HARRY
A neve cai lá fora e a preguiça é muito maior que eu...meu desânimo é tão grande, é como se fosse um dia como qualquer outro. Minha mãe grita na porta e resmungo uma resposta, fechando os olhos novamente. É hoje que a família se reúne, um dos piores dias do ano com toda a certeza.
Finalmente me levanto e caminho diretamente para o banheiro, se vou encará-los, pelo menos faço isso de cara limpa. Tomo um banho demorado, para irritação de minha mãe, me visto e desço, encontrando a cozinha numa parafernália infernal, minha mãe me vê e se apressa em minha direção, resisto a tentação de querer correr dela.
- finalmente – ela diz fingindo estar ofegante – já achei que deveria entrar naquela quarto... – olho feio para ela, que nem nota – venha, venha me ajudar -puxa minha mão, reviro os olhos.
Ela me arrasta para a sala e praticamente me obriga a ajudá-la, não é que eu odeie o Natal ou coisa parecida, só não estou no clima para ficar o dia inteiro com um monte De gente velha que vejo uma vez por ano.
- mãe – a chamo e ela me olha com o se eu não estivesse ali, entorpecida pela magia do momento, e sorri, me incentivando a falar – eu gostaria de convidar alguém para passar o Natal aqui com a gente... – digo sem jeito e ela sorri ainda mais, virando-se por completo para mim.
- e quem seria ela? – pergunta com o sorrisinho
- você já a conheceu, lembra da Lottie? – pergunto já me aprendendo de ter perguntado.
- claro querido, como poderia me esquecer da primeira garota que me apresentou oficialmente? – ela ri balançando a cabeça e eu franzo o cenho envergonhado, ela percebe e sorri novamente – fique a vontade para chamá-la, vai ser um prazer receber sua namorada...
- mãe, nós não somos namorados – digo irritado, ela revira os olhos rindo
- seja lá como vocês chamam isso hoje em dia Harry, só a traga e ficarei feliz, okay? – assinto com a cabeça e ela sai andando apressada para a cozinha.
Pego meu celular e vou para a parte de trás da casa, procuro seu número na lista de chamada e chama, muitos toques depois sua voz me responde do outro lado, sorrio com sua ignorância:
- você gostaria de passar o Natal aqui em casa? – pergunto puxando a pele em volta da unha
- o que? Por que? – já consigo imaginar ela franzindo o cenho e como fica linda desse jeito.
- porque estou te chamando criatura – digo impaciente – vai ter um jantar enorme aqui e você seria a companhia perfeita...o que acha? Ou já tinha planos? – pergunto ainda roendo as unhas, por que eu estava nervoso?
- er...não – ela exita – não tinha nada marcado, como bem sabe não tenho exatamente uma família – tenho quase certeza que franze o cenho e rio com isso.
- eu te busco se quiser – sugiro, ela não responde – tudo bem se não quiser vir também, não vai ser exatamente legal, mas...
- eu vou – diz decididamente e sorrio, tocando com os dedos a água da piscina.
- que horas posso passar aí? – pergunto.
- agora se quiser – ela ri ironicamente e balanço a cabeça sorrindo – quero sair daqui o mais rápido possível...
- já estou indo salvá-la – ela ri e desliga o telefone.
Pego meu casaco no hall, dou um beijo em minha mãe e caminho até meu carro.
Como é dia de Natal, as ruas estão vazias e não demoro tanto para chegar em sua casa, quando chego ela já me espera na porta, a feição em desespero, ela entra depressa no carro e respira fundo, me olhando em seguida, sorrindo:
- obrigada por me tirar daqui – ela ri ofegante – já não aguentava mais a hipocrisia dessa família, toda aquela felicidade falsa deles – ela fecha os olhos e suspira, pego sua mão e sorrio.
Voltamos rapidamente para minha casa, já estava mais cheia desde que saí, entramos, minha mãe não estava a vista, mas vi Gemma que magicamente foi “aceita” por meus pais e a convidaram para as festas de final de ano, ela sorri e vem em minha direção de braços abertos, Lottie fica apenas nos observando, ela também a abraça, fiquei tão feliz que as duas se deram bem, Gemma não é exatamente amigável com...bem, com qualquer pessoa que não seja sua família ou seu namorado. Minha mãe também nos vê e vem correndo falar com Charlotte, ela a adorou desde quando a viu pela primeira vez, Lottie fica mais sem graça que o normal com ela, minha mãe fala demais.
