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História Words - Pulse - História escrita por Allexyaa - Spirit Fanfics e Histórias
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História Words - Pulse


Escrita por: Allexyaa

Notas do Autor


Oiii
Capítulo novo... espero que gostem ❤️
Na capinha de hj parece que nossa menina cresceu: Ellen ( um mulherão, né)
Éhh senhor Stradlin ..se cuida kkkk

Sem mais delongas
Boa leitura 😉

Capítulo 56 - Pulse


Fanfic / Fanfiction Words - Pulse

Lusco-Fusco (1988)

Lafayette

01 dia antes da viagem

...

- Acha que eu levo mais esse casaco? Só coloquei dois na mala. - Tia Ayla me ajudava arrumar minhas coisas.

- Acho que só dois está bom. Dizem que Los Angeles é bem quente.

- Já ia esquecendo da documentação. - Corro até a escrivaninha pegando o envelope com os documentos.

- Como pode esquecer isso, se é esse justamente o motivo pelo qual está indo para Los Angeles. - Ela sorri. - É somente esse o motivo, não é Ellen? - Tia Ayla me olha de soslaio.

- Claro que sim. Eu sei que poderia ter finalizado todo o curso de especialização em Indianapolis, mas no momento da inscrição, tinha a opção de fazer um estágio lá, e bem, já estava cansada de todo curso de administração que fiz ser somente aqui em Indiana. Além do mais, tia, eu já lhe expliquei que essa área de Planejamento Estratégico é novo por aqui, mas em Los Angeles eles já atuam há anos e poderão me passar melhor as experiências que têm tido nesse ramo administrativo. Será um UP a mais para o meu currículo, sabe como estava difícil conseguir emprego e se essa nova empresa em Indianópolis me deu uma oportunidade quero fazer o meu melhor.

- Ah você falando assim, toda cheia dos termos técnicos, mostra o quanto está crescida, Ellen. - Tia Ayla diz me olhando toda emocionada.

- Para Tia, não seja boba. - Sorrio do seu jeito.

- Mas sabe que Los Angeles é onde...- Ela vem até mim segurando minha mão.

- Ah não tinha...de novo esse assunto? Quantos anos já não se passaram. Isso ficou no passado. Ele agora é um astro do rock, não é como se eu fosse esbarrar com ele pelas ruas de Los Angeles. - Tiro essa ideia boba da cabeça da minha tia.

- Tudo bem...sei que você não...

- Já está tudo pronto, Ellen? - Mamãe surge na porta interrompendo a mim e tia Ayla.

- Quase. - Respondo.

- Sabe que não me agradou nada essa viagem. Para que ir tão longe para finalizar um curso que você poderia muito bem ter feito em Indianapolis. - Ela pontua.

- Já conversamos sobre isso, mãe, e eu não vou voltar ao mesmo assunto. - Respiro fundo e continuo arrumando minhas coisas.

- Tá, tá...entendo que perdi...duas contra uma, não é mesmo? - Ela diz olhando tia Ayla, que me apoiou em tudo na viagem e no meu curso de especialização. - Mas já que vai...não vá se esquecer de levar a joia. Ficou de ajeitar lá, não é? - Ela relembra.

- Sim, verdade. - Vou até a penteadeira e pego a caixinha guardando na bolsa.

- Também vou lhe pedir para que me compre um perfume. Não o acho mais por aqui e talvez você tenha sorte de encontrá-lo em L.A. Mon Guerlain, sabe que é meu favorito. - Mamãe pede.

- É um perfume bem caro, não é Mary? - Tia Ayla observa.

- Economizei um pouco. - Mamãe explica.

- Um milagre ter sobrado um dinheiro assim, visto que sempre reclamou das despesas dos estudos da Ellen. - Tia Ayla relembra.

- Sim, mas uma moeda aqui e outra acolá, fui juntando e quando vi tinha um dinheirinho sobrando. Além do mais, logo Ellen começará a trabalhar e as coisas irão melhorar aqui em casa.

Tia Ayla fita mamãe um tanto desconfiada, nem eu estava entendendo o que estava acontecendo.

- Sei...- É tudo que minha tia diz.

- Ora o que foi Ayla? Será que depois de tanto sacrifício não posso me dar ao simples luxo de ter um perfume que gosto? - Mamãe se alterou.

- Claro Mary, você pode o ...

- Pode sim, mamãe. - Interrompo a conversa das duas antes que brigassem. - Eu irei procurar o seu perfume e prometo comprá-lo se encontrar. Me dê o dinheiro e eu já vou deixar separado aqui na mala.

