Grávida? Aquela palavra assustava Byeol. Como era possível que a ômega responsável pela morte de seu filho agora faria mais do que nunca parte de sua família? Pois geraria uma criança que teria seus genes. Por alguns minutos a ômega mais velha ficou parada, ainda em choque pela notícia dada pela filha àquela hora.
— Mamãe? Sei que não imaginou ser avó sendo uma ômega ainda jovem para sua idade, mas pense que poderá pegar seu neto ou neta sem sentir qualquer dor nas costas. — Brincou Seulgi tentando amenizar os pensamentos da mais velha.
— Isso não pode ser! Não serei avó de nenhuma criança. Filha se separe dessa ômega, ela será a sua ruína assim como foi de Ga-Ram. Te imploro! — Suplicou Byeol caindo aos pés da filha.
Seulgi revirou os olhos para o drama feito por sua mãe, para a alfa toda aquela situação não passava de uma cena muito bem projetada por ela mesma. Byeol sempre havia sido uma mãe extremamente protetora, ao qual havia feito o mesmo melodrama quando Seulgi havia decido sair de Ansan para viver em Seul.
— Mãe... não acho que Joohyun será a minha ruína, pelo contrário, ela está sendo a minha melhor parte e o meu filho ou filha será a minha redenção. Agora por favor pode ser direta no que veio fazer aqui? Como te disse preciso levar Joohyun para o obstetra. — Comentou Seulgi respirando fundo tentando manter o estresse causado por sua mãe.
A mulher vendo que não conseguiria chamar a atenção da filha com aquela situação, se levantou de onde estava de joelhos enquanto Seulgi a encarava com um olhar idêntico a todas as vezes que a ômega mais velha se comportava daquela maneira.
— Você não está me entendendo filha. Seu pai me contou tudo sobre Bae Joohyun e seu irmão. — Exclamou Byeol de repente conseguindo chamar a atenção da filha.
— O que o papai disse? — Indagou a alfa esperando por aquele grande momento.
Byeol respirou fundo, não era fácil para a ômega contar aquilo, afinal mesmo que negasse até sua morte de que não existia favoritos em seu coração, Kang Byeol sempre havia amado seu primogênito mais que sua filha. Falar de Kang Ga-Ram era mexer em uma ferida que a mais velha detestava fazer, porém sentia que necessitava para proteger sua amada filha. Seulgi ouviu todo a história contada por sua mãe, sentindo o frio que começava a se instalar em Seul naquele início de tarde.
— Isso não pode ser verdade. — Arfou Seulgi se ajeitando em seu roupão.
— Está duvidando de seu próprio pai? Como pode colocar essa ômega acima do seu pai e do legado de seu irmão? Como pode estar tão cega por essa aproveitadora Seulgi?.
— Dobre sua língua para falar da minha ômega! Joohyun pode ser tudo, menos aproveitadora. Quanto a essa história estou um tanto quanto cansada de ouvi-la.
— Você não pode simplesmente me ignorar Seulgi! Sou sua mãe muito antes dessa ômega entrar em sua vida.
— Tem razão mãe, porque não jantamos os três, você, papai e eu e resolvemos isso de uma vez por todas? — Sugeriu Seulgi fazendo com que Byeol concordasse.
— Iremos jantar juntos então, vejamos se seu pai consegue pôr o juízo em sua cabeça. Quem sabe ouvindo dele você se convence!
— Quem sabe mãe, mas sugiro não contar a ele o que falaremos no jantar. Quero que seja uma surpresa, já que sempre papai fugiu de me ensinar o básico de como um alfa deve ser.
Apesar de não concordar em outras coisas, Byeol sabia que no sentido de ensinar a vida de alfa, Iseul sempre havia sido um fracasso para os filhos. Assim, o acordo entre mãe e filha acabou sendo firmado. Byeol foi embora e antes que Seulgi tivesse que explicar novamente a Joohyun sobre o que havia acontecido na porta da frente, a mais nova optou por apenas levar a namorada para o obstetra como havia dito no início do dia.
Durante uma boa parte daquela tarde, Liu Xing, um médico chinês contratado por Seulgi fez todos os estudos possíveis trazendo finalmente a notícia que a alfa tanto queria ter. A gravidez de Joohyun era uma realidade, graças a boa tecnologia, o sexo do bebê logo havia sido revelado, uma linda menina ao qual dependia de quando a criança nascesse para que fosse decidido qual seria o gênero da filha, se a pequena seria uma ômega, alfa ou beta. Seulgi desejava que sua filha fosse uma ômega tão bela e atraente como Joohyun, já Joohyun ansiava por sua filha ser uma alfa, pois em um mundo cada vez mais complicado e violento para ômegas, o melhor seria que a pequena fosse o melhor do gênero.
A volta para casa foi de uma pequena discussão entre as namoradas pois cada uma tinha um nome para escolher. Durante aquele momento, Seulgi decidiu explicar a Joohyun sobre o que havia acontecido com a visita de Byeol e o que havia acordado com a mãe.
— Cuidado ok? — Pediu Joohyun olhando para o celular da alfa que não parava de tocar.
Seulgi encarou o aparelho vendo a ligação de sua mãe, indicando que a mais velha já aguardava pela filha no restaurante sugerido pela empresária. Seulgi deixou a namorada em sua casa e voltou de carro para o centro, onde o restaurante estava. O clima que parecia soar tenso, ficou ainda pior quando a alfa de cabelos escuros pisou no restaurante com uma expressão das piores.
— Podemos resolver isso o quanto antes? Tenho uma ômega e uma filha para cuidar. — Esbravejou Seulgi chamando a atenção dos pais que a olharam assustados.
