Ela pegou seu notebook e começou a pesquisar mais sobre os países, algum que ela se interessava, afinal, agora ela era rica, poderia ir para qualquer lugar, ela leu sobre o Eurostar, países românticos e depois de pesquisar, se ajeitou para ir até a delegacia, finalizar o depoimento que estava pendente, parando na batente da porta do quarto de Patrick, ela o analisou um pouco e então decidiu entrar, ele tinha dormido a tarde inteira, ela acariciou os cabelos desgrenhados dele e chamou.
- “Patrick.” Ela chamou baixinho e sentou na cama, ao lado dele.
- “Patrick.” Ela insistiu quando ele não acordou e da segunda vez ouviu um gemido baixo.
- “Hmnn.”
- “Heey.”
- “Hey.” Ele esfregou os olhos para afastar o sono e continuou.
- “Tudo bem?” Ele pergunta.
- “Eu tô bem, vim saber de você, tudo bem?” Ela fala e ele acena.
- “Que horas são?”
- “Quase seis da tarde.”
- “Já?”
-“Aham.”
- “Desculpa, eu devia ter levantado mais cedo para terminar o dossiê da Sophia.” Ele diz se sentando na cama.
- “Esquece isso um pouco, você tá com dor?”
- “É tolerável.”
- “Vou até a delegacia mas volto logo okay?”
- “Quer que eu vá com você?”
- “Não, descansa.”
- “Bom, já descansei até demais, devia ir com você.” Ele insiste.
- “E o que eu acho é que você devia comer alguma coisa, por sinal, você nem almoçou.”
- “Não tô com fome.”
- “Mas tem que comer.”
- “Sim senhora.” Ele riu do instinto coruja dela.
- “Acho que você vai gostar do que a Irene fez.”
- “O que?”
- “Bolo de Brownie com morango e sorvete de creme.” Ela falou com um sorriso.
- “Meu Deus, tô com diabetes só de você falar o que é.” Os dois caíram na risada.
- “Não mas é serio, vai comer alguma coisa.”
- “Tá bom, vou tomar um banho decente primeiro e depois eu desço pode ser?”
- “Pode.” Ela riu e levantou da cama dele.
- “O Radu vai com você?” Ela virou para encará-lo novamente e respondeu.
- “Vai.” Ela saiu e ele se levantou indo tomar banho.
Chegando a delegacia só estava o Vinicius, ele insistiu que ela finalizasse o depoimento com ele mas ela preferiu esperar o Bruno e o Nicolau voltarem de Pedra Santa. Quinze minutos depois ambos chegam.
- “Poderíamos ter privacidade?” Clara fala se referindo á Vinicius.
- “Não precisa, eu vou me retirar, sei quando minha presença não é bem vinda.” Vinicius fala e Bruno dá um olhar de “O que aconteceu?” para Clara mas ela se faz de desentendida.
- “Pronto, estamos a sós.” Bruno fala.
- “Bom, quem eu lembro são mais as pessoas que eu conheço. Lembro da Leandra e as meninas do Bordel, não todas, mas a maioria estava lá depois que o Patrick foi baleado, antes disso eu lembro de duas loiras, uma de cabelo longo e uma de cabelo curto, uma de cabelo preto e curto que estava sentada na entrada do Bordel, lembro do Mariano, Zé Victor, tinha um moreno um pouco mais baixo do que os outros, um com um nome fofinho... Eu esqueci, acho que era Xodó, ele nos ajudou junto com o Mariano, tinha um senhor que estava limpando a entrada de uma mercearia quando eu cheguei, acho que só esses.” Ela explicou.
- “Isso é bom, muito bom, são várias testemunhas, pelo menos uma tem que ter visto o que aconteceu.” O delegado Bruno disse.
- “Tá, mas e se a Sophia já tiver enquadrado essas pessoas e subornou ou intimidou para que não contasse a historia real?”
- “Nós iremos falar especificamente com essas pessoas e a partir do momento em que elas confessarem, estarão em proteção á testemunha, nada poderá acontecer com eles, você tem a minha palavra.” Ele tranquilizou.
- “Mas você confia em todos ao seu redor aqui?”
- “O que você está sugerindo Clara?” Ele questionou.
- “Talvez um policial corrupto?” E então Bruno ligou os pontos.
- “Pode ficar tranquila que só eu e o Nicolau saberemos onde as testemunhas estarão.” Ele disse á ela.
- “Podemos confiar nele?” Ela disse.