Logo mamãe sai para o seu quarto pera pegar a carteira.

- Por que disso, tia?

- Eu não entendo sua mãe, vive reclamando que está apertada financeiramente, que não sobra dinheiro pra nada, que tudo vai para os seus estudos, por vezes jogando na sua cara e agora aparece com isso de perfume caro...fora que não é só isso, Ellen...Mary reclama muito, mas não vive com a condição que tanto alega. Ela até tem uma vida muito boa para quem recebe apenas uma pensão do governo.

- Ela sabe administrar melhor as finanças da casa, tia. - Tento amenizar.

- Não, é...deixa pra lá. São bobagens que passam pela minha cabeça. - Tia Ayla volta a me ajudar com a mala.

...

No dia seguinte

...

- Documentos, passagens, dinheiro e cartão. - Confiro tudo na minha bolsa de mão. - Acho que já vou pedir o taxi. - Digo para minha tia.

- Espera, pegue esses brincos, acho que combina com sua roupa. - Ela me empresta seus brincos favoritos.

- Tia, mas e seu eu perder?

- Não se preocupe, são só brincos, Ellen. - Ela sorri.

Coloco-os e tinha que concordar, eram lindos. Jogo mais um pouco de perfume e caminho em direção a porta.

- Só uma coisa, Ellen. - Tia Ayla me chama antes que eu saia pela porta. - Sabe que temos um assunto pendente quando você voltar. Eu não quis conversar antes, mas resolvi tocar no assunto porque espero que nessa viagem você reflita um pouco e mude de ideia quando voltar, afinal teremos pouco tempo para terminar os...

- Ah não tia, já disse que não vou mudar de opinião. Eu não o quero lá. - Respondi séria.

- Ellen, mas é...

- Já não basta o que ele fez na formatura?

- Eu sei que vocês brigaram, mas acho que vocês tinham que conversar, vocês nunca conversaram direito.

- Acho que não precisamos de conversa alguma. Ele me magoou, sabe disso tia, melhor do que ninguém. Eu não... ele me ... - Levo as mãos a cabeça um tanto nervosa.

- Não, tudo bem. Não quero que viaje chateada. - Ela segura em minhas mãos. - Só quero que pense um pouco, quando voltar conversamos com mais calma, tudo bem? - Ela sorri e eu retribuo com um sorriso fraco. - Agora aproveite sua viagem. - Ela me dá um beijo na bochecha.

- Ellen, Ellen...já está na hora, filha. Vai perder o ônibus. - Mamãe grita lá debaixo.

Fiquei conversando um pouco com minha mãe que me fazia milhões de recomendações enquanto tia Ayla ligava solicitando um taxi. Parecia até mesmo que eu era criança.

- Não acha que seria melhor colocar um casaco? - Mamãe ajeitava os botões da minha blusa de manga.

- Mãe, essa blusa já é bem quentinha, não se preocupe. Se esfriar a noite no ônibus eu coloco o casaco.

- Acho que já chegou. - Tia Ayla aponta para o carro parado em frente a nossa casa.

- Assim que chegar lá a primeira coisa que fará é ir até o orelhão e me ligar. Pegue essas fichas, elas darão ao menos pra dizer que chegou bem. - Mamãe coloca as moedas dentro da minha bolsa.

- De onde saíram essas fichas, Mary? - Tia Ayla interroga.

- Achei perdidas na gaveta. - Ela responde e logo me dá um abraço se despedindo, assim como tia Ayla.

- Calma, eu só vou ficar uma semana fora. - Digo para as duas que mal deixavam eu sair de casa.

Por fim entrei no taxi e segui rumo a rodoviária. E em breve...Los Angeles.

...

Los Angeles
...

Confesso que andando pelas ruas me sentia em um filme de Hollywood. Meu coração estava a mil, deslumbrada com tudo que via a minha frente. Uma oportunidade que não pensei nem duas vezes quando surgiu. Passaria uma semana aqui para resolver algumas coisas antes de...Ops...sem querer uma pessoa bem mal-educada esbarrou em mim. E como ia dizendo, uma semana aqui, uma semana na cidade dos anjos.

- Então é isso, Los Angeles. Mostre-me o que você tem de melhor. - Digo isto de frente a entrada principal do Museu de Arte do Condado de Los Angeles, minha primeira parada.

