Jeongyeon tinha acordado injuriada naquela manhã e seu pai preferiu deixá-la quietinha em seu canto para ver se isso passava logo. A menina estava com saudades de casa e Jimin entendia aquele tipo de sentimento porque ele também estava, está parado nunca foi seu forte, sua vida era corrida demais e os momentos de descanso eram sempre bem aproveitados, mas ficar constantemente sem fazer nada era agoniante, ainda mais diante de todas as circunstâncias. Ficar enfurnado em casa só fazia ele pensar constantemente no pai e em sua morte, se tivesse dentro da sua rotina estaria tão afundado em tudo que tinha pra fazer que não lhe sobraria tempo pata sofrer, estaria como sua mãe usando o trabalho para tapar aquela dor terrível em seu peito. Porém não tinha tantas alternativas então ele entendia com propriedade o que a filha sentia.
Era de manhã e ele deixou Yeon na cama assistindo um desses vídeos infantis avulsos no YouTube enquanto tomava uma mamadeira de vitamina, Park estava tentando tirar a mamadeira dela também e ela nem usava tanto assim, mas era difícil até para ele aquela filosofia em dias que acordava apressado e tudo que conseguia fazer era algo batido para a filha tomar. Enquanto a menina estava na cama, Jimin se ocupava na cozinha comendo uma torrada com queijo e uma xícara de café apenas para enganar o estômago quando ouviu a campainha da casa tocar. Olhou para o relógio e faltava alguns poucos minutos para as oito, Eun-ju tinha saído fazia quase uma hora e não voltaria no meio da tarde quando enfim a oficina fosse fechada. Não tinha condições de ser mais ninguém além dela e ele ficou confuso a princípio com aquilo até lembrar da conversa na noite anterior com o melhor amigo e Jimin não precisou que a campainha tocasse pela segunda vez para ele largar o que estava comendo de qualquer jeito na mesa e correr até a porta afoito.
Namgil não gostou muito da ideia do noivo sair no meio da semana da cidade e largar o trabalho fingindo que aquilo não iria o atrasar quando todos sabiam que ele depois ficaria atolado de coisas para fazer. Ele tentou argumentar pedindo para que Min esperasse mais um tempo e que no sábado ele iria junto e os dois podiam passar o final de semana com os Park, mas ele não conseguiu muita coisa e não ficou surpreso com isso, Yoongi era um tremendo cabeça dura.
Ficou ainda pior quando ele descobriu os planos do amado em ir de carro, afirmando que seria mais rápido e que a ideia de ter que subir em um avião por conta de algo tão bobo o irritava, ele era um homem prático e seria bem mais fácil ir de carro. Namgil não conseguiu argumento muito a respeito então apenas pediu que o motorista particular dos seus pais se encarregasse disso, pois confiava no homem o suficiente para depositar nele a responsabilidade de levar Yoongi para onde o mesmo quisesse ir. A viagem foi calma e Min dormiu por praticamente todo o caminho o que ajudou muito já que ele andava muito atarefado nos últimos dias e era sempre bom dormir um pouquinho, ainda mais quando acordava com um humor tão bom quanto o que sempre lhe acometia depois de um cochilo. Dispensou o motorista assim que o homem lhe ajudou a sair do carro, não queria uma baba e garantiu que se resolveria com o noivo assim que voltasse e que o mesmo podia ir embora de volta para Seul sem preocupações. Min Yoongi sabia muito bem lidar com Kim Namgil de uma forma que mais ninguém conseguia, bastava um daqueles seus sorrisos gengivais e um beijinho para o homem está lá de quatro por ele. E se essa abordagem não desse jeito, bastava uma bronca severa para que ele desmanchasse qualquer argumento contrário.
Yoongi estava onde devia estar, indo dar algum tipo de apoio ao seu melhor amigo porque Jimin nunca – em todos aqueles anos – pensou duas vezes antes de ir lhe dar uma ajuda quando precisava, mesmo diante coisas bobas. Lembrava da vez que passou mal no trabalho e foi parar no hospital, Jimin saiu do trabalho no meio de uma sessão de fotos para ir ficar com ele, lembrava também das vezes em que chorou no colo do amigo sentindo-se exausto por toda as suas obrigações e de como suas responsabilidades pareciam pesadas demais para suas costas. Sempre recorreu ao Park quando as coisas não estavam boas e sabia que para Jimin estava tudo muito difícil. Conhecia aquele cara a um tempo significativo, sabia da relação que o mesmo tinha com a família e com a filha, e era uma barra ter que lidar com a morte de Dong-run e Taehyung aparecendo quase de paraquedas na vida de Jeongyeon. Aquilo era motivo suficiente para Jimin está em cacos e Yoongi sabia disso mesmo que o outro não lhe dissesse.
Então, parado diante a porta da casa dos Park, Min sabia que independente das questões do seu noivo, do seu trabalho e até mesmo as suas, ele estava onde deveria estar e isso ficou bem claro quando seu amigo abriu a porta e a primeira coisa que ele fez foi lhe abraçar, de uma forma quase claustrofóbica.
- Você é maluco, Yoongi – Jimin disse contra o ombro do amigo, era tão bom tê-lo ali, por mais que não dissesse que precisava dele era muito, muito bom ter ele por perto. - Você veio mesmo.
- Forever and always, lembra? - disse ao que retribuía o abraço, era bom está com ele depois daqueles dias longe, mesmo que a rotina dos dois não permitissem que se encontrassem todos os dias como acontecia antes, Jimin e Yoongi sempre arrumavam um tempo para estarem juntos, nem que fosse para almoçar quando os horários dos dois permitiam ou então tomarem um café bem rápido, tiravam pelo menos um dia da semana para estarem juntos. Porém, diante as circunstâncias, os dois estavam longe já fazia quase uma semana que se sustentavam através de mensagens e ligações. E sim, isso era tempo demais para os dois.
- Você é o melhor hyung desse mundo inteirinho. - Jimin tinha um sorriso largo no rosto ao que se afastou, parecia bem apesar de tudo e isso deixou Yoongi menos tenso, pegou a bolsa do mais velho e o guiou para dentro da casa sem maiores delongas, a manhã estava bem fria e nenhum deles tinham roupas apropriadas para ficarem muito tempo fora de casa. - Como você chegou aqui tão cedo, hyung? Eu olhei as escalas de voou e nenhum batia com esse horário, esperava que chegasse por volta das dez.
- Eu vim de carro, sabia que é mais rápido do que de avião? E bem menos burocrática. Namgil mandou o motorista dos pais dele vim me trazer depois de ter feito birra por eu estar vindo. - de um modo quase dramático, Yoongi revirou os olhos ao que deixava suas sandálias na entrada e entrava de vez em casa. Da última vez que esteve ali não tinha parado muito para ver as coisas ao redor, não tinha nem cabeça para isso, mas agora podia ver o quanto tudo era bem harmonioso e aconchegante – Você sabe como ele é chato.
- Isso se chama preocupação, Yoongi, sabe disso.
Jimin deixou as coisas do amigo em cima do sofá na intenção de lhe guiar até a cozinha e dar algo para ele comer, ainda não tinha arrumado as coisas para que Yoongi ficasse, mas sabia que isso não era nenhum problema, ele era do tipo de pessoa que só bastava um lugar bom para deitar para que assim dormisse, fosse em uma cama, no sofá ou até mesmo no chão. Porém, antes mesmo que eles saíssem da sala, pequenos passos foram ouvidos pelos dois e a atenção deles se voltaram de imediato para a escada.
Jeongyeon estava dentro de um dos seus pijamas de bichinhos – dessa vez de gamba – os pés cobertos por meias amarelas e em uma das suas mãos a mamadeira já vazia. Ela descia cada degrau com cuidado, a mão livre apoiada no encosto da escada e seus lábios em um bico enorme de pura concentração, suas perninhas eram curtas ainda e isso fazia a menina precisar de um esforço bem grande no processo de baixar uma perna e em seguida a outra. Era uma cena fofa, mas perigosa então Jimin tomou a frente em ajuda-la, não queria vê-la rolando degraus a baixo e isso acabaria acontecendo se ele ficasse ali parado sem fazer nada. Yeon não era o tipo de criança que não se machucava, ela ganhou seu primeiro galo na cabeça aos oito meses de vida depois de ter caído da cama e o primeiro nariz arranhado aos dez quando ela estava começando a dar os primeiros passos e foi com tudo no chão. Fora pequenos arranhões nos joelhos e até nos cotovelos, as bundadas no chão e quando ela acabava esbarrando em alguma coisa, tinha uma certa atração pelo chão até porque ela era filha de Park Jimin e a fama dele de cair fácil ia longe. Mas as escadas era outro processo e ele não estava disposto a ver sua pequena bebê se machucando daquela forma.
