handporn.net
História Youth Generation - Classroom Seven: they whisper in the hallway: he's a bad boy - História escrita por wonkicore - Spirit Fanfics e Histórias
  1. Spirit Fanfics >
  2. Youth Generation >
  3. Classroom Seven: they whisper in the hallway: he's a bad boy

História Youth Generation - Classroom Seven: they whisper in the hallway: he's a bad boy


Escrita por: wonkicore

Notas do Autor


Senhoras e senhores quem é vivo sempre aparece não é mesmo? Mais um pouquinho de 10k de puro dedo no uc e gritaria tiro porrada e bomba e a boa e velha d3sgraç4a que nós amamos não é mesmo.

Errinhos me desculpem e me avisem, vamos que vamos que tem muito chão pela frente.

!!!!CW: violência mas não é nada muito uaaau mas estou avisando, quem não se sentir bem, pule por favor!

Capítulo 7 - Classroom Seven: they whisper in the hallway: he's a bad boy


tic-tac irritante do relógio ecoava pela recepção quase vazia da clínica. As únicas pessoas presentes lá além da recepcionista eram duas mulheres, uma delas vinha acompanhada de uma criança, e eles. Não julgaram o olhar arregalado da recepcionista no momento em que eles passaram pela porta de vidro, eles pareciam uma comitiva para acompanhar uma única pessoa e mesmo quietos e sentados nas cadeiras, eles conseguiam sentir o olhar das duas mulheres sobre eles.

Mas, estranhamente, eles não se importavam. Não era a escola, eles não estavam cercados por pessoas e mais importante, eles não precisavam enganar a si mesmos que não eram amigos; já tinham se visto presos um com o outro em momentos de vulnerabilidade demais para negar isto. Eram amigos e estavam dando pequenos passos em pernas trêmulas para fazer durar. Ainda tinha os olhares julgadores e eles vinham das duas mulheres, a recepcionista não ligava mais e a criança estava muito entretida com seu carrinho de brinquedo.

— Elas estão olhando tanto para cá que eu consigo sentir! — Riki sussurrou de forma indignada. — Estou começando a achar que elas estão afim de um de nós.

— Mulheres mais velhas às vezes preferem os mais novos. — Sem tirar os olhos das cutículas de suas unhas, Jake comentou. — Principalmente os com cara de inocente.

Ele não tinha sido específico a quem estava se referindo, mas todos ali o conheciam o suficiente para saber que ele estava falando sobre Heeseung. Mesmo os dois sabendo que Jake estava mentindo — tinha descoberto lados de Heeseung que agora duvidava de tudo que sua mente tinha como certeza sobre ele, no entanto, precisava manter a pose de implicante número um, principalmente depois do acontecimento da quinta-feira na sala do clube de patinação.

Nada havia mudado entre eles, os outros não lhe travam diferente mesmo depois de ser visto de forma tão vulnerável na frente deles e Jake agradecia. Sabia lidar muito bem com seus fantasmas do passado e fazia questão de mantê-los debaixo de sua cama, na segurança de seu quarto onde ninguém além dele podia vê-los. Não queria a pena de ninguém, não precisava da pena de ninguém.

— Eu não gosto de mulheres mais velhas. — Retrucou. — E mesmo se gostasse, elas não fazem meu tipo.

Mentiu. Heeseung gostava sim de mulheres mais velhas e não só de mulheres. Não por vergonha, mas porque Jake não precisava saber de nenhuma dessas duas coisas; era algo um pouco pessoal demais para compartilhar com alguém que perdia mais tempo enchendo seu saco do que fazendo qualquer outra coisa.

— Bom, não é como se elas fossem gostar de você também depois de descobrir toda a sua falta de habilidade com elas.

A sala, mais uma vez, caiu em silêncio e o ar entre eles pareceu pesar pela primeira vez após semanas. Fazia muito tempo desde a última vez em que Jake e Heeseung ficaram hostis um com o outro na frente dos meninos. Mas, como sempre, Jake era o único responsável por quebrar a paciência tênue que Heeseung prometeu para si mesmo ter com Jake quando todos estivessem juntos. E era por isso que não gostava de fazer promessas, mesmo que elas fossem para ele próprio, elas precisavam ser cumpridas. Mesmo que antes já precisasse controlar toda sua raiva causada por Jake, era diferente porque eles não estavam no mesmo ciclo de amigos. Eles sequer eram amigos.

Agora que estavam, na maioria das vezes, juntos, Heeseung recorre mais vezes do que gostaria ao seu escape de foco de todo o problema Jake Sim. Então apenas negou com a cabeça e riu nasalado, desviando o olhar para qualquer outro lugar distante de Jake como sempre fazia para manter sua mente sã.