Eu estava deslumbrada com o tamanho daquele museu, o maior do oeste do país, tinha tantas obras, tantas esculturas, tanta arte linda. Parecia às vezes que eu estava dentro de um sonho. Eu havia escolhido o museu, como a minha primeira parada, e não estava nem um pouco arrependida, acho que nada mais nessa viagem me traria maior emoção.

As horas foram passando e eu simplesmente perdi a noção do tempo, por mim ficaria ali o dia inteiro, mas eu tinha outras coisas por resolver.

Saí do museu dizendo a mim mesma que se sobrasse alguma outra horinha naquela viagem, voltaria ali. Por mais que quisesse, não conheci tudo e ainda faltava muitas alas que não cheguei a entrar.

Voltei a caminhar pelas ruas de Los Angeles, que cidade linda, ensolarada e de gente bonita. Tinha uma vibe tão descontraída, mas ao meu tempo, tão hollywoodiana. Confesso que em alguns trechos parecia até mesmo cenário de algum filme. Eu ainda tinha algumas horas antes da minha aula, que hoje seria apenas na parte da noite no prédio sede da escola de especialização, próximo do hotel onde eu estava hospedada. Então eu ainda podia curtir a cidade a vontade.

Assim que entrei na rodeo drive olhava tudo ao meu redor, não queria perder nada, nem as lojas de luxo, as vitrines chamativas, a arquitetura da cidade, os prédios antigos misturados aos novos. Era tudo tão diferente de onde eu vim.

Após atravessar a ala chique da cidade por fim cheguei até West Hollywood, onde me recomendaram boas lojas e restaurantes. Admito que já estava faminta, mas antes de parar em algum lugar para comer, avistei uma joalheria e aproveitei para entrar. Demorei alguns minutos até fazer o orçamento e combinar o horário de retirada.

Sair do local com o estômago roncando decidida em procurar um local para comer urgentemente, no entanto, antes que eu desse algum passo, ouço uma voz surpresa e hesitante a me chamar.

- Ellen?! ... É você?

...




Ayla

Ellen mal havia viajado e essa casa parecia tão vazia sem ela. Sempre era assim quando ela vinha passar as férias e ia embora tudo ficava uma mesmice, mas torcia que ela aproveitasse bem essa viagem.

Estava comendo uma maça antes de sair para trabalhar na loja de discos, apesar de ganhar pouco, eu amava esse emprego. Foi difícil conseguir trabalhar, com as dores de cabeça que diminuíram com o passar do tempo, e também pela Mary que esteve em uma fase péssima depois da separação. Eu realmente cheguei a pensar que íamos ter que interná-la pelo consumo de bebida, mas após um acidente grave ela parou, ou pelo menos diminuiu consideravelmente, apesar de vez ou outra eu ainda sentir o forte cheiro de álcool de seu hálito, o que ela tenta disfarçar com bala de menta.

Só espero que com as mudanças que estão por vir ela finalmente pare com seus vícios definitivamente e se acerte com a Ellen, que apesar das aparências, relação de mãe e filha sempre guarda uma ferida que vez ou outra quer sangrar.

Já ia saindo da cozinha quando ouvir a porta da sala sendo aberta por Mary para uma conhecida da igreja. Ela trazia em suas mãos um estojo com amostras de colares, brincos, pulseiras e anéis de ouro. Pensei que Mary iria recusar, mas pelo visto ela já havia encomendado um conjunto junto a senhora.

- Já vou pegar o dinheiro. - Mary disse a mulher que se sentou junto a cadeira próximo ao aparador da sala enquanto minha irmã subiu apressada pelas escadas.

Admito que fiquei bisbilhotando a compra.

Não demorou Mary voltou com um montante de dinheiro dando a vendedora. A senhora agradeceu e logo foi embora, enquanto Mary tornou a subir as escadas rapidamente indo em direção ao seu quarto.

Não sei o que deu em mim, até porque eu já estava no meu horário, mas subir indo atrás de Mary. Assim que encostei no batente da porta vi a mulher ajoelhada junto as gavetas do guarda-roupa.

- Tudo bem, Mary? - Perguntei.

Vi minha irmã sobressaltar assustada, imediatamente fechou a última gaveta e se levantou rapidamente.

- Não sabia que estava em casa, Ayla, que susto! Pensei que já havia saído para seu emprego.

- Já estava de saída, mas antes vi que comprou umas joias com a Dona Esmeralda. - Mary arregalou os olhos em minha direção.