Subindo alguns degraus ele agarrou o bracinho dela lhe dando mais estabilidade na hora da descida, não estava sendo fácil e ela acabou agradecendo ao pai por lhe ajudar. Um sorriso – o primeiro do dia – acabou surgindo em seu rosto, mas foi impagável o sorriso enorme que ela deu e os olhinhos arregalados assim que ela viu Min Yoongi parado perto da escada, o seu tio favorito estava ali e não era preciso mais nada para deixa-la feliz pelo resto do dia. Yeon definitivamente amava Yoongi, muito mesmo, a segunda palavra que a menina disse na vida foi “Yoon”, a primeira foi papai e a segunda o nome dele porque desde que nasceu os dois tinham uma relação única. Jimin sentia sim um tantinho de ciúmes por se sentir menosprezado por ela toda vez que o tio estava por perto, era inevitável com ele sendo o pai babão que era, mas ficava sempre – sempre – agradecido por se darem tão bem. Amava Yoongi ainda mais por ver que ele amava a sua filha e esse ser um sentimento totalmente recíproco.
- Tio Yoon! - ela gritou agitada se livrando do pai e largando a mamadeira assim que seus dois pezinhos pousaram no chão firme, correndo em direção ao homem quando esse se baixou sobre os calcanhares e abriu os dois braços para lhe receber. Sério, não era mesmo preciso dizer o quanto de amor existia dentro daquele abraço, certo? Quando Min conheceu Jimin não pode deixar de se sentir encantado pelas bochechas fofas e o sorriso doce, Park era um menino incrível que estava passando por um momento difícil em sua vida, mas em momento algum o viu reclamando da situação. Por mais que tudo estivesse ruindo ao seu redor ele se mantia firme ali, em pé lutando como um guerreiro e isso sempre foi algo que o mais velho sempre admirou. Quando Jeongyeon nasceu, Jimin tinha todos os motivos para fraquejar e desistir de lutar por tudo que desejava, ele tinha uma bebê pequena para cuidar, uma bebê que não nasceu com a saúde mais perfeita, mas mesmo assim ele foi lá se formou na faculdade, trabalhou para sustentar os dois e desde então vinha firme nos seus objetivos. Amar Park Jimin foi fácil e amar Park Jeongyeon era duas vezes mais. Incrível como se apagou aquela menina desde a primeira vez que colocou seus olhos nela – Você tá “qui”!
- Estou sim, meu amor, vim ver você e o papai. - disse rindo ao que ela tentava usar as perninhas curtas para circular a cintura dele, seus braços em volta do pescoço do mais velho. Ela gostava de se pendurar nele como se fosse um pequeno macaquinho e ele achava bem engraçado, sempre brincava com ela sobre aquilo. Amparando pelo bumbum, ele enfim lhe tomou nos braços antes de se colocar de pé, ao fundo Jimin observava a tudo com um sorriso de admiração estampado no rosto. - Como você está?
- Saudade de casa, tio Yoon, mas o papai “nom” querer voltar. - reclamou discaradamente, agora os três indo para a cozinha, Park iria fazer algo para o hyung comer já que tinha certeza que o mesmo não tinha comido nada ainda aquela manhã. - Eu chorar e fazer birra, mas ele “nom” querer voltar.
- Me tirou a paciência uma manhã dessas chorando porque queria ir pra casa mesmo eu dizendo que não podíamos voltar logo. - Jimin entregou, aquele era o padrinho da sua filha e sempre presava pela ajuda do mesmo na criação da menina. Yoongi nunca discordava dos métodos dele na frente da Yeon, mesmo que não concordasse quando o mesmo era mais duro com a menina, sempre dizia para ela respeitar o pai sobre todas as coisas reforçando todos os ensinamentos do mais novo e Park agradecia por isso. Então sempre que a oportunidade surgia os três tinham aquele tipo de conversa. - Ela não entende.
- Oh, você sabe que não pode fazer isso, hum? O tio te disse que tem que respeitar o papai sempre e quando ele diz não, é pra você entender o lado dele. Não foi?
- Eu ‘tá com saudade do tio e querer casa nossa. - manhou, porque ela era sempre manhosa. - E eu “nom” tomar “sovetinho” como o papai dizer que eu fazer com os tios.
- Mas isso não é motivo para você está fazendo birra, sabe que o papai e o tio ficam tristes quando você faz isso. Não pode, mocinhas bem-comportadas ouvem o pai sempre.
- “Kay”, tio Yoon, eu “pometi” “nom” fazer mais. - assim ela volta a abraça-lo bem forte, o rostinho enfiado no ombro dele e seus pequenos braços em volta do seu pescoço. De longe Jimin apenas suspirou de satisfação ao que alcançava alguns ovos para fazer um omelete para o amigo, eles sempre comiam isso quando Min ia para casa do amigo pela manhã, dizia que Jimin era o melhor ao fazer aquilo. - Eu sentir saudades do tio, muitão, muitão.
- Oh, e o tio também sentiu muita falta sua, meu bolinho, sua e do papai. - confessou amorosamente, era verdade e por mais que ele não falasse muito sobre os próprios sentimentos, sempre deixava para falar da forma mais furtiva possível, como se não fosse nada – O gato doido de vocês fica miado o tempo todo assim que a noite chega, acho que sente saudades, mas em compensação, assim que ele for embora quem vai sofrer é o meu pai. Só falta colocar uma frauda no gato e dar mamadeira.
- Por algum acaso você está com ciúmes do Gun, Min Yoongi? - Jimin provocou sabendo que aquilo era puro charme, Yoongi sempre foi um menino muito mimado pelos dois pais e desde sempre era difícil dividir a atenção deles. Quando um dos seus pais casou novamente ele fez birra por um mês inteiro dizendo que o homem iria lhe esquecer e que arrumaria outro homem que já tinha filhos e esqueceria do seu menino, que era ele. Não era muito do feitio dele, mas Min chorou abraçado ao homem dizendo que queria ser para sempre o bebê dele e que se o mesmo ousasse lhe esquecer, invadiria sua casa à noite e cortaria os cabelos de todos da sua nova família. E a ameaça mexeu tanto com o mais velho, que ele nunca mais largou Yoongi e exibia orgulhosamente a todos o bom filho que tinha com Yoseob. - Não acredito nisso.
- Você sabe que eu gosto de toda a atenção do papai.
Os três se perderam naquele momento por um bom tempo, Yoongi comeu até sentir o estomago bem cheio, conversou com Yeon e deu toda atenção a sobrinha elétrica e bem animada que queria lhe contar sobre tudo que já tinha acontecido. Falou sobre ter ido fazer as unhas com a avó e de como ficou bonita com os cabelos bem hidratado, contou sobre os garotos da oficina e dos oppas que tinha conhecido – principalmente dos cabelos vermelhos de Hoseok e de como achou Jungkook bonito – e claro, ela não deixou de comentar sobre ter chorado quando um homem estranho ficou gritando com o seu pai na oficina. Nesse instante, Yoongi apenas ergueu as sobrancelhas para Jimin, mas não comentou nada a respeito, eles tinham muito para conversar, só que não na frente da menina. Então assim ele se dedicou apenas a matar toda a saudade que sentia ao ouvir e ouvir ela falando sobre tudo que tinha acontecido.
