Harry
Tudo aconteceu muito rápido, como um borrão confuso, um tornado que viria para destruir tudo. Eu só não sabia se aquilo era bom ou ruim.
Quando dei por mim, Charlotte já estava caída em meus braços. As bochechas pálidas e os olhos quase fechados revirando inquietos. Temi, naquele momento, que iria perdê-la e tudo aquilo teria sido em vão, até ela abrir novamente os olhos, atordoada e novamente desmaiar. Não me lembro de como ou quando gritei por minha mãe ou para alguém que me ajudasse com ela, mas logo em seguida, em uma rapidez descomunal, já estávamos indo para o carro. Eu a segurava em meus braços como a coisa mais preciosa que eu possuía na vida e rezava mentalmente que ela ficasse bem.
Minha mãe dirigiu o carro. Não sabia onde meu pai estava e nem gostaria de saber, provavelmente havia ficado na mansão para resolver os problemas que haviam crescido de minutos para cá, também sabia que ele não se importava nem um pouco com a saúde de Charlotte, muito menos perderia ser precioso tempo indo junto conosco para o hospital.
Charlotte resmungava baixinho em meu colo, mas não acordava com facilidade. Passei meus dedos sobre sua bochecha marcada por uma batida aberta de mão e me inclinei para lhe dar um beijo na testa, o ódio daquela mulher fervilhando em meu peito, subindo e crescendo por ela ter tido a coragem de levantar a mão para ela novamente. Minha mãe nos olhou pelo retrovisor aflita e pisou no acelerador, em direção ao hospital ela havia murmurado:
- você precisa tirar essa garota daqui Harry, você já sabe do que seu pai é capaz e agora...agora essa mulher também está envolvida, não sabemos do que ela é capaz também filho - sua voz transbordava medo, a postura tensa a denunciava, os ombros curvados para a frente e a testa franzida enquanto pisava no acelerador.
Ela tinha razão. Eu sabia disso, mas tinha dúvidas de que o plano desse certo. Havia muitas coisas em jogo agora, como: Charlotte poderia não estar bem o suficiente para continuar com o plano, talvez desistisse de fugir comigo...
Pensar nisso me deixou ainda mais nervoso, se é que era possível. Meu estômago revirava, o champagne dando voltas e mais voltas me deixando enjoado e com vontade de vomitar. Mas engoli em seco, eu precisava ficar bem, eu tinha que estar bem e forte para ser o apoio de Lottie naquele momento. O que ela decidisse seria o que faríamos em seguida, independente do que fosse e mesmo que eu estivesse morrendo de medo.
* * *
O médico havia acabado de deixar o quarto. Eu e minha mãe nos encarávamos aliviados. Lottie estava deitada na cama e acordava lentamente, ainda confusa e sem muita força ou noção do que estava acontecendo. Havia apenas uma agulha injetando soro em sua veia, mas seu rosto ainda estava pálido e cansado, como se ela não dormisse a dias. Sabia disso porque era o mesmo reflexo que me encarava toda manhã em meu banheiro.
Assim que Lottie abre os olhos e assimila onde está seu cenho se franze e a ficha parecer cair e então um semblante de desespero toma conta de seu lindo rosto. Me apressei em me aproximar dela e segurar suas mãos, a fim de te acalmar. Sua respiração está alta e ofegante e ela está prestes a arrancar o tubo transparente de seu braço, mas eu a impeço com a mão.
- está tudo bem amor, você está bem agora - digo com a voz mais calma possível, ela engole em seco e choraminga baixinho.
- o que...O que aconteceu...? Senhora Styles? O Que faz aqui...O que...? - suas perguntas vem em fragmentos, mas conseguimos entendê-la, sorrio e beijo sua mão fria, minha mãe se aproxima e senta na ponta da cama com um sorriso acolhedor.