- Joias? Nossa, que palavra forte, não é mesmo. São apenas umas semi-joias, réplicas muito boas. - Ela foi até a penteadeira pegando as mesmas e me mostrando.

Fitei as belas peças um tanto desconfiada.

- Não parecem réplicas e não sabia que dona Esmeralda vendia semi-joias.

- Ai Ayla, você está muito chata ultimamente. - Mary arrancou o estojo das minhas mãos. - Será que agora toda vez que comprar algo terei que passar por esse interrogatório? Não posso cuidar um pouco de mim, agora que estou livre da Ellen...

- Livre da Ellen? - Arregalo os olhos em sua direção.

- Dos estudos da Ellen. - Corrigiu. - Ela se formou, está prestes a começar um emprego e...a você me entendeu. - Diz.

- Não, você tem todo direito de se cuidar, mas só acho que ultimamente está cheia das extravagâncias. E não se esqueça que também ajudei nos estudos da Ellen.

- Nesse último ano, depois que conseguiu esse emprego chinfrim. - Ela ressalta.

- Mas ajudei. - Pontuo. - E apesar de você sempre reclamar, nunca a vi passando realmente por um aperto.

- Porque sempre soube poupar e administrar bem o dinheiro que recebi. E deveria se lembrar também que este dinheiro te sustentou por muito tempo.

- Bem, acredito que ainda havia algo das minhas coisas que você vendeu. - Rebati.

- Foi para o seu tratamento, já lhe expliquei mil vezes. E não vou mais voltar a esse assunto. - Ela guarda suas joias na gaveta da penteadeira.

- Tudo bem, eu já vou indo mesmo, tá na minha hora. - Saio de seu quarto e desço as escadas por fim saindo de casa e indo para o meu trabalho.

Apesar de seus relatos ainda achava tudo muito estranho. E o que teria naquela gaveta que a deixou tão alarmada? Durante todo o trajeto não conseguia deixar de pensar.

...




Ellen

- Ellen?! ... É você? - Vejo a garota a minha frente me olhando surpresa e um tanto incrédula.

- Amy? - Sorri assim que a reconheci.

Em meio a calçada nos abraçamos fortemente matando um pouco a saudade.

- Menina eu quase não te reconheci. Como você está diferente. - Ela me olhou de cima a baixo.

- Você também está muito diferente. - Olhei para a garota de cabelos castanho claro, longos e ondulados nas pontas.

- Mas me conta... o que você está fazendo aqui?

- Eu conto sim, mas antes vamos parar em uma lanchonete e comer alguma coisa. Estou morrendo de fome. - Conto divertida.

- Ah vamos sim, eu também perdi a hora e nem almocei. - Ela me disse. - Tem uma lanchonete muito boa há duas quadras daqui. Vamos. - Ela me guiou.

Demos alguns passos quando ela olhou para trás reparando o local de onde eu saía.

- O que fazia na Lux? É uma joalheria bem cara. - Ela observa.

- Foi a primeira que entrei, nem conhecia. - Conto.

- Comprou alguma coisa? - Pergunta curiosa.

- Ah não eu trouxe...é....trouxe...uma peça para conserto...como não ficou tão caro resolvi deixar aí mesmo e pegar depois de amanhã. - Explico.

- Só depois de amanhã? Deve ser algo bem difícil.

- É o fecho do meu colar...ele acabou arrebentando e por ser uma peça delicada não quis arrumar lá em Lafayette.

- Aquele colar com a letra "E" que você sempre usava?

- Ele mesmo.

- Quem te deu não foi o ...

- Eu estava sem usá-lo há um bom tempo por conta disso. - Interrompo.

- Olha esse pessoal adora enrolar, se quiser voltamos lá e peço para que arrumem logo hoje. Um fecho não é tão difícil assim de consertar.

- Não...não precisa. Eles me explicaram que o rapaz que mexe com isso só ia chegar no final da tarde e talvez não desse tempo, por isso ficou para depois de amanhã. Como não estou com pressa. - Expliquei.

- Tudo bem. - Ela assentiu. - Olha, a lanchonete é logo ali. - Ela apontou.

...

Após fazermos nossos pedidos, continuamos nosso bate papo.

- Nossa, Ellen, nem acredito que nos esbarramos aqui em Los Angeles. - Amy estica as mãos pegando nas minhas com empolgação.

- Nem eu. Quais as chances? - Sorrio.

- E como você está? Quantos dias irá ficar? Me fala como anda as coisas. Estava com tantas saudades suas. - Ela diz feliz.