Era por volta das onze, Park estava na cozinha preparando o almoço quando ela enfim sossegou ao ponto de se distrair com um joguinho de montar no celular do pai e Yoongi aproveitou o momento para ter um tempo com o amigo. Podia ver que mesmo com o sorriso constate nos lábios e uma expressão boa no rosto, Jimin não estava legal e isso assustava o mais velho, ficava imaginando até onde ele estava se esforçando apenas para deixar tudo e todos firmes depois de todo aquele momento ruim, de como as coisas estavam difíceis, mas ele insistia em fingir que não apenas para manter tudo bem. Jimin era daquele jeito, não tinha como muda-lo, porém Min estava ali para lhe dar suporte da maneira que ele precisasse, amigos eram para essas coisas e podia existir uma igual, mas mesmo que procurassem pelos sete cantos do globo, jamais encontrariam amizade melhor. Algumas pessoas olhavam de forma torta para a relação deles, insinuavam coisas maldosas por trás da amizade e até mesmo Namgil – quando ouviu falar de Jimin pela primeira vez – acreditou que eles viviam em um relacionamento amoroso. Porém, o que existia ali era algo muito, muito maior que isso. Um romance podia acabar, podia ter um fim diante um atrito ou uma dificuldade, mas a amizade deles não, por mais que brigassem – porque esses momentos existiam sim – e batessem de frente, o amor fraternal que um sentia pelo outro sempre falava mais alto que qualquer coisa. Sempre foi assim, desde que se conheceram e acreditavam que seria assim pelo resto da vida deles.
Park estava ocupado cortando alguns legumes quando sentiu os braços do seu hyung em volta dos seus ombros e um beijo sendo deixado na lateral da sua cabeça. Aquele era o jeito de Yoongi em dizer que estava ali para o amigo e ficaria ao seu lado independente de qualquer coisa, ele não usava palavras para expressar seus sentimentos e nem precisava está expondo isso, ele era do tipo que agia e suas atitudes diziam por si só. Tanto da forma positiva quanto negativa, porque Min era daquele jeito e não podia ser melhor.
- Que tal você conversar comigo agora? A gente se viu em menos de uma semana, mas já aconteceu tanta coisa que parece que passou um mês. - largando o amigo ele se posicionou ao seu lado, os braços cruzados na altura do estômago e o quadril apoiado no balcão para pode assim ter uma visão clara de Jimin. - O que vem acontecendo?
- Aparentemente Taehyung juntou uma coisa na outra e descobriu que Jeongyeon também é filha dele. - tentou dar de ombros se concentrando em cortar as cenouras bem finas para que não demorasse muito para ficarem cozidas. Mas seu ato despreocupado não pareceu muito seguro para seu amigo que sustentava ainda aquele olhar sério em sua direção - Eu nem tive forças para desmentir nada, quando dei por mim já estava lá abrindo minha boca.
- Era um risco a correr vindo para cá, não?
- Eu sei, hyung, mas é diferente você pensar em um talvez, a você está diante um fato, eu nunca imaginei que iria ser confrontado por ele, principalmente depois dos pais dele virem atrás de mim?
- Pais dele?
- A mãe do Taehyung bateu aqui na manhã seguinte ao jantar e fez um escândalo, assumo que eu também não fui muito amistoso, mas ela gritou comigo falando para eu contar a verdade sobre a Jeongyeon e um monde de merda, então eu não aguentei e mandei ela ir cuidar da vida dela. - agora era a vez das folhas de alface serem lavadas e ele fazia isso com todo cuidado, separando as que levaria para o almoço da mãe e as que seria para eles comerem - Fui extremamente rude com ela e sabe o pior? Eu nem consigo me importar.
- E o pai dele?
- Oh, aquele maluco do caralho! - apesar do xingamento e de querer falar aquilo em alto e bom som, ele se conteve em apenas sussurrar aquelas palavras, estava tentando dar bom exemplo a filha e não incluía ficar falando aquelas coisas para a menina ouvir. - Ele quase me bateu, Yoongi, eu pensei que ele ia vim pra cima de mim umas três vezes e olha que ele até falou que era louco pra quebrar a minha cara. Eu quase voei no pescoço daquele desgraçado quando ele falou aquilo da Yeon, eu juro, juro por tudo que é mais sagrado na minha vida que se os garotos da oficina não tivessem me segurado eu iria furar a jugular dele com os dentes.
- Você contou ao Taehyung sobre isso? Tanto o que aconteceu na oficina, quanto o que rolou a quase quatro anos atrás?
- E eu lá tive coragem? Apesar do tempo distante eu conheço bem o Taehyung e sei que a primeira coisa que ele ia fazer era tirar satisfação com o pai, ele não ia ficar quieto e Dar-hu ia vim atrás de mim, tenho certeza. Não contei sobre o que aconteceu e não pretendo contar, quanto mais longe desse homem melhor pra mim e pra minha filha. E é por isso que eu sinto medo, sabe? Taehyung não sabe de um pedaço da história, não sabe que eu fui embora por medo e se ele quiser ficar com a minha filha alegando que eu não contei a respeito? Alegando que eu sou o errado da situação? Entende? Se de alguma forma eu tentando me livrar de um momento difícil agora não pode piorar mais lá na frente... Eu não sei, hyung, eu não gosto nem de pensar a respeito porque me bate um desespero tão grande só de imaginar uma situação dessas acontecendo.
- Não creio que ele possa tomar uma atitude dessas, não o conheço, mas ele me parece alguém bem centrado quanto ao que diz, não creio que ele possa tomar uma atitude extrema dessas apenas como um meio de vingança. E se for para fazer, que faça a gente não vai ficar parado, eu falei com o Namgil e ele disse que não tem a menor chance de um juiz tirar sua filha de você.
- Hyung, a família do Taehyung é muito, muito influente na cidade, se forem entrar com uma ação, vão fazer aqui e como eu vou saber se o juiz vai ser imparcial quanto ao caso em vez de ir a favor dele? Taehyung é o menos que me preocupa, e sim os pais dele.
- Jimin, acredite em mim, ninguém vai te tirar sua filha de você, Namgil não atua na área de família, mas ele conhece uma advogada que é a melhor na área, se eles forem pra briga a gente vai também, a não ser que você queira entregar as rédeas assim, do nada. Porque eu vou dizer uma coisa, eu, Min Yoongi, não vou deixar um fudido de merda que acabou de chegar levar ela pra longe não. Estamos juntos nessa, Jimin, você não precisa agir como se estivesse sozinho porque não está.
- Eu tenho tanto medo, hyung, tanto medo. - seus olhos estavam repletos de lágrimas e ele não conseguiu se segurar ao que levou as mãos ao rosto para chorar, céus, era como se estivesse dentro de um pesadelo. Yoongi, então, fez a única coisa que era capaz de fazer. Abraçou o amigo e garantiu a ele que tudo daria certo. Porque ele iria fazer dar se fosse necessário.
* * *
Eun-ju sempre almoçava depois das 13h, virou costume seu já que o marido só aparecia por essas horas em casa e os dois tomavam a refeição juntos, então Jimin não tinha tanta pressa assim em ir levar a comida da mãe na oficina. E naquele dia não foi diferente, ele, a filha e o melhor amigo comeram tranquilos, Yeon usando dos seus hashis infantis para comer enquanto os dois adultos conversavam algo bobo e engraçado que tinha acontecido com Yoongi nos últimos dias e claro, a discussão que tiveram com o namorado do seu pai. Porque o homem – aparentemente – não gostava em nada quando Min levava o noivo para dormir em casa e não pensou duas vezes em ir sobrar abobrinhas no ouvido de Yoseob, o que não agradou nada o mais novo que não usou de meios termos para enfrentar o homem.
Quando enfim estavam alimentados e com roupas adequadas para enfrentar o dia frio que estava fazendo, os três saíram de casa em direção a oficina. Yoongi queria conhecer o local e falar com Eun-ju um pouco, a última vez que os dois se viram não tinha sido da melhor forma e o encontro não foi muito afetuoso, entendia que não estava sendo fácil para a mulher e não forçou nada quando obviamente não cabia. Ela não sabia da sua ida a cidade e queria de certa forma fazer uma surpresa, desde que os dois começaram a ter um contato maior puderam perceber que eram mais parecidos do que um dia julgaram ser, a mesma certa vez chegou a pontuar tal coisa, tinham uma ótima relação e Eun-ju fazia bom gosto da amizade do filho com o Min, mas do que qualquer outra que Jimin já teve um dia.
