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História Wild Hearts (Part II) - Maybe - História escrita por itspapoula - Spirit Fanfics e Histórias
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História Wild Hearts (Part II) - Maybe


Escrita por: itspapoula

Capítulo 9 - Maybe


A brisa lá fora ricocheteava nos vidros embaçados pela umidade, trazendo consigo o farfalhar das árvores, o canto dos pássaros e a força da chuva que caía lá fora. Clarke grunhiu, remexendo-se na cama e implorando mentalmente para que o vento a deixasse em paz.

Então, como se risse dela, sua intensidade aumentou, trazendo consigo o zumbido irritante do aparelho celular que estava perdido no emaranhado de cobertas. A loira, vencida, remexeu-se mais uma vez, tateando em busca do pequeno aparelho irritante. Sua vontade era encontra-lo e deixar que se afundasse na privada, mas ponderou ao ver que havia várias mensagens.

Sua mãe, Kane, Nylah, Monty, Wells e, a que a preocupou mais: havia uma ligação perdida da sua chefe. Vencida pelas responsabilidades, levantou-se e, munida de cafeína e óculos escuros, foi para o hospital. Tecnicamente, aquela deveria ser sua folga.

Parou na entrada, sentindo a lembrança de quase vinte e quatro horas atrás encher sua mente com as cores e traços de Lexa e seus toques. Abanou a cabeça, mas não conseguiu se livrar delas. Com um peso a mais em seu peito, entrou em sua segunda casa. Encontrou a chefe da traumatologia andando de um lado para o outro na sala de emergências.

“Clarke!” Chamou assim que a viu, jogando um avental para a loira. “Já que está aqui, precisamos de mais um par de mãos.” A loira deu de ombros, vestindo o avental sobre as roupas e pegando uma prancheta.

“O que queria comigo?” Perguntou enquanto buscava o setor de seu paciente.

“Os agentes querem mover sua paciente, achei que gostaria de saber antes que eu a liberasse.”  E, como se aquilo não fosse um soco invisível no estômago de Clarke, a mulher saiu para o meio do caos que imperava naquela ala.

[...]

Octavia andava de um lado para o outro enquanto Anya a encarava com diversão. A morena estava soltando fogo pelas ventas e a loira estava tendo sérios problemas em conter a gargalhada. Anya havia aceitado o acordo e elas já haviam começado a trabalhar nos planos de ação, costurando algumas pontas soltas. Mas, com Anya presa ao hospital, ficava difícil prosseguir.

“Aposto que seu buraco invisível já alcançou a China.” A loira não aguentou e, ao ver a face constrangida e ofendida da morena, riu tanto que sentiu os pontos repuxarem e os olhos aguarem.

“O acordo, Octavia. O acordo.” A morena repetiu para si mesma, diversas vezes, ao se jogar numa poltrona com as mãos sobre a face. Péssima ideia não ter deixado Raven vir no meu lugar, vou acabar matando nossa colaboradora, pensou consigo mesma. Anya, que já havia contido o riso, pegou o livro que uma enfermeira havia arrumado para ela e passou a ignorar os resmungos ininteligíveis da outra.

Ambas estavam imersas em seus mundos interiores quando a porta do quarto se abriu, revelando a face vermelha de Clarke. Anya ficou quieta quando a outra se aproximou para checar seu prontuário e seus pontos. Octavia observava tudo com um misto de irritação, esperança e algo que parecia comê-la por dentro, mas que não saberia nomear.

“Já posso leva-la?” Octavia se levantou, impaciente com a situação e o conflito dentro dela.

“Não, ela precisa fazer exames periódicos para termos certeza de que a infecção está regredindo. Diariamente.” Clarke parecia irritada, o que intrigou as outras duas.

“Nós temos pessoas capazes de fazer essas análises.” A morena tentou explicar, mas Clarke parecia longe de concordar com aquilo. Se deixasse Anya ir, a mulher levaria consigo não só a chance de rever Lexa, como também a chance de encontrar perdão no coração de suas amigas.

“Ela é minha paciente.”

“Nós precisamos dela fora daqui, Clarke.” Octavia parecia cansada, mas isso não era o suficiente.

“Se ela for, terão que me levar junto.” Anya ergueu as sobrancelhas, assustada com a força em cada sílaba. Sentia-se presa no fogo cruzado.

“Nós não podemos te levar!” Octavia bradou, mesmo que fosse uma meia verdade. Ela poderia cumprir o desejo de Clarke e sair de uma vez por todas daquele hospital. Entretanto, uma das razões para odiar ter que ficar ali era justamente a presença daquela loira.

“Então Anya fica.” As duas se encaravam, o azul do céu intigando o do oceano a desafiá-la.

