P. O. V. Gerard
Acordo e me encolho na cama querendo dormir mais um pouco, me lembro que fiquei de ir na Hanna hoje e ainda preciso visitar Oliver. Meu problemático lost boy nunca se cansa de me preocupar. Sorrio bobo me lembrando de ontem, Jesus, espero que meu pai não fale sobre ontem. Me levanto e abro a janela animado, tomo banho e me troco. Desço pra tomar o café e encontro apenas meu pai, me sento receoso na mesa:
— Bom dia. — Ele diz ao fogão.
— Bom dia paizinho. — Digo e seguro meu prato. — E então, cadê meu irmão cabeça de vento?
— Foi visitar Oliver. — Ele responde e vem até mim colocando o bacon em meu prato. — Não acha que precisamos conversar sobre ontem?
Suspiro. Bom, se ele quer mais detalhes sobre a minha relação com Frank, vamos lá:
— Pai, eu já disse que gostava dele. — Digo e ele põe os ovos fritos em meu prato.
— Não é disso que e estou falando. — Ele põe meu suco e rapidamente bebo nervoso. — Quero saber se estão usando camisinha. — Ele diz e me engasgo com a pergunta, ele me fita preocupado e logo me recomponho.
— Pai! — O repreendo. — Por que pensa que estamos transando?
— Não sei, o jeito como estavam ontem... — Ruborizo e balanço a cabeça não acreditando.
— Pai, aquele foi o nosso segundo beijo. — Digo.
— Foi? Então acho que estão indo rápido demais. — Ele diz.
— Pai, isso é vergonhoso, dá pra parar de falar? — Pergunto mexendo com o garfo em meu café da manhã.
— Gee, só quero seu bem. — Ele se levanta e abre um pequeno sorriso. — Afinal eu acho que formam um belo casal.
Ele diz saindo da cozinha e minha vontade é de enfiar a cara debaixo da terra e nunca mais aparecer pra sociedade.
Termino meu café e saio, poderia saber dirigir e conseguir um carro pra acompanhar as minhas loucuras. Uma vez insisti que queria aprender a dirigir. Meu pai com o maior orgulho do mundo tentou me ensinar, quando ele pensou que eu estivesse totalmente apto pra fazer, me entregou o carro e eu com a maior felicidade do mundo acelerei sem pensar em nada do que eu tinha aprendido. É, fiquei um tempão de castigo por ter quebrado a garagem. Resolvo ir ao hospital antes de encontrar com Hanna, chegando já encontro Oliver com seu pai assinando sua alta. Me aproximo:
— Oliver, você está melhor? — Pergunto e ele sorri ao me ver.
— Gerard, estou sim. Obrigado por vir. — Ele responde.
— Queria pedir mais mil desculpas. — Digo.
— Pequeno Way. — Carlos se aproxima e sorri sem mostrar os dentes.
— Grande Sykes. — Sorrio.
— Estávamos indo à uma cafeteria, gostaria de vir conosco? — Ele pergunta.
— Na verdade eu... — Ele me corta.
— Ah, não pode desfazer um convite desses. — Ele diz colocando a mão em meu ombro.
— Tudo bem se eu for um pouco. — Respondo enfim.
(...)
Seu lugar escolhido foi a Solvier's, droga, agora não consigo deixar de pensar no Frank. Entramos e nos sentamos em uma mesa com vista pra avenida. Oliver se senta ao meu lado:
— Conhece esse lugar? — Carlos me pergunta se sentando.
— Sim, é bastante conhecido. — Sorrio.
— O que vai pedir? — Oliver pergunta olhando o cardápio.
— Na verdade nada, eu já tomei café da manhã e estou satisfeito. — Digo.
— Ah, faça como quiser. — Carlos diz sorridente. — Vou ao banheiro se não se importam. — Ele se levanta e vai.
Oliver se aproxima me mostrando o cardápio:
— Eu só aceitei vir porque você viria também. — Ele sussurra e rio.
— Não sou grande coisa. — Digo.
— Autoestima baixa? Vamos resolver isso? — Nossos olhos se encontram e sorrio.
