O silêncio da floresta me conforta. Os esquilos, corujas, sapos e vagalumes enchem o lugar, tirando o meu sentimento de solidão.
Havia brigado com meu pai novamente. A nossa matilha estava sendo ameaçada mais uma vez, e ele achava que uma coisa boa seríamos conseguir aliança com matilhas próximas. E como pensaram em fazer isso? Dando a amada filha dele como oferta de paz.
Eles acham que por ser fêmea sou mais fraca e menos habilidosa, mesmo que eu prove sempre que sou o oposto do que pensam.
Machistas. No final, são um bando de machistas.
Quase bufo e entro no rio, me banhando e deixando a água gelada me acalmar.
Respiro fundo e consigo ouvir de longe uma movimentação. Os humanos estão fazendo uma festa, pelo visto. Com seus fogos e vibrações altas que poluem minha casa. Bufo suavemente e bebo minha água, deixando minha mente vagar por meus sentidos mais aguçados. Sinto a brisa levantar meus pelos e assoprar minhas orelhas, me estremecendo pelo tempo frio.
A tranquilidade me invade, afunda e consigo distrair a minha raiva, deixando meu coração e mente calmos até que ouço um estouro. Olho em volta atenta e vejo uma bala perto de mim, o cheiro de prata e cobalto me invadem e entendo que não era culpa da festa ou uma simples caçada noturna. Então corro o mais rápido que posso, sentindo tiros me seguirem e as árvores se agitarem com a força do vento, trazendo tensão para a floresta e alguns animais se esconderem pela movimentação repentina.
Ouço botas pesadas e sinto o cheiro de queimado, me seguindo rápido, com aroma de morte e uma áurea pesada. Consigo sentir o pânico me invadir e corro o mais rápido que posso, me escondendo atrás de uma árvore e respirando ofegante, ouvindo o caçador ainda me seguir. Tento buscar ajuda e uivo, chamando reforços, mas sei que não tenho tempo. A única e pior opção que tenho é me transformar.
Fecho os olhos tentando me concentrar e uma dor absurda vem, sinto meus ossos se quebrando, alongando e se dividindo, meus pelos são engolidos por meus poros e queimados por dentro, minhas patas se tornam mãos e pés, a mandibula dói e sinto que meu cérebro vai explodir diante da transformação rápida e dolorosa. Até que, finalmente, consigo ver que está completa.
Equilibro minhas pernas e corro, não ligando para minha nudez, focando em me afastar ao máximo daquele que me persegue. Olho para trás e não consigo ouví-lo ou vê-lo, então desacelero o passo, mas antes que possa ver, tropeço e caio ladeira a baixo, descendo rolando até bater a cabeça e perder a consciencia.
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