Jimin gostaria de dizer que pelo mês que se seguiu depois do nascimento da filha tudo tinha acontecido da melhor forma possível, que eles tinham se recuperado rápido e foram para casa no período de quinze dias. Ele, sinceramente, gostaria de dizer que isso era verdade, mas tudo não passava de uma mentira se assim fosse dito.
Primeiro foi com a sua bebê que teve problemas respiratórios e passou boa parte do tempo no hospital ligada a aparelhos, seu fígado também deu certo problema e ela precisou passar por uma cirurgia que deixou seu pai ao ponto de ter uma sincope no quarto do hospital. Aquelas três horas foram as mais demoradas da vida dele e Park não deixou de chorar ao ponto de soluçar ao ver a sua menininha lá, bem depois de ter passado por todo o procedimento. Ele por outro lado teve problemas com a sua pressão que se manteve alta por muito tempo e com sua cirurgia, Jimin passou por uma incisão colada o que significa que a cirurgia dele era menor do que a tradicional e só tinha dois pontos, cada uma em sua extremidade.
Eun-ju passou o tempo todo com o filho, porque ela se recusava a deixa-lo sozinho perdido naquela Seul, e Jimin agradecia por isso. Seu pai precisou voltar para casa na semana seguinte ao parto porque a casa não podia ficar sozinha e ele precisava gerir a oficina ou as coisas desandariam de um jeito imaginais, tinha ótimos funcionários, mas nenhum gerenciador. Yoongi e Yoseob também estavam lá nesse meio tempo dando todo apoio e abrigo que pai e filha precisavam, naqueles dias Park aprendeu o verdadeiro significado da palavra amizade e agradeceu aos deuses por ter conhecido pessoas tão boas desde que chegou em Seul, sinceramente não sabia o que iria acontecer caso não tivesse eles ali.
Chin-Hwa também apareceu lá mais vezes do que parecia permitido, ele era o responsável por sempre fazer Jimin rir e até levar doces as escondidas para Park. O garoto chegou a chorar abaixado diante a incubadora quando viu a prima pela primeira vez, tão pequena dentro daquela caixa transparente ligada a vários fios e aparelhos. Chorou e amaldiçoou o pai por ter atazanado o seu hyung ao ponto da gravidez se complicar ainda mais. Eles não se falavam mais e até sua mãe estava meio abalada com o marido depois de tudo que aconteceu.
Um mês assim passou e quando enfim os dois puderam ir para casa, todos se sentiram aliviados. A menina recebeu o nome de Jeongyeon, Park Jeongyeon, que era um nome que Jimin certamente receberia caso tivesse nascido mulher, ainda mais que ele gostava da sonoridade do nome, era forte e era isso que ele desejava, que sua filha fosse forte. Em casa, ele tentava se adaptar as mudanças que ocorreram, de um dia para a noite sem aviso previu sua filha veio ao mundo e ele precisava aprender na marra como lidar com essa situação. Não que estivesse reclamando, de forma alguma, depois de tudo que passou ele só tinha que agradecer por ela está bem e saudável, por ela está viva, mas isso não anulava suas obrigações.
Naquele instante ele estava deitado na cama com a sua mãe, Eun-ju estava de passagem comprada para ir de volta pra casa e ele teria que encarar toda sua realidade sozinho. Yeon estava no meio deles dormindo seu soninho enquanto chupava sua chupeta depois de ter comido e feito coco, pelos deuses, Jimin nunca imaginou que um bebê podia ser tão fedorento quando sua filha sujava as fraldas. Os dedinhos dele fazia um carinho leve na barriga estufadinha e seus olhos não conseguiam desviar da imagem do rosto sereno dela, dormindo em paz porque ela não tinha que se preocupar com nada nesse mundo, enquanto ele estivesse ali, nada de mal iria acontecer a sua menina.
Quando mais novo, ao ouvir seus pais falando do amor que sentia por si, Park jamais imaginou do tamanho e a intensidade daquele sentimento, sinceramente, nem quando ele descobriu da gravidez ele imaginou que poderia amar alguém da forma que amava aquele pedacinho de gente deitada ao seu lado. Quando ele fez aqueles exames e descobriu que um filho estava por vim, ele só pensou em como iria se livrar daquilo, em como faria para que sua vida não mudasse em nada e fazer como se nunca tivesse acontecido, Jimin se recusava a aceitar tal destino. No entanto, sua gravidez começou a dar problemas e a única coisa que ele conseguia pedir era que sua filha se mantivesse segura até o final, que ela fosse forte o suficiente e um pouquinho mais paciente, o sentimento de rejeição sequer passava pela sua cabeça todas as vezes que ele imaginava perdendo-a. Então ela enfim nasceu e ele foi atingido por um amor tão forte e tão avassalador que chegava a lhe tirar o ar, seu peito doía de tanto amor, ele passaria suas horas inteiras ao lado dela apenas a olhando porque para Park não havia nada nem ninguém em todo o universo que fosse tão linda quando sua menina. Pensar em tê-la longe massacrava sua alma, ele chegou a ter pesadelos certa noite com Taehyung descobrindo ter uma filha e tirando-a de si. Céus, ele chorou como uma criança perdida.
Com ela ali ao seu lado nada tinha o mesmo valor, nada tinha a mesma importância. Ele não ligava se a partir de agora tudo seria mais difícil, se ele tinha que adiar alguns de seus planos e se desfazer de alguns sonhos, ele não ligava se seria cansativo sua rotina, que ela iria crescer e as coisas ficariam mais complicadas, que ele tinha uma filha que dependia inteiramente de si e sua vida giraria em torno dela. Para falar a verdade, Jimin não se importava com mais nada desde que Jeongyeon estivesse ali, do seu lado, segura em seus braços e bem de saúde. As demais coisas ele correria atrás, nunca foi alguém acomodado e não começaria a ser agora, ele tinha uma filha e ele ia cuidar dela da melhor forma possível porque ele amava aquela bebê mais do que tudo na vida.
E era por isso que ele também se preocupava. Porque ser pai também era se preocupar, os tais ossos do oficio e por mais que desejasse não se tornar paranoico, Jimin se via pensando em coisas que certamente demoraria um tempo significativo para acontecer. Coisas como quando ela começasse a criar dentes e o quão sensíveis e irritadiços os bebês ficavam naquele período, até mesmo quando ela começasse a ir para a escola e de como as pessoas a veriam. Ninguém nunca estava preparado pra ver seu filho sofrendo.
- Você acha que eu serei um bom pai? - ele sussurrou para mãe ao que Jeongyeon deu um leve espasmo e chacoalhou as mãos para cima, Jimin achava fofo aquilo porque significava que ela estava sonhando com o tempo que ainda estava na barriga sendo movimentada o tempo todo. Como ela tinha nascido antes do tempo, ela sentia mais frio que a maioria dos bebês recém-nascidos o que significava que ela sempre tinha que ficar enrolada em camadas de cobertores ou acabaria com soluço, e naquele instante não era diferente. - Digo, será que eu vou ser capaz de cuidar dela como ela merece, mãe?