P. O. V. Frank
Fito a tal Solvier's, realmente queria ter ido com Gee ontem. Termino meu cigarro e jogo no chão pisando, subo meus olhos até a tal cafeteria novamente e dessa vez enxergo Gerard e Oliver. Forço a vista tentando ter certeza do que vejo, suspiro tentando não ter ciúmes idiota. Ele se aproxima mais de Gerard e diz algo o fazendo rir. O que ele pensa que está fazendo? Gerard está brincando comigo?
Cerro os dentes nervoso e me afasto sem saber o que fazer. Vou andando pensando e me esbarro em alguém, paro pra ver quem é e se merece ser ajudado. Me viro e vejo o garoto. Percebo ser o mesmo que estava com Lindsey no dia do cinema:
— Ah, eu sou muito desastrado. — Ele diz caído e o ajudo a levantar.
— Foi eu quem esbarrou em você, me desculpa. — Digo.
— Frank, não é? — Ele sorri fraco.
— Como sabe? — Pergunto confuso.
— Lynz me disse. — Ele responde tímido. — Desculpe encher o saco mas... sabe onde fica a VegMais? — Ele pergunta.
— Sei, posso te levar até lá se quiser... — Digo sem saber seu nome.
— Kellin. — Ele diz e sorri.
Vou com Kellin até a tal loja, não consigo parar de pensar no Gerard. Porque ele começou a andar com aquele garoto? Será que ele tá brincando com meus sentimentos? É isso que é gostar de alguém? Nunca se sentir suficiente o bastante? Sinto que qualquer um pode ser melhor do que eu, afinal aquele Oliver deve ser muito rico e bastante engraçado. É, com certeza ele é mais bonito do que eu, tatuagens maneiras e roupa estilosa. Acabo me torturando com meus próprios pensamentos e me dou por conta que já cheguei na loja. Fito Kellin:
— Chegamos. — Digo e ele me abraça do nada.
— Valeu. — Ele se afasta e entra na loja.
Eu hein. Penso. É isso, vou usar o Kellin pra fazer ciúmes no Gerard! Mas... isso deve ser errado, magoar uma pessoa só pra conseguir o que quer. As vezes eu me sinto uma pedra, parece que não sei o que qualquer outro ser humano faria. Esqueço meu plano idiota e volto pra casa já imaginando ter que aguentar minha mãe, espero que ela esteja ocupada.
Chego em casa exausto e noto a porta arreganhada, entro. Deve ter sido um clien... Fito minha mãe no chão com marcas de enforcamento, me agaixo assustado pegando seu pulso tentando procurar algum sinal. Me desespero e ligo pra emergência sem saber o que fazer.
(...)
Sabe aquela sensação que você sente depois de terminar finalmente o que você demorou tanto tempo pra fazer? Ou quando você finaliza uma coisa e fica feliz com o resultado? Satisfação, essa é a palavra. Talvez eu seja um monstro por me sentir satisfeito, aliviado, mas ninguém pode sentir tudo o que eu, somente eu já senti nessa vida. Quando bêbado ou completamente drogado, minha casa era o único lugar no mundo onde eu não queria estar. O trauma que Elisabeth me causou, mudou toda a minha vida drasticamente. Qualquer toque feminino me deixa tenso e com sensação de medo, medo de que possa ser ela, medo de que no final de toda a minha desgraça, ela seja a única pessoa para quem eu possa voltar. Mas isso acabou. O medo de chegar em casa bêbado sem forças sequer pra chegar a cama e ser vítima dela, louca por sexo sem ligar pra quem seja a pessoa, sem escutar meus pedidos pra parar por não conseguir nem respirar direito por falta de força no corpo. O medo de ficar um dia sem conseguir vender alguma substância e dormir esperando que a fome desapareça. O medo de nunca ser amado por alguém que não fosse ela, se é que ela já me amou alguma vez. Tudo isso acabou, o medo em relação à ela acabou. Ela está morta e eu não estou me lamentando por isso, ela teve o que procurou esse tempo inteiro. Sempre me dizia que apesar de gostar de fazer comigo, eu não era agressivo como os que ela gostava. Acho que no fundo ela nunca quis uma cura pra essa doença dela, cheguei em uma fase de ter medo de tentar ajudar e no final eu precisar ser ajudado. Já era, tarde demais. Eu preciso de ajuda.
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