“Finalmente entendi como os filhos de casais divorciados se sentem... Mas, só para constar, eu não tenho poder de escolha?” Anya, com toda sua ironia, libertou-as da prisão de seus olhares, mas não de sua raiva.

“NÃO!” Ambas gritaram e a loira deu de ombros, voltando seus olhos para as páginas do livro.

“Clarke, assine essa merda logo!” Octavia ergueu a voz, já completamente sem paciência. Clarke sorriu, sem realmente sorrir, e saiu do quarto em silêncio. Em suas mãos, estavam os papeis da alta de Anya. Não apenas sem sua assinatura, mas picotado em pedaços disformes.

Octavia ia atrás da loira, se a voz de Anya não partisse ao meio suas intenções.

“Não seja tão dura, Octavia. Nenhum de nós é inocente e todos nós estamos lidando com a culpa.”

A morena encarou a outra com um aperto na garganta e lágrimas nos olhos. Aquelas palavras destruíram o que quer que restasse dentro dela. Mas Anya não havia sequer tirado sua atenção do livro. Não a encarou, não disse mais nada. Nem precisava. Octavia saiu do quarto e se trancou no primeiro banheiro que viu. Sentada sobra a tampa da privada, deixou que os soluços se libertassem. E que a dor tomasse conta de cada pedaço dela.

[...]

Já quase não se via os raios de sol quando Clarke entrou na sala de descansos, implorando para que estivesse vazia. Não estava. Nylah sorriu ao vê-la, não dando tempo para que ela saísse correndo dali. Com passos lentos e inseguros, a mais nova pegou uma caneca de café e sentou-se no sofá.

“Como estão as coisas com sua mãe?” Perguntou quando o silêncio pareceu a sufocar.

“Estamos firmes. E você?”

“Não faço ideia.” Clarke riu, amarga, e Nylah apenas a encarou, sem saber o que dizer.

O silêncio se fez presente entre elas novamente, cada uma perdida nos próprios pensamentos. Nos próprios demônios. Dessa vez, entretanto, não parecia sufoca-las. Era apenas um silêncio que respeitava os limites de cada uma. Clarke repassou a última semana, assustada em como apenas alguns dias a separavam da letárgica normalidade que havia criado para si.

Em apenas quatro dias, todas as estruturas de sua vida foram rompidas, devastadas pelo passado. Ela, contudo, não se sentia devastada. Perdida, talvez. Mas, no fundo, sabia o que queria. Perdão, amor, sua família de volta.

Desde que chegou em Seatle, trabalhou em se conformar com sua nova realidade. Ela não teria nada daquilo, nem a chance de recuperar o que havia perdido. Bellamy estava morto. O abismo criado era irreparável. E ela passou a acreditar ferrenhamente naquilo. Era a única saída para sobreviver. Então, como se tudo se invertesse em um caos genuíno, seu mundo havia se desfeito numa esperança que ela havia enterrado junto com seu melhor amigo.

“Preciso ir.” Levantou-se, certa do que precisava fazer.

A encontrou, quase uma hora depois, sentada em um dos bancos da entrada. Seus longos cabelos caindo atrás do banco, o olhar erguido para as estrelas. Parecia cansada, abatida e quebrada. Apesar de tudo, naquela distância, parecia ainda uma menina. A mesma garota que era capaz de qualquer coisa pelos amigos. Clarke sorriu, sentindo uma saudade sem tamanho apertar-lhe o peito.

“Senti falta de vocês, a cada dia desde aquela noite.” A voz dela despertou a outra que, apesar de ainda encarar as estrelas, a fitava pela visão periférica.

“Nós também.” Uma lágrima escorreu por sua face, Clarke queria enxuga-la. Queria não ter que olhar nos olhos daquela mulher e ver que elas estavam quebradas.

“Não posso dar alta a Anya, não agora, porque ainda não estou pronta para desistir de você e de Raven mais uma vez.” A coragem e força necessárias para que aquelas palavras se livrassem das prisões de sua mente levaram embora todo o controle de Clarke. Com tudo o que havia dentro de si, ela chorava.

“Talvez... talvez não precise desistir.” Octavia não a encarava diretamente, mas sua mão gelada apertou a de Clarke. Em um gestou que significava mais coisas do que cabem em letras minúsculas e palavras rasas.

“Obrigada, O.” A voz rouca e repartida de Clarke ecoou pelo início da noite. E o leque de possibilidade que se abria para elas alcançaria não só aquela noite, mas toda a sua vida.


Notas Finais


Postei e saí correndo hahah
Mas, como preciso dar alguns avisos, vou correr depois deles.
Bom, nós estamos chegando na reta final dessa história e eu queria aproveitar isso para focar nela. Por isso, as outras fanfics ficarão congeladas até eu acabar WH pt.II. É isso, acho.
Beijos e até o próximo (que eu já tô louca para postar, mas ainda não escrevi hahah)


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