- Bem, eu estou bem... - Falo um pouco sobre a minha vida, que havia me formado, que estava aqui concluindo um curso e algumas outras coisas triviais. - E você?

- Eu me tornei assistente do Axl, acredita? Na verdade, da banda, mas sem dúvidas ele me dá mais trabalho. - Ela sorri.

- Axl... - Sorrio. - ...ainda não consigo chamá-lo desse jeito, é muito estranho.

- Eu me acostumei. - Ela conta. - Bem, quando vim pra cá trabalhei numa locadora, o Axl arrumou um cantinho para mim, porque não dava para eu morar na casa com mais cinco garotos bagunceiros. O que eu recebia mal dava para pagar o local. Depois, eles começaram a ganhar algum trocado e ele me ajudava, sabe, a primeira vez que os vi tocar no Troubadour eu tive certeza que eles iam fazer sucesso, porque eles eram realmente bons. E passei na minha folga a tentar ajudá-los nas divulgações, colocando cartazes e tal. Quando explodiram e ganharam dinheiro eles me contrataram, e o cargo que me ofereceram foi justamente ser assistente da banda porque sabiam que a única pessoa que batia de frente com o Axl seria eu. E Acabou que sobrou pra mim. - Ela riu.

- Nossa Amy, deve ter sido muito difícil no começo, mas quando os vejo nas revistas, na TV. Eu fico tão feliz por vocês, pelo Bill ter conseguido ir tão longe. - Digo.

- Ele pode ser um lagartixa magrelo chato, mas devo admitir que meu irmão tem muito talento. - Ela diz orgulhosa.

- Tem sim e eu sempre soube. - Afirmo.

Nossos pedidos chegaram e eu não me contive em avançar na comida.

Amy me contou um pouco sobre o seu trabalho, falou um pouco da sua vida e que estava feliz em poder também está estudando marketing, área que acreditava que ajudaria em seu emprego.

- Tem notícias das meninas? - Ela me perguntou esperançosa.

- Soube que a Bea casou, eu a vi uns dois anos atrás, mas ela se mudou de Lafayette para a Carolina do Sul. Jessica foi morar fora, na Europa, a Carly que me contou, lembra...a fofoqueira da turma?

- Sim, sim. - Amy cai na risada lembrando das fofocas da Carly. - Nossa, depois que nos formamos eu nunca mais as vi. Tenho tantas saudades delas.

- Já a Fran eu nunca mais tive notícias. - Vi Amy se remexer na cadeira. - Na verdade eu nunca entendi por que ela abandonou o Bill e foi embora daquela forma. Foi tudo tão estranho. Você soube de mais alguma coisa, Amy? - Questionei.

- Eu??? Não, eu não soube de nada. - Amy respondeu rapidamente, mas com um tom de voz um tanto falho.

- Bill não comentou mais nada daquele dia? - Insisti.

- Não, ele não falou mais nada depois daquela noite. Na verdade ele só... - Ela fez uma pausa. - ...ele mudou, mudou muito depois daquele dia. - Ela diz cabisbaixa.

- Como assim mudou? - Franzi o cenho.

- Não, nada...é...bobagem. Ele só voltou a ser o mulherengo que sempre foi, não é mesmo? - Ela volta a sorrir, mas senti um jeito estranho em Amy ao falarmos sobre isso.

- Sim, mas ele parecia ter mudado por causa... - Antes de continuarmos esse assunto ela me interrompeu.

- Axl...nossa...ele vai pirar quando te ver. - Amy sobressaltou animada.

- O que? Vê o Bill? - Arregalo meus olhos.

- Sim, Ellen. Se ele souber que eu te encontrei e não te levei até ele, ele me mata. - Ela sorriu. - Vamos, essa semana a banda não está viajando e nos moramos aqui pertinho.

- Sabe, Amy, é que talvez eu não tenha tempo e ...

- Não seja boba, Ellen. O apartamento onde eu e o Axl moramos é a algumas quadras daqui. Vamos, não vai te atrapalhar em nada. Sua aula não é só a noite?

- É so a noite, mas...

- Ah não, não seja chata. - Ela insiste.

- Tá..tudo bem. - Dou um sorriso fraco. - Só moram vocês dois nesse apartamento? - Pergunto com um nó na garganta.

- Sim, só nos dois. - Respiro mais aliviada. - Cada um dos meninos da banda tem sua casa ou apartamento e moram nos arredores. Um tempo eles dividiam a casa, mas depois que ganharam dinheiro cada um foi para um canto. - Amy me contou.

