A espera foi longa. Muito longa. Auram estava completamente impaciente e não conseguia ficar parado no lugar, ficando andando de um lado para o outro na sala de reuniões. Até mesmo Beat parecia estressado com toda aquela situação, embora tentasse manter a calma, ele ficara sentado ao lado da mesa, tamborilando com os dedos na superfície de madeira, mas ele precisava se manter calmo, ele devia se manter calmo, pelos outros. Recon e Donpa, surpreendentemente, eram os mais quietos da sala. Se sentaram numa cadeira só, com Recon deixando seu irmão repousar sua cabeça no seu ombro, enquanto a mesma o acariciava no alto da cabeça e sussurrando algo inaudível para os demais em sua orelha.
“O que raios está acontecendo?!” Era a pergunta que Auram não tirava da sua cabeça desde que Donpa os havia guiado até a sala de reuniões. O que teria Wiz sussurrado em seu ouvido? Será que tinha algo a ver com o caso? De qualquer forma, o único que poderia responder tais perguntas era o próprio Donpa, mas ele não parecia em condições de responder a nada. A jovem raposa está com o corpo inteiro tomado por uma tremedeira incessante, desde a enfermaria até aqui, ele não parou de tremer nem por um segundo. Não fazia ideia do que sua irmã sussurrava em sua orelha, mas não parecia o bastante para acalmá-lo.
E quanto a Wiz? Ela está lá dentro há tanto tempo. Mas será mesmo que havia passado tanto tempo assim ou era a sua ansiedade falando? O corpo de Auram estava tomado por vários pensamentos que o deixavam irrequieto, toda aquela situação lhe parecia extraordinariamente estranha. Já se passou três anos que fora “adotado” pelos Fur Hire e essa é a primeira vez que acontece algo tão intenso desde que passou a morar ali. Vez ou outra alguém machucado aparecia, geralmente Helmer ou o Dyna, mas aquela fenari ele nunca tinha visto ou ouvido falar antes. Não fazia ideia do que estava acontecendo.
Beat, por mais que tentasse parecer calma, era difícil disfarçar, não só pelo tamborilar de dedos sobre a mesa, mas também, por algo que ele provavelmente nunca deve ter percebido que faz, sua perna esquerda não parava de se sacudir. Indo pra cima e para baixo tão rápido que sua perna sequer poderia ser visível a um olho comum. Claro, ninguém estava vendo este movimento que ele fazia por debaixo da mesa, mas a vibração da mesa o entregava. Auram não tinha palavras reconfortantes para seu amigo já, que, sequer sabia o que estava acontecendo e sua mente estava tão cheia de perguntas. Não seria um bom amigo naquele momento então preferiu o silêncio enquanto o tempo passava, mas nada melhorava.
Meia hora depois — ou teria sido uma hora? Ninguém ali saberia dizer — Wiz adentrou a sala de reunião, com o chapelão branco de volta na cabeça e com a carta em mãos que continuava manchada de sangue. Deixou a grande porta aberta e prosseguiu. Todo mundo, menos Donpa, se ergueu no momento em que ela entrou, mas ninguém disse nada. Ficaram com os olhos fixos em sua líder, conforme ela atravessava a sala, até chegar na ponta norte da mesa. “Estranho, ela sempre se senta na extremidade sul”, foi um pensamento que ocorreu na cabeça de todos ali —exceto por Donpa. Ela sentou-se vagarosamente na cadeira enorme e aconchegante, mas não parecia nada confortável. Retirou seu chapelão e o segurou contra o peito com as duas mãos. Respirou fundo e disse.
— Crianças, eu... — Ela começou, mas não parecia saber como terminar a frase, parecia que múltiplas respostas para aquilo se passavam em sua mente ao mesmo tempo e não sabia qual delas escolher. Então, optou pela resposta mais direta. —Crianças, existe uma grande possibilidade dos Fur Hire... Terem sido todos mortos em missão.