Quando chegaram ao estabelecimento, Yoongi precisou confessar que se tratava de um lugar maior do que pensava – e do que Jimin lhe contava – era bem organizado e parecia ter um bom fluxo de clientes. Jeongyeon logo largou do pai e correu em direção aos garotos que trabalhavam ali, a menina tinha se tornado bastante próxima deles – na medida que podia e da forma mais saudável possível – e sempre que chegava ia logo cumprimenta-los antes mesmo da avó. Park, assim, orientou o amigo para o escritório, onde encontraram uma Eun-ju com a cara nos papeis analisando sabe-se lá o quê. Estava tão distraída que não percebeu a porta se abrindo e os dois homens entrando.
- Mamãe? – Jimin chamou tentando não assustá-la, a mãe odiava sustos mesmo que não proporcional – Mãe, seu almoço.
- Oh, deixe aí, filho, já estou indo. – disse sem sequer olhar na direção dele, estava tentando entender alguns cálculos que não estavam chegando a lugar algum e não podia tirar a atenção dali ou acabaria ainda mais perdida. – Preciso entender porque isso não está batendo, ontem estava certo, conferi tudo e os cálculos bateram, mas agora parece que está tudo errado.
- Melhor parar um pouco, hum? Esfriar a cabeça, coma e depois estará mais disposta, ou pelo menos pare e cumprimente o Yoongi hyung direito, mamãe, ele veio apenas para nós ver.
Eun-ju ergueu o rosto com pressa ao ouvir o nome do rapaz, gostava de Yoongi de verdade e era sempre bom vê-lo mesmo que dá última vez as coisa não tivessem sido tão legais assim. Sem precisar de mais, ela se levantou de um ímpeto e o abraçou com carinho, era quase como um filho para ela e não se constrangeu de beija-lhe ambas as bochechas e depois sua testa. Fazia muito apresso por aquele rapaz e nunca se constrangia em demonstrar. Yoongi tinha cuidado diretamente dos seus bens mais precisos quando ela esteve impossibilitada de assim fazer, ele cuidou e protegeu seu filho e sua neta quando ela estava longe demais para poder ela mesma fazer, então nunca iria encontrar um meio de ser grata a ele por isso. Não sabia o que podia ter acontecido com seu menino se não fosse Min e seu pai lhe ajudando, e putz, nem gostava de imaginar Jeongyeon, pois provavelmente a menina nunca teria chegado a nascer. Então não seria mentira se ela dissesse que o amava, porque amava sim.
- Quando você chegou?
- No café, você sabe, eu não consigo ficar mais longe dos meus dois bebês e na primeira oportunidade vim vê-los. - disse ainda agarrada a mulher, era bom ver ela diferente da última vez que a encontrou, detonada e triste, agora parecia menos deprimida e aparentemente saudável depois de todo a tragédia. Sentia-se bem com a senhora Park, muitíssimo na verdade e não gostava da ideia de que a mulher sofresse por mais que soubesse ser inevitável. - Mas me diz, como você está? Como anda as coisas?
- Difíceis, você sabe, é uma dor que as vezes parece que vai nos deixar maluco, pensar no Dong-run dói como morrer e eu penso o tempo todo, mas eu creio que irei superar. Jimin e Jeongyeon estão sendo muito importantes pra mim, eu sei que não está sendo fácil para eles dois, principalmente para o Jimin, mas é reconfortante e magnifico tê-los por perto. Eu não me sinto sozinha.
- Fico feliz que pense assim, por mais que seja um momento difícil, você é uma mulher forte que saberá tirar algo bom de tudo isso. O ajeossi ficaria orgulhoso.
- Você é um bom rapaz, Yoongi. - lhe beijou outra vez a testa vendo Jimin parado a alguns passos de distância observando a tudo com um singelo sorriso no rosto, ele adorava a relação do melhor amigo com a sua mãe, não podia ficar mais feliz.
- Ele é incrível, mamãe, a melhor pessoa que eu poderia ter na vida, na minha e na da Jeongyeon.
- Oh, assim vocês me deixam tímidos. - riu bobo fingindo constrangimento, Yoongi não ficava tímido fácil e quando ficava, sabia disfarçar com maestria. Os dois Park riram juntos, Eun-ju dando outro beijo na testa do rapaz enquanto Jimin se ocupava em tirar o almoço da sua mãe de dentro da bolsa, queria que ela comesse bem, não estava fazendo muito nós últimos dias e ele sempre que podia estava vigiando isso.
Nesse instante, a pequena Yeon adentrou a sala de uma forma esbaforida, parecia bastante eufórica e não pensou duas vezes em agarrar uma das mãos do padrinho e puxa-lo – o tanto que pode – para que Yoongi conhecesse seus amigos. Min apenas sorriu para a afilhada e deixou-se ser puxado, sem se importar com mais nada. Sempre era assim, Park Jeongyeon sempre fazia o tio de bolinha mesmo que ele jamais deixasse a menina saber. Os meninos da oficina estavam ocupados com os trabalhos do dia, Taeyong tinha até brigado com a namorada na noite anterior devido a quantidade de afazeres que o mesmo tinha o que acaba usurpando a atenção do mesmo para a garota. Mas isso não impedia nenhum deles em para qualquer coisa e dá atenção a pequena Park, Jeongyeon alegrava qualquer ambiente e sempre que ela passava ali dando beijos e abraços neles, o trabalho parecia até menos tenso.
Quando ela chegou dizendo que seu tio tinha vindo para vê-la, o pessoal não deixou de sentir-se feliz junto dela, a menina mexia os bracinhos e pulava sobre seus pequenos pés toda vez que falava que seu tio Yoon era um máximo e que estava com saudade dele. Yeon falou tanto do homem que todo mundo ficou ansioso quando ela disse ir chama-lo para apresentar a todo mundo.
Jimin seguiu os dois para fora do escritório pedindo a filha carinhosamente para ela tomar cuidado para não se machucar. Chang-kuyn estava de costas para a movimentação, suas mãos estavam repletas de graxa e ele reclamava um pouco pelas costas estarem doloridas depois dos treinos de Aikido na noite anterior, seu mestre tinha usado muita intensidade nos golpes. Distraído demais nas suas reclamações ele não percebeu quando Yoongi parou diante ao pessoal, Yeon puxando o homem pela mão enquanto acenava para os três animadíssima, Jimin atrás sorrindo bobo para a sua criança.
- Olha, esse é o meu tio Yoon, ele veio ver eu e o meu papai. - disse fofa, Min curvando delicadamente o corpo em cumprimento, Taeyong cutucando o amigo discretamente para que ele se virar e agir adequadamente na frente do hyung novo.
- A Yeon falou de vocês três a manhã inteira, sobre os amigos que tinha feito. - Yoongi falou cordialmente, Chang-kyun enfim olhando para o homem e foi impossível segurar o impulso de simplesmente abrir a boca em admiração aquela criatura a sua frente, Min vestia roupas simples, jeans e moletom, o cabelo preto caindo sobre a testa e parcialmente os olhos, um pouco de brilho nos lábios e os olhinhos apertados atentos a movimentação ao redor, lindo e Chang-kyun não tinha culpa em achar isso também. - Eu estava começando a achar que ela tinha me trocado.
- Ela fala no oppa o tempo inteiro – Yura, a menina que trabalhava na borracharia, tomou a frente vendo que nenhum dos meninos falariam nada, ela até mesmo deu uma cotovelava em Chang para ele desfazer aquela cara de pateta que estava fazendo, até mesmo Jimin tinha percebido a forma como o rapaz olhava para seu melhor amigo e achado engraçado. Nunca o tinha visto esboçar outra reação a não ser aquela sua imparcial e tranquila, era engraçado vê-lo daquele modo espantado e abobado. - Sempre dizendo que estava com saudades.
- Tudo dela era o tio Yoon pra cá e tio Yoon pra lá. - Taeyong complementou vendo Yeon esfregando o rostinho na coxa do tio, tímida, as bochechas coradas.
- Eu te falei, hyung, ela não se aguentava de saudades de você e eu admito que também estava. - Park falou dando alguns passos para a frente, parado ao lado de Kyun, ele fez um leve afago no braço do garoto discreto em fazê-lo ao menos piscar.
- Eu não queria ter demorado tanto pra vim, sabem? Mas está tudo muito corrido no meu trabalho e eu acabei me dando folga esses dias, dois dias apenas, meu noivo queria adiar para o final de semana para poder vim também, mas não aguentei de saudades e vim antes.
