Arrumando os óculos pela milésima vez, Jeongguk procurava Taehyung em meio à agitação dos alunos. Levou um susto ao sentir sua mão ser segurada e puxada, aliviando-se ao ver o alfa ali.
— Você parece agitado, o que aconteceu? — Perguntou preocupado, ajeitando os fios negros levemente bagunçados.
— A gente precisa conversar — O menor falou sério, puxando o loiro em direção ao armário do zelador.
— Tudo bem, só se acalma — Falou em um tom baixo, segurando ambas as mãos do ômega — Você parece assustado.
— O papai — Jeongguk respirou fundo — O papai arranjou uma noiva para mim — O maior arregalou os olhos — No desespero, eu acabei falando que estava namorando com você.
— Tá tudo bem — Falou baixinho, o ômega já tinha a ponta do nariz começando a ficar rosada.
— Eles querem te conhecer — Começou a se acalmar quando o maior passou a fazer carinho em sua bochecha — E se eles não gostarem de você, vão me fazer casar com uma alfa que eu nunca vi na vida, que segue as mesmas coisas que o meu pai e — Parou de falar ao ser abraçado.
— Tudo bem, a gente dá um jeito — Taehyung estava com o coração levemente disparado, aquilo parecia uma cena de filme — Eu sei mentir, se você me explicar como funciona, eu finjo ser isso na frente dos seus pais — Deixou um beijo no topo da cabeça do outro, acariciando os cabelos negros.
— Obrigado — Ouviu a voz doce abafada, apenas pôde sorrir de forma reconfortante.
Algumas aulas depois, Taehyung suspirou enquanto se dirigia a uma mesa específica no refeitório, sentindo um alívio ao ver Jeongguk rindo do comentário engraçado de Hoseok. Tentou ignorar uma ômega acenando para ele, mas não conseguiu evitar quando um beta chamou seu nome.
— Oi? — Perguntou com um leve mal-humor.
— Por que não está mais se juntando a nós? — A ômega que acenou para ele questionou, reconhecendo-a como líder do clube de jornalismo, e já havia compartilhado momentos íntimos com ela uma vez — Sentimos sua falta.
— Estou sentando com outros amigos — Respondeu de maneira simples, notando Hyuna saindo discretamente da mesa.
— Mas aqui é mais legal, tem a gente — Uma beta falou.
— Eu vou continuar lá — Sorriu simpático.
— É só chamá-los para cá, todo mundo fica feliz — Um alfa do time sugeriu.
— Eu vou ficar lá, onde todos se sentem confortáveis. — Taehyung falou irritado.
— Com quem você está ficando de lá?
— Estou ficando apenas com o garoto por quem estou apaixonado. Vão me deixar em paz agora? — Falou alto, silenciando todos da mesa.
Estressado, o loiro retomou seu caminho até a mesa, aliviado ao perceber que ninguém notou a cena que acabara de acontecer. Sentou-se ao lado de Jeongguk, que conversava de maneira tímida com Hyuna. Era evidente o quanto a garota estava quase pulando em cima de Jeon, desejando esmagá-lo de tanta fofura.
— Com quem você tá ficando dali? — perguntou, analisando as pessoas na mesa com certo nojo
— Eu to ficando só com o garoto por quem eu to apaixonado, vão me deixar em paz agora? — Falou alto, calando todos da mesa.
Estressado, o loiro voltou a fazer o seu caminho até a mesa, se aliviando ao ver que ninguém percebeu a cena que havia acabado de acontecer. Se sentou ao lado de Jeongguk, esse que conversava de maneira tímida com Hyuna. Era nítido o quanto a garota estava quase pulando no Jeon, querendo o esmagar de tanta fofura.
— Você falou que o seu primeiro beijo foi com um ômega — A Kim falou animada — Como foi? — O Moreno corou.
— Foi com o Baekhyun, eu tinha 14 anos e ele 15. O Hyung sempre gostou de ômegas, e um dia ele perguntou se eu gostava também — Sentiu o queimor em suas bochechas aumentar — Eu falei que nem beijar eu sabia, aí ele me beijou...
— Ah, que fofinho — Hyuna sorria largo, imaginando a cena dos dois ômegas.