- “Eii, ele tá aqui e sim ele é honesto sim, pode confiar.” Nicolau disse referindo-se na 3º pessoa com um sorriso gentil.
- “Vou confiar ein? Não me desaponte, caso contrario acabo com sua carreira.”
- “Pode, pode confiar nele sim, ele é um dos poucos que realmente está aqui para cumprir a lei como ela é dita.” Bruno elogia.
- “Okay, então é só isso? Falta algo?” Clara pergunta.
- “Sim, por enquanto só, mas iremos manter contato, ainda amanhã iremos até Pedra Santa interrogar as testemunhas que você citou.” Ela acena e fala.
- “Okay, e obrigada mais uma vez.” Eles apertam as mãos e ela sai da delegacia.
Ela entra no carro e Radu a leva para casa, no caminho de casa ela liga para o Nick avisando que já estava indo para casa.
- “Oi Nick.” Ela começa.
- “Oii minha deusa.” Ele fala com voz toda purpurina.
- “Tudo certo para daqui a pouco?”
- “Tudo, tudo sim, você já está em casa?”
- “Tô chegando, finalmente resolvi tudo que tinha para resolver.”
- “Aii que coisa boa menina, já já tô chegando ai.”
- “Tô te esperando.”
- “Podexá, um beijo querida.”
- “Beijo Nick.” Ela desliga, chegando em casa ela encontra Patrick na mesa com um prato de bolo, um suco, o Notebook e vários papeis ao lado.
- “Cheguei.”
- “Como foi lá?”
- “Bom, as testemunhas ficarão em proteção e o Bruno não vai expandir detalhes para o Vinicius, Deus sabe o que esse desgraçado pode fazer para ajudar a Sophia a acobertar esse crime, mas você tá fazendo o que?”
- “Nada de mais, só analisando alguns processos do escritório.” Ele fala e coloca uma garfada de bolo na boca. A verdade ele contou mas omitiu o que ele realmente estava pesquisando, ele estava reservando duas passagens para Viena para os próximos dois meses, ele planejava fazer uma surpresa para ela, algo que fosse realmente romântico, ele não tinha planos de contar á ela ainda, apenas pouco antes da viagem, ele sabia que com a plantinha que ele tinha plantado na cabeça dela, ela iria começar a pesquisar sobre o assunto, e que conforme ela comentasse com ele, ele criaria o tour perfeito para ela. Ele ainda estava inseguro em relação ao Tomaz, caso a audiência ocorresse antes da viagem, o que estava previsto, o Tomaz iria com eles, isso não seria um problema para ele, mas ele não sabia da posição da Clara sobre isso ainda e nem a do Tomaz em relação á ele.
- “O que será que vamos jantar?” Ele é tirado de seus pensamentos com a pergunta da Clara.
- “A Irene fez a janta e disse que abre aspas espero encontrar essas panelas vazias amanhã pois vocês dois não almoçaram e só comeram a sobremesa e além disso estão mais pálidos do que lençol branco fecha aspas.” Ele disse e não conseguiu conter a vontade de rir junto com Clara.
- “E você tá comendo sobremesa antes da janta.” Ela brinca.
- “Em minha defesa você me mandou comer alguma coisa e também porque eu estava te esperando para jantarmos juntos.” Ele fala.
- “Defesa aceita.” Ela joga.
- “Ha Ha.“ Ele fala e ela passa por ele indo até a geladeira buscar um copo com água, momentos depois eles ouvem a campainha tocar, Patrick se levanta para atender quando Clara sai correndo para atender, parando ele.
- “É o Nick.” Ela fala para ele e chega na porta.
- “Oi querida! Desculpa a demora.” Nick começa.
- “Magina Nick, demora nenhuma.” Ela fala e continua.
- “Entra, fique a vontade.” Ela fala. Chegando á sala Patrick fala.
- “Boa noite Nick.” Ele fala com um sorriso.
- “Boa noite doutor.” Patrick levanta e coloca a louça suja na cozinha, junta seus papeis e seu computador e fala.
- “Bom, eu vou deixar vocês á vontade.”
- “Não precisa se incomodar doutor, pode ficar aqui.” Nick fala alegremente.
- “Não, eu já tinha terminado, vou dar uma subida para descansar, mas obrigada.” Ele disse gentilmente, a verdade era que ele mentiu, ele não ia descansar, ia terminar de agendar o voo em paz.
- “Então Nick, O que você pode fazer para salvar meu cabelinho desse calor?” Clara fala na tentativa de deixar o Patrick subir.