- você desmaiou querida - Anne diz, a tranquilidade em sua voz faz com que não pareça ser tão ruim - o médico disse que você não havia comido nada nas últimas 12 horas e estava muito desidratada, o estresse que você passou foi a gota d'água para seu corpo, que não aguentou e então apagou com toda a emoção - seus lábios se abrem como se ela fosse dizer algo, mas ela fica em silêncio, encarando o tubo saindo de seu braço e os pingos incessantes do soro indo diretamente para sua veia.
- eu...vou ficar bem? - minha mãe e eu assentimos no mesmo momento, ela parece aliviada. Aperto sua mão e ela sorri ligeiramente para mim, retribuindo o aperto.
- o doutor disse que pode ir embora assim que tomar todo esse soro e pediu para que se alimentasse em horários regrados para que coisas assim não aconteçam novamente - ela diz, Lottie assente com a cabeça e sorri timidamente para minha mãe.
- obrigada Sra. Styles - Anne faz um movimento de mãos e se inclina para dar um beijo na bochecha dela, observo tudo com um sorriso nos lábios.
- vou deixá-los sozinhos um instante - ela diz se levantando e me lançando um olhar de que estava de olho em todos os meus movimentos e que se eu pisasse em falso ela estaria lá para me pegar.
Assim que a porta se bate nós dois rimos e eu corro até ela, meio desesperado meio chorando, aliviado por vê-la bem e triste por todo o resto, por estarmos dentro de um hospital novamente.
- você ouviu o que ela disse, não ouviu? Já vai embora Lottie - digo com um sorriso contido, mas animado, no rosto. Ela assente meio calada.
- eu ouvi - ela sorri, entrelaçando meus dedos aos dela - não é isso que está me preocupando - ela abaixa a cabeça, mordendo o lábio. Eu a encaro preocupado - é tudo o que está acontecendo, Helena, seu pai e nossa fuga...e se não der certo? Se formos pegos eu não quero nem imaginar o que seu pai vai fazer com você ou até comigo...
Eu seguro suas mãos com firmeza, a fazendo olhar para mim. Tentei mostrar meu olhar mais seguro que conhecia e que, talvez, a acalmaria.
- isso não importa mais meu amor, eu acredito o suficiente em nós dois para que isso dê certo - ela sorri, suspirando aliviada - quer dizer, se você ainda quiser isso...você quer, não quer? - um pânico repentino toma conta de minha voz, ela ri baixinho e se levanta com dificuldade para me selar demoradamente.
- o que eu mais quero na vida é ficar com você, aonde pudermos ficar...se for ao seu lado não vai importar - ela murmurou em meus lábios e os beijou novamente - eu te amo - em um instante meu peito estava cheio de ansiedade e dúvidas, no outro eu já havia esquecido o motivo de ter ficado daquele jeito quando a resposta para o que tínhamos era bastante óbvia. Não seria tão fácil nos separar.
- também te amo - apertei suas mãos nas minhas e a fiz se deitar novamente para o soro lhe fazer efeito logo. Não gostaria nem um pouco de ver meu pai entrando por alguma dessas portas em algum momento.
As horas passam tão devagar que mal noto quando os últimos raios solares se esvaem aos pouquinhos pela janela meia aberta do quarto imaculado. O crepúsculo tingindo o céu de um laranja nublado, quase deprimente.
Charlotte havia acabado de acordar de um cochilo e o soro também já tinha acabado, o que significava que ela poderia ir embora em breve. O doutor aparece no quarto após alguns instantes, sorrindo e dando as boas notícias a Lottie, ela sorriu timidamente e agradeceu ao homem, que a libera e lhe adverte sobre alimentação e exercícios físicos, mas eu a conheço o suficiente para saber que ela está se segurando para não revirar os olhos, achando toda a preocupação desnecessária.
- você está bem? - digo assim que o médico sai e minha mãe está na recepção, resolvendo alguma papelada do hospital ou assim eu imaginava - sobre mais cedo e sua mãe...? - pergunto com receio.