- Ninguém nunca sabe 100%, Jimin, mesmo que você leia livros e peça dicas com as pessoas, você só vai saber cuidar bem da sua filha cuidando dela, eu mesma passei muito perrengue com você. Com o tempo vocês dois se adequam um ao outro. - Eun-ju afagou os cabelos lisos e pretos de neta sentindo o cheirinho de bebê. Não podia dizer que ela parecia muito com Jimin, na verdade, arriscaria a dizer que ela lembrava alguns traços de Taehyung como a boca e o formato do rosto, céus, a menina até mesmo tinha a mesma pinta que Kim tinha na ponta do nariz, não era nada muito visível e nem poderia dizer que alguém saberia quem era o outro pai apenas de olha-la, mas Eun-ju podia apostar que se Gayoung visse Yeon sabia que era sua neta também. Mãe sempre sabe. - Mas sabe de algo que eu tenho certeza?
- Do que?
- Que os deuses não podiam ter dado a Jeongyeon um pai melhor. - sorriu vendo o modo o filho encolheu os ombros e olhou para ela com um ar choroso - Você vai ser um ótimo pai Jimin, tenho certeza.
- Mamãe... Eu não quero que as pessoas menosprezem a minha filha por um erro meu, não quero que olhem torto pra ela porque somos só nós dois ou que um dia os Kim a tirem de mim.
- Bem, amor, eu não posso te dar a certeza de que isso não vai acontecer, mas se sim, você terá maturidade o suficiente para lidar com isso. O julgamento de ninguém tem que interferir na sua vida ou na vida da Yeon, pelo contrário, se alguém estiver falando sobre isso mostre a eles o quão forte o meu menino é e o quão bem você cuida dela, e nunca, nunca mesmo ache que você cometeu um erro, tudo bem? Independente do percurso que você fez e do caminho em si, agora você tem a sua filha nos braços. Me diga, você prefere sua vida agora, com toda as dificuldades, mas com ela ao seu lado ou a que você tinha lá comigo e com o seu pai?
- Com ela, sem sombra de dúvida! - respondeu sem pestanejar, ele sequer precisava pensar a respeito.
- Então nunca diga que foi um erro, nem suas atitudes nem a sua filha. E no que diz respeito aos Kim, bem, em algum momento você vai ter que contar ao Taehyung que vocês tem uma filha, tanto por ele, quanto por ela, mas isso é algo que você não deva pensar agora, filho, você só tem que aproveitar o momento... - agora era Eun-ju quem tinha os olhos marejados, era indescritível a sensação de ser avó, porque a emoção é em dobro. Saber que o seu bebê agora tem um bebê é uma sensação única. Assim ela olha para a neta e passa o nariz com carinhos pelos fios de cabelo dela, Yeon nasceu um bebê bastante cabeludo, enquanto uma lágrima escorre de seus olhos – Céus, eu ainda lembro quando você era assim e o quão mais fácil era cuidar de você... Às vezes eu só queria que você voltasse a ter esse tamanho.
Eles ficaram presos naquela bolha de carinho e lagrimas até que Yeon acordasse reivindicando a atenção do pai e com as fraudas sujas. Jimin precisava de muito cuidado para cuidar da filha na hora do banho, como ela nasceu muito pequena e ainda estava com os pontos da sua cirurgia, os médicos o recomendou a dar banho nela apenas duas vezes ao dia, pela manhã quando a temperatura estava mais quente e no final da tarde para quando fosse dormir. O tempo estava quente devido ao verão, mas a menina ainda continuava nas suas ondas de frios, sempre começando uma sessão de soluço quando Jimin deixava ela mais livre das cobertas.
Depois que limpou a filha, ele tratou de alimenta-la. Ele não produziu muito leite, seus mamilos ficaram levemente inchados, mas não ao ponto de ter alimento suficiente para sustenta-la, então a menina tomava um tipo de leite especial para recém-nascidos que custava muito alto e Jimin precisou tirar boa parte do dinheiro da sua minúscula poupança para comprar algumas latas. Park não sabia o que exatamente faria quando aquele dinheiro acabasse, não tinha um emprego e nem a expectativa de um já que tinha trancado a faculdade assim que se mudou para casa dos Min, pois não podia se deslocar tanto para estudar, e definitivamente ele não iria pedir dinheiro aos seus pais ou ao Yoongi, não era justo em todo caso. Primeiro que seu pai e sua mãe estavam lhe ajudando em muita coisa, eles gastaram um dinheiro que não tinha comprando o que faltava do enxoval da Jeongyeon e Yoongi, bem, Jimin estava morando na casa dele sem pagar por absolutamente nada. Usando o quarto de hospede, usando da sua água, da sua eletricidade e comendo da sua comida, não era justo pedir por mais mesmo que ele não se importasse nenhum pouco em ajudar. Yoseob era um homem abastardo que tinha dinheiro não só pela rede de farmácias que tinha constituído junto ao ex-marido, quanto pela herança que herdou dos seus pais, mas não era por isso que Jimin se via à vontade em pedir algo a ele ou ao seu amigo, não mesmo.
Ele só tinha em mente que daria um jeito como sempre fez, esperaria sua filha está completamente recuperada para assim ir atrás de emprego, nem que fosse um de meio período que pagasse meio salário, ele já estaria feliz se conseguisse arcar com o dinheiro das fraudas, leite e o médico da Yeon. Depois, quando o outro semestre na faculdade começasse, ele voltaria as aulas, se formaria e conseguiria um trabalho adequado em sua área, ganharia dinheiro e poderia viver com sua vida em um lugar dele, mesmo que fosse minúsculo. Jimin daria um jeito, ele precisava dar um jeito. Mas enquanto isso ele teria um minuto de paz ao menos, deitado ao lado da sua filha após ela ter tomado seu leite e arrotado.
Lado a lado, ele tinha o pequeno corpo da bebê junto ao seu na cama, ela estava acordada, quietinha agarrada ao dedo do pai como se quisesse mantê-lo ali. Park olhava meio abobado para ela, impressionando em como alguém tão pequeno podia ser tão linda e perfeita, porque sua filha era simplesmente perfeita. Tudo nela. Dos seus dedinhos dos pés, aos fios negros do seu cabelo, suas mãozinhas minúscula e sua boca pequena que sumia sob a chupeta. A barriga estufadinha e as perninhas que esticava no colchão. Linda, absurdamente linda e Jimin não pensou duas vezes ao esticar o braço livre e alcançar sua máquina fotográfica sobre o criado mudo ao seu lado.
Mesmo muito novinha, Jeongyeon já tinha mais fotos do que o seu pai a vida inteira, porque Jimin não podia perder todas as oportunidades para fotografa suas filha, seja ela chorando ao acordar com fome, seja Eun-ju lhe dando banho, com Yoseob cantando para ela ou Yoongi a ninando e pondo para dormir, até mesmo ela enrolada em seus cobertores e esparramada na cama daquele modo que estava. Fazendo jus a profissão que almejava tanto seguir, Park estava sempre ali com a máquina em mãos pronto para fotografar a obra de artes mais linda do universo todo. A sua obra de artes.
Céus, Park Jimin amava tanto, mais tanto Park Jeongyeon que ele só conseguia agradecer mentalmente a Taehyung por ter lhe dado algo tão precioso quando sua filha, só conseguia agradecer por aquela fatídica noite no aniversário do Kim quando eles não se protegeram devidamente, porque agora, com ela ali, mesmo que pudesse voltar atrás e fazer diferente, ele não faria. Não que ele achasse certo transar sem camisinha, não, pelo contrário, ele acreditava que todos os métodos contraceptivos eram validos e tinha – deviam – ser usados, principalmente camisinha que prevenia muito mais do que filhos. Ele só não se via mais sem Yeon e sentia-se bem, finalmente, com suas ações "erradas".