“Meu noivo”. Bastou aquelas duas palavras para desmanchar a expressão no rosto de Chang-kyun, Yura segurando o riso no meio da garganta quando ele desviou de imediato o olhar para Yoongi e coçou a garganta. Taeyong riu um pouco e Jimin fingiu muito bem não ter percebido já que Min, se percebeu o olhar incisivo em sua direção, fingiu muito bem. Era como um banho de água fria bem no meio daquele inverno.
* * *
- Você tem certeza que não quer que eu ajude? Sabe que não é problema pra mim, eu lido com essas coisas todos os dias.
- Por isso mesmo, você tirou folga tanto para nós ver quanto para relaxar, não é justo chegar aqui e se lotar de trabalho outra vez.
- Sabe que não me importo. - revirou os olhos discretamente, Park Jimin era teimoso como uma mula, bastava querer.
- Mas eu sim, gostaria de te dar mais atenção, mas preciso ajudar a mamãe nisso e você pode ficar com a Jeongyeon até eu terminar, depois eu vou preparar algo bom para jantarmos.
- Então eu vou dar uma volta pela cidade e conhecer alguns lugares. Vou levar a Yeon e nem adianta falar nada, vou passar na sua casa pra colocar roupas mais quentes e pode deixar que a sobremesa do jantar é por minha conta. - assim, sem dar a menor importância, ele saiu do escritório da oficina e foi embora com Jeongyeon no colo, sem nem ouvir Jimin.
Era por volta das duas da tarde e eles estavam na oficina apenas gastando tempo, conversaram um pouco com o pessoal que trabalhava ali, mas eles precisaram voltar logo para seus serviços, tão atarefados que nem mesmo Jeongyeon ganhou a atenção que queria. Mas então Eun-ju ficou realmente cheia de trabalho e Jimin achou por bem ajudar a mãe devidamente, ficando assim sem tempo para a filha e o amigo.
A menina lidou bem com isso nos dez primeiros minutos, mas em seguida ficou logo impaciente e queria fazer algo decente, o que restou a Yoongi programar algo bom o suficiente para eles. Não conhecia a cidade, a única vez que esteve ali fora uma semana antes no enterro do Dong-run e ninguém teve cabeça para ir passear pela cidade, aquilo nem era uma coisa a ser cogitada. No entanto, isso não frustraria seus planos com a afilhada em dar uma volta, andaria pelas ruas vagando até achar algo legal para fazer e se não achasse sozinho, pediria informação e ficaria tudo bem. Todo mundo parecia receptível ao encontrar alguém perdido e não negaria ajuda quanto a isso. Pelo menos esperava que fosse assim.
Na casa dos Park, Yoongi vestiu a menina com roupas grossas e quentes para enfrentar o dia frio, não era nada impossível de enfrentar, o inverno estava bem suave, mas não podia dar brecha para que Yeon pegasse algum resfriado ainda mais quando a menina tinha acabado de se curar de uma gripe. Também vestiu uma roupa melhor e mais confortável, trocou seu moletom por uma camisa melhor e se agasalhou com um sobretudo caro que tinha ganho de um dos pais no ultimo aniversario. Partindo logo em seguida da casa ao estarem prontos.
- Onde você quer ir, meu bem? - perguntou ao que seguia pela rua com ela, a mãozinha pequena da menina sendo engolida pela mão larga dele, caminhavam com calma e Yeon até parou para apanhar uma flor que estava caída no seu caminho. Sua roupa de panda sob o casaco chamava atenção ainda mais com seus sapatos que brilhavam e brilhavam a cada passo dado.
- “Nom” saber, tio, eu querer “bincar” e “cumer” doces, o papai só falar pra “cumer” matinho e eu “nom” gostar.
- O tio de leva para comprar doces se você prometer comer o jantar todo, que tal?
- Kay!
- Mas então, conta para o tio, o que você está achando da casa da vovó? Tem sido bom mesmo estando longe de casa?
- Tio, eu “nom” “tender” um coisa. - ela andava com as perninhas curtas de uma forma fofa e Yoongi apenas sorria vendo a menina dando pequenas passadas junto a si, era um tanto complicado para ele já que um passo seu era quatro do dela, mas com o tempo o homem conseguiu se acostumar. Uma rajada de vento bateu diretamente no rosto da menina ao que ela falou aquilo, seus cabelos se assanhando para todos os lados a medida que sua pequena mão livre tinha o trabalho de espantar todos os fios para longe do seu rosto. Fofa. Completamente. - Onde foi o vovô? Eu pensar que ser casa dele “tombém”, mas o vovô “nom” “parece”.
- Oh, meu bem... - Yoongi não sabia se Jimin já tinha conversado com a filha sobre a morte, achava que Jeongyeon era muito nova para um assunto tão completo e acreditava que o pai da mesma nunca tenha adentrado diretamente naquilo. E ele odiava que a mesma tivesse abordado aquele tipo de coisa apenas consigo, porque Yoongi era péssimo com as palavras quando se tratava de crianças, elas eram pequenas e precisavam de certo cuidado ao falar, mas ele não conhecia muito sobre aqueles cuidados e acabava falando besteira. Park quem era o responsável por aquele tipo de coisa, na verdade, sua única missão como padrinho era estragar Jeongyeon e incentiva-la a sempre obedecer o pai, os assuntos difíceis ficava para Jimin. No entanto, ele sabia, e tinha consciência para tal, de que ela precisava e merecia ao menos de uma resposta, então ele tratou de usar as melhores palavras que conhecia, aplicado de uma maneira clara para que ela entendesse da mesma forma que fosse doce para não chocá-la demais. - Você lembra naquele dia que estávamos passeando pelo parque enquanto esperávamos seu pai na aula de dança e encontramos um passarinho dormindo bem forte perto de uma árvore?
- Ele “nom” abrir os olhos, tio, só ficar assim oh... - apertou bem forte os olhos para representar, recendo um risinho do tio com resposta.
- Isso, Yeon, lembra que o tio te falou que agora ele tinha morrido e quando me perguntou sobre a morte, eu te falei que agora ele só ia voar sobre as nuvens. Lembra disso? Que ele ia para um lugar muito bom e tudo ficaria bem? - ela acenou positiva com a cabeça ainda com os olhinhos grandes apontados na direção do padrinho – O seu vovô agora é como o passarinho, Yeon, ele foi para um lugar muito bom sobre as nuvens e agora vivera lá.
- Mas tio, como puder se o vovô “nom” tem asa?
- Agora ele é um anjo, meu bem, e anjos têm asas, certo?
- Oh, agora eu “tender”. - e como se não fosse nada, até porque na cabecinha dela o assunto era simples e nada devastador, ela apenas sorriu e voltou a apontar as coisas que gostava no meio do caminho.
Yoongi achava linda aquela inocência das crianças, tudo para eles eram simples e fácil de resolver, não tinham problemas e se tinham, era sobre um brinquedo quebrado ou porque não podia comer mais doce, nada era tão sério ao ponto de tirar a paz deles e isso era fantástico. Queria poder ter aquilo ainda, aquela leveza de ser puro, a leveza de que o mundo era um lugar bom e que nada podia te abalar. Mas não podia, tinha crescido e magia tinha sumido com os anos, porém podia reviver aquela mágica tendo a sobrinha do lado. Jeongyeon era uma criança pura e de alma limpa, ele não era o tipo de cara religioso, nem sabia se acreditava em algo maior, mas toda vez que olhava para aquela menina ele tinha certeza que se Deus existia mesmo, Ele tinha criado Park Jeongyeon com as próprias mãos. Não existia pessoas perfeitas, no entanto, a pequena estava em um patamar próximo disso.
Eles foram a uma doceria que encontraram no caminho e compraram um saquinho de doces, de tudo um pouco, em seguida foram até uma praça que ficava pela localidade e Yoongi permitiu que a menina brincasse em tudo, lhe ajudou no balanço, fez vários vídeos dela no escorrego e até mesmo ajudou na gangorra e quando a menina teimou em querer brincar no meio da areia. Brincaram de pega-pega e comeram pipoca de um carrinho que vendia por perto, eles sequer prestaram atenção nas horas e Min acabou ignorando os telefonemas do noivo e de Jimin apenas por não ter visto quando assim ligaram para si, ele sempre perdia a noção das horas quando estava junto da menina.