— Eu vou lá para fora um pouco. — Avisou. — Ter minha falta de habilidade exposta dessa maneira foi demais para o meu orgulho.

Ironizou antes de se levantar e sair da clínica sem prestar atenção se algum deles o seguia. Respirou fundo quando voltou a pisar na calçada e procurou por um lugar menos exposto para tatear os bolsos do seu jeans preto atrás da carteira de cigarro que havia comprado antes de sair de casa. Era a segunda da semana e ele definitivamente não se orgulhava disso, estava começando a achar que era um vício.

Heeseung conseguia controlar bem seus impulsos de fugir dos outros para fumar antes de toda aquela amizade começar, mas agora ele se via fumando todos os dias da semana, depois da hora do almoço e sem um motivo aparente porque até mesmo nos dias em que Jake não fazia brincadeirinhas ou provocações infantis, Heeseung subia as escadas para o teto e acendia um cigarro. Jake estava começando a ser só uma desculpa para justificar seu comportamento nada saudável e o início do seu vício.

Com o corpo sentado na calçada e encostado na parede atrás de si, encarou a bituca entre seus dedos, observando a fumaça cinzenta se espalhar junto com o cheiro típico de cigarro. Era tranquilizador, por mais errado que fosse, Heeseung gostava de encher seus pulmões com a nicotina e deixar ela nublar sua mente, para em seguida soltá-la em forma de fumaça por seus lábios como se estivesse se livrando de todos os seus problemas.

Não tinha violência. Não tinha seu pai. Não tinha Jake.

— Eu sabia que estava mentindo.

Sequer precisou olhar para o lado para saber que Sunghoon havia lhe seguido e também não fez questão de esconder o cigarro como havia feito no dia em que estava no telhado. Sabia que era uma questão de tempo até ser descoberto por ele já que naquele dia não conseguiu pensar em uma boa desculpa e Sunghoon não era burro.

Ouviu os passos dele se aproximando até que estivesse sentado ao seu lado também e por bons segundos não falou nada. Heeseung levou o cigarro até a boca para novamente colocar para dentro de seu corpo mais nicotina, Sunghoon estava sendo a primeira pessoa próxima a ele, depois de Jay — e Chaeyoung, querendo ou não — que estava lhe acompanhando em uma de suas saídas para fumar. Mesmo que ele não estivesse fumando.

— Não achei que você fosse acreditar, na verdade eu iria começar a duvidar do seu intelecto caso você tivesse acreditado no que eu disse. — Heeseung disse de forma descontraída o que arrancou leves risadas de ambos. — Você quer um?

Estendeu o maço de cigarros na direção de Sunghoon, encarando-o pela primeira vez desde que o outro chegara ali, este que apenas levantou a mão e negou com a cabeça, voltando a olhar para frente.

— Não, obrigado. — Respondeu educadamente. — Eu sou um atleta, não posso consumir tantas drogas lícitas ao mesmo tempo.

A cabeça de Heesung se prendeu ao fato de que Sunghoon tinha dado a entender que provavelmente tinha outro mau hábito envolvendo vícios. Não o julgaria, nunca, imaginava tamanha pressão sob qual Sunghoon vivia com os campeonatos, treinos e o clube; eram quase iguais fazendo competições bem diferentes. Tudo o que precisavam era de um lugar ou algo que os desligassem de tudo, Heeseung encontrou calmaria em maços de cigarros e Sunghoon, na bebida.

Continuaram em silêncio até Heeseung terminar seu cigarro, as mãos coçaram para tirar mais uma vez do bolso a carteira de cigarros para pegar outro, mas se controlou. Dois cigarros sem um intervalo de tempo era demais até para ele, mesmo que quisesse muito. Precisou ficar mais tempo do que de costume porque seu perfume para disfarçar o cheiro da nicotina não estava consigo e muito menos algum chiclete, então precisou se livrar do cheiro de forma natural. Uma pessoa só sabendo desse segredo era o suficiente. Não queria ter que explicar ainda para Sunoo e Riki que não era tão certinho assim como todos gostavam de lhe chamar e não queria Jake Sim sabendo de outro segredo seu.

Não sabia de nada sobre ele, então porque ele teria que saber de coisas que ninguém além de Jay e Chaeyoung — e sua mãe, pelo menos um deles ela sabia — sabiam? Não era justo.