Era até engraçado pensar daquela forma, pois no início da gravidez ele só conseguia pensar em como iria se livrar dela, chegou a praguejar sua filha como se a bebê tivesse alguma culpa, para agora estava caído aos pés dela como um idiota. O mundo dava mesmo voltas e ele não podia está mais contente com isso. As coisas não seriam fáceis, mas ele tinha ela agora e mesmo que tudo desse errado, Jeongyeon estava ali segura em seus braços e isso não tinha preço.
Quando então a sua mãe foi embora para casa, ele soube que mais do que nunca ele teria que ser adulto e pensar no bem da sua filha, porque agora eram os dois desbravando o mundo imenso acima deles. Ele tinha que ser forte por si e por ela, e assim Jimin seria.
* * *
A amizade entre Park Eun-ju e Kim Gayoung se deu de uma forma tão inesperada e se tornou tão sincera em tão pouco tempo que chegava a deixar ambas as mulheres surpresas.
Dong-run não apreciava muito aquilo, ele achava perigoso demais ter sua esposa envolvida com aquele tipo de pessoa, apesar de não ter interesse algum na vida das pessoas, a oficina dele o deixava bem informado sobre como as pessoas agiam e ele sabia que o Deputado era o tipo de homem que ele certamente não queria perto da sua família. Algumas pessoas falavam bem demais dele, enaltecendo como um deus, enquanto outra simplesmente o detestava sem meios termos. Não havia uma parcialidade ali, não havia uma miséria pessoa que tivesse uma opinião formada sobre seus sentimentos sobre o político, que apenas gostasse ou não gostasse e isso deixava o senhor Park muito desconfiado.
Quando alguém era amado demais ou odiado demais, algo nunca estava certo e Dark-hu tinha uma quantidade imensa de pessoas nesses dois patamares. No entanto, independente do que pensava, ele sabia que sua mulher era esperta e inteligente o suficiente para saber lidar com aquela situação da melhor forma possível, estaria ali ao seu lado sempre que precisasse. Acreditava no julgamento de Eu-ju e se ela dizia que Gayong era uma boa pessoa, então ele não teria dúvida quanto a isso.
Todavia, no outro lado da moeda, as coisas não fluíam de um modo tão saudável quanto na casa dos Park.
Kim Dar-hu odiava aquela amizade e sequer ouvia quando a mulher dizia que nada que ele falasse mudaria seus sentimentos pela senhora Park, porque Eun-ju e seu marido eram pessoas honestas e dignas que mereciam respeito e não admitia qualquer ofensa destinada a eles. Segundo o homem a mulher estava preparando uma armadilha para esposa e assim conseguir tudo o que queria, usando de um jeito sínico e dissimulado, a ludibriando como uma boba, para lhe arrancar tudo das mãos. Certa noite ele ousou falar aquilo na mesa de jantar diante os filhos e não ficou nada contente quando Taehyung gargalhou alto das suas palavras dizendo que Park Eun-ju jamais, em hipótese alguma agiria daquele modo com sua mãe, pelo contrario, era até mais fácil Gayoung está agindo de má-fé com a mulher do que aquela para com essa.
"Nunca ouvi tanta asneira, meu pai, a senhor Park é uma mulher sem fingimentos, com uma personalidade transparente e de personalidade forte. Ela jamais usaria de artimanhas para ganhar algo sobre a mamãe, ela é uma mulher forte e tem o seu orgulho, de onde acha que Jimin herdou sua cabeça dura?", Taehyung falou assim que conseguiu livrar-se da sessão de risos que lhe acometeu. Apesar dos pesares, ele não deixaria que alguém, nem mesmo o seu pai, ousasse falar assim da mãe do seu doce Jimin. Porque os dois eram parecidos de uma forma irritante e falar de um consequentemente falava do outro e isso ele não admitia, já não bastava ter machucado seu ex-namorado, não precisava de mais atos covardes para sua coleção.
Na ocasião, e em todas as outras que aquele assunto foi abordado em família, Jungkook se limitou a sair dos aposentos em que estavam e ficar o mais longe possível da conversa e principalmente das palavras ácidas do seu pai. Ainda pensava muito no Jimin ainda que já tivesse aceitado o fato de que ele não iria voltar. Mas ouvir falar nele não lhe deixava lá muito animado, ainda mais depois da vergonhosa noite onde ele saiu com uns amigos, bebeu até vomitar na própria camiseta e ligou chorando para o Jimin. Céus, ele queria morrer de vergonha toda vez que pensava nisso e até pensou em ligar na manhã seguinte pedindo desculpas pelo ocorrido, mas deixou para lá, melhor ninguém ficar sabendo sobre seus atos vergonhosos.
Voltando as duas mulheres, a amizade delas tinha se tornado tão firme que em todos aquele meses, desde o fim do namoro entre Taehyung e Jimin e a partida repentina do Park, as duas se encontravam de modo esporádico e trocavam um número considerável de telefonemas. Eun-ju não era muito de ficar pendurada no telefone, mas não se importava muito contanto que fosse com Gayoung. Elas conversavam sobre tudo um pouco, desde os cuidados com a família até sobre um filme qualquer que tinham assistido na Tv, não fofocavam muito, em todo caso. Primeiro que nenhuma era de fato fã desse tipo de hábito, segundo que o ciclo de amizade das duas eram bem distintos e elas certamente não saberiam discutir a respeito disso.
Um assunto decorrente delas, no entanto, era seus respectivos cônjuges e filhos. Gayoung não pensava duas vezes em abrir a boca para dizer o quão feliz ela estava por Taehyung enfim ter acordado pra vida e está fazendo alguma, tinha entrado para a faculdade e aceitado alguns bons trabalhos como modelo, ele até tinha feito uma pequena viajem no final de semana para a cidade vizinha para fazer um trabalho. Não era lá muita coisa, mas pelo menos ele estava dando seus próprios passos, não ficava mais em casa andando de um lado para o outro como um zumbi. Ele até tinha saído com uns amigos e tinha reafirmado laços com Hoseok, o que era ótimo porque Jung era uma boa companhia. E ela também tinha Jungkook para se orgulhar em falar do seu grande homenzinho que se tornava cada dia mais adulto, amadurecendo e se tornando independente. Ele tinha acabado de arrumar um serviço de meio período na biblioteca da cidade onde lia para crianças pequenas associando com suas aulas no curso de Jornalismo.
E tinha o Dar-hu, bem, ela não falava lá muito bem dele, na verdade, porque Gayoung não podia está mais insatisfeita com o seu homem. Primeiro que ele já não era lá exatamente o mesmo com quem se casou e segundo por ele não ser o mesmo com quem se casou. Certo, o olhar apaixonado ainda estava lá desenhado nos olhos dele, as atitudes protetivas e o modo como ele sussurrava "eu te amo" que a beijava antes de ir para o trabalho. Mas a essência, a tão valiosa essência tinha se transformado em outra totalmente diferente. Kim era um homem frio e distante, agia de modo indiferente com os filhos, principalmente com o Jungkook, era petulante e tinha se desviado de todos os seus princípios. E principalmente na cama, quando ela ia procura-lo e a única coisa que ele fazia era despista-la de modo sutil e contar sobre os seus planos em relação ao seu cargo político.
Certa noite ela até colocou uma lingerie vermelha – ele amava lingerie vermelha – e preparou um clima agradável só pra eles. Gayoung deixou bem claro, em palavras e gestos o que ela queria daquela noite, mas ele não correspondeu em nada as expectativas da mulher quando ela passou a lhe beijar e ele desviou sua atenção falando sobre um projeto de lei sobre o meio ambiente. Gayoung ficou tão enfurecida que o xingou alto e foi dormir em pousada nos limites da cidade.
