Capítulo 1 — Prólogo
Pov Soobin.
Tudo o que eu podia ouvir naquele momento era o barulho dos corpos se chocando, os gemidos misturados e os vários tapas que eram transferidos contra minha pele. Eu já podia sentir meu corpo enfraquecido e as várias lágrimas escorrerem por minha bochecha, molhando todo meu rosto.
Desde que comecei a morar com Heeseung ele começou a me tratar de forma diferente, e não, não era um diferente bom. Seu ciúmes começou a se fazer parte de sua personalidade e a forma agressiva que ele me tratava começou a se tornar rotina.
Eu realmente não entendia o porquê daquilo e nem queria entender, só queria que aquilo acabasse de uma vez por todas.
Quando finalmente cheguei ao meu ápice agradeci aos deuses por ele finalmente se deitar na cama, parecendo cansado. Estávamos nesse ato a quase exatamente 4 horas, sim, eu sabia bem o tempo que estávamos fazendo aquilo. Era assim todos os dias, eu acordava e tinha que fazer o café da manhã para ele, arrumava toda a casa e depois do almoço transavamos, era essa minha rotina todo santo dia.
Agora era a hora que ele iria começar a se arrumar para o trabalho e trancava todas as portas e janelas para que eu não pudesse sair, e sinceramente? Eu nem tentava mais sair, sabia que seria perda de tempo porque tudo sempre estaria trancado e eu não arriscaria pegar a chave com ele.
— Ei, eu estou com fome. — Disse com o tom de voz grave que me fez arrepiar, me fazendo levar o olhar a ele. — Vá fazer algo para eu comer antes de ir ao trabalho.
— M..Mas.. Meu corpo dói… — Gaguejei ao tentar levantar, sentindo meu traseiro extremamente dolorido.
— Foda-se, eu não ligo. Apenas levante-se logo daí antes que eu me arrependa de ir trabalhar e passe a te foder o resto da noite. — Ele disse e engoli o seco, abaixando a cabeça sem dar uma resposta.
A forma que ele me tratava era.. Humilhante. Eu odiava aquilo, mas não havia nada que eu pudesse fazer quanto a isso.
— Você está me ignorando? — Levei o olhar para ele, vendo-o se aproximar e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, senti meus fios serem agarrados e seu rosto já estava próximo do meu, seu olhar era ameaçador. — Você realmente quer que eu fique?
— Me desculpe, eu não havia o escutado direito… — O respondi receoso, suspirando aliviado quando o menor soltou meus fios, se afastando e se levantando para poder se vestir.
— Ótimo. Agora dê seu jeito e se levante daí, eu estou com fome e não irei sair daqui sem antes comer algo.
Fiquei olhando-o se arrumar por um curto período, logo apoiando minhas mãos na cama e me levantando com dificuldade, soltando um baixo grunhido de dor ao sentir uma pontadaPeguei o roupão azul escuro que estava pendurado ao lado da cama e me vesti com ele, caminhando a passos lentos até a cozinha, me apoiando nos móveis presentes no corredor.
Aquele corredor… eu me lembro exatamente quando eu e Heeseung ficamos pela primeira vez, e tudo havia começado por aquele corredor.
Ao chegar na cozinha comecei a preparar panquecas, afinal, ele amava panquecas.
[...]
— Estou saindo, vê se não apronta nada enquanto eu estiver fora, não quero ter que comparecer a um velório. — Disse levando o olhar ao meu pulso, que se encontrava enfaixado.
Na noite passada eu havia tentado escapar me machucando para que ele pudesse me levar ao hospital, para eu enfim o entregar à polícia. Mas bem, é claro que não foi tão fácil assim e eu acabei cometendo o grande erro em não fazer um corte tão profundo.
Vi-o sair de casa e em seguida trancar a porta, suspirei seguindo em direção ao sofá e me sentando ali, gemendo baixo ao sentir a dor em meu traseiro ao me sentar ali tão descuidadamente.
