História Who killed my wife? - Inocente

Olhava de braços cruzados pelo lado de fora da sala de depoimento. Megan, James e a delegada do caso estavam junto comigo enquanto um detetive interrogava o Dereck

- Onde você estava no dia 10 de Setembro de 2016 às 5:45 pm?

- Eu estava em casa – disse baixo

- Alguém que confirme isso?

- Não – disse desviando o olhar. O policial anotou algo em um caderno

- Essa aliança, quem te deu?

- Minha mãe

- Você tinha contato com a sua mãe?

- A gente se encontrava às vezes, ela me dava uns presentes e eu contava meu dia pra ela

- E onde ocorriam esses encontros?

- Em Compton. Num... beco sujo. Aquela maldita não me levava nem a um restaurante. Ela tinha vergonha de mim – disse com os dentes cerrados

- A sua mãe foi encontrada morta neste mesmo bairro, em um beco, estrangulada por alguém que tinha uma aliança na mão esquerda. Tem algo a falar sobre isso?

- Não tenho nada pra falar sobre isso, meu advogado ainda não chegou – disse ríspido, ele tamborilava com os dedos na mesa, com a mão esquerda

- É canhoto, Dereck?

- Sim, e daí?

- A marca no pescoço de Liz indica que quem a matou era canhoto, porque pessoas destras, como o Sr Hernandez, iria agarrá-la com mão direita, não com a esquerda – encurralado, ele bufou desviando o olhar - O que aconteceu aquela tarde, Sr Dereck Luíz Saint? – o menino hesitou. Ficou em silêncio por um tempo e logo confessou

- Ela me ligou, eram 5 pm, eu ainda estava na escola. Fugi e fui pro mesmo lugar de sempre

10 de Setembro de 2016

5:30 pm

- Meu filho! Meu menino – disse Liz e abraçou Dereck, que não esboçou reação alguma – Feliz Aniversário meu amor – entregou uma bolsa grande a ele. Ele abriu

- Mais um presente caro pra suprir sua ausência – colocou a bolsa no chão

- Dereck meu amor, você sabe que não posso expor você e a sua avó a tudo isso...

- Você nunca mais foi lá em casa, eu tive que ir procurar você naquele hospital quando você teve aquela bastardinha, me escondi de todos, tive que me disfarçar pra chegar na “intocável Liz Diamonds” – disse exaltado, fazendo gestos com as mãos, como sempre fazia quando estava nervoso

- Você sabe o quanto tudo isso é complicado. Minha vida não é mais a mesma, eu preciso manter vocês em segurança – disse acariciando o rosto do seu filho

- Você me esqueceu! – disse tirando a mão de Liz de seu rosto bruscamente - Desde que formou uma nova família você não liga mais pra gente. A vovó tá doente e você nunca foi vê-la, ela sofre naquele maldito hospital com aqueles tratamentos que mais parecem sessões de tortura e você nunca deu nenhuma ajuda a ela

- Eu dei sim! Aquele dinheiro que deposito pra você é pro tratamento dela

- Não to falando de dinheiro, mãe, mas de presença! VOCÊ NUNCA ESTEVE PRESENTE!

- E NEM POSSO ESTAR! Minha vida mudou, Dereck. Aprenda a conviver com isso. Vou ter que sumir por um tempo, não me procure – disse se virando pra ir embora, quando Dereck segurou forte em seu braço. Apesar da pouca idade, ele era maior e mais forte que a mãe – O que é isso Dereck?

- Você não vai a lugar nenhum! – disse com o ódio o consumindo

- Eu tenho que ir embora, meu marido e minha filha estão esperando em casa – foi o estopim para o menino ser totalmente consumido pela raiva. Dereck agarrou o pescoço de Liz, o mais forte que conseguia e a encostou na parede

- Você vai pro inferno, junto com a sua família de MERDA! – Liz implorava

- Filho...a... por favor... me deixa ir – dizia com um fio de voz

- Sua “família” vai ficar esperando – disse e apertava mais forte. Liz tentava lutar em vão, Dereck era muito forte e ela estava começando a ficar fraca. Quando ia perdendo a consciência, Liz olhou uma última vez para o seu filho, na esperança dele desistir de tudo aquilo, mas não adiantou.

Ela deu seu último suspiro e fechou seus olhos, parando de lutar e se entregando a morte.

Dereck a soltou, fazendo seu corpo cair no chão e se desesperou após ver a burrada que tinha feito. Foi às lágrimas, pegando seu videogame e indo embora do local correndo.

...