Depois, ele teimou em ir comprar coisas gostosas para jantarem e o café da manhã do dia seguinte, fazendo assim vagarem até encontrarem um supermercado, Jeongyeon reclamando dos seus pezinhos cansados fazendo assim seu tio lhe carregar nos braços até encontrarem o mercado. Mas bastou ela chegar e ver aquele lugar enorme e cheio de coisas que a menina logo quis ir para o chão toda eufórica. A bateria do celular dele tinha morrido definitivamente algumas horas antes, no relógio na entrada do estabelecimento marcava pouco para as seis e meia da tarde e Yoongi estava oficialmente perdido naquele lugar, não sabia como voltar para casa dos Park e tão pouco até a oficina deles e não tinha sequer a noção de como voltaria já que estava totalmente impossibilitado de se comunicar com alguém. Todavia, isso não o intimidou nenhum pouco, ele não deu muita importância para que horas eram e se estava ficando mais frio, que Jimin e Eun-ju deveriam está preocupados com a demora deles e que estava perdido em uma cidade que nunca tinha estado efetivamente. Putz, isso não era nada. Min apenas pegou uma cestinha em um canto perto dos caixas, agarrou a mão da sobrinha e foi fazer suas compras com a maior naturalidade do mundo.
Ele costumava ser bem preocupado quando mais novo, daquele tipo de pessoa que surtava com pouca coisa e perdia o sono com algo aparentemente bobo, insônia era seu sobrenome e ele podia ter enxaqueca com uma coisa simples como se atrasar 10 minutos para um compromisso. Se considerava um paranoico e isso acompanhou sua adolescência inteira, até que no primeiro semestre da faculdade ele acabou desmaiando de tanto estresse em uma semana de prova que pai o levou ao médico e desde então Yoongi fazia analise para melhorar aquilo em si. Seu médico era um profissional tão bom que Min já tinha superado muitas coisas e em outra realidade, ele teria surtado por está com Jeongyeon em um lugar desconhecido sem meio de se comunicar com ninguém. Mas era um exercício e ele apenas respirou fundo e foi fazer suas coisas, tudo iria se resolver quando tivesse que se resolver, nada valia sua paz.
Jeongyeon teve o poder de escolher algumas coisas como iogurte para o café da manhã e suas frutas favoritas – melancia e morango – também ficou no encargo de levar a sobremesa e o rapaz precisou de um pouquinho do seu poder de persuasão ao ser incisivo ao dizer que não, eles não levariam sorvete para o jantar por mais que fosse tentador. Era inverno e ele não queria arriscar em vê-la doente. Então passaram na padaria do supermercado e compraram alguns cookies caseiros e brownie com calda quente, não era nada luxuoso, mas era o suficiente.
Tinham pego algumas boas coisas e Yoongi ainda liberou a menina de escolher um presente para si, o que rendeu os dois na sessão de brinquedos sentados no chão rodeados de coisas para que a menina escolhesse entre um lego, um jogo de chá, um carrinho que tocava música ou uma pelúcia de girafa. Mas no final Yeon acabou se decidindo por um quebra cabeça das tartarugas ninjas que estava perdido por entre as prateleiras e sequer tinha entrado como opção e um livro de pintura dos elefantes – porque ela amava elefantes.
Assim eles seguiram para a sessão de vinhos na intenção de comprar um que fosse suave de mesa para que acompanhasse o jantar, em algumas noites Yoongi aparecia com uma garrafa na casa de Jimin e os dois acabavam na sala ouvindo alguma música triste enquanto conversavam sobre o assunto do momento. A última vez que isso aconteceu fora há alguns meses, mais ou menos no inicio do ano, quando Yoongi acreditou que seu noivo, Kim Namgil, estava lhe traído e a primeira coisa que fez, antes mesmo de ir em busca dos fatos e perguntar ao homem o que estava acontecendo, foi chorar no colo do amigo. No final o mistério de Namgil era um pedido de casamento e quando Min falou sobre suas suspeitas ainda teve uma declaração fofa envolvendo algo como “eu nunca poderia trocar o homem da minha vida por um caso sem importância, Min Yoongi, você é o meu homem e eu te amo como jamais amarei outra pessoa”.
Mas então lá estava ele se decidido entre um vinho tinto e um vinho branco, quando Yeon – que até então estava ao seu lado abraçada aos seus presentes – simplesmente deixou as coisas no chão e saiu correndo pelos corredores do lugar com seus pezinhos pequenos e suas perninhas curtas, os braços balançando de um lado para o outro daquele jeito meio desesperado que toda criança pequena fazia. Yoongi não pensou duas vezes antes de largar a cesta no chão e sair apressado atrás da menina, quando mais lhe chamava, mas rápido ela ia.
Até que Jeongyeon se perdeu por um dos corredores e quando Yoongi chegou perto da menina viu quando um homem alto, vestido com roupas pretas e confortáveis de frente para uma prateleira cheia de desinfetante, pegou a menina nós braços a trazendo para os braços em um abraço caloroso. Min freio sobre os pés e diminuiu os passos, o meio das suas sobrancelhas se curvando à medida que se aproximava.
- Oppa, eu “contrei” você. – Jeongyeon falou animada, os bracinhos dando a volta no pescoço do desconhecido ao que o homem amparava o corpo pequeno e leve sem maiores esforços, um sorriso enorme estampado no rosto dele em um ato de visível felicidade. Ela parecia minúscula junto dele e Min fechou ainda mais a expressão quando enfim os olhos do dito cujo focou na sua imagem.
- Jeongyeon, quem é esse? – Yoongi questionou sem dar a mínima para o homem, não que tivesse fazendo por mal, mas aquela era a sua sobrinha abraçada a um cara desconhecido, uma menina de três anos que saiu desesperada para falar com ele, não o achava uma ameaça, mas cautela nunca matou ninguém. “Seguro morreu de velho”, já dizia seu pai.
- Ele é o oppa bonito, tio Yoon, eu gostar dele. – falou como se fosse obvio, agora mais afastada do ombro dele dando a chance do tio ver seu rosto com aquela expressão limpa, genuína de criança.
- Eu sou Jungkook, Jeon Jungkook. – JK se curvou o quanto pode em cumprimento, não podia negar em dizer que estava esperando o Park ali com a filha, mas não foi uma total decepção ver que tinha outro baixinho no lugar, era sempre bom ver a Yeon. – Aparentemente ela gostou de mim desde a primeira vez que nos vimos, o que é bom já que a recíproca é verdadeira.
- Eu nunca vi ela agir dessa forma, essa sapeca quase me matou de susto. – ralhou sem está de fato bravo, Jeongyeon parecia sensitiva em relação as pessoas, desde muito bebê toda vez ela estranhava alguém ou não queria contato com ela, em algum momento o dito cujo ia mostrar as asinhas e deixar transparecer seu lado ruim. Aconteceu isso com o ex-quase namorado de Jimin, a menina sequer gostava de olha-lo e no final ele se mostrou um completo babaca. Já Namgil, oh, Kim Namgil, ele ganhou aquela menina no segundo seguinte que os dois se conheceram, ela simplesmente se jogou em seus braços e no final do dia já estava lhe chamando de tio. Ela sabia bem das coisas e foi por isso que a expressão no rosto de Yoongi suavizou assim que viu como a menina parecia bem nos braços de Jungkook. – E em todo caso, eu sou Min Yoongi, o padrinho dela.
- É um prazer conhece-lo, acho que era você quem estava com Jimin no dia do enterro, certo? Eu estava lá e vi vocês chegando.
- Eu estava tão aéreo que não prestei atenção em nada.
- Eu entendo – Jeongyeon mexeu em uma das argolas presas na orelha dele tentando passar a pontinha do dedo pelo espaço restante, mas não deu muito certo então ela voltou a deitar a cabeça em seu ombro ao que relaxava de fez o corpo. Mesmo que ainda tivesse energia para virar aquele supermercado de perna cabeça, ela estava cansada e não negaria um pouco de colo em um momento como aquele. – Oh, parece que tem alguém cansadinha aqui.