- estou, - ela ri baixinho, vestindo o casaco e ajeitando a blusa por baixo, me inclinei e a ajudei com aquilo - é estranho, porque estou me sentindo mais leve, como se um peso enorme tivesse sido tirado de cima de mim...Eu não sinto nada além de alívio Harry - sorri e me encara - por isso tenho tanta certeza do que vamos fazer e sei que não vou me arrepender de nada, a não ser por May, mas ela vai acabar entendendo...Não é? - havia medo em sua voz, eu sabia que ela havia se decidido e que estava certa sobre sua decisão, mas havia May que a prendia emocionalmente a aquele lugar e talvez fosse um pretexto para ela desistir, apesar de acreditar que ela não faria isso. Não com toda as certezas e expectativas em suas palavras.
- ela sabe que não pode te manter aqui para sempre e que uma hora ou outra você iria embora - sorrio a tranquilizando, ela retribui e calça os tênis rapidamente, provavelmente querendo ir embora o mais rápido possível - não se preocupe meu amor, ela vai entender - ela balança a cabeça e beija minha bochecha, apressando-se para sair do quarto.
Eu queria acreditar em cada palavra que saía da minha boca. Queria que tudo fosse um pouco mais fácil, que não tivéssemos que fugir como dois criminosos ou esconder nosso relacionamento simplesmente por eu ser filho de um homem horrível e egoísta. Queria acreditar que tudo fosse mesmo dar certo.
Encontramos com minha mãe na sala de espera do primeiro andar do hospital, já mais cheia naquele horário. Lembrava-me vagamente de Lottie dizendo que May trabalhava em hospital, mas aparentemente aquele não era seu local pessoal de trabalho, o que foi um grande alívio, já que não sabíamos que mentira poderíamos inventar para salvar nossa pele e explicar o que estávamos fazendo ali naquele horário.
Não seria nada fácil explicar o dia todo para a mulher, e gostaria de estar pessoalmente com Lottie quando ela fosse contar a tia o que havia acontecido, mas era uma conversa entre as duas e eu não deveria me intrometer.
Enquanto voltávamos para sua casa, minha mãe dirigia em silêncio, apenas observando de tempos em tempos nós dois no banco de trás conversando aos sussurros o que ela iria dizer a May, se lhe contaria a verdade ou inventaria alguma coisa. Sinto que mamãe quer dizer algo, mas continua focada na rua e no trânsito fraco a aquela hora nas avenidas que levavam ao hospital e que eram impossíveis de não se passarem no retorno.
Mas o caminho é rápido e sem muito estresse, apesar de May ligar algumas vezes para Lottie e perguntar onde estava e ela teve de dizer que estava com Louis, apenas para mascarar a verdade até chegar em casa, o que não demora muito mais que 10 minuto.
Eu salto do carro junto a ela quando chegamos na casa branca e simples da família Crosby. Anne beija a bochecha de Lottie antes de sair do carro e pergunta se não quer vir junto para falar com May, mas Charlotte recusa com um sorriso, dizendo que não seria necessário e que ela saberia lidar com tudo aquilo, ela sorri e lhe deseja boa sorte. Eu sabia que era genuíno, minha mãe adorava Charlotte como uma filha.
Eu a levo até a porta da casa e ela a abre, deixando um espaço para eu entrar, mas um par de braços e cabelos escuros até os ombros interrompe nossa entrada e cobre Charlotte com desespero e lágrimas em forma de abraço.
- você não deu notícias o dia todo minha filha, onde você estava? Pensei que havia acontecido alguma coisa - ela alisa o rosto de Lottie com as duas mãos, os olhos castanhos brilhantes enormes no rosto. Então ela parece notar minha presença e me olha confusa - o que ele está fazendo aqui? O que está fazendo aqui garoto? - sua voz muda o tom, arregalo os olhos e peço um socorro silencioso a Lottie e levanta uma das mãos e abaixa o braço já levantado de May em minha direção. Ela era ameaçadora quando queria.