Quando voltaram para dentro da clínica, as duas mulheres que antes não tiravam os olhos deles já não estavam mais lá, significando que o próximo a ser chamado seria Sunoo. E era claro que o nervosismo de mais cedo estava de volta ao ver que se aproximava da sua sentença de morte. Podia ser um exagero, mas Sunoo se sentia como se estivesse recebendo o prazo de validade de sua vida, ou pelo menos de sua autoestima. Não estava pronto ainda para abrir mão de todos os nove anos usando maquiagem para cobrir e limpar as sardas em seu rosto. Nem mesmo no dia de hoje, onde iria ao médico ouvir que não poderia usar mais maquiagem, estava sem ela; seu rosto estava perfeitamente livre de manchas e ele, sob o efeito de dois comprimidos de um antialérgico bem forte.

— Eu quero ir embora… — Murmurou, atraindo a atenção para ele. — Isso não vai dar certo, e-eu não deveria ter feito isso.

Sunoo começava a se agitar, o tremor constante de sua perna estava ainda mais violento, além de abrir e fechar as mãos claramente nervoso. Todos notaram a mudança em seu comportamento, minutos atrás ele estava bem, calado mas isso já era de sua personalidade então não era algo tão estranho assim. Mas vê-lo agitado não do modo cheio de energia como do dia da detenção, era algo preocupante; não era esse tipo de agitação que eles queriam para Sunoo.

Riki foi o primeiro a se aproximar, colocando sua mão sobre a perna que tremia e apertando levemente em uma tentativa de suavizar os tremores. Sunghoon, mesmo incerto pelo modo como a caminhada deles terminou, também se aproximou e, diferente do carinho que sempre fazia em seu cabelo cor de rosa, desceu um pouco mais sua mão e tocou a pele quente de sua bochecha; esperou que Sunoo se afastasse do toque, no entanto, ele fez justamente o contrário.

Se sentia bem com Sunghoon, na verdade ele sentia muitas coisas quando estava na presença dele: euforia, alegria e uma ansiedade boa — não sabia sequer se existia uma ansiedade boa, mas caso não existisse, Sunghoon seria o primeiro causador de uma ansiedade boa em Sunoo. Sentia tantas coisas que, muitas vezes, não sabia como agir em sua presença e estava começando a ficar cansado disso. Só esperava que Sunghoon não se cansasse de esperar por ele.

Precisava aprender a lidar com seus sentimentos, caso contrário iria acabar machucando Sunghoon, alguém que estava abrindo mão de tanta coisa para ficar ao seu lado. Não era um sentimento de obrigação, ter que retribuir tudo porque Sunghoon fazia o mesmo por ele, não, era o mais puro querer. Ele queria dar para Sunghoon o que estava recebendo dele, queria ser um bom amigo para ele. Queria tê-lo em sua vida.

— Sun, eu sei que eu posso ter sido bem cuzão com você quando estávamos na sala mas, não faça isso com você mesmo. — A voz de Heeseung lhe trouxe de volta ao momento em que estava. Ele estava abaixado a sua frente e mantinha as duas mãos sobre seus joelhos. — Você precisa ir ao médico, vai ser melhor para você. Não se coloque em último lugar, por favor. Nenhum de nós quer ver algo ruim acontecendo com você, você é importante para nós.

Você é importante para nós.

Olhou para cada um dos garotos, observando bem toda a preocupação estampada em seus rostos. Era sincero, Heeseung não estava mentindo quando dizia que Sunoo era importante para eles. Ali, diante de um momento onde nunca imaginou estarem juntos — nenhum deles imaginava chegar tão longe com aquela amizade — não podiam mais fechar os olhos para o óbvio ou esconder o cuidado que tinham um pelo outro com um pensamento de que era muito cedo ou por vergonha. Estavam ligados como almas-gêmeas e não em um sentido romântico, mas em algo ainda maior. Tinham um ao outro e conseguiam sentir isso.

A porta no final do corredor fez um leve barulho ao ser aberta e Sunoo a encarou fixamente, sabia que não tinha volta. Era agora. Rapidamente buscou pelos olhos de Jake e agarrou seu pulso com força e de forma quase desesperada. Precisava dele ao seu lado, não iria conseguir fazer sozinho. Precisava deles, caso contrário já teria voltado para casa e fingir que não estava sofrendo com uma alergia que ficava cada dia pior.

— Venha comigo. — Pediu. — Eu não vou conseguir fazer sozinho, por favor, venha comigo.