Taehyung não falou nada, apenas deixou um selar na bochecha rosada, sorrindo em seguida.
❄��
Jeongguk suspirou enquanto caminhava para trás da escola junto de Taehyung, precisando explicar como sua família funcionava para o maior. Tirou o celular do bolso, aguardando o alfa se apoiar na parede à sua frente.
— Tudo bem, vamos lá — O Kim suspirou, nervoso com o que o outro iria listar.
— Eu te mandei a lista por mensagem. Você vai ter que ser completamente o oposto do que você é — Jeon bufou — Primeira coisa, Deus existe, a religião evangélica é a única certa, o resto vai queimar no inferno.
— O quê? — Taehyung franziu a testa.
— É, e olha que nem em Deus eu acredito. — Ajeitou os óculos — Segunda coisa, alfas são superiores aos ômegas. Não importa, a gente só serve pra limpar a casa e procriar — Viu Taehyung coçar a testa, mostrando sua irritação — E tem uma lista de coisas que eles falam que são um absurdo, que não podem.
— Tudo bem...
— Relacionamentos entre pessoas da mesma classe, como os seus pais; aborto; pessoas de fé diferente, ou sem ela; ômegas independentes; ômegas com mais de 20 anos solteiros; quaisquer tipos de drogas, o que é irônico porque eles bebem. É isso. — Suspirou.
— Como você é assim? — Taehyung perguntou — Como você saiu literalmente o oposto de tudo isso? — Perguntou abraçando a cintura do menor.
— Eu não sei, mas meu irmão é igual a mim — Sorriu pequeno. — Mas sabe o que a minha família também é contra, e eu não? — Perguntou, colocando as mãos no quadril do maior.
— O quê? — perguntou, curioso
— Ômegas terem que se casar virgens — Ficou nas pontas dos pés para alcançar a orelha do Kim — E eu acho extremamente divertido quebrar essa regra — Sussurrou, sentindo o mais velho segurar sua bunda.
— Você consegue pular do fofo para o pervertido tão rápido — Taehyung falou com os olhos fechados.
— Não gosta? — Jeongguk perguntou de maneira fofa, vendo o alfa negar com a cabeça — E se eu te der um agradinho? Por me ajudar com os meus pais? — Perguntou colocando sua mão sob o membro do outro, que estava coberto pela calça jeans — Você vai gostar? — apertou a região e sorriu ao ver o loiro assentir, quase que desesperadamente.
O moreno não falou mais nada, apenas abriu a calça do outro e se ajoelhou, tirando seus óculos e os colocando ali do lado. Assistiu Taehyung abaixar a calça apressadamente, olhando ao redor para ver se estava tudo vazio. Jeongguk tirou o membro de dentro da cueca vermelha e massageou um pouco ali, deixando um selar em cada uma das bolas.
Passou a língua da base até a cabecinha, ouvindo um arfar do Kim. Colocou apenas a cabecinha na boca, chupando e lambuzado de saliva. Ficou daquele jeito enquanto brincava com o saco o alfa durante mais um tempinho, para então começar a engolir o resto do membro. Começou os movimentos de vai e vem, masturbando o que não cabia com uma das mãos, e continuou a brincar com as bolas com a outra. Não era o melhor boquete que já tinha feito, e estava um pouco apressado, com certo receio de serem pegos por algo que ele mesmo provocou
Taehyung não demorou muito para agarrar os fios morenos, começando a ditar os movimentos. Quando estava muito próximo, empurrou mais a cabeça do ômega, que abrigou todo o membro em sua cavidade bucal, logo sentindo o líquido do outro invadir sua garganta.
Retirou a cabeça quase que imediatamente, se aproximando apenas para limpar o membro. Pegou seus óculos, se levantou e viu o maior se arrumando, olhando ao redor. Sabiam que ninguém iria aparecer ali, pois era um lugar escondido que nem os alunos sabiam chegar direito.
— Você é louco — Taehyung murmurou.
O maior passou ambas as mãos pelas bochechas extremamente coradas do outro, limpando as pequenas lágrimas que se formaram durante o ato. Deixou um selar em uma delas.
— Tudo bem — Deu de ombros, ajeitando os óculos em seu rosto.