Pagamos a conta e saímos para a calçada onde Amy solicitou um taxi que ia passando na avenida. Ela passou o endereço para o motorista e depois ia me mostrando alguns pontos da cidade. Admito que estava contente em poder revê o Bill e mais tranquila também por saber que só moravam eles dois no apartamento.

...

- É aqui. - Ela aponta para o prédio branco e alto a nossa frente.

Passamos pela portaria e seguimos para o elevador. Paramos no 11º e eu segui a Amy até o apartamento 1102.

- Não repara na bagunça, eu cheguei de viagem esses dias e ainda não tive tempo para arrumar. - Entro o apartamento bem ajeitado, com poucas coisas espalhadas pelo chão. Apesar da pequena bagunça dava para ver que Amy era cuidadosa e tinha um estilo mais clean e aconchegante.

Sentei-me no sofá da sala enquanto Amy foi até o quarto deixar sua bolsa. O rack a minha frente tinha uma TV média e alguns porta retratos de fotos dela com Axl, com a banda, em meio aos shows. Ao lado havia algumas plantas pequenas que alegravam o local. Na mesinha central havia diversos papeis e cadernos com várias anotações que confesso só a Amy mesmo poderia entender com aquela letra.

- Quer uma água? Alguma coisa? - Ela ofereceu assim que saiu do quarto.

- Não estou bem. E o Bill? - Indago. - Está aqui ou saiu?

- Ah não, acho que você não entendeu. Nós moramos no mesmo prédio, mas não no mesmo apartamento. Zeus me livre morar no mesmo apartamento que meu irmão, que mais parece uma zona e um antro de perdição. Não aguentaria todo dia uma vagabunda diferente saindo do meu apartamento. - Amy rola os olhos.

- Todo dia? Está exagerando.

- Quem dera estivesse. - Ela segue até a porta e me chama para irmos até o apartamento do Bill.

- Eu pensei que ele estivesse com a Gigi. - Comento.

- Não, graças aos deuses do rock ele colocou aquela víbora para fora tem uns dois ou três anos.

- Eu pensei que você gostava dela. - Digo.

- Não, eu...eu ...estava errada quanto a ela. - Amy diz sem muitos detalhes.

Paramos novamente em frente ao elevador. Bill morava no andar de cima como ela havia me explicado.

- Olha, não repara no apartamento dele. Homem, sabe como é, uma zona e a faxineira não pode vir no final de semana então deve estar daquele jeito. - Ela alerta. - Também não se assuste se aparecer uma garota seminua, nunca sei quando meu irmão está com suas "convidadas". - Ela rola os olhos.

- Você ainda tem ciúmes do seu irmão, Amy? - Rio com seu jeito.

- Eu nunca tive, ora mais. De onde tirou isso? Só nunca entendi o que essas garotas veem nele. Bem, agora pode até ser porque ele é famoso. - Diz e rio de sua explicação.

Paramos em frente a porta de Bill. Apartamento 1209. Amy bate duas vezes, mas nota a fechadura aberta. Ela abri a porta devagar temendo por alguma cena impropria, mas dá de cara com Bill colocando a carteira sobre a mesa da cozinha que ficava na lateral do balcão que dividia a cozinha do restante do apê. Mais a frente uma sala pequena com um sofá escuro e um tapete bege acolchoado no chão. O rack em frente tinha uma TV, um sistema de som e um toca discos. Entramos devagar, ela foi até o irmão dando um abraço rápido e eu parei ao lado do aparador lateral onde havia algumas bebidas e alguns retratos.

- Ainda bem que está vestido de forma apropriada dessa vez. - Amy diz para o irmão.

- Se não quer ver o que não deseja Amy, é só bater na porta e não ir entrando de vez como sempre faz. Além do mais, acabei de chegar da farra, estava esvaziando os bolsos para ir pro banho e cair na cama. - Ele diz.

Sorrio dos irmãos conversando, parece até mesmo que vivia um deja vu.

- Ora, ora, ora..quem temos aqui? - Finalmente ele deu por minha presença. Bill veio caminhando em minha direção, me olhando de um jeito esquisito, na verdade, me fitando de cima a baixo com um sorriso safado no rosto. Ele pegou minha mão dando um beijo delicado. - Bom dia, honey. - Ele me olhou de forma maliciosa. - Ah Amy, sempre briga comigo por dar em cima das suas amigas, mas trazer uma gata dessa no meu apartamento, não tenho como me comportar. - Ele se vira para irmã e torna a me olhar com ar de cafajeste.