O silêncio que tomou conta da sala pareceu algo sobrenatural, era um silêncio ao mesmo tempo ensurdecedor e isso sequer era possível? As palavras de Wiz ecoaram em todos presentes na sala, rimbombando em seus cérebros de um lado para o outro enquanto tentavam processar tal informação. Até mesmo Donpa parara de tremer e ficou olhando fixamente para Wiz. Todos na sala, esperavam. Esperaram por longos segundo que pareciam horas. Esperavam que Wiz fosse terminar aquela frase e dizer que era algum tipo de brincadeira de mal gosto. Mas nada saía de sua boca.
Beat, estava tão desacreditado, tão sem esperança que desabou de joelhos no chão. O fenari sempre calmo, educado e, principalmente, racional, não parecia estar com o cérebro funcionando como deveria normalmente. O que se passava por sua cabeça ninguém saberia dizer, afinal, cada um teve sua própria reação ao ouvirem aquelas palavras.
Recon soltou os braços ao redor de seu irmão e apenas os deixou caírem, praticamente sem vinda, juntos ao seu corpinho. Ela olhava para Wiz, mas não a via realmente. Seus olhos se encheram d’água. Adoraria ter segurado suas lágrimas, mas, pelo visto, estava completamente sem forças até mesmo para isso.
Donpa, que havia acabado de se recuperar do choque que havia tido ao ver todo aquele sangue, seja lá qual for o motivo pra isso, não tremia mais, na verdade, sequer se movia, nem mesmo um músculo, nem mesmo um centímetro. Um sorriso começou a surgir em seus lábios. Mas, pela primeira vez em sua vida, não era porque achou algo engraçado, mas sim, porque não parecia demonstrar nenhum outro sentimento além do que sua personalidade horrível deixava mostrar. Seu sorriso, nesse momento, era torto, seu lábio superior se levantava de uma forma anormal e seus dentinho afiados ficavam a mostra. Mas, seu olhar, era completamente emblemático. Se era dor, ele não sabia. Se era tristeza, ele não sabia. Se era raiva, ele não sabia. Na verdade, sequer sabia que seu corpo era mesmo seu naquele momento.
Já Auram fora tomado por tantas sensações diferentes que sua mente pareceu apagar. Como se não conseguisse lidar com a torrente de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Nunca havia presenciado a morte de ninguém querido, sequer conhecido. Assim como não havia presenciado a morte de ninguém, pessoalmente, mas, a figura deitada na maca, tão machucada e com tanto sangue pra todo o lado, só conseguiu pensar o pior e, sua imaginação, fechou as lacunas do que não sabia sequer havia acontecido. Imaginou a morte de todos os Fur Hire que conhecera, que considerava não só como amigos, mas como família também. A imagem da figura ensanguentada na enfermaria se sobrepôs sobre a imagem de todos os outros Fur Hire, imaginando mortes horríveis e dolorosas demais. Sentiu o gosto de sua bile na sua boca e seus olhos arderem. Mas, desta vez, ao mesmo desta vez. Pelo menos desta vez, não iria mostrar que é um fraco. E, para provar isso, deu o soco mais forte que conseguiu sobre a longa mesa. Mas havia esquecido quanta força havia adquirido no treino com Wulf e, apesar de ter passado mais tempo dormindo do que treinando, sua força não era de se desconsiderar. E, assim foi, a mesa se quebrou ao meio, com um som tão alto que tinha certeza que seria ouvido por cem metros dali. E, gritando, el começou.
— Que porra é essa Wiz?! Como você espera que eu... Que nós acreditemos numa merda dessa? Ha ha! Grande piada, os Fur Hire?! Morrerem assim?! Admito que foi uma piada criativa, mas não tem como isso acontecer, né? Né? NÉ?!