- “Olha, eu tenho uma água termal M.A.R.A, previne até as pontas duplas.” Ele disse e abriu a bolsa que tinha trago, Patrick deu uma risada no meio da escada.
- “Minina, me conta, o que aconteceu com seu Bophe? Não se fala outra coisa lá em Pedra Santa, um diz uma coisa, outro diz outra, ai já viu né?” Nick fala curioso enquanto começa a arrumar o cabelo da Clara.
- “O que te contaram?”
- “Ih, que foi banho de sangue, que o doutor saiu carregado já mortinho da silva.” Ele fala e Clara solta uma risada.
- “Ah, se eu te contar você não vai acreditar.” Ela continua.
- “A Sophia tem ido ao salão ultimamente?” Ela pergunta.
- “Aquela dali não aparece desde o dia em que saiu da cadeia com os cabelos em pé parecendo que tinha sido eletrocutada” Nick ri da desgraça alheia.
- “Cê acredita que a megera tentou me matar lá nas minas? Sacou a arma com tudo, o Patrick viu de longe e correu pra me salvar, levou dois tiros mas tá ai perambulando em pé pra contar historia.”
- “Tô passada, amassada e jogada no chão, oh dó de você minha deusa, como deve ter ficado.” Nick diz colocando os braços em volta do pescoço dela.
- “Você não imagina o medo que eu senti de perder ele, até em coma ele ficou por causa dessa desgraçada.” Ela confessa.
- “Mas você sabe né?”
- “O que?” Clara não entende.
- “Buque nenhum é mais bonito do que esse gesto, você tá esperando o que pra agarrar esse Bophe lindo?”
- “Me dá um conselho?”
- “Dou até 100 se você quiser minha linda.”
- “O que eu devo fazer? Eu gosto dele e sei que ele gosta de mim, mas ele é meu melhor amigo, e se der errado como vai ficar?”
- “Querida, se preocupa com isso não, escuta o coração, e a maior prova de que ele te ama foi essa, tá escrito no olhar de vocês dois e lembra que o se não der ser certo é só um “se”, então seja feliz minha deusa, porque você merece.” Nick diz e joga os cabelos dela para o alto.
- “Ah e detalhe, nenhum Bophe lindo desse fica solto por muito tempo, você tem um que mora debaixo do mesmo teto que você e tá caidinho por você, tá no lucro 10 vezes mais que qualquer outra nesse Tocantins inteiro.” Ele finaliza rindo.
- “Tem razão né? “
- “Confia nesse poder e puft.” Elas duas caem na risada.
- “Tudo prontinho, agora sim você pode investir no Bophe com tudo, linda do jeito que você é e ainda mais com esse penteado lindo que eu fiz, você vai longe querida.”
- “Ah Nick, não sei o que seria se não fosse por você.”
- “Eu não acredito nisso.” Ele fala com um rosto safado.
- “Mas eu vou ter que ir indo minha rainha do Egito, pois tenho mais uma cliente para atender antes de ir para a minha casinha.”
- “Casinha Nick? Hoje é sexta-feira, tem certeza que você vai para casa?” Clara brinca.
- “Aii me pegou, vou na casa de um Bophe Lindooo que conheci semana passada, precisa ver menina, todo musculoso..... Aiii, dá arrepio só de pensar.”
- “Mas eu vou lá minha deusa, beijo, fui.” Ele diz e pausa.
- “Ah, e fica com essa água termal aqui porque essa semana tá horrível e ela vai prevenir seu lindo cabelinho de ficar ressecado.” Ele dá para ela o produto.
- “Aii Nick obrigada, tem razão essa semana tá horrível, mas até que de manhã estava agradável.”
- “Só de vista né amor, porque de tarde parecia que a gente estava queimando no purgatório, mas agora vou lá, beijo.” Clara ri e elas se despedem.
- “Beijo.” Clara o leva até a porta e pega seu celular para ver as horas, já eram 20:26 então ela resolve esquentar o jantar, Patrick estava descendo para pegar um copo com água.
- “Pensei que você ainda estava com o Nick.” Ele fala abrindo a geladeira.
- “Ele acabou de sair.” Ela fala sem tirar os olhos do fogão.
- “Você ficou ainda mais bonita.” Ele fala olhando para ela.
- “Aah, obrigada, é sempre bom a opinião de um homem.” Ela vira para encará-lo, ele sorri e começa a pegar a louça necessária para por á mesa.