- Estamos a tarde inteira fora. – Yoongi confessou, lembrando enfim da sua atual situação sobre a volta para casa e principalmente de ter deixado as coisas jogadas no meio do corredor. Jeon só podia ser um enviado dos céus para lhe ajudar naquele momento. – Falando nisso, Jungkook, você estaria muito ocupado no momento?
- Não, na verdade, não.
- Ótimo! Eu preciso de carona porque eu não sei voltar para casa do Jimin e meu celular acabou de vez a bateria e não tem como fazer contato com ninguém. – ao dizer isso ele simplesmente deu as costas e voltou para onde as suas compras estavam, Jungkook um tanto confuso seguindo em seu encalço. – Eu nunca estive na cidade e acabei sendo muito gananciosos e me perdi, não faço a menor ideia de como voltar para casa e como você está aqui, aparentemente de carro, podia fazer essa gentileza para um hyung, certo?
- Claro, por mim tudo bem, eu não me importo, hyung.
Jeon tinha saído mais cedo do trabalho naquela noite e deixado o jornal nas mãos de Namjoon para fechar, sabia que não era o certo, mas depois de ter tido uma reunião estressante com a sua equipe ele só conseguia pensar em ir embora dali e ficar longe até o dia seguinte. Alguém tinha vazado informações de que o jornal iria soltar uma matéria sobre um dos ministros da câmara estava desviando dinheiro das merendas escolares para fins próprios como compras de imóveis e carros, sendo assim, o dito cujo pagou a essa pessoa para que impedisse a publicação da matéria em troca de dinheiro. Seria um negocio lucrativo se a informação do ocorrido não tivesse caído nos ouvidos de Jungkook e ele ficar a ponto de soltar fogo pelas narinas de ódio.
Assim ele reuniu todo mundo e foi bem incisivo ao questionar quem era a pessoa e tudo mais, prometeu suspender o salário de todos – o que causou uma sessão de gritaria e esperneio – até que alguém se pronunciasse. Não que fosse de fato fazer, até porque quando a informação lhe foi passada já tinha todos os nomes envolvidos e tudo mais, mas ele queria que a pessoa fosse até ele e isso ocorreu, uma das suas redatoras mais antigas acabou confessando e ele a demitiu por justa causa direto e ainda passou para que alguém acrescentasse na matéria sobre o ministro o suborno dele, tirando o nome da mulher, de todo modo. No final, ele estava tão sobrecarregado que acabou perdido naquele supermercado atrás de um amaciante bom o suficiente para que pudesse lavar as suas roupas. Era estranho, mas era algo dele. Serviços domésticos sempre deixava ele menos estressado já que ele era um desastre.
No meio do percurso acabou encontrando Min Yoongi e lá estavam eles dentro do carro de Jungkook, as compras no banco de trás, Jeongyeon devidamente sentada e com cinto de segurança bem ajustado ao seu pequeno corpo porque não tinha um acento próprio para ela, seguindo em direção aos Park.
Em casa, Jimin estava a ponto de arrancar os cabelos, ele já tinha mandando dúzias de mensagens para o amigo e ligado tantas vezes que já tinha perdido as contas, mas Yoongi não mandava notícias. Eun-ju tentava dizer ao filho para se acalmar, os dois devem ter encontrado algo legal para fazer e tinham perdido a noção da hora. Mas era difícil para o Park se acalmar naquela circunstância, o amigo não conhecia nada na cidade e isso se tornava um agravante na ideia de simplesmente se acalmar. Estava na cozinha ralando um pouco de legumes para a mãe quando ouviu o barulho de um carro parando em frente à casa, não pensando duas vezes em largar tudo em cima do balcão e ir ver quem era.
Primeiro viu Yoongi, estava de costas parado diante a porta de trás do carro tirando o cinto de Jeongyeon no lugar, enquanto Jungkook estava no outro lado recolhendo as diversas sacolas de compras do homem, ele tinha comprado mais coisas do que pensou e isso rendeu algumas sacolas extras para carregar.
- Min Yoongi, você quer me matar do coração? – foi o que Jimin falou ao que o homem se virou em sua direção, Yeon sendo pousada no chão antes de correr para os braços do pai como se não tivesse visto ele por uma semana inteira. – Oi, meu amor.
- Papai, o oppa veio com a gente, papai. – disse se jogando nós braços dele quando Jimin se baixou para lhe receber. – E eu ganhar presentes do tio Yoon, muito.
- Me desculpe pela demora, acabamos nós empolgando e quando percebi estava perdido no meio do supermercado, a sorte é que eu encontrei o Jungkook e ele nós trouxe.
- Oh...
- Boa noite, hyung. – Jeon cumprimentou chegando as vistas de Jimin pela primeira vez na noite. Ele sorria e o mais velho acabou sorriso também, meio bobo, não sei, uma sensação diferente no peito ao que olhava bem para ele, um calorzinho estranho.
- Boa noite, Jungkook, obrigado por ter trazidos esses dois em segurança.
Yoongi olhou de forma confusa para os dois, mas não fez nenhum comentário, ele apenas deixou que Jeon carregasse as sacolas – todas – para fora do carro e em seguida para dentro da casa com toda autoridade, Jimin ficando para trás com a filha que falava algo sobre ter comido doces com o padrinho e brincado a tarde inteira. Eun-ju ficou um tanto surpresa ao ver o filho mais novo de Gayoung pedindo licença ao entrar a sua cozinha, Jungkook parecia desconfortável, até porque ele estava, suas bochechas levemente vermelhas e a expressão fechada como de costume, mas não deixou que todos soubessem disso, não tinha precisão.
- Yoongi meu filho, você trouxe o mercado inteiro? – perguntou de forma divertida, o jantar já estava quase todo pronto e diferente de horas antes, ela não vestia mais as roupas de trabalho dando ao entender ao mais novo que fazia tempo que ela e o filho tinham chegado – Jimin estava a ponto de arrancar os cabelos da cabeça de tanto nervoso, todo exagerado.
- Eu perdi a noção do tempo, estava perdido até a Yeon encontrar o Jungkook e eu pedir uma carona para casa.
- Como vai, meu bem? – Eun-ju se referiu a Jeon e ele apenas sorriu de forma calorosa acenando positivo com a cabeça em resposta. Não estava bem, estava cansado e estressado, mas ninguém precisava saber disso. – Ainda bem que os céus te levaram ao supermercado, hum? Como esses dois voltariam?
- Não foi nada. – sorriu outra vez, acanhado – Mas agora...
- Vovó, vovó! – Jeongyeon veio correndo da sala daquele seu jeitinho fofo chamando a atenção de todos e interrompendo a fala de Jungkook, ela não estava mais de casaco ou com o pijama de panda, apenas uma calça de algodão fino que estava por baixo do pijama e uma camiseta, os pés só de meia e os cabelos soltos, livre como um passarinho. Jimin vinha logo atrás e Yoongi não entendeu quando recebeu um beijo na testa do amigo, um gesto bem afetuoso e cheio de carinho, mas não teve tempo de perguntar quando a menina voltou a gritar. – Você “nom” saber, vovó!
- O que, coisa linda? – Eun-ju a pegou no colo com apenas um dós braços e lhe colocou sentada na mesa, o nariz fazendo um carinho entre a bochecha e o pescoço da menina de uma forma que a fez rir alto e de forma bastante sonora, era linda aquela relação e sem ninguém perceber lá estava os três homem no local observando as duas juntinhas – O que a vovó não sabe? Me conta.
- O vovô! Voce “nom” saber, mas ele ter asas! – o sorriso no rosto de Eun-ju morreu, Jungkook ficou confuso e Yoongi enfim percebeu o porque de Jimin ter lhe tratado daquela forma, Jeongyeon tinha falado sobre a conversa deles. – O tio Yoon falar que agora ele ‘tá lá em cima, ele tem asas agora “puque” ser anjo e tudo ficar bem. É bom né, vovó? Anjos ser legal, eu gostar.
- É, amor, ser legal mesmo. – ela a abraçou e acabou soltando um “obrigada” em direção a Yoongi porque ninguém poderia ter explicado a menina sobre a morte do avô do que daquela forma e ela agradecia por isso, de verdade – A vovó ama você, sabia?
- Saber, eu “tombém” amar a vovó.