Levei meu olhar ao meu pulso, tirando a faixa dali e podendo ver o corte já limpo, sem sangue algum e bufei, voltando a enfaixá-lo e apoiei a cabeça no sofá, encarando o teto.
Onde foi que eu errei?
Ouvi um barulho alto invadir meus pensamentos e direcionei o olhar para a escada do segundo andar, já podendo ouvir várias gotas de chuva começarem a pingar do lado de fora da casa. Talvez fosse o vento forte batendo na janela do banheiro… espera, cento forte na janela do banheiro?
Heeseung havia esquecido a janela aberta?
Talvez aquele fosse uma armadilha, mas quem disse que eu ligava para aquilo? Era a minha chance de fugir e eu não perderia aquela chance nunca.
Me levantei rapidamente do sofá, me arrependendo no mesmo momento que senti a forte dor em minha cintura e logo fui em direção a escada a passos apressados, porém firmes para que eu não caísse.
Ao chegar no banheiro meu sorriso se fez presente em meus lábios ao ver a janela aberta. Me aproximei do vaso sanitário e subi ali com cuidado para não cair, e quando finalmente consegui ficar de pé, apoiei as duas mãos na parte de baixo da janela, colocando a cabeça para fora dali.
Suspirei sentindo o ar fresco bater contra meu rosto e quando decidi tomar coragem, me apoiei ali e fiz força para poder subir na janela, ficando aliviado ao conseguir me sentar ali. Senti meu corpo arrepiar com o contato do vento gélido e levei meu olhar para baixo, engolindo o seco quando vi o quão alto aquilo era. Bem, na verdade não era tão alto assim, mas tudo aquilo se tornava meio impossível quando se tinha medo de altura.
Eu me perguntava se era melhor ficar aqui junto a Heeseung ao invés de ter que pular da janela a aquela altura e correr o risco de se arrebentar inteiro. E bem, de fato a segunda opção era a mais sensata a se fazer.
Fechei os olhos e finalmente decidi pular, abrindo os olhos e soltando um leve grunhido de dor ao sentir meus pés no chão, me fazendo cair ao chão. Levei o olhar aos meus pés arregalando levemente os olhos ao perceber que eu estava apenas de roupão ali, num frio que poderia matar qualquer um de hipotermia e ainda por cima numa chuva que poderia desabar qualquer casa a qualquer instante.
Mas, quem se importa? O importante era que eu finalmente estava fora daquela casa, estava fora daquele pesadelo, eu me sentia livre, me sentia finalmente liberto daquele relacionamento tóxico.
Me levantei dali e comecei a andar para qualquer lugar que fosse longe dali, embora o roupão já estivesse amarrado, juntei as mão na frente dele para me certificar de que nenhuma parte do meu corpo acabaria ficando à mostra.
[...]
Já havia escurecido e eu estava andando naquele frio por pelo menos 40 minutos. Meu corpo tremia e meus lábios também, eu já estava completamente encharcado e meus olhos quase se fechavam pelo vento que insistiam em bater contra meu rosto, meus pés também já estavam desgastados, droga, talvez tivesse sido uma péssima ideia.
Minha cabeça doía e era como se eu já estivesse congelando ali, sem contar as várias vezes que acabei tropeçando em algumas pedras dentro da floresta, ou me assustava com algum animal entre os matos.
Eu estava cansado, com fome, com frio e talvez, só talvez com medo de que eu fosse encontrado pelo Lee Heeseung.
Quando eu estava atravessando aquela rua deserta senti minhas pernas fraquejarem e em seguida um mal pressentimento tomou conta de mim, não entendi o porquê daquilo mas resolvi continuar a atravessar aquela rua, parando somente quando ouvi um barulho alto de buzina e uma luz clara tomou minha visão, meu coração acelerou e tudo o que consegui fazer foi fechar os olhos, parado no meio da rua ab Qraçando meu próprio corpo.
Eu estava finalmente morrendo…
Continua...
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