E eu? Apenas começo a rir dele. Bill franze o cenho confuso.

- Ai Axl...vai me dizer que não está reconhecendo ela? - Amy questiona.

Bill me olha novamente dessa vez me analisando procurando em sua memória quando tinha me visto. Depois de muito pensar:

- Ellen???. - Balbucia enquanto eu confirmo balançando afirmativamente a cabeça.

Bill arregala os olhos em minha direção. De primeiro momento coloca uma cara surpresa e de incredibilidade, em um segundo momento dá um pulo para trás e contrai todo seu corpo sentindo repelência por ter dado em cima de mim, ele se sacode todo tirando os pensamentos impróprios que imagino tenham passado por sua cabeça, e por fim, me olha novamente com um sorriso terno em seu rosto vindo até mim me dando um abraço apertado.

- Ellen... - Ele me fitou incrédulo. - Você...tá tão...tão diferente. - Torna me olhar de cima a baixo. - Tá um mulherão. - Me fita novamente e depois sacode a cabeça novamente ao se lembrar que nos tínhamos como irmãos.

- Ah Bill que saudades! - Torno abraçá-lo.

Nos olhamos novamente e rimos do quão diferente estávamos.

Ele também havia mudado bastante, mesmo magro tinha o corpo bem definido, os braços cobertos por belas tatuagens, os cabelos mais lisos e longos, e em sua orelha diversos brincos. Estava também com o estilo diferente, o jeito, o porte...não sabia dizer bem...mas estava mais confiante.

- Mas o que faz aqui? Se mudou para Los Angeles? - Ele perguntou.

- Não, estou passando apenas a semana, vim para um curso. - Expliquei.

- Sempre muito estudiosa. - Ele sorriu.

- Me formei em administração, e bem, quis complementar os estudos. - Disse.

- Eu agora tenho uma banda. - Ele contou tão feliz.

- Eu sei, Bill. Está em todas as paradas, nas revistas, na televisão. Tem até um canal exclusivo de músicas agora, a MTV, e nele não para de passar seus clipes. Eu sempre torci muito para que você fizesse sucesso e eu sabia que você iria longe. - Disse.

- Você foi nossa primeira fã. - Ele falou.

- Fui sim. - Sorri.

- Bons tempos aqueles. Tem notícias do Mike? - Ele indagou.

- Eu soube que...

- Eu vou ter que interromper, a Ellen não vai dizer, mas eu digo. Tá com o cheiro horrível de cigarro, bebida e perfume barato de alguma "zinha" que sei que você arranjou. - Amy diz. - Vá tomar um banho, eu fico aqui com a Ellen conversando enquanto te esperamos.

- Que garota chata. - Bill rola os olhos. - Acha que por ser minha irmã pode mandar em mim.

- Também, mas agora peço como assistente, já que mais tarde temos compromisso, então vá se arrumar para aproveitarmos ainda esse tempinho com a Ellen.

- Eu não quero atrapalhar. - Digo.

- Não, imagina, Ellen. Você é de casa. - Amy sorri.

Bill sai em direção ao banheiro, mas torna a voltar quase que de imediato.

- Onde está minha loção de barba, Amy? Ficou nas suas coisas na última viagem. Eu preciso dela, já que temos ensaio e depois fotos eu preciso fazer a barba.

- Esses dois pelinhos no rosto? - Ela alfineta enquanto Bill a encara sem paciência. - Deve tá lá em casa na minha bolsa, eu não desfiz as malas ainda. - Ela conta.

- Pois vá pegar! - Ele pede.

- Agora, Bill? - Amy questiona.

- Eu tô precisando. - Ele insiste indo em direção ao banheiro.

- Ai, desculpa Ellen, ele é um chato e se eu não for ele vai ficar me enchendo o saco.

- Eu vou com você. - Falo.

- Não, tudo bem, fica aí. É rapidinho, já volto. - Amy diz saindo porta a fora.

- Cadê ela? Já foi? - Bill vem novamente até a sala.

- Acabou de sair.

- Droga, esqueci de pedir para ela trazer meu perfume também. Na verdade, aquela baixinha está com várias coisas minhas. Eu vou logo trazer tudo para cá. - Bill diz indo em direção a porta. - Ellen, você é de casa, então sinta-se à vontade para comer, beber, ligar a TV. A gente já volta e enfim poderemos conversar melhor. - Ele diz indo atrás da Amy.

