corredor e encontrando Megan conversando com a Sra Marta na sala
- Vamos Megan, já tenho tudo que preciso – ela entendeu o recado. Nos despedimos de Marta e saímos. No carro, fui tirando o disfarce
- Pra onde vamos agora? – disse Megan. Tirei a peruca de dreads e ajeitei o cabelo
- Pra delegacia. Tenho que denunciar o assassino da minha esposa
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