-“É incrível como as pessoas inventam a mentira.”
- “Por quê?” Ele fala arrumando a mesa.
- “Falaram que teve um banho de sangue lá nas minas.” Ele riu do comentário mas não respondeu, segundos depois Clara aparece com uma travessa.
- “Ela fez comida para um batalhão.” Ele fala se referindo á Irene .
- “Ela espera que comemos tudo isso.”
- “Coitado de mim, vou virar um Nhonho rapidinho.” Ele compara e Clara ri.
- “Devíamos abrir um vinho.” Ele sugere sorrindo.
- “Negativo, você tá querendo morrer é? Segundo round? Podemos tomar outra coisa, álcool não.” Ela fica seria.
- “Ei, ei, ei, eu tava brincando, o que aconteceu? Desculpa pela brincadeira.” Ele fala e ela só olha pra ele.
- “Estamos bem?” Ele pergunta.
- “Estamos.” Ambos se sentam para jantar, começam a rir juntos e a conversa fluir, quando eles estão comendo a sobremesa eles ouvem a campainha tocar.
- “Tá esperando alguém?” Ele pergunta, ela pensa por um segundo e lembra *Renato*.
- “Deve ser o Renato, ele ligou mais cedo.” Ela levanta e Patrick assume o controle.
- “Fica, eu abro.” Ele fala e se levanta, chegando a porta ele cumprimenta Renato.
- “Boa noite Renato.”
- “Boa noite Patrick, a Clara tá em casa?” Ele vai direto ao ponto.
- “Entra.” Ele não respondeu, era obvio que ela estava em casa.
- “Oii Renato.” Ela fala da mesa onde estava.
- “Oii Clara.” Ele chega e a abraça, morrendo com a tentação de beija-la nos lábios.
- “Você já jantou?” Ela pergunta.
- “Já, já sim.”
- “Então come pelo menos a sobremesa com a gente?” Ela oferece já pegando outra taça na cozinha e levando para a mesa.
- “Mousse de maracujá, feito pela excelentíssima Irene ” Ela disse com orgulho.
Depois de servido ele começa a comer e a conversa flui, tudo sobre o caso da Duda e do Tomaz, o Patrick estava um pouco mais calado mas ainda interagia com a conversa, uma hora depois Renato percebe que não vai conseguir o que quer e fala que tem que ir e tinha passado só para dar um beijo na Clara, ela o deixa na porta e ele aproveita, mas ela desvia do beijo e dá apenas um abraço nele, quando ela volta Patrick estava colocando as louças sujas na lava louças, ela foi ajuda-lo com o resto que tinha ficado na mesa.
- “Fazemos uma excelente dupla hum?” Ela brincou.
- “É verdade, melhor impossível.” Ele fala, momentos depois ela quebra o silencio novamente.
- “Você ficou quieto depois que o Renato chegou.”
- “Gosto mais de ouvir do que falar.” Ele disse simplesmente, seguindo ela em direção ao sofá.
- “Eu sei, mas é um silencio diferente.” Ela insiste.
- “Clara o que você quer que eu diga?” Ele vai ao ponto.
- “Não sei, me diz você, somos melhores amigos, não escondemos nada um do outro, me conta o que você está pensando.” Ela fala.
- “Ahn, nada, eu já te disse o que acho sobre ele, mas isso é uma opinião que não tem valor, mas não sei, algo me diz que não é uma boa confiar nele.”
- “Eu confio em você.” Foi tudo o que ela disse.
- “E eu confio em você.” Ele disse com um sorriso fino nos lábios.
- “Eu falei serio sobre querer viajar com você.” Ela afirma e ele dá mais um sorriso fino.
- “Vamos programar para irmos.” Ele fala.
- Vamos sim.” Ela sorri para ele e há uma troca de olhares entre eles que é como se fosse uma conexão entre eles.
- “Eu vou subir tudo bem?” Ela fala quebrando o clima.
- “Eu já vou indo também, boa noite.” Eles levantam juntos e ele a abraça.
- “Boa noite.” Ela sussurra em sua orelha, ele fecha os olhos e registra esse momento mentalmente. Eles desfazem o abraço e ambos sorriem um para o outro antes de subirem para seus devidos quartos.
Naquela noite ambos dormiram bem, sonhando com uma ilusão ou talvez com o futuro, sentindo um ao outro de uma forma tão próxima e ao mesmo tempo tendo medo de não ser como eles acham ser e ambos perderem o único amigo que eles tem, um ao outro.
Continua....
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