Ouviu seu nome ser chamado pela recepcionista e apertou ainda mais o pulso de Jake, estava começando a achar que suas unhas deixariam uma marca de meia-lua na pele do amigo. Se doeu, Jake não deixou transparecer, apenas sorriu levemente e colocou sua mão sobre a de Sunoo, segurando-a. Precisava passar tranquilidade para ele e não deixá-lo ainda mais assustado e sufocado com toda a situação, mesmo que estivesse com seus nervos a flor da pele de preocupação com Sunoo.

— Eu… nós. Nós nunca iremos deixar você ficar sozinho, Sun. — Era visível a diferença no tom de voz de Jake falando com qualquer pessoa para Jake falando com Sunoo. Era doce e afável. — Claro que eu vou com você.

Com as pernas trêmulas e ainda segurando no braço de Jake buscando equilíbrio para se manter de pé e conseguir caminhar, Sunoo acompanhou em passos lentos o garoto ao seu lado e, cada vez em que se aproximava da porta da sala de consulta, seus pés pareciam pesados demais para continuar andando. Se não fosse Jake e sua mão, agora na base de suas costas lhe guiando pelo caminho, ele provavelmente teria parado no meio do corredor, nervoso demais para continuar.

Olhou para trás uma última vez antes de conseguir entrar na sala para ver os outros três sentados e os observando com um olhar em um misto de ansiedade e esperança, acreditando que Sunoo conseguiria enfrentar seja lá qual fosse esse sua barreira. Dentre tudo o conseguiram vem de Sunoo em pouco mais de dois meses e meio de uma construção de amizade, de sua timidez a insegurança, os comportamentos de auto sabotagem eram os mais preocupantes. Ele não parecia não ligar para sua saúde, algumas vezes não almoçando para não precisar tirar a máscara descartável quando estava sem maquiagem e continuar a usá-la mesmo depois de uma crise alérgica que deixou seu rosto vermelho e inchado.

Mais uma vez, ninguém além de Jake sabia como lidar com essa situação em específico, apenas ele e Sunoo sabia o que havia de fato acontecido dentro do banheiro e perguntar a algum dos dois sobre isso estava fora de cogitação — Riki e Sunghoon porque não tinham coragem e Heeseung porque, mesmo depois de dois dias a mordida de Jake em seu braço ainda estava dolorida e o hematoma arroxeado ainda era visível. Por mais que estivessem preocupados e quisessem saber como agir em momentos onde a crise alérgica de Sunoo atacava e Jake não estava por perto, não queriam ele se trancando no banheiro por se sentir sufocado então, eram obrigados a assistir com o coração apertado, Sunoo lidar com tudo sozinho.

O único que ainda conseguia fazer algo para ajudar era Riki, ele sabia bem como consolar Sunoo e acalmá-lo. O distraía com piadas bobas que eram tão óbvias que era quase impossível não soltar um risinho e ver os olhos de raposa de Kim Sunoo sumindo por um sorriso que surgia em seus lábios era gratificante para eles. Riki e Sunoo não precisavam palavras para se comunicarem entre si, um olhar era o suficiente para eles fugirem e se esgueirarem pelos corredores da escola, torcendo para não serem vistos até chegarem no telhado e lá matarem aula. Sem muito barulho, apenas os dois deitados um por cima do outro até a linha que os ligava trazerem os demais até e assim completar a bolha calma e confortável que viviam quando estavam juntos.

Não sabiam ao certo quanto tempo havia se passado desde que Sunoo e Jake entraram na sala de consulta, nenhum deles estavam contando, mas parecia uma eternidade, ainda mais quando não se tinha nada para fazer. Era como voltar no tempo e estarem na detenção novamente, tedioso e nem absolutamente nada para fazer e o som que os mantinham acordados nas cadeiras acolchoadas ainda era o tic-tac do relógio agora acompanhado pelo digitar violento da recepcionista no teclado do computador.

Ouvir a porta no final do corredor abrir e Jake sair primeiro e depois Sunoo causou uma reação um pouco exagerada no três, mas vinte minutos sentados sem fazer nada era demais para eles. Jake segurava alguns papéis e tinha um pequeno sorriso, Sunoo ao seu lado parecia mais relaxado, sem sua expressão de medo que estava antes de entrar na consulta. Aquilo provavelmente era um bom sinal.

— E ai? — Riki foi o primeiro a perguntar quando os dois se aproximaram deles. — Como foi lá?

Sunoo olhou para Jake e em seguida suspirou. Nos últimos vinte minutos foi bombardeado com tantas informações e cuidados que sua mente estava processando as coisas um pouco mais lento do que o normal. Precisava organizar seus pensamentos para conseguir falar algo coerente.