— Então já descobriu o sexo de sua criança com aquela mulherzinha. Iseul, tentei controlar nossa filha, mas ela está completamente cega. — Pontuou Byeol fazendo Seulgi revirar os olhos.
Naquele momento ouvir o pedido da esposa fez com que Iseul engasgasse com a água que bebia. O alfa não imaginava que aquela noite seria de revelações.
— Vamos papai, quero ouvir sua versão. — Exclamou Seulgi sentando ao lado do mais velho.
Iseul poderia facilmente mentir para sua esposa, porém ele sabia que era impossível para sua filha. Por alguns minutos o silêncio se estabeleceu, mesmo com Byeol o chamando diversas vezes.
— Melhor contar a verdade não acha? Chega de mentiras afinal você já é um avô e não quer que sua neta não confie em você, não é? — Forçou Seulgi fazendo o mais velho respirar ainda mais fundo.
— Verdade? O que Seulgi quer dizer querido? — Indagou Byeol confusa com a briga silenciosa entre os alfas.
Após toda a insistência entre Seulgi e Byeol o homem sabia que não conseguiria fugir mesmo que desejasse. Assim sua única alternativa foi finalmente mostrar sua faceta para a esposa que sempre havia o considerado um santo.
— O que você está me dizendo? O que está dizendo? Meu filho não pode ser tão cruel desta maneira. Claramente Joohyun mentiu.
— Queria muito que fosse mãe, afinal se não se lembra Ga-Ram era o meu maior exemplo, meu herói. Saber que ele estuprou alguém apenas para satisfazer seu próprio desejo destruiu meu amor por ele. Papai poderia ter evitado um destes estupros, porém ele não fez, pelo contrário omitir também te faz culpado. Por isso que ele agiu da forma que agiu ao ver Joohyun, mas agora querendo ou não ela é minha ômega e está esperando uma filha minha e não deixarei que você toque na minha mulher papai, se você pensar em apenas olhar para a minha, ouviu bem minha mulher, irei esquecer que somos parentes e mostrarei todo o meu lado ruim que você sempre quis que eu mostrasse por ser uma alfa líder. Acho que isso era tudo, preciso voltar para casa. — Advertiu Seulgi se levantando da cadeira fazendo com que Iseul e Byeol permanecessem em total silêncio.
— Não acredito que todo o tempo apoiei vocês dois quando estavam claramente errados. — Rosnou Byeol olhando para o marido que permanecia em silêncio.
— Somos alfas Byeol, evoluímos por sermos um ser acima dos humanos, mas não quando o assunto é sexual. Quantos outros alfas não fizeram o mesmo que nós? Porque acha que Seulgi está tão preocupada em voltar para casa? Ela agora terá de proteger não apenas Joohyun mas a filha se essa também for uma ômega. Não temos crimes violentos em nossa sociedade, mas temos violência sexual o que é de longe muito pior. Afinal Byeol, quantas ômegas nesse momento estão sofrendo por algum tipo de abuso sexual? Então não me culpe e sim o nosso gênero. — Argumentou Iseul pagando a conta.
Mesmo que Byeol ouvisse com raiva o discurso machista de seu marido, no final das contas a ômega sabia que infelizmente aquela era uma realidade. Durante todo o caminho de volta para casa, em seu carro Seulgi observou o quanto Seul havia se transformado em um lugar perigoso para ômegas. Por alguns minutos a alfa desejou que sua pequena filha fosse uma alfa também, apenas para não sofrer tudo que sua ômega havia passado. Assim que a alfa chegou em casa quase vinte minutos depois um alívio atingiu Seulgi. Estar nos braços de Joohyun trazia não apenas a paz que a mais nova precisava como a certeza que sua ômega estava protegida.
Os meses de gestação passaram rápido, Byeol teve sua redenção por parte da filha. Iseul havia decidido voltar para Ansan, pois o velho alfa sabia o quanto sua presença apenas incomodaria mesmo que sua filha jamais falasse. Graças a vida híbrida, o tempo de gestão de uma ômega havia mudado de nove longos meses para apenas dois meses e alguns dias, fazendo com que dois meses após todos os acontecimentos com Iseul, Joohyun finalmente tivesse sua única filha em uma noite fria de outono. Ansiosa para saber sobre o gênero da filha, Seulgi mal conseguia se manter quieta, no entanto tudo mudou quando o médico que havia acompanhado todo o pré Natal de Joohyun deu o veredito final.
— Então doutor? Devo me preocupar muito ou pouco com o gênero da minha filha? — Questionou Seulgi assim que o médico saiu do quarto ao qual o parto havia ocorrido.
O beta respirou fundo batendo de leve no ombro da alfa que o encarava assustada.
— Estamos em tempos difíceis Seulgi. Porém para a sua infelicidade ômegas nascem aos montes. A cada vinte gestações, dezenove são ômegas, assim você terá todo o trabalho quando a sua pequena alfa crescer. — Sorriu o médico aliviando Seulgi.
Seulgi não poderia prever o que o futuro reservaria para sua filha, não saberia se sua pequena sofreria como Joohyun, ou se teria uma vida sem sofrimentos quando atingisse o seu primeiro cio, mas tudo que a alfa poderia garantir a sua pequena filha era de que ela ensinaria a jovem alfa a ser diferente do que todo o seu gênero era. Seriam novos tempos e Seulgi desejava que sua pequena criança fizesse parte daquilo, um lugar mais seguro não apenas para alfas, mas para a classe mais fraca de toda aquela evolução humana: as ômegas.
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