LAUREN POV
Depois do pequeno momento possessivo na porta da sala, Camila não desgrudou mais de mim. Eu sempre amava esses momentos "grude" nosso, devo admitir.
Ela não estava copiando a matéria que a professora passava, e nem me deixava copiar, alegando estar carente de minha atenção, pois ultimamente eu só tinha atenção para as "piranhas que me rodeavam".
- Normani, você sabe me dizer aonde há o erro nesta frase? - A professora perguntou, apontando para a frase no quadro escrita: "Seja porco, + não aqui!", assustando a morena que estava conversando.
- Ér... Ahm...
- Professora, qual é, essa é uma pergunta meio idiota, não?! - Eu falei, interrompendo Normani. Seria hilário se alguém errasse.
- Para seu nível de inteligência, sim, Lauren. Mas há bastante idiotas na sala que não saberão responder corretamente uma pergunta mais idiota ainda. - Ela devolveu e eu me calei. Não odiava a professora e nem vice-versa, muito pelo contrário. Eu era o "xodó" dela, e ela, minha professora preferida. Ela sempre soube do meu amor por literatura. - Vamos lá, turma. Alguém?
- Eu! - Camila falou, levantando a mão.
- Você e Lauren não podem responder, querida. - A professora respondeu, sorrindo docemente para Camila, que corou e deitou a cabeça em meu ombro. - Tudo bem, já que ninguém além de Lauren e Camila entendeu, vou explicar. - Ela caminhou para o centro do quadro, escrevendo "mais" e "mas", um abaixo do outro, colocando um sinal de igual ao lado de cada. - Na frase, o sinal está correto, ou deveria haver uma palavra em seu lugar?
- O sinal está certo, professora. - Austin, o "famosinho" da sala, respondeu.
- E por quê, Austin?
- Porque a pessoa quem escreveu isso, quis dizer para que não jogassem mais lixo do que já tinha ali. - Ele mal terminou a frase e eu não resisti, caindo em uma gargalhada alta.
- Lauren! - Camila me repreendeu em meio a risadas, dando-me deu uma tapa de leve no braço.
- O que foi?! É engraçado! - Eu disse, ainda rindo.
- Tudo bem, Austin. - A professora o respondeu, soltando uma risada e revirando olhos. - Mais alguém? Ally?
- Oi! - A baixinha respondeu, dando um pequeno pulo de susto por estar conversando com Normani.
- Oi, Ally. Como vai? - A professora devolveu no puro sarcasmo e Ally corou. - Brincadeira. - Sorriu. - Quero que me responda a pergunta que fiz.
- Ah... Ok. - Coçou a garganta. - Ahm... O certo seria colocar a palavra "mas", professora.
- Por quê? - A professora perguntou de imediato, caminhando para perto da mesa de Ally.
- P-porque o "mas" é de porém, entretanto, contudo, todavia... Indicaria uma reação.
- Muito bom, Ally. - Ela sorriu para a baixinha e voltou ao centro do quadro. - Pelo menos há alguns que serão salvos.
- Eu achava que a aula era de Literatura. - Austin exclamou.
- E é. - A professora o encarou. - Isso é um "teste" para que eu saiba como está o desempenho de vocês, e vi que está péssimo. - Fez uma careta. - Pelo menos o seu.
- E pra quê queremos saber da diferença de "mas" para "mais"? - Ele rebateu.
- Austin, preste atenção. Você tem 17 anos, está em seu último ano colegial e, ainda sim, não sabe a diferença entre palavras que aprendemos na 2° ou 3° série.
- O que é o cúmulo da burrice. - Murmurei em alto som.
- Sim, Lauren. - Ela concordou. - E quando você, Austin, houver de mandar um currículo para uma empresa, por email? Huh? E se houver tal "porém" em algo que você não saiba fazer? - Ela caminhava para perto da mesa dele enquanto falava. - Certamente passará um grande vexame se escrever "mais" no lugar de "mas", não?!