— Constatando o óbvio, eu tenho alergia à maquiagem. O médico me deu um grande sermão depois que o Jake abriu a boca e disse que eu continuava usando maquiagem mesmo depois das crises e por fim passou um hidratante para ajudar nos caroços e vermelhidão.

— E ele também disse que o Sunoo pode continuar usando-a desde que sejam apenas produtos hipoalergênicos¹ e em poucas quantidades. — Jake completou.

Heeseung soltou um suspiro aliviado, verdadeiramente feliz por Sunoo. Ele estava claramente mais leve, seus ombros não estavam mais tensos e era possível ver um leve sorriso em seus lábios, quase imperceptível caso fosse outra pessoa ali. Mas não para eles. Ler Sunoo ainda era como ler um livro infantil que, aos poucos, estava sendo revitalizado e retomando sua beleza e conteúdo. Sunoo estava claramente aliviado por não precisar abrir mão por completo do uso da maquiagem, no entanto o médico foi bem claro e um tanto grosseiro quando avisou que era necessário dar um descanso a sua pele mesmo usando cosméticos hipoalergênicos. Um intervalo de um a dois dias apenas usando hidratantes, mantendo os cuidados com a pele e sem maquiagem.

Em uma matemática básica e nada boa, de cinco dias que precisava sair de casa para a escola, Sunoo só poderia de fato usar maquiagem em dois deles. Não era o suficiente. Para alguém que, até para ir ao mercado comprar comida usava base, abrir mão de três dias inteiros com pessoas podendo ver e comentar sobre suas sardas era demais e no ambiente escolar pior ainda. Mesmo que apenas um olhar de Jake fosse o suficiente para calar os sussurros, preferia não se escorar demais nele. Não queria ser um fardo para aquela amizade e nem afastá-los com todos os seus dilemas, então quanto menos souberem, melhor.

Mesmo que doesse — e como doía — mentir para as pessoas que gostava, não precisava ter outras pessoas próximas comentando sobre isso. Eles não o fariam, na verdade; estava começando a confiar sua vida naqueles quatro, mas tinha medo.

Saíram em um silêncio confortável e se preparavam para voltarem a suas casas. Menos Sunghoon. Sua mente trabalhava de forma rápida sobre como iria fazer o que tinha em mente desde o momento em voltou a parada de ônibus para encontrar os outros. Sua conversa com Sunoo não saía de sua cabeça e repetia o modo como ele havia se comportado quando estavam olhando as vitrines. Vê-lo vidrado em uma delas foi o suficiente para Sunghoon perceber que ele havia gostado do que tinha visto e não acreditar na desculpa esfarrapada sobre sua irmã.

— Sunghoon, você vem?

Olhou para frente ao perceber que os garotos estavam mais à frente, o esperando. Não iria para casa agora, tinha uma última coisa para fazer antes de voltar para Sungjoon e seu pai. Seus olhos caíram sobre Sunoo, que lhe encarava fixamente em uma tentativa de decifrar o que se passava em sua cabeça. No fundo, Sunoo sabia exatamente para onde Sunghoon iria e o que iria fazer lá.

Uma parte sua queria que ele desistisse dessa ideia e do assunto também. Mas uma maior ainda e que ele detestava assumir, lhe dizia que era apenas disto que precisava.

— Eu tenho uma coisa para fazer, vocês podem voltar para casa sem mim. — Respondeu, sem desviar o olhar dos cabelos rosas que ficavam uma bagunça bonita a cada vento que dava. — Eu vou demorar.

Quando sozinho, refez o caminho que fizera mais cedo com Sunoo, olhando com atenção para cada vitrine para ver se reconhecia aquela que prendeu a atenção de Sunoo por vários minutos. E quando a encontrou, entendeu o porquê; se pegou imaginando Sunoo vestido naquilo. Não de uma maneira indecente e sim da forma mais graciosa, era como se tivesse sido feito a mão apenas para Sunoo usá-lo.

Queria ver Sunoo vestido com isso, ver seus olhos brilharem ao se ver tão belo do mesmo modo como Sunghoon queria vê-lo feliz.

Na maioria das vezes, Heeseung não era alguém desconfiado. Andava pelos corredores da escola tranquilo porque não tinha motivos para ser desconfiado, as únicas pessoas que sabiam de algo válido de segredo sobre sua vida era Jay, que não estudava naquela escola, e consequentemente Chaeyoung que era ocupada demais com os deveres de presidente do grêmio estudantil para sequer lembrar de conversar outra coisa além de reuniões com os líderes dos clubes e qualquer outra coisa chata de presidente do grêmio.