- Eu tirei a vida de uma das duas únicas pessoas que me amam. Eu tive um acesso de raiva quando ouvi da boca dela que ia sumir, eu não ia aguentar ser abandonado de novo. Foi por puro impulso – Nesse momento a Sra Marta entra na sala e ele vai às lágrimas – Me desculpa, vó, mas ela ia abandonar a gente de novo

- Não justifica você ter matado a sua mãe! – disse apontando o dedo pra ele – Não foi assim que eu te criei!

- Me desculpa vó – dizia ele chorando, enquanto era algemado e levado para cela. Quando ele saiu da sala, eu soltei o ar que nem sabia que tava prendendo. Megan bateu no meu ombro e eu olhei pra ela

- Caso resolvido – e sorriu. A surpreendi com um abraço

- Muito obrigado por tudo – a soltei – principalmente por ter confiado em mim

- Faz parte do meu trabalho

- Por que você fez isso? Eu ainda não entendo...

- Isso o que? – disse confusa

- Acreditar em mim. Nem meu advogado acreditou

- Primeiro que eu confio muito no Lawrence, e se ele mandou você pra mim é porque ele acreditou que você era inocente. Segundo é porque eu já passei por isso e o Lawrence teve que se entregar pra me inocentar. Ele só queria que eu passasse a boa ação adiante – fiquei boquiaberto, porém meu coração se aqueceu, com a boa ação e com o sorriso de Megan. Desde que voltamos a Los Angeles tenho reparado nela, seu jeito durão e observador, porém quando tudo dava certo ela sorria, sorria de um jeito terno e doce. Por baixo daquela pose de policial durona, se escondia uma mulher linda – Eu preciso ir, Bruno. Tenho que comprar as passagens pra ir embora e arrumar minhas malas

- Nunca vou conseguir agradecer pelo que fez por mim

- Não agradeça, já está pago – e me surpreendeu com um beijo no rosto, saindo da sala onde observávamos o depoimento de Dereck. Fiquei petrificado por um instante e acordei com James na porta

- Vamos, Bruno! Temos que assinar o alvará de soltura para você poder ir embora

- Espera, James, tenho que fazer uma coisa antes – disse saindo correndo da sala e alcançando Megan no corredor – MEGAN! – ela olhou pra trás e seus cabelos acompanharam o movimento, a deixando incrivelmente sexy

- O que aconteceu, Bruno? – Uma coragem surgiu do nada e eu despejei

- Você... – travei. Vamos, Bruno, coragem! – Você aceita sair pra jantar comigo qualquer dia? – ela ficou surpresa e sorriu logo depois

- Ok. Isso foi inesperado

- Eu sei que foi uma ideia idiota, desculpa

- Calma! – disse me interrompendo – Eu aceito sair com você

- Mesmo? – disse sem acreditar. Ela balançou a cabeça e pegou uma caneta no seu bolso e anotou um número na minha mão

- Me liga quando puder – disse sorrindo e saiu da delegacia

- BRUNO! – gritou o James vindo atrás de mim – vamos, temos que assinar os papéis – O acompanhei com um sorriso bobo no rosto

24 de Dezembro de 2016

- Feliz Natal!!! – levantamos as taças e abraçamos uns aos outros. Abracei meus irmãos, meu pai, toda a família e fui pegar minha princesa no colo. Victoria estava cada dia mais esperta, com quase 8 meses, ela engatinhava a casa toda e sorria pra todos. Ela era a minha alegria e me fazia lembrar a Liz. Fui às lágrimas quando saí da delegacia e a encontrei no colo de Jaime, ela tinha crescido tanto, tava tão linda, toda a minha família comemorou quando foi provada a minha inocência.

A mídia veio abaixo, todos noticiavam que eu não era o assassino de Liz e alguns hipócritas foram revelados. Alguns fãs até se reuniram, fizeram homenagens e mandavam mensagens positivas dizendo que sempre acreditaram em mim, e eu fiquei muito feliz com isso. Gravei um vídeo e postei no instagram, dizendo que tudo estava bem de novo e a turnê iria sim acontecer no ano seguinte, e meus fãs ficaram muito felizes.

Fui despertado dos meus pensamentos quando meu celular vibrou. Ao mesmo instante, Tiara chamou Victoria pro colo dela que foi cedido na mesma hora, minha princesa ama a tia. Tiara se afastou e eu aproveitei pra pegar o celular e lá estava a mensagem

“Feliz Natal, Bruno. Espero estar curtindo sua liberdade rs” Megan

Sorri com a mensagem e liguei pra ela

- Bruno?

- Oi Megan. Feliz Natal

- Feliz Natal pra você também

- Aquele jantar ainda está de pé? – fui direto. Ouvi aquela gostosa risada baixa e sorri junto

- Claro que está, Bruno.