— Quando eu vou conhecer seus pais?
— Sexta à noite — Jeongguk suspirou — Obrigado por isso, de verdade — Jeongguk falou, recebendo apenas um abraço como resposta.
Dias depois, Taehyung estava nervoso e suspirou ao fechar a porta de seu carro, tendo revisado pela última vez todos os itens que precisaria, focando no papel que teria de interpretar. Andou até a casa que conhecia apenas superficialmente, batendo duas vezes na porta, aguardando que a abrissem para ele.
— Boa noite — Falou educadamente quando um alfa de idade abriu a porta.
— Boa noite, entre — Falou dando passagem — Eu sou o avô do Jeongguk — Apertaram as mãos — Jeon Hyukso.
— Kim Taehyung — Sorriu educado.
— Oi, a gente já se conhece — Um alfa novo falou, o loiro rapidamente reconheceu ser o irmão do ômega.
— Oi Jeonhyun — Falou e recebeu um sorriso cúmplice.
— Jeongguk já está descendo — Uma ômega falou, se curvando levemente enquanto lhe estendia a mão — Hyemi, mãe do Ggukie — apertou sua mão.
— Prazer — Taehyung não conseguia imaginar que aquela família simpática era como era.
— Hyung — Sorriu aliviado ao ver seu suposto namorado descendo as escadas.
— Oi, neném — O abraçou, para em seguida entrelaçar suas mãos, passando segurança um para o outro.
— Esse é o meu pai, Jeon Iseul, e esse o meu tio, Somyun — Apresentou.
— Vamos, Hyemi já arrumou a mesa — O dono da casa falou, indicando para que fossem se sentar.
Andaram até a mesa que estava arrumada; Taehyung se sentou ao lado de Jeongguk, este que estava nitidamente nervoso. Aproveitou a distração dos mais velhos para deixar um selar na bochecha cheinha, se aproximando da orelha deste.
— Tá tudo bem, vai dar certo — Sussurrou, recebendo um assentir.
— Então, Taehyung, faz mais alguma coisa além de estudar? — Iseul perguntou.
— Eu sou o capitão do time de basquete da escola — Respondeu simples.
— Deve transar com vários ômegas então — Somyun falou rindo, causando risadas em todos, menos nos mais novos.
— Ficava com muitos ômegas? — Hyukso perguntou.
— Mais ou menos, mas parei quando conheci o Ggukie — Falou com um sorriso sem graça, estava extremamente desconfortável ali.
— Começou a namorar e abandonou as vadias? — Hyukso perguntou rindo, Taehyung apenas levou um pouco de comida até a sua boca.
— Tudo bem Kim, uma pergunta séria agora, você já transou com o meu filho? — O alfa perguntou, e o loiro sentiu um aperto em sua coxa.
— Não — Mentiu — Gosto do Jeongguk, e eu não vou me casar com um ômega que não seja virgem. — O tom de voz do alfa fazia parecer que ele estava falando algo óbvio, mas Jeongguk viu o ranger de dentes. Ele estava com raiva.
— Mas você não é virgem, não é? — Hyukso perguntou.
— Eu sou um alfa, óbvio que não sou virgem — O loiro sentiu o seu lobo começar a se agitar, irritado com tudo.
Não queria falar aquelas coisas, não queria ouvir aquelas coisas, queria ir embora, queria tirar Jeongguk dali. Sentia a mais pura vontade de bater em todo mundo, de bater até arrancar sangue. Mas querer é diferente de fazer, e precisava continuar naquele papel.
— É assim que se fala — Iseul falou rindo — Gostei de você.
Jeongguk se aliviou com aquela frase, mas sentiu um bolo na garganta ao mesmo tempo. Via o quão irritado o alfa estava, estava se sentindo culpado por o colocar naquela situação. Continuaram comendo, Taehyung passou a apertar a coxa de Jeongguk a cada comentário babaca por parte dos alfas, o que resultou no ômega com a perna levemente dolorida.
O loiro estava à beira do desespero; cada vez que um dos três alfas mais velhos abria a boca, ele sentia uma onda avassaladora de desânimo. Aquela realidade era avessa à sua própria, uma criação que valorizava a igualdade e o respeito, contrastando com a atmosfera preconceituosa em que se encontrava.