- Sim, mas...
- Não tem "mas". - Ela o interrompeu. - Fiz esse pequeno teste para que todos vocês saibam escrever e interpretar a palavra de modo certo. Eu sou professora de Literatura, é mais do que óbvio irei querer saber como está indo a escrita, leitura e interpretação de vocês. - Fez o seu caminho de volta ao centro do quadro. - E isso tem a ver com a minha aula, Austin. Não irei passar ou fazer algo que não é da matéria que leciono. - Dito isso, ninguém mais disse nada e ela começou a escrever no quadro.
- Ele ainda insiste. Coisa chata. - Camila disse baixo, sentando-se direito em sua cadeira.
- Pois é. - Revirei os olhos. - Ele parece que quer saber tanto quanto a professora ou até mais. É ridículo.
- Demais. - Ela concordou, colocando uma perna em cima da minha e voltando a posição que estava.
- Hmm... Que manha. - Eu disse, beijando sua cabeça e agarrando-me a ela.
- Me deixa. - Colocou a cabeça entre meu pescoço, subindo mais a perna.
- Camz, eu preciso copiar o trabalho.
- Não precisa não.
- Mas...
- Não, Lo. Eu quero ficar agarradinha com você. - Me interrompeu, plantando um leve beijo em meu pescoço.
- Eu preciso copiar.
- Não, amor... Depois a gente pega com a Mani. Agora me abraça. - Ela disse e, por fim, eu acabei concordando. Eu não conseguia descordar dela, de qualquer forma.
Após a aula de Literatura, fomos pra quadra, para a aula de Educação Física. Tinhamos física somente uma vez na semana, e eu sempre jogava bola com os meninos.
Só que hoje, Camila não queria desgrudar de mim por nada.
- Amor, por favor. Me larga. - Eu falei pela milésima vez, tentando me desvencilhar do abraço de Camila, a empurrando pelos ombros. É claro que tenho mais força que ela, mas nunca iria usar.
- Eu quero ficar com você. O que custa deixar de jogar, só hoje, pra poder ficar agarrada comigo? - Ela disse, já em um tom raivoso.
- Me custa uma vitória em cima do time do Austin e 8 pontos na matéria. - Eu disse em um tom divertido, fazendo-a revirar os olhos.
- 8 pontos, sei. - Bufou. - Tu quer é ganhar do Austin!
- Também. - Respondi de imediato, fazendo-a revirar os olhos mais uma vez.
- Tomara que perca também, sua idiota. - Me empurrou com força pelos ombros e caminhou em direção a arquibancada.
- Amor? - A gritei, já dentro da quadra, e ela ignorou. - Qual é, Camz?!
- Vai se foder! - Ela gritou.
- Também te amo. - Eu devolvi, em meio a uma risada.
- Vai rolar, Jauregui. Se liga aqui e deixa o namorinho pra depois. - Rodriguez, o professor, disse, bagunçando meu cabelo e eu ri.
- Beleza.
xxxx
Ficamos de 9h10 até 11h na aula de Física, meu time ganhava sempre e eu não parava de jogar em momento nenhum, o que resultou numa Camila birrenta.
Quando eu estava indo para o banheiro, depois do término da aula, Camila passou por mim, esbarrando no meu ombro com força.
- Ei, nervosinha! - Eu a puxei pelo pulso, a fazendo voltar com tudo e ficar frente a frente comigo. - Tá com pressa de quê? - Eu sussurei, olhando em seus olhos.
- De ficar longe de você. - Ela respondeu, puxando seu pulso de minha mão.
- Ah, Camz! Para!
- Parar com o quê? Tô fazendo nada. - Ela deu um passo para trás, cruzando os braços e começando a bater o pé no chão rapidamente. Um sinal claro que de estava nervosa.
- Para de birra. Você sabe que eu sempre jogo, Camz. Hoje não seria diferente. - Eu tentei puxá-la pela cintura, mas ela bateu em meu braço. - Ai!