Ironicamente, foi ela quem levou Jake a descobrir um de seus segredos. Não a culpava obviamente, não sabia que a irmã de seu melhor amigo era melhor amiga de Jake Sim e muito menos que o próprio Jay conhecia Jake. Era carma demais. E seu outro segredo descoberto, bem, não era necessariamente um segredo, ele não escondia de ninguém, como também não falava oi meu nome é Lee Heeseung e eu fumo um maço de cigarro inteiro por semana! para cada pessoa que conhecia. Sunghoon só estava no lugar errado, na hora errada e com um péssimo timing. Mentiu para ele no dia em que quase fora pego, mas não esperava que ele acreditasse e quando foi pego por ele fumando do lado de fora da clínica no sábado, não precisava mais esconder dele. Até porque não tinha como.

No entanto, ter duas pessoas diferentes sabendo dois segredos diferentes seus não era algo que Heeseung queria. Nem algo que sua mente conseguia lidar. Sua cabeça sabia que não, Sunghoon não falaria para ninguém, ele se mostrou alguém mais confiável do que esperava para falar algo que não era sobre ele mesmo para alguém. Mas Jake Sim era Jake Sim, o que gostava de fazer um inferno em sua vida e que ficaria muito feliz contando um podre seu para Deus e o mundo. Então sim, Heeseung estava desconfiado com a possibilidade de Jake dar com a língua nos dentes.

Duvidava muito que ele faria algo do tipo, ambos sabiam de coisas o suficiente um sobre o outro para fazer um verdadeiro estrago em suas vidas. Mas Heeseung não era tão filho da puta assim e esperava que Jake também não fosse e que os dois se mantivessem naquele acordo mútuo de boa convivência que havia entre eles. As coisas estavam boas do jeito que estavam, não conversavam muito entre si mas também não estavam trocando farpas a cada dez minutos, era bom assim.

Era algo involuntário e contra sua vontade, mas, meses estudando com Jake e mantendo-se próximo a ele em um ciclo de amizade, seria quase impossível não reconhecê-lo. Mesmo de costas. Jake saía de dentro da biblioteca e andava de forma arrastada, com a parte de trás de seu cabelo um pouco amassada e bagunçada, como se tivesse passado horas com a cabeça encostada em algum lugar. Heeseung tinha certeza de que Jake havia matado a última aula para dormir, como sempre.

As únicas duas pessoas no corredor eram eles, seus passos ecoavam pelo corredor vazio e quando notou não estar sozinho, Jake virou sua cabeça para trás e focou seus olhos sonolentos na figura de Heeseung andando um pouco mais atrás de si. Diminuiu a velocidade de seus passos para que Heeseung pudesse lhe alcançar; se era para serem amigos, ou algo perto disso, que fosse então.

— Estou começando a achar que você está me seguindo, Hee. — Jake cantarolou. — Da última vez em que você fez isso não deu muito certo, lembra?

Heeseung deixou com que uma alta risada saísse por seus lábios e ecoasse pelo corredor. Parecia sincera e era a primeira vez em que Jake ouvia Heeseung rir sem ser algo forçado ou sarcástico como sempre era quando ele era a causa do riso. Era estranhamente agradável a seus ouvidos.

— Não se preocupe, Jakey, eu não quero outro hematoma de mordida no meu braço e…

Sua fala morreu no meio quando Jake colocou o braço a frente de seu corpo e o empurrou com força para trás. Suas costas bateram violentamente contra a parede, assim como a de Jake, que se jogou para trás quando chegaram ao fim do corredor. Os dois estavam quase colados à parede, e Jake, vez ou outra, inclinava um pouco o corpo para onde eles deveriam terem ido e depois voltava a se encostar na parede, como se estivesse vendo algo que não deveria. Heeseung abriu a boca para perguntar porque caralhos os dois estavam agindo como se fossem dois fugitivos da polícia, nem estava tendo aula para precisarem se esconder de algum supervisor.

— Jake o que…

— É o Riki. — Jake sussurrou, voltando a olhar para o outro corredor. — Eu não sei o que está acontecendo, mas não me parece algo bom, Hee.

Era a segunda vez, em menos de uma hora, que um Hee escapava pelos lábios do outro sem o tom provocativo de sempre e, estranhamente, Heeseung estava gostando de como soava na voz dele. Parando para pensar, essa era a primeira vez em que eles estavam sozinhos e não estavam discutindo ou tentando se matar, pelo contrário, mantinham uma conversa leve com algumas farpas amáveis — por assim dizer — aqui e ali. Era melhor do que imaginava.