Em todo caso, a senhora Kim não queria uma separação, não estava atrás de um divórcio porque apesar de tudo ela amava o seu marido, ela só sentia falta do antigo homem que ele era e tinha esperanças de que ele voltasse a ser quem um dia foi caso ela insistisse um pouco mais. Amava-o demais para desistir dele, essa era a verdade.
Por outro lado, Park Eun-ju não tinha lá o que reclamar do seu marido, pois Dong-run lhe correspondia em todos os aspectos, seja ele de forma doméstica, financeira, pessoal ou na cama. Céus, eles ainda pareciam o mesmo casal de quanto se conheceram usando todos os cantos da casa como palco para suas cenas de amores, claro, Eun-ju já não era tão flexível assim e Dong-run já não tinha o mesmo fôlego e a mesma força, mas era bom da mesma medida, para os dois.
O amor deles era bom de todas as formas, porque não podia existir nada mais gratificante na vida dela do que ter alguém homem como seu. Quando ele chegava em casa depois de um dia inteiro de trabalho e dançava com ela uma música lenta no meio da cozinha enquanto Eun-ju terminava o jantar, como eles tiravam algumas horas do domingo para assistir programas de comedias e riam como dois bobos, como ele cuidava dela como se fosse uma joia preciosa e ela cuidava dele como se fosse a coisa mais valiosa que tinha na vida. Não tinham muito como Gayoung e Dar-hu, mas isso nunca foi empecilho para serem felizes, pelo contrário, talvez as dificuldades da vida tenham deixado eles ainda mais unidos e apaixonados.
Em relação a Jimin, a senhora Park não falava muita coisa, se limitava a responder as perguntas que lhe eram feitas e nada mais. Ela queria poder abrir o jogo com a amiga e contar tudo que estava acontecendo, até porque seu filho e sua neta mereciam e precisava da ajuda do outro pai, Jimin acabaria se matando para cuidar da pequena Yeon sem pedir ajuda a ninguém. Todavia, mais leal do que ela era com a amiga, ela era com o seu querido filho e se para ele não era o momento certo dos Kim saberem da existência de Park Jeongyeon, bom, assim ela respeitaria mesmo que fosse totalmente contra sua vontade.
Uma era o conforto da outra, para ser bastante sincero. Gayoung estava sempre rodeada de pessoas do alto escalão que ou falavam o tempo todo sobre coisas fúteis ou estavam tentando bajula-la em busca de algum favoritismo. Até Park chegar, ela sequer tinha uma amiga sincera com quem pudesse desabafar quando precisasse, sempre sendo cercada de mulheres alienadas e de mente medíocre. E Eun-ju, bem, Park Eun-ju era uma mulher de sangue e personalidade forte que costumava intimidar as pessoas com sua sinceridade e sua forma direta de agir, ela não precisa de enrolação dentro de uma conversa e falava sempre o que pensava quando assim era solicitado. Verdadeira, era assim que ela era, muito verdadeira e sincera, com toda a extensão da palavra e isso costumava não agradar todo mundo.
Pessoas de mente pequena tendem a confundir sinceridade com grosseria. E Eun-ju muitas vezes era confundida como tal. Mas não por Gayoung que conhecia e apreciava a essência da sua tão estimada amiga. Sentia que ao lado dela podia ser ela mesmo e não tinha nada mais gratificante do que isso. Céus, era ótimo, na verdade.
Por isso, depois de todo tempo que a senhora Park passou longe da cidade com Jimin, elas tinha marcado de passar uma tarde juntas para colocar a conversa e dia e matar um tanto da saudade. Gayoung tinha ido procurar a amiga nesse meio tempo, mas tudo que encontrou foi Dong-run lhe dando desculpas vagas e uma data incerta para o recresço da mulher, quando recebeu um telefonema de Eun-ju comunicando a sua volta e marcando um café naquela tarde, Kim não se conteve em aceitar e era isso que ela fazia naquele exato momento. Estava sentada na mesa da cozinha da casa dos Park tomando uma xicara de chá quente enquanto colocava em um prato os gyeongdan - bolinho de arroz doce enrolado em canela, gergelim preto ou pó de soja - que Gayoung sempre levava que as duas iam se ver.
- Você foi ao Myeongdong, lá tem os melhores cafés e dá pra conhecer pessoas interessantes. - Gayoung arriscou bebericando o chá. Amava momentos simples como aquele, junto a uma pessoa que gostava, uma bebida quente e uma conversa espontânea.
- Não, nem tive tempo, como te disse, passei o tempo todo ao lado do Jimin. - ela tentou dar de ombros fingindo não ser nada demais. Era difícil está naquela posição, porque ela queria desabafar sobre isso, falar o que sentia e o que achava a respeito de toda a situação. Dong-run era um bom ouvinte, mas se ela ousasse falar sobre Jimin para ele o homem pegaria o menino de volta para casa, seu filho não gostava do assunto e com Gayoung não podia nem lembrar do assunto. Pelos deuses, ela gostaria que fosse mais fácil está no seu lugar. - Ele precisou ficar no hospital por uns dias e eu fiquei lhe prestando assistência.
- Meu Deus, foi tão grave assim?
- Ele passou por uma cirurgia e teve uma pequena hemorragia, mas está bem agora, graças aos deuses! - assim, ela desviou totalmente a conversa virando-se em direção a mesa com os doces enfim enfeitados sobre o prato de porcelana simples – Mas bem, falando de uma coisa boa, eu não fui ao Myeongdong, mas fui ao mercado livre de Hongdae, comprei algumas mascaras para a pele porque as que vedndem em Seul são as melhores, comprei também umas três garrafas de cerveja artesanal para o Dong-run e te trouxe uma pequena lembrança também, não é nada demais em todo caso, mas assim que eu coloquei os olhos eu lembrei de você e precisei trazer.
- Oh, presentes? Adoro receber presentes e pra mim não importa tamanho ou preço, e sim o sentimento.
- Então eu irei buscar, deixei lá no quatro pra não ter perigo de quebrar, espere um pouco, onni, eu virei em segundos.
Eun-ju alcançou um pequeno bolinho de arroz doce e sumiu pelo corredor que ligava a cozinha a sala aonde ficava as escadas. Era um pouco engraçado a forma como elas se entrosavam, as vezes até pareciam adolescentes animadas com as coisas ao redor, talvez elas só estivessem matando o tempo da época da escola quando não tiveram tantas oportunidades.
Nesse meio tempo em que Park foi ao segundo andar conferir a pequena lembrança para sua amiga, o telefone da casa passou a tocar tão estridente que chegou a assustar Gayoung que estava distraída com o seu chá. Antes mesmo dela tomar alguma providência como chamar a dona da casa para atender já que podia ser importante, ela ouviu a voz característica de Eun-ju pedindo que ela atendesse pois não conseguia encontrar o presente e talvez fosse Dong-run da oficina perguntando sobre o lanche da tarde ou algo do tipo. Incerta, a senhora Kim se colocou de pé e em alguns passos chegou até o aparelho barulhento que irritava todo o ar.
- Aló...
- Oh, céus, Eun-ju, a gente não sabe mais o que fazer. - a voz do outro lado da linha era estranha para a mulher, mas falava em um tom aflito e de modo choroso, ao fundo era fácil ouvir o barulho de choro de criança, talvez um bebê, e ruídos de alguém falando – O meu pai não está aqui e estamos perdidos, a Jeongyeon não para de chorar! O que a gente faz?!