A casa está muito cheia e finalmente me sinto realmente animado. Nos sentamos na grama do quintal de trás e rimos de toda a bagunça que passamos desde que chegamos aqui:
- minha mãe é bem inconveniente quando quer – dou risada e ela sorri balançando a cabeça.
- ela é legal – diz olhando para a porta de vidro, onde muitas pessoas passam animadas, eu a olho.
- ela acha que somos namorados, você e eu – ela entreabre a boca e me olha, eu rio – eu disse que não éramos, mas ela não acreditou...
- Harry – ela diz e ri chocada – e agora? – eu rio.
- agora não podemos fazer nada, provavelmente ela já contou para a família toda – ela bota a mão na boca e começa a rir.
- você é inacreditável – ela me olha ainda rindo.
- ei, a culpa não é minha – me defendo rindo e ela me dá um soquinho no braço – como vamos arrumar essa bagunça?
- não vamos – ela ri – aliás, precisamos mesmo falar disso – franzo o cenho – sobre o que temos – diz impaciente.
- bom...o que nós temos? – pergunto incerto.
- é isso que estou perguntando – diz como se fosse óbvio.
- você quer mesmo? Que nos rotulemos? – pergunto olhando em seus olhos.
- eu não sei...mas já não podemos deixar isso em segredo mais, não acha? – ergue a sobrancelha.
- sim – sorrio – e então? Aceita namorar comigo? – pergunto e ela ri alto com as mãos na boca.
- que clichê Harry – ela balança a cabeça rindo e me olha nos olhos – eu aceito, mas não seja tão idiota assim sempre – reviro os olhos e ela sorri, me aproximo e dou um beijo em seus lábios – podemos só oficializar para nós dois? Não quero a escola toda comentando sobre isso..
- mas todos já sabem Lottie – ela morde o lábio nervosa.
- mesmo assim – baixa o olhar e mexe em seus dedos – não sei se consigo lidar com todos falando de mim...ao mesmo tempo – me olha e balanço a cabeça positivamente.
- tudo bem, não vou dizer nada, nem para minha mãe – ela ri baixinho, pego uma de suas mãos – está ficando frio, vamos entrar – ela concorda e entramos.
Apresento Lottie ao resto da família, todos ficam felizes, menos meu pai, que sempre está com a mesma carranca de sempre e por algum motivo desconhecido por mim a odeia, mas como é Natal e estou oficialmente namorando a garota mais incrível, ele não pode me atingir com seu mau humor diário, quero contar a todos que estamos namorando, mas não é isso que ela quer, portanto vou respeitar sua vontade e fazê-la feliz.
O jantar corre muito melhor que minha mãe provavelmente planejava e estou mais feliz do que estava quando acordei hoje de manhã. As conversas ao redor da mesa já não nos entretém mais, seguro sua mão por baixo da mesa e sussurro em seu ouvido, discretamente nos levantamos e saímos da sala de jantar tão cheia e barulhenta. Vamos para a varanda e sem dizer nada eu a beijo, sentindo o gosto de vinho em seus lábios...tão sexy. Ela se afasta de mim rindo:
- eles adoraram você – digo sorrindo e ela abaixa a cabeça envergonhada.
- será que gostaram mesmo? Ou foi apenas para agradá-lo? – diz baixinho.
- isso não vai importar, vai? Eu estou aqui com você, e tenho certeza que te adoraram – ela sorri quando a faço olhar para mim.
- foi o melhor natal que eu já tive – ela diz e morde a boca, eu abraço – obrigada por isso Harry – diz abafado em meu ombro.
- não vai ser o último, eu prometo – beijo seu cabelo e a sinto sorrir.
Pouco depois da 00h ela já estava quase dormindo em meu ombro, dizendo que tinha sido o vinho, mas eu sabia que ela vinha não dormindo muito bem por conta de todo o estresse em casa e escola. A boto no carro e entro em seguida, a observando adormecida e como fica linda tão vulnerável assim, como se não tivesse tanta coisa sempre a perturbando. Ligo o carro e vou devagar só para não ter que deixá-la naquela casa onde a menosprezam. Eu a acordo, mas ela não abre os olhos, ela diz onde estão suas chaves e então entro com ela em meus braços e subo para seu quarto, fazendo o mínimo de barulho quando a deixo em sua cama, beijo sua bochecha e saio pela janela, sorrio e desço com um puta medo de cair. Quando entro no carro rio ao imaginar quando ela acordar e se ver na sua cama e como chegou lá, balanço a cabeça e volto para casa. Eu concordo com Lottie, este foi o melhor natal que já tive.
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