No entanto, sua voz transbordava em preocupação com o que viu acontecendo com Riki e mais uma vez ele estava se curvando para ver a situação e Heeseung o acompanhou. Riki era segurado em cada braço pelos os dois garotos que sempre estava lhe incomodando na hora do almoço e era praticamente arrastado pelo corredor contra sua vontade, tentava ao máximo firmar os pés no chão para freá-los, mas era em vão.

Seus olhos não conseguiam deixar a cena a sua frente, Riki estava claramente com medo, desesperado pela situação em que se encontrava. Heeseung queria ir até lá, ajudá-lo porque detestava ver Riki, aquele que era a alegria dos quatro e que estava sempre rindo e fazendo os outros rirem com seu jeito inocente de ser, daquele jeito. Com os olhos cheios de medo e pedidos quase desesperados para que parassem. Mas seus pés pareciam pedras no chão, não tinha força o suficiente para movimentá-los e ir até eles e lhe ajudar. Não estava entendendo os comandos de seu corpo, estava estagnado no mesmo lugar sem conseguir se mover quando era notório que precisava fazer. Pelo amor de Deus! Riki era seu amigo, alguém importante e que Heeseung queria proteger, então porque infernos não conseguia sair do lugar?

Não conseguiu sequer segurar o braço de Jake como da última vez em que estiveram em uma situação parecida envolvendo Riki. O eu vou lá dito por Jake pareceu entrar por um ouvido e sair pelo outro. Heeseung não fez nada, apenas assistiu o loiro correr na direção dos três e acertar o primeiro soco daquela briga. Tudo parecia acontecer em câmera lenta, a atenção dos meninos já não era mais Riki e sim se proteger dos socos que Jake desferia de forma bagunçada, provavelmente estava doendo mais na mão dele do que no rosto dos garotos, mas a intenção agora não era machucar tanto e sim salvar Riki. A voz dele soava ainda mais desesperada ao que via Jake ser atingido por um deles enquanto brigava com o outro, mas nem o soco em sua bochecha o parou.

Seria questão de minutos até que aquele corredor vazio se enchesse de alunos loucos para ver uma briga e adicionar mais coisas a má reputação de Jake pela escola. Mal eles saberiam que tudo o que ele estava fazendo naquele momento era defender seu amigo, coisa que Heeseung deveria estar fazendo também, mas sua cabeça estava cheia de flashes indesejados de sua infância. Mesmo que Jake estivesse fazendo o mesmo que ele e usando da violência para algo bom — defender Riki era um motivo totalmente plausível e não deveria nem ser algo a se duvidar fazer, no entanto, era inevitável que não o comparasse a ele. De forma totalmente injusta porque Jake era alguém bom, estava fazendo algo bom.

— Heeseung! — Jake gritou. — Heeseung tire o Riki daqui!

Finalmente voltou aos sentidos ao ouvir o pedido feito por Jake, Riki ainda estava lá e ainda tentava separar os três ou ajudar Jake na briga. Foi, provavelmente em algum desses momentos em que ele fora atingido por um soco no canto dos lábios; estava sangrando mas Riki parecia não se dar conta disso ou da dor, tinha muita adrenalina correndo em suas veias para ele pensar em qualquer outra coisa que não fosse ajudar Jake.

Saiu de onde Jake havia lhe deixado e foi em direção a toda aquela confusão para tirar Riki de lá, se lembrava bem de ter dezesseis anos e ver coisas bem piores do que aquilo dentro de sua própria casa e não era isso que queria para Riki. O segurou pela cintura e o puxou para longe da confusão de socos, ele esperneava e gritava em seus braços pedindo para Heeseung lhe soltar ou pelo menos fazer algo para ajudar Jake já que ele estava, sozinho, brigando com duas pessoas e a que lhe ajudava agora estava sendo segurado e levado para longe da briga.

— Heeseung! — Jake voltou a berrar. — Leve ele para longe daqui!

Não queria, mas não teve outra escolha. Ao mesmo tempo que queria ficar, ajudar Jake e defender Riki também queria levá-lo para longe, ele era muito novo para ver alguém sendo violento em sua frente. Uma coisa eram filmes, séries e derivados, e outra completamente diferente era ver ao vivo a sua frente, por sua causa e de verdade. Era mais traumático do que parecia. E mesmo que ficasse, no que iria ajudar se quando tudo começou ficou parado vendo Jake fazer tudo sozinho.

Era um covarde de marca maior.

— Heeseung, o Jake… — Riki murmurou enquanto era levado para longe.

