POV Wendy Hamilton-Bieber
Ah não, atrasada. Como sempre!
Eram 7:50h da manhã, o sol ainda não fervia como de costume naquela época em Miami. Já tem alguns anos que eu e minha família voltamos para cá. Para ser exata, tinham 5 anos, desde os meus 12. Agora eu estava com 17 e ia começar o último ano da escola e eu estava novamente, como sempre, pra variar: atrasada! Meus dois irmãos mais novos, Jayde, de 14 anos e Jacob, de 13, já me gritavam da base da escada, dizendo que iam se atrasar pra aula. Honestamente, porque crianças mais novas sempre tem que se importar tanto com o desempenho na escola? Jayde e Jacob eram meus irmãos adotivos, minha família os adotou quando eu tinha 9 anos e eles já tinham 6 e 5 anos, e o Jacob era um mini-gênio: ele era um freshman do ensino médio com um ano a menos do que todos da sala dele, inclusive a própria irmã, mas isso porque ele tinha sido adiantado na última escola em Nova York, no primário, por saber ler desde que foi morar conosco, o que era cedo demais. Já meu único irmão por parte de pai e mãe, o George, já estava com 22 anos e já ia terminar a College dele em pre-med para então tentar medicina na UM.
De qualquer forma, como estava muito atrasada, enfiei uma blusinha sem manga branca e um short jeans, acompanhado de uma sapatilha e uma mochila surrada qualquer, peguei meu celular, meu carregador e agradeci aos céus por ter colocado a prancha de surfe em cima da toyota sem capô. Em seguida, peguei um dos Waffles que minha mãe sempre deixa em cima da bancada da cozinha e dirigi por 10 minutos até Miami Beach, onde ficava a nossa escola. Eu era realmente muito sortuda porque em Miami existem escolas públicas na beira da praia. Miami Beach High School era um lugar maravilhoso, mas que eu iria querer distância se eu não entrasse para o primeiro tempo de química em menos de 2 minutos.
E não, eu não havia conseguido chegar a tempo. E aposto que meus irmãos também não.
– Atrasada, senhorita Hamilton-Bieber? – eu odiava que minha mãe era orgulhosa demais para me deixar ser normal e ter só o sobrenome do meu pai. Era sempre estranho ouvir o sobrenome dele, porque eu nunca conheci ele. Morreu alguns meses antes do meu nascimento. Mas minha mãe diz que eu me pareço um pouco com ele, mas pelas fotos, eu nunca achei. Na minha casa, todo ano, no aniversário e morte dele, que foi nesse fim de semana, a gente comprava o bolo favorito dele e comia. Meu tio, como eu chamava o segundo marido da minha mãe, nunca se importou. Parece que eles eram amigos, antes de o meu pai morreu.
Com George, entretanto, era um pouco diferente. Por ele ter flashes de memória do pai, no início, mamãe conta que ele não queria a presença do tio Ryan perto, ele tinha apenas 9 anos quando eles começaram a namorar, mas minha mãe não ia deixar isso atrapalhar a felicidade dela. Com 14 anos, a minha mãe perguntou para ele se ele não queria que ela seguisse em frente, porque ele ainda não aceitava Ryan e não queria que os dois adotassem os nossos irmãos, se ele não queria que ela continuasse com a vida dela, e George perguntou se ela tinha esquecido o papai. E então ela disse que quando se perde alguém que se ama, nunca se esquece. George, então, aceitou tranquilamente quando os dois adotaram Jacob e Jayde, e passou a também chamar o Ryan de tio Ryan. Para nós, parece errado chamar outra pessoa de pai.
Minha mãe também me conta sempre do quanto foi difícil seguir em frente. Aceitar que ela precisava seguir em frente, se abrir a novas pessoas, abrir o coração dela. Para ela, 4 anos era muito pouco, não era certo. Mas depois de muito conversar com a nossa avó, Luciana, ela tinha decidido que era hora sim. Que era isso que o Justin iria querer. E assim ela o fez. Além disso, tio Ryan também sempre me conta do quanto foi difícil pra ele decidir se ir atrás da minha mãe era traição para com meu defunto pai, ou não. Do quanto aquela dúvida o matou, mas meu tio Scott o disse e aconselhou a ir atrás do que ele queria e então eles foram.
Agora nós morávamos numa casa em um bairro tranquilo a poucos minutos de Miami Beach, éramos vizinhos da tia Laura e tio Trevor de um lado e a casa do outro lado sempre mudava de dono, então... e a minha mãe acabou, depois de muita indecisão, indo pro ramo da culinária, com vários food turcos pela cidade, enquanto meu tio Ryan era fotógrafo de moda e trabalhava no marketing das empresas da minha mãe.
– Senhorita?
– Sim, senhor Temper. Me desculpe o atraso, não irá mais ocorrer. – e então passei reto até o final da sala, onde sentei ao lado do meu amigo, Kevin, atrás da minha amiga, Alexis, e na frente do meu namorado, Jay, que me beijou as costas.
– Como sempre, né, Dy? – só ele me chamava assim. Dei um pequeno murro no ombro dele. Ouvimos uma batida de porta e era o diretor Ginger, com um menino ao lado dele.
– Professor Temper, esse é o seu novo aluno, Shawn. Ele veio do Canadá e hoje é o primeiro dia dele aqui. – e então aquele cara super alto, branquelo, diferente de todas as pessoas de Miami passou por todo mundo e sentou do meu lado.
– Oi, prazer, meu nome é Shawn. – ele me olhou. E então que eu fui reparar que ele era bonito. Alexis iria gostar dele.
– Prazer, Shawn. Sou Wendy, essa é a Alexis, o Kevin e o Jay – eu disse apontando pra cada um. – Seja bem-vindo a Miami Beach High. – e me virei para a aula. Seria um ótimo ano.
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