- Desculpa, mas eu não sou...
- Ela está gritando faz mais de meia hora, chega a ficar sem fôlego... Estamos apavorados!
- Jeongyeon é um bebê, certo?
- Claro, não lembra? Ela acabou de tirar os pontos da cirurgia, os médicos disseram que não havia problemas algum e estava bem fechada, mas desde que chegamos em casa ela não para de chorar e a gente não sabe o que fazer. - agora sim a voz do homem do outro lado da linha parecia mais chorosa deixando claro que ele estava chorando, ainda deu para se ouvir algo como "pergunte o que fazer, hyung" dita de uma forma distante abafada pelos choros, mas ela não conseguiu reconhecer quem era – O que faremos?
- Oh, vejamos, a bebê está limpa, de fraudas trocadas e sem sujeira?
- Sim, verificamos isso, ela está limpa e o Jimin conseguiu dar um pouco de mama a ela, mas não foi o suficiente e demos leite e água. Ela também arrotou. - "ah, céus, pare de chorar você também, Jimin, nós três chorando não vamos resolver nada", ele falou com a pessoa ao seu lado e a senhora Kim finalmente descobriu quem estava do outro lado. Park Jimin. - Ela está toda vermelha!
Nesse instante, antes mesmo de Kim responder alguma coisa ao rapaz desesperado ao telefone, Eun-ju desceu as escadas com um sorriso amplo no rosto carregando consigo um pequeno gatinho de porcelana. Ela sabia o quanto sua amiga gostava daqueles pequenos artesanatos e não se conteve em trazer um para si. Era pequeno, mas bonito e bastante significativo. Park ficará feliz em comprar aquilo para alguém especial. Contudo, seu sorriso morreu no rosto ao ver o olhar de espanto desenhado no rosto de Gayoung deixando bem claro que algo não estava certo. Apressada ela desceu os degraus da escada e recebeu de imediato quando a mais velha lhe estendeu o telefone.
- Oi... Yoongi, pare de chorar e fale devagar, meu bem, assim eu não consigo entender... - por cima do ombro ela deu uma rápida olhada em Gayoung e encontrou a mulher olhando para si de um jeito ainda assustado. Merda! Será que as coisas ainda ficariam mais complicadas - As fraudas estão trocadas e ela comeu?... Tomou água?... Os pontos da cirurgia então... Oh, ótimo, querido. Vejamos, ela deve está com cólicas, Yoongi, não é nada lá muito preocupante, diga ao Jimin pra se acalmar. Você vai tirar toda a roupa dela e deixa-la só de fraudas, ai deite ela de bruços no Jimin... Isso, tire, seria ótimo, pele com pele. Ela provavelmente vai soltar gazes, então pode fazer uma leve massagem nela enquanto isso e se caso não der certo pingue três gotinhas de dimeticona na boca dela, três gotas, nem mais nem menos... Certo. Fale pra ele se acalmar, pelos deuses, vocês têm que começar a se acostumar com esse tipo de situação, Jimin vivia com cólicas e eu expliquei o que fazer... Não, não foi nenhum incomodo, pare com isso, sabe que pode me ligar sempre que for preciso Yoongi...
Nem é preciso dizer o quão confusa Gayoung ficou com aquela conversa, mas também não era pra menos. Até onde entendeu, Jimin e esse garoto desconhecido chamado Yoongi estavam cuidando de uma bebê com o nome de Jeongyeon que estava passando por cólicas, o que levava ela a acreditar que se tratasse de um bebê bem pequeno, talvez um recém-nascido, quem sabe. Mas isso nem foi tão confuso de toda aquela história, e sim o fato de que talvez o Jeongyeon fosse filha de um dos dois – Jimin ou Yoongi – ou pior, fosse filha dos dois.
Mentalmente ela fez as contas e achou aquilo estranho, Jimin estava fora da cidade fazia mais ou menos cinco meses, o que significava duas coisas, ou ele já tinha ido para Seul grávido consequentemente carregando um filho de Taehyung - já que os dois namoravam e ela sabia bem da índole de Jimin – ou a criança era do tal Yoongi. As ideias eram confusas e as informações eram mínimas, no entanto, a senhora Kim preferiu acreditar na segunda hipótese. Ela acreditava fielmente que nenhum dos Park teriam coragem de esconder algo daquela magnitude deles, pelo amor de Deus, era uma criança e independente de qualquer coisa, Taehyung merecia saber disso. Não, Eun-ju era sua amiga e nunca esconderia aquilo de si, claro que não, até porque não tinha motivos para tal.
Assim, ela acabou se distraindo da conversa que a amiga estava tendo no telefone a alguns passos de si, a cabeça cheia ocupada com diversos pensamentos, quando seus olhos acabaram esbarrando em algo na mesinha do centro. Era um bolo de fotos onde a primeira era de um Jimin sério, aparentemente cansado, olhando de uma forma quase fofa para câmera. Com alguns passos ela chegou até as imagens, não se importando nenhum pouco em parecer evasiva ou algo desse tipo, e não ficou nada surpresa em dar de cara com mais três fotos. (Fotos na Mídia)
Duas eram de uma bebê linda. Em uma ela dormia, parecia menor e estava vestida com roupinhas brancas com detalhes em azul, a expressão relaxada no rosto e sem a menor preocupação no mundo. A outra ela estava acordada, enrolada com um lençol laranja e parecia ter acabado de sair do banho, a bochecha gordinha espremida no colchão e a boca levemente aberta em uma expressão fofa. Gayoung quase viu um sinal clarinho desenhado no nariz dela, mas acreditou está vendo demais, ainda mais quando jurou reconhecer certos traços da menina. No verso de casa foto estava escrito – na primeira – "Jeongyeon, 1° semana" e na outra "Jeongyeon, 1° mês".
A última foto pareceu mais estranha para Gayoung, logo de cara ela pode reconhecer Jimin e seus famosos eyes smile, as mãozinhas fofas e as bochechas características. A imagem do rapaz atrás dele, no entanto, era desconhecida e ela associou logo ao garoto do telefone, talvez aquele seja o tal Yoongi com que Eun-ju falava de modo tão carinhoso. Eles pareciam felizes e muito sorridentes, pareciam próximos e a senhora Kim – inevitavelmente – se questionou se eles eram algo a mais do que amigos, se Jimin tinha encontrado já outra pessoa e esquecido seu filho de uma vez. Igual as outras, nessa havia um pequeno recado no verso da foto: "Última foto tirada com a Yeon na barriga, oito horas antes do nascimento". Estranho, muito estranho. Porém, ela não teve muito tempo para analisar aquelas fotos já que Eun-ju tinha encerrado a ligação e chamava por ela para irem de volta a cozinha.
A senhora Park presenciou Gayoung olhando as fotos, mas não tocou no assunto em nenhum momento durante toda a tarde, e tão pouco a senhora Kim. Preferiram fingir que nada tinha acontecido quando claramente não era aquilo que queria fazer.
* * *
- Você ainda sente muita falta dele?
- Sinto saudades, as vezes eu tenho a sensação de que ele não está passando por um momento bom e eu só queria poder ajuda-lo. O namoro não estavam bem fazia alguns meses, nos deixamos acomodar muito, eu me deixei acomodar muito e não sei se iria durar por mais tempo de qualquer forma, mas eu sinto saudades do amigo que Jimin é, da pessoa dele, das conversas... Ele é um cara incrível e eu sinto falta disso.