- Nem vem me agarrar porque você tá suada e, quando eu queria, você preferiu jogar bola. Agora vai correr atrás da bola e me deixa! - Ela ia voltar a caminhar e eu a puxei pela cintura, dessa vez com mais força, a levando para dentro do banheiro, fechando a porta e em seguida, trancando-a.
- Para, amor! - Eu pedi, tentando me esquivar dos leves socos que ela dava em meus ombros. - Deixa de ser birrenta.
- Não estou fazendo birra! - Ela disse, parando com os socos e cruzando novamente os braços. - Me solta.
- Não.
- Anda, Lauren.
- Nem... - Me encostei na parede, a trazendo comigo pela cintura e ela bufou. - Vou esperar você parar.
- Não tô fazendo nada.
- Aham. - Eu concordei e colei nossos corpos, encaixando minha cabeça no seu pescoço.
- Chata.
- Linda.
- Insuportável.
- Amor da minha vida.
- Argh! - Ela disse, bufando, e eu ri. - Isso não vale! - Ela disse de forma chorosa, enlaçando os braços no meu pescoço.
- Pra te amolecer vale tudo.
- Idiota. - Ela disse, mordendo o lábio para tentar reprimir um sorriso.
- E você me ama.
- Infelizmente não mando no coração.
- Bom pra mim. - Eu rebati e dei uma leve mordida em seu pescoço, sorrindo ao vê-la se arrepiar.
- Para.
- Só se me der um beijo. - Eu disse, tirando minha cabeça de seu pescoço, deixando nossos rostos próximos.
- Você não tá merecendo.
- Claro que tô!
- Nah, não.
- Camz...
- Nope.
- Um só? - Eu disse, fazendo beicinho.
- Não e para de fazer isso.
- Por que?
- Porque dá vontade de te beijar.
- Então me beija.
- Não.
- Tá bom. - Eu disse e em seguida colei nossos lábios, sem os mover até que ela o fizesse. O que não demorou.
Era sempre inexplicávelmente bom beijá-la.
- Agora acabou? - Eu disse depois de um tempo, um pouco ofegante.
- Ainda te acho uma idiota. - Ela disse, se desvencilhando de mim, e eu ri, indo para uma cabine me trocar.
Depois de me trocar, o sinal do intervalo tocou e Camila e eu fomos para o pátio, sentando em uma mesa próxima a cantina.
- Tá com fome? - Eu a perguntei, tirando minha mochila das costas e colocando em cima da mesa.
- Aham. Mas aqui não tem nada de bom pra comer. - Ela fez uma careta. - E eu não trouxe dinheiro.
- Eu trouxe lanche. Quer? - A ofereci enquanto abria a mochila, puxando o pacote.
- O que é?
- Sanduíche.
- Quero. - Ela disse eu assenti, dando-a um. - Inteiro?
- É, ué. Por que?
- Você vai ficar sem? - Ela tombou a cabeça pro lado, fazendo uma careta novamente.
- Não. - Eu ri. - Tem outro aqui, Camz. Pode comer esse daí.
- Uh, ok. - Ela disse e deu uma mordida no sanduíche e eu fiz o mesmo com o meu em seguida. - Você salvou a minha vida.
- De nada.
- Não pedi obrigada.
- Não em voz alta. - Rebati rindo e ela revirou os olhos.
- Cala a boca.
- Vem calar. - Eu disse e ela levantou o busto, aproximando o rosto do meu e colando nossos lábios em um selinho devagar.
- Agora quieta que hora de comida é hora sagrada! - Ela disse, depois de se afastar e eu gargalhei.
- Você é uma esfomeada. - Eu zombei e ela me deu dedo. - Ui! Que ousada.
- Come quieta, Lauren!
- Faço isso sempre. - Eu disse, abrindo um sorriso malicioso e ela riu, revirando os olhos de novo.
- Babaca.
- E você me ama.
- Shhh!
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