- May...? May, calma ok? Eu estou bem, não aconteceu nada - ela diz com a voz mansa e a olha com cautela. May tira os olhos de mim e encara a sobrinha sem entender - eu fui resolver algumas coisas e...Eu enfrentei minha mãe May, eu...Fui até a casa dela e contei a verdade ao marido dela - havia muita insegurança em sua voz, sua expressão cansada, os olhos fundos e as bochechas vermelhas de frio a deixaram mais nova do que já parecia, ainda assim ela continuava linda.
May parece chocada e engole em seco, agarrando as mãos da menina. Eu me sinto um intruso vendo aquilo tudo, como se não devesse estar ali e no mesmo momento em que cogito ir embora Lottie segura a manga da minha blusa, me puxando para seu lado sem muita delicadeza.
- Harry estava lá - May me encara, seus olhos me encarando com uma raiva reprimida e mal contida. Eu poderia imaginar o porquê e mesmo não tendo culpa alguma, estava com um certo receio de me aproximar demais dela - ele não fez nada daquilo que eu disse May, foi tudo um mal entendido - ela diz com um sorriso aliviado e pega minha mão, entrelaçando nossos dedos. A mulher me olha novamente, ainda desconfiada e então sorri, nos abraçando, envolvendo seus braços ao nosso redor.
- eu sabia que poderia confiar em você garoto - ela estapeou meu braço sem força e sorriu, me fazendo rir. Não foi tão difícil - mas então, contou toda a verdade ao homem? - Lottie assente, se sentando no sofá no meio da sala, sendo seguida por mim e May - e o que aconteceu? - ela parecia aliviada e preocupada ao mesmo tempo. Ela era como uma mãe para Lottie e acredito que vê-la sofrendo por Helena daquela forma a deixou tão mal quanto a menina, já que não poderia fazer nada e nem poderia suprir o papel de mãe, Charlotte tinha uma mãe, uma mãe que não a queria e a abandonou para a própria sorte e um pai que foi tão fraco que logo se foi. Ela não teve uma família até May aparecer.
Charlotte contou toda a história, do começo ao fim, com alguns detalhes ditos por mim para complementar. May parecia mais chocada a cada palavra que saía de seus lábios e não era para menos. Eu admirava Charlotte por ter tido a coragem de ir até sua casa e confrontá-la em frente à toda sua família, contar toda aquela verdade obscura sobre seu passado em frente à várias pessoas que questionam sua saúde mental e que não gostam de você. O rumo poderia ter sido outro e ela teria sido taxada de louca, mas ela se sustentou e confiou em si própria e disse com a maior verdade que poderia conter em seus lábios.
Não era só May que estava orgulhosa de Lottie. Ver minha garota segura de si e forte o suficiente para fazer o que tinha feito me deixava mais orgulhoso do que qualquer outra coisa. Ela passou por tanto e merece, mais do que tudo, ser feliz.
Após May ter me obrigado a ficar para um jantar rápido e feito eu me desculpar pelo mal entendido, o que era totalmente justificável, eu fui finalmente embora, apenas com uma pausa pouco longa no quarto de Lottie.
Estávamos morrendo de saudades um do outro e ainda assim não podíamos fazer nada com sua tia logo ao lado, ela poderia nos ouvir e aí sim eu não conseguiria olhar para seu rosto tão cedo.
- você ainda vai ao baile com Louis - digo me inclinando sobre ela na cama, enquanto vestia a jaqueta e ela me encarava sentada - o plano não mudou amor - Lottie faz biquinho e olha tristemente para o chão - é improvável que o casamento continue, mas por via das dúvidas não acho que seja bom mudarmos de uma hora para a outra tudo - me ajoelho em sua frente e pego suas duas mãos, as beijando carinhosamente - é tudo precaução Lottie - ela assente, acariciando meus cabelos e se abaixa para beijar minha bochecha e então meus lábios em seguida, desfazendo suas mãos das minhas e me puxando para cima dela - sua Tia... Charlotte... - digo num sussurro engasgado quando ela chupa um ponto abaixo da minha orelha, me fazendo ofegar um pouco alto demais.