- Entendo...
- Mas você é tão incrível quanto, hyung, e tem sido muito importante ter você por perto, sério, eu acho que ainda estaria preso no quarto pensando num monte de merda e não tinha dado um passo em frente. Obrigado, por tudo.
Como resposta Hoseok apensar forçou um sorriso e balançou a cabeça em confirmação. Eles haviam se tornado bastante próximos naquele meio tempo, Jung tinha sido o grande incentivador para Taehyung e a amizade deles ficava cada dia mais sólida, era perceptível.
Kim tinha se afastado de duas dúzias de amigos com quem costumava andar enquanto namorava com Jimin, garotos e garotas que costumavam ir a festas os sete dias da semana e torravam o dinheiro do pai com roupas e carros caros, era um estilo de vida legal, ele particularmente tinha vivido nesse mundo desde muito jovem e foram anos bons, não podia negar. No entanto, Taehyung sentia que era hora de mudar, de fazer outras coisas, respirar outros ares e navegar em rios novos. Não foi um afastamento brusco, ele realmente curtiu a fossa do fim do relacionamento indo a algumas festas e virando garrafas de soju, aproveitou o que tinha que aproveitar, até o dia que Jeon Jungkook lhe disse certas verdades que o acordou para o mundo real.
Taehyung era acostumado a ter uma vida perfeita, onde tudo parecia programado para lhe agradar, nunca precisou se preocupar com muita coisa, seus pais sempre estiveram ali para resolver seus problemas e fora assim desde pequeno, desde o dia que fora concebido. Nasceu dentro de uma família rica, um pai que fazia tudo pra lhe deixar feliz e uma mãe que o amava incondicionalmente, estudou em escolas caras, frequentava lugares badalados e estava sempre rodeado de amigos, porque ele era sociável o suficiente para isso. Nunca, em todos aqueles anos, ele precisou aprender – e pôr em pratica – o que era responsabilidade, porque ele não tinha a menor necessidade de ser responsável, pra que? Era jovem, e juventude não combinava com isso.
Era nisso que ele acreditava até em um fatídico café da manhã quando ele chegou de uma festa ainda meio bêbado de todo o soju e cerveja de uma noite, ele achou por certo implicar com seu irmão mais novo sobre ele está apressado para ir a aula e o quão cansativo seria já que precisaria trabalhar. O mais velho ouvindo isso acabou soltando algo como "seus pais tem dinheiro, deixe de ser um idiota e pare de se matar por conta dessas merdas, Jungkook". Jeon então se viu quase na obrigação de rebater toda aquela bobagem, porque apesar de tudo ele amava toda aquela merda, amava suas aulas na faculdade – mesmo que não tivesse muito estômago para suportar seus colegas de classe – e principalmente amava ler para suas crianças a tarde, ver como elas ficavam animadas com as estórias e sempre lhe agradecia com um beijo estralado da bochecha e um "obrigado/a, tio Jungkookie, você é o melhor oppa/hyung de todos", por isso, independentemente de qualquer coisa, ele queria respeito sobre tais assuntos.
O momento não foi amistoso, eles gritaram um com o outro ao ponto de Jungkook dizer em alto e bom som que o irmão mais velho era um "filhinho de papai imbecil e alienado que não sabe fazer nada nessa vida e vai acabar vivendo o resto da vida na barra da saia da mamãe porque é um inútil" e Taehyung não gostou nada disso deixando suas palavras afiadas atingirem o garoto quando ele não se absteve em gritar que ele dizia tudo aquilo por ser um bastardo de merda que nem mesmo a mãe queria por perto e tinha ido roubar seus pais de si. Eles chegaram a trocarem alguns pontapés e ainda quebraram um jarro caro da sala quando começaram com uma sessão de empurrões. No dia em questão, Jungkook chorou atingido pelas palavras do irmão, Taehyung chorou por ter sido um estúpido, Gayoung chorou por ver seus dois filhos naquela situação e Dar-hu ficou tão nervoso que precisou tomar um remédio para sua pressão alta.
Jung Hosoek apareceu em cena naquele meio tempo, porque Taehyung estava frustrado se sentindo um bosta e seu hyung era ótimo em ouvir e dar conselhos. Ele não podia correr para a mãe quando ela também estava magoada com tudo que tinha dito a Jungkook, Gayoung nunca fez diferença entre os filhos e nunca admitiu que assim fizessem e nem para o pai que estava furioso consigo mesmo que ele próprio venha agindo diferente perante os dois garotos. Precisou daquele bate boca terrível para que Taehyung caísse na real e entendesse que sua vida estava seguindo por caminhos indesejáveis, que se ele continuasse naquele ritmo e com tais atitudes ele acabaria por perder as pessoas que amava, tendo dias de merda e sendo considerado um babaca retardado que não aproveitou nenhuma boa chance na vida, ele precisou passar por aquilo pra enfim perceber que as suas escolhas não estava lhe ajudado em nada, pelo contrário, estava fazendo com que afundasse cada dia mais.
O processo não foi tão imediato quando desejou, Hoseok esteve sempre ali lhe aconselhando nos momentos difíceis – porque ele parecia ter sempre os melhores conselhos e as melhores palavras de conforto – lhe dando apoio e ouvindo suas lamúrias quando ele só queria chorar sem um motivo aparente. Jung o orientou a pedir desculpas ao irmão, um pedido de perdão sincero e de coração aperto e talvez – muito provavelmente – eles nunca tenham tido momento tão sublime quanto aquele, onde os dois não se fizeram de rogados e colocaram tudo em panos limpos, Taehyung não deixou de falar sobre o quão sempre foi muito complicado ter que dividir os pais e Jungkook não me mediu palavras ao expor que também odiava aquela situação, mas não podia fazer nada a respeito. Havia muita magoa, muitas coisas a serem ditas e esclarecidas e depois de horas trancados no escritório de pai em uma conversa longa regada de palavras fortes, lágrimas, gritos e sinceridade, Kim Taehyung e Jeon Jungkook estavam de alma lavadas, não que tivessem se tornado amigos inseparáveis depois disso ou qualquer coisa do tipo, mas eles estavam diferentes e seus pais agradeciam por isso. Lógico.
Hoseok também orientou o mais novo dos Kim a começar a faculdade, nem que fosse um curso de pouca direção e que eventualmente ele poderia mudar para outro caso não fosse do seu agrado, também lhe aconselhou a começar a ocupar suas horas com alguma coisa útil como ajudar na caridade ou até, quem sabe, trabalhar com Dar-hu, porque definitivamente não dava para ele gastar seus dias afundado no quarto jogando no computador e se entupindo de refrigerante. Assim Tae se inscreveu em um curso técnico de administração e passou a aceitar alguns minis trabalhos que tinha para ser fotografado com alguma das roupas caras de alguma loja mais conceituada da cidade, ele até tinha desfilado para o lançamento da coleção de inverno de uma butique bem reconhecida nas cidades vizinhas e que aparentemente em alguns meses abriria uma filial em Seul, onde ele também iria desfilar. Eram passos lentos, vagarosos, mas eram ótimos e muito honrado se visto sua vida meses antes.