Criado por um casal de alfas que conhecia de perto o peso do preconceito, Jeongguk absorveu desde cedo a importância do respeito mútuo. Em sua formação, a lição era clara: ninguém é superior a ninguém. Se um alfa pode fazer algo, um ômega também pode. Se um casal convencional pode prosperar, um casal com estrutura diferente também pode. A maneira como um ômega é tratado deve ser equivalente ao tratamento de um alfa.
O princípio fundamental era simples: desde que não causasse dano a ninguém, cada indivíduo tinha o direito de viver de acordo com seus próprios termos. Esses valores, enraizados em Jeongguk desde a infância, eram agora desafiados pela intolerância flagrante que permeava o ambiente em que se encontrava. A desconexão entre suas crenças e a realidade hostil ao seu redor tornava a situação ainda mais insuportável.
Desembarcar em um lugar onde as discriminações eram evidentes em relação a sexualidades, gêneros, cor, religião e etnia era uma experiência avassaladora para Jeongguk.
A ideia de Jeongguk, um ômega que já compartilhara experiências com a mesma classe, além de ser ateu e distante de ser virgem, residindo naquele ambiente e interagindo com pessoas que propagavam preconceitos, parecia surreal. A discrepância entre seus valores e a mentalidade restrita à sua volta era difícil de acreditar.
A indignação cresceu quando o mais velho do local fez comentários desrespeitosos sobre uma família na vizinhança, composta por dois alfas e um ômega envolvidos em um relacionamento poliamoroso. O homem rotulou o ômega como "safado" e sugeriu que os alfas estavam perdendo tempo com ele.
A incompreensão tomou conta de Taehyungl. Para ele, eram simplesmente três adultos que se amavam, e a sua incapacidade de entender qual era o problema irritava-o profundamente. A intolerância e o julgamento sem fundamento eram, para Jeongguk, um reflexo da mentalidade estreita e prejudicial que ele estava determinado a desafiar.
Ouviu também comentários sobre como dois alfas eram errados juntos, mas ômegas era algo extremamente legal. Fetiche na sexualidade dos outros. Um alfa falar que adora ver dois ômegas juntos, ou um omega falar que adora dois alfas juntos, eram todos nojentos.
Taehyung sentiu um alívio ao encerrar o jantar, observando Jeongguk apressar-se para retirá-lo dali, explicando que precisava despedir-se do alfa e o acompanhando até o carro. Um suspiro escapou do ômega ao entrar no veículo, inicialmente pretendendo apenas conversar com o loiro, mas sua expressão mudou ao notá-lo segurando firmemente o volante.
— Tae? — Chamou suavemente, encolhendo-se.
Não recebeu resposta, mas os olhos vermelhos indicavam que o lobo de Taehyung estava assumindo o controle. Jeongguk desejou segurar a mão do alfa, acariciá-lo para acalmar a tempestade interna, mas recuou ao sentir a aura intensificar. Seu próprio lobo se agitou, mostrando submissão diante de um lúpus extremamente irritado.
— Hyung... — Chamou novamente.
— Eu acho que nunca senti tanto ódio na minha vida — Falou entre dentes, rosnando no final.
Observou uma lágrima escorrer pela pele morena de Taehyung, reconhecendo-a como uma expressão de puro estresse, seu corpo buscando liberar a tensão acumulada.
Sem saber exatamente o que fazer, Jeongguk segurou suavemente o rosto do alfa e o virou para si, unindo suas bocas. Sentiu a boca rígida relaxar gradualmente, indicando que o lobo de Taehyung estava se acalmando. Afastou-se ao perceber que o loiro estava melhor.
— Desculpa — Taehyung pediu baixinho, vendo o ômega negar.
— Eu que te arrastei para isso aqui, eu que deveria estar me desculpando — respondeu no mesmo tom, apressando-se a enxugar as pequenas lágrimas que escorriam.
Taehyung permaneceu em silêncio, selando mais uma vez os lábios rosados do ômega antes de puxá-lo para um abraço reconfortante.
Iria tirar seu pequeno dali, não sabia quando, mas iria
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