- ela não vai nos ouvir Harry - ela diz e morde meu lábio sem força, o esticando entre seus dentes devagar. Eu iria enlouquecer de tesão e a culpa seria dela - senti sua falta - sua voz é tão baixa e rouca, e eu sentia que aquilo era alguma técnica nova que ela estava usando para me seduzir e fazer com que eu a fodesse ali sem me importar com quem estivesse do lado de fora.
Suas pernas se cruzaram em minha cintura, me impedindo de me distanciar dela, não que eu fosse louco de fugir. Ela arranca um gemido involuntário de mim quando aperta o meio de minhas calças e me encontra pronto para ela, que sorri travessa e procura com os dedos nervosos o botão da calça.
- que droga de calça Harry, tira essa porra agora - ela diz emburrada, a voz autoritária me surpreende e o efeito em mim é imediato, ela poderia tomar o controle e eu deixaria. Sem dizer mais nada abaixei uma das mãos que apoiavam meu corpo na cama e desci até a barra da calça, abrindo desajeitamente o botão e o zíper de uma vez. Ela sorri quando pode enfiar sua mão ágil dentro da cueca e não perde tempo, movimentando para cima e para baixo lentamente enquanto mordiscava meu pescoço.
Então ela me empurra no colchão e sobe em cima das minhas pernas, me deixando novamente surpreso e sem me deixar dizer mais nada ela abaixa minhas calças até os joelhos junto com a cueca e se inclina para baixo, envolvendo-o em seus lábios. Arregalo os olhos e murmuro um palavrão em direção ao teto, agarrando seu travesseiro e o mordendo para não gritar. Levanto a cabeça e a vejo sorrindo em minha direção, sem parar com seus movimentos de vai e vem com a boca. Eu amo essa mulher.
Sentia meu corpo todo em êxtase, quase chegando lá, mas ela não parecia que iria parar, não com o olhar que ela me lançava da ponta da cama. Arrepios percorriam minhas pele quanto mais perto eu ficava.
- amor, eu...Eu vou gozar - levanto outra vez o rosto, com mais dificuldade dessa vez e a vejo assentir, envolver sua mão pequena em meu pau e ir até o fundo da garganta. Sufoco com o travesseiro outro grito de prazer e a vejo sorrir quando venho em jatos para sua boca e ela o chupa até não sobrar nenhuma gota sequer. Ela engatinha sobre mim na cama e para sobre meu rosto, sorrindo como um demônio travesso.
- oi - Ela diz com um sorrisinho e se inclina para me beijar delicadamente. Eu ainda estava sem fôlego pelo o que havia acabado de acontecer, então mal consegui lhe responder, Lottie ri e me beija outra vez - não precisa falar tanta coisa ao mesmo tempo Haz - ela brinca, se sentando ao meu lado e eu a olho vidrado, milhares de coisas se passando em minha cabeça e não conseguindo formular uma frase coerente com meus lábios.
- isso foi... - suas bochechas coram e ela desvia o olhar para a cama, mordendo a boca timidamente - foi incrível - me levanto e me aproximo mais dela, beijando seu pescoço, ela se arrepia no mesmo momento, inclinando-o em direção a mim - você é incrível, eu te amo pra caralho - desço mais os beijos e a ouço ofegar baixinho. Suas mãos se apoiaram na cama e eu a fiz olhar para mim, com delicadeza e uma mão em seu queixo - sabe disso, não sabe? - ela balança a cabeça em silêncio - agora, o que vou fazer com você? - pergunto encarando seus enormes olhos escuros, mas no mesmo momento escutamos uma batida fraca na porta. Que merda!
- Charlotte? Harry? Não querem sobremesa? Fiz um bolinho rápido, venham comer - May diz na porta, a voz abafada, ela teve o senso de não abrir a porta. Ouço a risadinha de Lottie e reviro os olhos frustrado.
- já vamos tia May - ela diz segurando a risada e ouvimos seus passos se distanciarem da porta. Lottie gargalha, me fazendo rir - que droga! - ela murmura baixinho, ainda sorrindo.