Com tais mudanças, a aproximação deles foi quase inevitável, Taehyung e Hoseok eram quase inseparáveis e todo mundo via isso. Eles iam juntos para a faculdade – visto que o mais velho cursava moda – e voltavam juntos, iam ao cinema, para show, passaram a praticar esporte – mesmo que os dois odiassem isso – e até mesmo frequentavam ativamente um a casa do outro. Era tão suspeito a aproximação deles que em certa noite Dar-hu questionou ao filho se eles estavam namorados, ou pelo menos em algum relacionamento além de amizade. Kim, no entanto, negou porque nem ele achava que estava pronto para algo novo, e nem acreditava que Hoseok, logo Jung Hoseok iria querer alguma coisa consigo.
Não que ele fosse pouca coisa, não, Taehyung acreditava no seu valor e tinha uma auto estima até mesmo invejável. Mas não podia negar que achava que Jung Hoseok era muita areia para o caminhãozinho de muitos caras por aí, até para o seu pobre caminhãozinho. Por isso ele não se sentiu intimidado em bater a real para o carinha que estava dando em cima do seu hyung minutos da conversa do início da narrativa.
Eles estavam em uma pequena festa proporcionada pelos amigos de faculdade de Hoseok, mais especificamente na casa de um deles em uma social chata onde as pessoas conversavam sobre coisas que ele não estava familiarizado e escutavam músicas de pop internacional. Não que ele não gostasse tanto do gênero, mas sinceramente Katy Parry e Britney Spears não fazia lá muito seu estilo, e sim, desde que chegou naquele lugar fazia mais ou menos duas horas, ele só tinha ouvido as duas cantarem.
Taehuyng estava encostado em qualquer lugar daquela festa, observando de longe Hoseok conversando com seus amigos, rindo alto e apenas sendo o Hoseok, enquanto tomava uma taça de vinho meio quente – porque os amigos de Jung também só tomavam vinho, saco – quando um cara sabe-se de lá onde chegou ao seu lado da maneira mais inesperada de todas.
Talvez o nome do dito cujo fosse Hyungwon, Taehyung não tinha muita certeza sobre isso já que ele resolveu dizer seu nome no mesmo momento que "I Kissed Girl" passou a tocar e droga, Kim realmente gostava dessa música. Mas então Hyungwon começou tagarelar sobre o quanto Jung Hoseok era encantador e lindo, e alguma coisa sobre ter uma alma reluzente e uma personalidade única, e bem, não era como se o mais novo nunca tivesse ouvido aquele tipo de discurso, porque já tinha ouvido mais vezes do que realmente gostaria, mas algo apertou em seu peito ao notar a forma como Hyungwon olhava para seu hyung, aquele olhar de admiração que poucos tinham, entende?
E foi naquele mesmo instante que ele percebeu que talvez – muito provavelmente - já não enxergasse Hoseok apenas como o seu amigo de todas as horas, solene e que lhe abrigava nos momentos difíceis, seu hyung com quem podia contar e se abrir sobre coisas que ele nunca tinha contando nem mesmo a Jimin – e olha que eles conversavam sobre muita coisa – e sim o cara por quem ele sentia alguma coisa, alguém que fazia bem não só a sua mente como a seu coração. Alguém que era dono dos seus primeiros pensamentos no dia e dos últimos, ou melhor, alguém que não saia dos seus pensamentos porquê de alguma forma Taehyung, naquele instante em que o cara desconhecido lista todas as qualidades de Hoseok de uma forma que poucos conseguiriam, percebeu que estava totalmente dependente de Jung e pior, a ideia de perde-lo fazia seu coração apertar de uma forma dolorosa.
Então ele sequer deu importância de deixar Hyungwon falando sozinho ao que caminhava em direção a Hoseok do outro lado da sala e discretamente pediu para o mais velho lhe acompanhar até um lugar discreto, onde pudessem ficar sozinhos por um tempo sem ninguém perturbado eles dois com conversas paralelas ou então com assuntos que particularmente Taehyung não estava afim de discutir. Assim eles se abrigaram na parte de trás da casa, sem ligar muito para o frio, os jeans até o meio da canela e os pés mergulhados dentro da piscina, sentados lado a lado, em um silêncio altamente desconfortável. Taehyung tinha comentado o quanto Jimin gostava de uma música que passou a tocar dentro da casa e isso fez com que Hoseok tenha lhe questionado sobre a saudade dele pelo ex e tudo mais.
- Minha mãe falou que acha que ele tem outra pessoa, uma cara chamado Yoongi que acabou de ter um bebê, uma menina, ela não entrou em detalhes, mas disse que a mãe de Jimin colocou fotos dele com um garoto e fotos de um bebê pela casa. - de forma imperceptível ele deu de ombros sem ligar muito para aquilo, despreocupado até - Pensei que quando eu ficasse sabendo de algo assim eu ia ficar mal, sei lá, mas não, eu só achei normal e espero que ele esteja feliz com um cara que valorize ele.
- Isso significa que você superou, ou algo desse tipo, é muito bom quando isso acontece tão cedo depois de tanto tempo em um relacionamento.
- É... - Kim não queria exatamente entrar naquele mérito, Jimin era uma parte importante na sua vida, mas era cansativo todas as vezes que estava com Jung ter que voltar a esse assunto, como se tudo se resumisse a ele ter ou não superado o fim do namoro. Certo, eles não só conversavam sobre isso, os assuntos deles eram bem variados e nada em especifico, mas Taehyung sentia que já tinha dado o que tinha que dar. Acabou, Jimin aparentemente já estava em outra, por que mesmo que ele tinha que remoer sobre esse assunto de uma forma tão amarga? Não era como se ele nunca mais fosse falar sobre isso, ele só não queria ter sua vida baseada nesse termino, não queria parar no tempo devido a isso. Era justo tanto pra si quanto pra Park seguir em frente. Por isso, e por mais uma pá de coisa ele preferiu não se prolonga quanto aquilo, e sim adentrar um tópico que lhe surgiu instantes antes deles estarem ali e que ainda demoraria um tempo para Taehyung entender, porque, céus, desde quando seu coração ficava tão agitado ao está do lado de Hoseok? - Hyung, quem é Hyungwon?
- Hyungwon? Chae Hyungwon? Bem, ele é um amigo, por quê?
- Ele pareceu bastante empolgado falando de você minutos atrás e isso me deixou curioso... Vocês já tiveram alguma coisa, sei lá?
- Por que tantas perguntas? - Hoseok não entendeu bem onde Taehyung queria chegar com aquela conversa, suas sobrancelhas se juntaram no meio da testa e ele se virou parcialmente em direção ao outro para olha-lo melhor – Hyungwon é um amigo da faculdade, nada mais.
- Mas vocês já tiveram alguma coisa? - insistiu ainda com os olhos focados em observar o modo como seus pés balançavam sob a aágua morna da piscina.
- Bem, como eu posso te explicar isso... - ele passou a mão institivamente pelo rosto em um ato quase nervoso, o vinho em sua taça estava mais quente do que antes e ele acabou jogando o líquido avermelhado na grama ao seu lado, seus olhos focados em seus joelhos e os ombros baixos. Taehyung, por muito pouco, não passou o braço ao redor da sua cintura para puxa-lo para mais perto, sentir o calor do corpo dele junto ao seu, porque de um modo inexplicável ele sentiu aquela necessidade – Lembra da época do beijo? Aquele que eu dei em você na lanchonete que deu todo uma confusão? Bem, Hyungwon e eu estávamos saindo naquela época, e do mesmo jeito que o Jimin soube, ele também soube e as coisas meio que se complicaram pro meu lado... Hyungwon não queria um cara que beijava outros por ai mesmo ficando com ele.
- Mas vocês sequer tinham algo sério para que...