- Oh, bem, agora que está tudo resolvido, que tal irmos jantar? Hum? Jungkook você fica? – Jimin tomou a frente, estava emocionado e não queria ficar chorando na frente das pessoas, principalmente quando sua mãe estava mais emocionada que si.
- Não, hyung, eu...
- Oppa você tem que ficar com a gente. – Yeon disse.
- Verdade, você fica e tem essa refeição com a gente, aposto que não tem nenhum compromisso e fizemos comida o suficiente.
- Se não for um incomodo, eu fico. - disse resignado, Yeon correu de volta para seus braços assim que a vó lhe colocou no chão, Jimin lhe deu uma batinha no ombro e Yoongi voltou a contar a todos sobre o seu dia. Todos bem integrados e por um momento Jeon se sentiu parte daquela família, se sentiu parte de alguma coisa e acredite, foi uma sensação maravilhosa.
* * *
Quando o jantar terminou, Yoongi subiu para tomar um banho e ir colocar seu celular para carregar, seu noivo devia está as vias de enfartar devido o dia todo sem informação e ele também tinha alguns e-mails que precisava ser respondido. Eun-ju também não demorou, disse ao filho que não se preocupasse com a Yeon pois daria banho e a colocaria para dormir em sua cama, as duas dormiriam em sua cama e ele podia ficar tranquilo para conversar mais com o Jungkook, se despediu do rapaz – Jeongyeon chegou a convida-lo para dormir em casa com a chantagem de dizer que seu pai sempre fazia cafune em si e faria nele também – e foi para seus aposentos.
Jimin preparou uma xícara de chá para eles e os dois sentaram-se na varanda de trás da casa, estava frio, mas a bebida quente aquecia eles e tornava tudo mais aconchegante. Sentados lado a lado, Jeon tomava a sua bebida de forma lenta e sem maiores pressas tentando protelar aquele momento, estava contente em poder ficar um tempo ao lado do mais velho e por isso estava fazendo tudo da maneira mais lenta possível apenas para passar mais tempo ali, sentado em silêncio.
Não entendia o que acontecia consigo ao lado do Park, seu coração parecia confuso e sua mente duas vezes mais, era uma sensação afoita e dolorosa, porém boa e aconchegante. Era como tomar um banho depois de um dia cansativo ou um café em uma manhã fria, poder abrir uma embalagem que veio pelo correio ou quando saia episódio novo da sua série favorita. Uma noite de frio em pleno verão, um dia de sol no meio do inverno. Era uma sensação única, simples e magnifica. Talvez estivesse alimentando aquilo sozinho, era bem provável que estivesse sentido sozinho tudo aquilo e Jimin nem fazia ideia, era impossível esquecer o fato de que era o irmão mais novo do ex-namorado com quem tem uma filha, Jungkook viveria com aquele titulo pelo resto da vida, Jimin ainda podia vê-lo como aquele mesmo garoto de anos atrás, no entanto, Jeon o via como homem. Um homem lindo e sexy que vinha mexendo com todas as suas bases. Era loucura, sabia disso, tinha se encontrado com Park quatro vezes e vinha agindo como um completo bobo, mas como fugir de algo que o nosso coração parece querer tanto? Ele não sabia exatamente o que queria, mas tinha certeza que era algo que envolvia Park Jimin, não podia está tão enganado daquele jeito.
E não seria mentira dizer que Jimin também sentia algo, ficar perto do mais novo também causava sentimentos conflituosos ao mais velho, também fazia suas bases tremerem, mas diferente de Jeon, Park era muito mais difícil de admitir.
- Você parece cansado. – o mais velho começou tentando quebrar o silêncio, era quase sufocante está ali. – Problemas no trabalho?
- As vezes é bastante complicado ser o chefe. – Jungkook não queria entrar naquele assunto, ficava com dor de cabeça só de lembrar de toda a confusão ainda mais quando tivesse que se juntar com todo o pessoal no dia seguinte para uma nova reunião. Por isso ele apenas sorriu olhando de volta para Jimin em um gesto mudo de como se dissesse que tudo ficaria bem e que não precisava se preocupar.
- Você parece saber lidar bem com isso. – confessou fugindo do olhar dele, suas bochechas ficando quentes e ele rezou mentalmente para não ficar vermelho na frente de Jungkook, séria ridículo. – Você é jovem e já tem tantas responsabilidades. Parece está indo bem com isso.
- Você também começou a ter reponsabilidades muito cedo, não foi, hyung? Digo, em relação a Jeongyeon?
- Foi sim, Jungkook, mas sabe, eu não consigo me arrepender de nada que me levou até ela. Nadinha mesmo.
- Eu acredito que sim... Taehyung hyung falou comigo sobre a conversa de vocês, sobre ela ser filha dele, admito que não fiquei tão surpreso assim, eles se parecem muito. Fico feliz que possam está tendo essa oportunidade de conversar e resolver tudo, não nós aprofundamos muito na conversa, mas acredito que ele esteja muito feliz com isso.
- Como tem tanta certeza?
- Sua filha é incrível e não tem como não se encantar com ela logo de cara, eu estava tendo um dia bem complicado hoje, mas então ela apareceu e me deu um abraço, melhorou meu dia completamente e não tinha a menor noção disso. Se eu fosse o Taehyung, acredite, eu estaria no céu por ter uma criança como ela para chamar de filha. Mas como não posso, irei fazer o melhor para ser um bom tio para a Jeongyeon.
Jimin não queria se abalar com aquelas palavras, droga, era tão errado, mas veja só, ele era um pai bobão e ter alguém falando da sua criança daquela forma mexia com todo o seu coração. Ele não tinha se aventurado em muito relacionamentos desde que a filha nasceu, na verdade, tirando uns três caras que ele beijou em uma noite qualquer em que saia para se divertir e um quase namorado, ele não pode dizer que teve algum envolvimento amoroso desde que virou pai ou algo para comparar as palavras de Jungkook e mesmo se tivesse, o modo como o mais novo falava da menina era especial demais para ser comparada a qualquer outro. Poxa, era um cara bonito – lindo, vamos ser honestos – dizendo aquelas coisas sobre a sua filha, sério, que pai conseguiria ignorar aquilo?
Park não conseguia e ninguém pode julga-lo pelo modo como suas bochechas ficaram vermelhas e ele desviou vergonhosamente seu rosto das vistas de Jeon, apesar de um jeito doce, o mais novo tinha um olhar intenso em sua direção que se tornava quase impossível de retribuir. Jimin não estava ali para se envolver com ninguém e jamais o usaria como um caso de semanas, tinha um carinho especial demais com Jungkook para trata-lo daquela forma. Mas ninguém pode julga-lo por se sentir fascinado com aquele cara.
- Taehyung e eu marcamos de nós encontramos na festa da cidade, apresenta-lo como pai a Jeongyeon... Você estará lá?
- Se o hyung quiser, claro que sim.
- Ficaria agradecido. – e lá estava o sorriso lindo que Park costumava dar que deixava Jeon as vias de cometer uma loucura. Se pudesse, ou se fosse agir seguindo os seus instintos, ele atacaria aquele homem e lhe roubaria um beijo até ficarem com os lábios dormentes, suas mãos pousadas nas bochechas dele sentindo o calor daquele corpo junto ao seu, céus, era tentadora a vontade de simplesmente agir, mas Jungkook ainda era um homem lúcido e preferia agir com cautela, não era conduta sua agir como um imprudente.
Agoniado por toda aquela sensação, Jungkook tomou o que restava do seu chá em apenas um gole, talvez tivesse queimado um pouco da sua língua e sua garganta, mas isso não era importante no momento. Ele apenas queira sair de lá e Jimin acabou tomando um susto quando o homem se ergueu em um impulso, em um único movimento Jungkook já estava de pé pronto para ir embora.
- Eu preciso ir, hyung, já está ficando tarde.
- Oh, tudo bem. – sorriu mais uma vez, Jeon ficando nervoso ainda mais.
O mais novo apenas acenou em sua direção, afobado, mal desejando um boa noite ao que ia para o carro, deixando Jimin confuso para trás, mas o sorriso ainda bem estampado em seu rosto. Merda, aquilo ainda tinha tanto para acontecer e eles mal faziam ideia disso.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.