- e você disse que ela não nos veria, não é? - acuso com um sorriso e ela ri, encolhendo os ombros. Eu seguro seu rosto entre minhas mãos e a beijo delicadamente - ainda não acabamos - digo em sua boca e a selo, ela sorri, me estapeando.
Saímos do quarto logo em seguida, alguns beijos roubados na escada, mas nada do que eu gostaria de fazer com ela segundos mais cedo. May era uma fofa e havia feito bolo para nós, o qual eu não pude recusar já que ela havia perdido seu tempo e dedicação apenas para aquilo e eu seria um babaca idiota se eu me fosse e não aceitasse uma fatia sequer.
Vou embora alguns minutos depois, me despedindo da senhora e de Lottie com beijos e abraços. Se me perguntassem se May estava com raiva de mim alguma hora atrás eu diria que isso era algum engano ou que a pessoa estaria muito louca. Em nenhum momento ela duvidou de mim e deixou que eu explicasse o que de fato havia acontecido e foi compreensível do início ao fim, apenas evitei falar sobre o casamento, pois aí teriam perguntas, e eu não poderia respondê-las, não sem expor nosso plano.
Tive de ir andando para casa, já que minha mãe havia me trazido até ali e meu carro estava em casa. O caminho todo venho refletindo sobre o que havia acontecido mais cedo e sobre o que faríamos em breve e o que ia acontecer agora, já que Helena havia sido desmascarada. Eles não poderiam permitir que o casamento fosse adiante, seria demais.
Assim que chego em casa ouço gritos. Os berros de meu pai são ouvidos desde a calçada e entro o mais rápido possível ao lembrar que minha mãe estava com ele ali dentro. Apresso o passo por entre o hall de entrada e encontro minha mãe e meu pai em uma discussão calorosa. Desmond ergue os olhos quando me vê na entrada, um olhar ensandecido, as mãos erguidas em minha direção. Em um minuto estou no hall e no outro encurralado com suas duas mãos pressionando a gola da minha camiseta e a mim contra a parede. Sinto o impacto reverberar por todo o meu corpo e estremeço de dor. Ouço o grito desesperado de minha mãe e engulo em seco a dor que estava sentindo.
- onde você estava? - ele cospe as palavras com ódio em meu rosto. Franzo o cenho e dou risada, sem saber exatamente de onde vem toda aquela coragem.
- você não sabe? - outra risada, uma pontada em minhas costas de dor e reclamo em agonia em suas mãos, mas não peço para ele me largar - com minha namorada, seu idiota - digo baixo, encarando seus olhos, o espelho dos meus. Um soco e eu caio no chão, as mãos de Anne me socorrem, as lágrimas que caiam de seus olhos molham minha camiseta e de relance eu a vejo se jogar em minha frente, gritando, impedindo meu pai de continuar o que iria fazer.
- estava com a vagabunda, não é? Eu sabia - vocifera, dando voltas na sala. Ergo a cabeça do chão com dificuldade, minha mãe me abraça sem jeito, chorando muito.
- isso já não é mais da sua conta - digo com toda a força que consigo no momento - não importa mais, não vou me casar com Emilly - digo rindo, tossindo por conta da dor no meio da barriga devido ao soco que ele havia me dado.
- ai que você se engana, seu garoto idiota - ele ri, se servindo de um copo de whisky do bar que ficava no canto da sala. Eu o encaro sem expressão, as mãos de minha mãe tentando me erguer do chão com dificuldade, mas eu consigo ao me apoiar na mesa de centro e me levantar precariamente.
- não vai mais haver casamento nenhum - digo como se o desafiasse, levantando o queixo enquanto falava. Ele parece se divertir - Helena não é quem pensa que é e Elias não vai querer um casamento na família dele agora...
- você é um idiota maior do que eu havia pensado que era, não é? - ele bebe de uma vez o líquido marrom viscoso de seu copo, logo se servindo de outro, há satisfação em seus movimentos, o sorriso no canto dos lábios era de se arrepiar - o casamento continua..., você ainda vai se casar com Emilly, Harry!
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