- A gente estava conversando sobre namoro e tudo mais, oficializar todo o negócio, Taehyung e ele se chateou com isso e eu entendo, se fosse o contrário também não iria me sentir confortável com a situação. - deu de ombro brincando com a taça em sua mão ainda mantendo os olhos baixos, porque de algum modo ele sentia-se envergonhado em está ali com o mais novo, sob a penumbra da noite, sozinhos em uma situação tão favorável.
Taehyung não sabia exatamente o que sentiu com tal declaração, mas ele tinha certeza que precisava tomar alguma atitude, então a única coisa que foi capaz de fazer foi levar seus longos dedos em direção ao rosto bem desenhado do seu hyung e fazê-lo olhá-lo. Céus, ele era tão lindo que as vezes Kim queria chorar por isso, e ele nem estava sendo exagerado. Hoseok era lindo pra caralho. Ele tinha pintado ressentimento os cabelos e agora os fios estavam em um vermelho vivo caído sobre sua testa destacando ainda mais a cor da sua pele, os olhos enxadinhas e os lábios cobertos por uma fina camada de gloss. Ele estava com roupas simples, jeans e camiseta brancas e uma jaqueta dourada por cima e talvez, mas só talvez mesmo, Taehyung tenha se perdido por longos minutos assim que o viu admirando a forma como suas coxas ficavam tão bonitas e chamativas dentro daquele jeans. A ideia de tê-las em volta do seu rosto pareceu tentadora de uma hora pra outra.
Quando os olhos deles enfim se encontraram, Kim não conseguiu controlar o impulso de juntar seus lábios ao dele em um pedido claro por um beijo. O primeiro e único beijo deles tinha acontecido meses antes e foi bom, merda, foi bom demais pra falar a verdade e desde então parecia que os dois estava apenas esperando a oportunidade para fazer de novo. Os olhos se fecharam gradativamente, os lábios se entreabriram e as línguas começaram a se mover lentamente dando início ao primeiro beijo que eles trocaram naquela noite. Enfim Taehyung estava se abrindo para um novo amor e ele não podia ficar mais feliz em saber que tal sentimento estava atrelado a melhor pessoa possível: Jung Hoseok.
* * *
Dar-hu não era o cara de exatas, na verdade, ele era bem ruim em contas e era péssimo em matemática na época da escola, mas pelo menos contas ele sabia e pelos seus cálculos tudo levava a crê que, se Jimin, de alguma forma, não tivesse dado fim ao bebe que carregava na barriga ao ir embora da cidade, possivelmente já tinha nascido. Ele fora uma vez para Seul a trabalho e não podia negar que esperou cruzar na rua com o garoto só para ver com seus olhos se ele tinha seguido adiante com toda aquela história de gravidez.
Isso era um assunto que o deixava pensativo por horas, queria ter notícias acerca de tal assunto para assim tomar certa providência, porquê, se a criança ainda existisse, ele precisava dar algum tipo de suporte para ela, pois era amargo admitir, mas era a sua neta, não podia ignorar tais coisas. Por isso, bastou sua esposa chegar em casa certa tarde comentando com o filho mais velho sobre ter visto fotos de recém-nascido na casa dos Park, para o alerta na cabeça do homem ser ligado. Certamente era o seu neto e ele precisou ser bem discreto ao questionar a mulher sem levantar nenhuma suspeita. Porém, para o seu azar, Gayoung não sabia de nada e passou as informações básicas sobre o nome e o sexo da criança.
Aproveitando uma noite que conseguiu se livrar mais cedo dos seus compromissos, Kim Dar-hu dirigiu sem desvio até a pequena oficina dos Park afim de colher mais algumas informações, e se assim tivesse sorte, informações esclarecedoras.
Não demorou muito para achar o lugar mesmo nunca ter ido ali, já tinha ido à casa da família de passagem, nunca foi muito próximo para manter um contanto ao nível de frequentar o ambiente deles e nem era algo que lhe incomodava, verdade seja dita, Kim Dar-hu simplesmente detestava os Park e não tentava ser cordial com nenhum deles, pelo contrário, mesmo não usando palavras, sempre deixou bem visível sua insatisfação para com eles.
Dong-run estava sozinho ocupado em terminar de dar polimento em um carro que seria entregue pela manhã quando avistou um honda civic cinza parando diante sua oficina, atraindo sua atenção de imediato para o carro, porque não era todo dia que um daqueles circulava por ali. Porém sua animação para com o automóvel morreu assim que viu quem estava saindo dele, vestido com seus ternos caros e aquela cara de rico soberbo que lhe acompanhava para todos os lados. O senhor Park sequer deixou que ele se afastasse do carro mais do que o suficiente para fechar a porta, pra desligar a máquina e caminhar apressado ao encontro do homem, ainda estava fresca em sua memória tudo que Eun-ju tinha lhe contanto sobre Dar-uh e as ameaças direcionadas ao seu filho, então não, ele não deixaria aquele homem se aproximar nem que para isso tivesse que desfazer aquela careta dele com o seu punho.
- Sai do meu estabelecimento – Park esbravejou alto o suficiente para assustar o homem que já estava a uns bons passos de distância do carro – Pegue o seu carro e caia fora daqui.
- Oh, boa noite, senhor Park... - exclamou um tanto espantado, mas mesmo assim continuou seguindo em direção ao homem – Sinto muito se apareci em um momento incomodo, sei que provavelmente o excelentíssimo esteja preste a fechar, mas creio que temos algo a tratar, sobre o seu filho.
- O meu filho?
- Sim, sobre o seu filho e a criança, eu não sei se ele continuou com a gravidez e se sim, como meu neto está, essas coisas... - ele tentou sorrir no final da frase, tentou rir e parecer descontraído, mas não funcionou muito. Dong-run era um cara intimidante quando queria, não tinha muita característica igual a Jimin, até porque o mais novo dos Park parecia uma cópia arranjada da sua mãe, e por isso conseguia intimidar bem qualquer pessoa, até mesmo Dar-hu que fechou os dentes em uma carranca levemente assustado quando o homem deu alguns passos em sua direção encostando seu dedo indicador no meio do peito do homem.
- Presta atenção em uma coisa, deputado, eu ouvi muitas coisas sobre você desde que o meu filho foi embora, coisas essas que não me agradaram em nada, então eu só vou lhe falar uma única vez e espero que entenda... Fique longe da minha família, do meu filho e da minha neta, ouviu bem? Porque seu eu souber que está importunando meu menino depois de tudo que você já o disse, ou se resolver aparecer mais uma vez aqui, eu juro que quebro a merda do seu nariz no punho, estamos entendidos?
- Sim...
- Ótimo, agora caia fora daqui!
Dar-hu não insistiu mais naquilo, até porque ele estava bem assustado. A única coisa que ele pode fazer foi subir no carro e dirigir em direção ao shooping onde sabia que os caixas eletrônicos ainda estariam abertos para deposito, porque agora ele sabia que Jimin tinha tido o bebê, de fato e era uma menina e mesmo que não gostasse de toda a situação, ele ainda tinha uma neta e não podia se abster quanto tal responsabilidade. Se dependesse de si, Taehyung nunca saberia da existência daquela criança, mas na medida do possível daria algum suporte financeiro a Jimin mesmo que ninguém ficasse sabendo. Foi fácil depositar dinheiro anonimamente na conta dele a primeira vez, e assim ele faria até quando permitido.
E foi daquele modo, com cada um seguindo a sua vida e se adaptando as novidades, que os quatro primeiros anos se passaram.
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