A fúria estava estampada em seu rosto enquanto olhava fixamente para Wiz, mas, sua expressão, era uma mistura de puro ódio com a maior tristeza do mundo. Parecia que queria cuspir fogo por toda a cidade ao mesmo tempo que parecia querer gritar e chorar sem se importar com mais nada. Apenas deixar a dor de sua alma tomar conta de si e sair. E sair com a maior potência do mundo. Até o Sol iria ouvir seu grito de ódio, angústia e tristeza. Suas emoções eram fortes demais, tão fortes que poderiam cobrir o Sol se assim ele desejasse. Ele não se lembrava de nada que lhe aconteceu antes dos dez anos, mas supunha que tinha uma família, amigos, um lar. E, de repente, pareceu perder isso tudo com uma única frase. “Isso não é justo!” Pensou ele para si mesmo. Quase não conseguindo mais controlar suas lágrimas. Seria ele o problema? “Todos os meus amigos e família vão embora... Por minha causa? Se eu nunca tivesse sido achado pelos Fur Hire, será que ainda estariam vivos?”. Logo, o sentimento de culpa devorou quaisquer outros sentimentos que ele ainda tinha dentro sim. Sua fúria foi tomada pela tristeza. E a tristeza tomou conta do seu ser. Auram também caiu de joelhos no chão.
Depois de toda aquela cena, ninguém tinha mais nada a dizer e não sabia sentir outra coisa além da mais pura tristeza. Todos abaixaram a cabeça, menos Wiz, que, abriu a carta em suas mãos com tanto cuidado quanto se fosse um recém-nascido, então, começou a ler.
“Eu, Filo, venho por meio desta carta, avisar que a última missão dos Fur Hire... Deu tudo errado! Fandora caiu e eu nunca vi mais nenhum deles, apenas o Seal, que pareceu falecer na sua rede favorita. No meu desespero, ao vê-lo daquele jeito, eu não conseguia pensar em nada e simplesmente fugi, mancando. Quando eu abri a porta eu saí voando o mais rápido que pude! E o resto, eu não sei dizer, nos perdemos no meio de uma tempestade. Acho que fui a única sobrevivente
Ass. A Fur Hire honoraria, Filo.”
A voz de Wiz pareceu quebrar mais ou menos a cada cinco segundos. Cada frase, cada palavra, parecia uma faca cravada dolorosamente em seu coração e, dessa vez, ela não conseguiu conter suas lágrimas, que pingavam sobre a carta. Auram se levantou repentinamente e tentou tirar a carta de suas mãos.
— S-se você... Se você molhar a carta, vai estragar qualquer pista que temos deles! —Disse e logo em seguida, conseguiu tomar posse da carta. Sorria de uma forma tão esquisita quanto o sorriso de Donpa, ele não acreditava no que Wiz acabara de ler e leu por si mesmo. Leu cada frase, cada sentença, cada palavra. Tudo, em busca de alguma mensagem escondida que talvez pudesse revelar a localização de seus amigos. Qualquer coisa. Qualquer coisa. “Qualquer coisa, por favor!”
Mas nada havia na carta, a mensagem era única e explicita. Não havia mensagem oculta, não havia nenhum segredo ou texto codificado. A carta era o que era: Uma carta com uma mensagem. Nada mais, nada menos. Wiz observou cada segundo do jovem humano, procurando por respostas em vão que nunca encontraria numa carta que nada dizia além do óbvio: Os mercenários Fur Hire estavam mortos. Nada poderia mudar isso e o sonho de Auram parecia cada vez mais distante.
Alguma coisa estava se formando na mente e na alma do humano, algo ruim e bom ao mesmo tempo. Se todos tiverem morrido, então, há vagas. Há alguma chance de ele entrar mesmo assim. Wiz jamais o recusaria, não é? Não é? Se a Wiz virar o próximo líder, ela teria que convidá-lo para fazer parte do time. É assim que funciona, não é? Não é?! Não, não era assim, esse foi um pensamento egoísta da parte dele. Se arrependeu logo depois de tê-lo concluído. “A morte dos meus amigos não é uma chave que irá me abrir portas, eu devo...”. O que ele devia? Preservar a memória dos caídos? Ser um legado vivo do que eles representaram? Nem fenari ele era, então, o que ele devia fazer?
Foi quando o pior pensamento surgiu em sua mente “Se todos aqueles Fur Hire, tão fortes e habilidosos e experientes, foram mortos numa missão... Que chance tenho eu? Um garoto de treze anos sem nenhuma experiência de combate? Como eu pensei. Seria apenas um estorvo, antes e agora também. Eu sou um fraco.”. Nada doía mais para Auram do que se sentir um fracote inútil. Mas, esse pensamento também o machucava. A morte dos seus amigos não deveria doer bem mais? Quem raios era Auram? No que ele estava pensando? Teria sentido ódio do seu próprio egoísmo se não fosse a razão falando consigo logo em seguida. Ser fraco é ruim, mas a morte dos seus amigos, é ainda pior. Sua fraqueza, ele poderia trabalhar isso, poderia se tornar forte. Mas o que traria seus amigos de volta? Nada!