Eu ainda pensei em ir junto com ele, mas ele foi tão rápido que nem deu tempo eu falar nada. Estava sozinha no apartamento, aproveitei para ver melhor o local. Axl tinha diversos discos de premiações pendurados na parede.

- "Disco de platina por Appetite for Destruction". - Lia em um deles.

Fiquei olhando cada uma daquelas premiações em sua parede, de certa forma sentia-me orgulhosa e feliz por ele ter ido tão longe.

...



Amy

Mas nem com visita o Axl me dava paz. Isso era hora de pegar essa loção. Falei para aquele teimoso deixar minhas coisas no apartamento dele, mas ele disse que estava tudo misturado e não queria minhas "tranqueiras" lá. Chato!

Finalmente havia encontrado a tal loção em meio as coisas da mala quando o vir chegar no apartamento.

- O que faz aqui? E a Ellen? - Questionei.

- Eu tinha que pegar um perfume também, quando me lembrei você já tinha saído. Além do mais a Ellen é de casa e não vamos demorar.

- Que péssimo anfitrião você é. Tivesse ligado. - Apontei para o telefone.

- Eu nem me lembrei. - Ele coçou a nuca, dando um sorriso amarelo. - Mas também queria saber quais das minhas coisas você tem aqui.

- Eu sei lá...você que enfiou essas bugigangas na minha mala na última viagem.

- Não coube na minha, sabe que trouxe o presente que as minhas fãs me deram.

- Não sabia que sutiãs e calcinhas ocupavam tanto espaço assim. - Alfineto.

- Engraçadinha. - Axl ri sem humor.

- Tem esses fones, esse tênis fedorento e essa camiseta. - Mostro o que encontrei na mala. - Ah e na próxima viagem você leva uma mala maior. Esse tênis amassou minha bolsa. - Digo.

- Eu pensei que tinha mais coisa aqui. - Axl me fita pensativo.

- O que? - Indago.

- Eu não sei...não tô me lembrando...só estou com a impressão de que estou esquecendo alguma coisa.

- Bem, não sei o que pode ser, mas não está aqui. Qualquer coisa depois nós compramos outro, ou sei lá, ligamos no hotel para saber se ficou algo esquecido. Agora vamos subir que a Ellen está sozinha lá em cima.

- É verdade...- De repente Axl freou o passo colocando no rosto uma face preocupada.

- O que foi? - Questionei.

- Acabei de me lembrar o que eu estava esquecendo...

- O que??? - Por seu modo devia ser algo muito importante.



Ellen

Estava parada agora junto ao aparador que ficava na parede lateral, onde olhava cada porta retrato que nele havia. Fotos do Bill com a Amy e o Bruce, com outros cantores famosos, com a banda. Peguei a foto da banda com todos os integrantes juntos e fiquei olhando cada detalhe. Os outros pareciam ser caras legais, refleti por alguns segundos.

Estava tão distraída olhando aquelas fotos que nem notava o quanto aqueles dois estavam demorando. Mal havia colocado o porta retrato no lugar, ouvir um pigarrear vindo do corredor atrás de mim.

De primeiro momento, achei que tivesse sido impressão minha, e me mantive parada, de costas para o barulho, mas os passos se tornaram mais próximos. Definitivamente tinha mais alguém naquele apartamento, mas antes que me virasse para saber quem era, ouvir um riso baixo seguida por sua voz, a qual reconheci imediatamente. Não conseguir me mover, meu coração disparou e meu corpo gelou.

- Eu pensei que você já tinha ido embora. O dinheiro que deixei no criado mudo para o taxi já não está mais lá. - Ele falou atrás de mim.

Eu não disse nada, continuei imóvel, sentindo minha respiração falhar.

- Você é loira? Não havia notado, acho que bebi muito ontem mesmo. - Ele falou ainda mais próximo. - Mas com certeza é ainda mais gostosa do que me lembrava ... porque ... - Dito isto ele deu um sorriso safado junto a minha nuca dando uma palmada em meu bumbum logo em seguida. - Já que ainda está aqui porque não voltamos lá para dentro para uma segunda rodada? - Propos.

Mesmo sentindo meu coração saindo pela boca e minhas pernas tremerem, fechei meus olhos, respirei fundo e por fim me virei para frente, ficando cara a cara com ele.

E assim que ele me viu...

***



Notas Finais


Espero que tenham gostado ❤️
Agora vamos ficar um pouquinho em 1988❤️

Até o próximo 😘


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