A porta da sala de reuniões ainda estava aberta, então não foi difícil para a convidada machucada encontrar e entrar na sala. E, pela tensão no ar, não era nada difícil que entrasse despercebida também. Mas, pela falta de sangue e a quantidade enorme de machucados, acabou fazendo mais barulho do que o necessário. Ficou parada bem na porta, com sua asa ainda boa, segurando a porta para mantê-la aberta. Sua respiração era ofegante e, de suas muitas ataduras sobre as feridas, um pouco de sangue começou a se manifestar, tornando o branco em vermelho em questão de segundos.
Todos ali foram pegos de surpresa, ela estava tão machucada, tão debilitada que seria bastante razoável pensar que ela dormiria por pelo menos uma semana. Se fosse menos que isso, ainda seria difícil para que ela andasse. Mas ali estava ela, em pé, tremendo, mas segurando a porta com determinação. Respirava com dificuldade e um de seus olhos estava enfaixado por causa do corte logo acima deles. Ninguém ali tinha palavras para dizerem para ela. Era um milagre ela ainda estar viva, mas era um milagre maior ainda que ela ainda conseguisse andar.
Mesmo Wiz parecia sem palavras e sem saber o que fazer ou dizer, foi a primeira vez em tantos anos de vida que ela se sentiu tão impotente quanto agora. Porém, foi Recon quem desceu da cadeira e foi em direção a ave ensanguentada.
— Você não devia estar fora cama, volte já! — Afirmou a raposa com veemência, apesar de sua voz demonstrar que estava hesitante.
As duas eram bem pequenas, Recon tinha menos de um metro, mas Filo tinha metade do seu tamanho. Mesmo assim, isso não impediu que a jovem empurrasse a raposa. Ela estava tão fraca que Recon mal saiu do lugar onde estava. Mas foi o bastante para que ela entendesse que, a jovem ave, não veio esse caminho todo apesar de tantos machucados, com um pequeno rastro de sangue que pingava de suas feridas abertas e através das inúmeras ataduras, que ela queria contar algo de suma importância.
— Eu... — Começou a pequena fenari. Falar parecia um esforço descomunal para ela. Tomou um fôlego, se endireitou e fez todo o esforço do mundo para continuar; — Eu sobrevivi! Então, a minha carta, não é uma certeza absoluta! Eu sei onde está a Fandora. E sei onde está o Seal. Eu... Posso leva-los até lá.
Tal declaração pegou a todos de surpresa ao mesmo tempo que renovou as esperanças de todos os mais novos ali na sala. Se ela sobreviveu apesar dos machucados e veio voando até aqui. Então é possível! Mesmo que improvável... Não é impossível, os Fur Hire podem estar vivos!
— Filo, querida. — Começou Wiz — é provável que você só esteja viva por ter chegado até nós a tempo. Não podemos confirmar que os outros estejam vivos.
— E daí?! — A pequena respondeu. — Eu fiquei muito machucada e voei até por horas, sem descanso! Numa velocidade que eu jamais sonhara que eu conseguiria alcançar. Se eu, desse tamanho, consegui, o que impede de a Mama ter conseguido também? O que impede de todos os outros ainda estarem por aí, vivos?!
Até Wiz pareceu surpresa com tais falas, claro que as crianças esqueceram completamente de que Filo havia visto o corpo de Seal, mas, se existe uma chance, mesmo que pequena, então deveriam aproveitar. Talvez só estejam muito machucados e por isso não conseguiram contactar, não conseguiram chegar até a cidade por estarem sem meio de transporte! Fandora era tudo o que tinham para voltar. Então... Então... Talvez... Além do mais, somente eu sei onde está a Fandora!
— Acredito em você, Filo. — Disse Wiz, botando seu grande chapéu de novo. Ergueu-se da cadeira e caminhou em direção a jovem fenari. Mas, antes, deu uma olhada para trás, na cadeira onde estava sentada. A cadeira reservada para o líder dos Fur Hire por mil gerações. A cadeira que, por alguns instantes, foi dela. — Mas não posso pedir que me leve até lá. No seu estado, é muito perigoso.
— Peraí, “você”? — Levantou Donpa da cadeira e caminhando em direção a sua mestra. Seu rosto estava franzido com raiva, mais um pouco, começaria a rosnar. Segurou na barra do vestido de Wiz e prosseguiu. — Como assim “Te levar”?! Hein?! Eu não quero saber, você ia nos levar para essa missão e agora mudou de ideia?! —Aumentou o tom de voz, ficando meio rouco no processo. — Se nem o Rafale, Dyna e Sagitta estão aqui, acha que você sozinha consegue encontrar todos eles e os trazer de volta a salvo? De jeito nenhum! Eu vou com você, Wiz.
Wiz pretendia começar alguma frase, talvez algumas palavras de sabedoria, talvez uma frase inspiradora. Talvez algo que o fizesse desistir dessa ideia idiota e praticamente suicida. Mas não teve forças. Ou melhor, não teve coragem de prosseguir com aquela linha de raciocínio, pois, logo em seguida, todo mundo presente ali se levantou e foi na direção dela. Com a determinação em seus olhos e os pés firmes no chão. De cara, a mais velha percebeu que, não adiantaria de nada discutir, ou apelar pra razão. Eles iriam mesmo se não fossem convidados. Agora não era apenas uma simples missão. Agora era pra valer. Ninguém estaria levando a missão tão a sério quanto agora. Com seus amigos em perigo, pior, mortos, todos queriam ajudar. Wiz passou seu olhar de um para o outro, passando por Donpa logo a frente, Recon pouco atrás, Beat e Auram lado a lado. Todos estavam dispostos a se arriscarem. Todos dariam suas vidas por aquela missão.
— É uma missão suicida... — Começou Wiz, mas foi interrompida.
— Nós não ligamos! — Disseram os quatro jovens em uníssono. Batendo o punho fechado no peito, exatamente onde ficara o coração. Esse movimento era como os Fur Hire juravam. Era assim que suas promessas se tornavam reais, ao oferecem seus corações pela causa, pela missão, pelos amigos, pela família, nada os faria voltar atrás e Wiz sabia disso. Afinal, fora ela quem inventou esse gesto anos atrás, quando ainda era uma criança fenari, que acabara de se juntar aos Fur Hire, tal gesto, acabou se tornando parte do código dos mesmos. Wiz tinha apenas uma preocupação vinda de toda aquela determinação de jovens tão inexperientes. Acreditava em seus pupilos e acreditava que não iriam atrapalhar, porém, Auram, ainda estava machucado. Como poderia levar um garoto tão jovem e em condições tão frágeis para algo que, ao que tudo indicava, seria uma missão perigosa de resgate. Mas, como dizer não para ele, ao ver seus olhos tão cheios de coragem, oferecendo seu coração para ir em busca de seus amigos. Wiz fechou os olhos por alguns segundos, respirou fundo e então tomou a sua decisão.
— Filo, você ainda não está em condições. — Wiz virou-se de costas para seus protegidos, naquele momento, sabia ela que não podia desperdiçar toda a ajuda possível e a decisão que tomaria a seguir poderia fazer a diferença na jornada que fariam. Poderia significar a morte, mas também poderia ser a esperança que tanto precisavam. Pensou, pensou e pensou de novo e chegou a conclusão de que essa seria a coisa certa a se fazer. O que o destino os reservava, era incerto e não valia a pena apostar com dúvidas em seu coração. Olhou para Filo, com um olhar triste e, enfim, anunciou sua decisão. — Sinto muito, mas, não pode nos acompanhar. Eu só peço, por favor, que nos dê uma direção. — Virou-se de volta para as crianças e fixou seu olhar em Auram. — Nós vamos atrás deles. — Rezava para não se arrepender de sua decisão. “Por favor grandes magos da Cidadela Mágica, por favor, estaria eu tomando a decisão errada?” Pensou consigo mesma.
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