Não estavam mais no corredor mas suas cabeças com certeza permaneciam com Jake lá. Ambos estavam preocupados e se sentindo culpados por terem o deixado lá sozinho; Riki não tinha culpa nenhuma, ele era a vítima de toda aquela história e Jake o herói que o defendeu sozinho de dois garotos maiores que eles. Jake não era fraco, tinha uma mordida forte e Heeseung sabia bem disso, mas ele era baixo e não tinha habilidades em dar e desviar de socos, suas mãos doíam mais do que o rosto que atingira. O completo contrário de Heeseung, que sabia como brigar, ele trabalhava com isso, afinal de contas — se é que lutas clandestinas podiam ser consideradas um trabalho. — e mesmo assim não moveu um músculo para ajudar seus dois amigos. Não era o vilão daquela história, mas estava longe de ser alguém que contribuiu para a melhoria dela. Era um figurante por escolha própria.

— Ele vai ficar bem, Riki. — Respondeu. — Ele é Jake Sim, você o conhece.

Não. Nenhum deles conheciam Jake de verdade, eles conheciam e acreditavam no que Jake queria que eles acreditassem.

Jake era fiel àqueles que gostava e protegia suas amizades como fosse necessário. E se fosse necessário brigar com garotos do primeiro ano para defender seu amigo do primeiro ano, ele faria. Estava machucado, dolorido e cansado; sua bochecha doía, seus lábios doía, tudo doía e tinha certeza que seu rosto tinha mais manchas de sangue do que gostaria. Era uma luta injusta, dois contra um, no entanto, Jake continuava lá, sendo engolido por um mar de adolescentes que não faziam nada para separá-los, mesmo que fosse visível o estrago em Jake. Eles não queriam acabar com a diversão de ver o tão notório bad boy da escola levar uma surra. Jake nunca fez nada de mal para alguém, não fazia bullying com os outros, não machucava ninguém além de si mesmo e, até o dia de hoje, nunca tinha brigado com algum aluno; mesmo assim os demais o achavam mau e merecedor de de alguns socos.

Sabia que era uma questão de minutos até algum inspetor aparecer ali, dispersar toda a multidão e levá-los até seu pai. E claro que, ele seria o com uma punição maior, uma suspensão ou na melhor das hipóteses, uma detenção. No entanto, não foi um inspetor que empurrou os alunos para conseguir se enfiar no meio deles e sim uma garota com os cabelos negros presos em duas tranças raiz e de perfume doce que Jake reconheceria a quilomêtros de distância.

Chaeyoung. Claro que a presidente do grêmio estudantil estaria lá para apartar uma briga.

— O que está acontecendo aqui?!

Sua voz alta foi o suficiente para separar os três de forma quase instantânea. Ela não podia esboçar uma reação exagerada para a situação, mas seus olhos se arregalaram ao ver o estado de Jake; lábios cortados, bochecha roxa e um filete de sangue que começava a escorrer por um corte nela. Era sua primeira vez vendo seu melhor amigo machucado fisicamente e não conseguia imaginar o que lhe levou a se meter em uma briga no meio da escola quando sabia como era seu pai.

Jake finalmente olhou ao redor vendo todos os olhares focados apenas nele, e todos pareciam bem felizes ao vê-lo machucado daquela forma. As más línguas começavam a cochichar entre sobre como ele era o incitador da briga e como ele era injusto brigando com garotos do primeiro ano. Besteira. Não queria um tapinha nas costas por fazer o óbvio e defender seu amigo, faria quantas vezes fosse necessário, mas também não queria ser acusado de algo que claramente não havia feito. Não adiantava, Jake sempre seria o errado da história. Para todos.

— Você vem comigo.

Teve seu braço segurado com força e quando levantou o olhar se deparou com um dos inspetores do colégio, apenas Jake estava sendo parado por um inspetor, os outros dois garotos estavam sendo levados para longe por Chaeyoung. Todos os funcionários daquela escola sabiam de sua fama e de quem ele era filho, todos queriam ser os primeiros a entregar a cabeça de Jake Sim para seu pai e quem o fizesse, cairia nas graças do diretor da Nunchi. Ele era o bilhete premiado da escola sob as ordens do seu pai de não o tratem diferente só porque ele é meu filho. Jake, acima de todos, precisa levar a punição mais séria para não dar a entender que eu passo a mão na cabeça dele. Era enjoativo só de lembrar a fala de seu pai e ela sempre lhe rendeu os piores castigos, muitas vezes por coisas que ele sequer havia feito.

Se deixou ser levado pelo inspetor até a sala de seu pai, era algo tão corriqueiro de seu dia-a-dia que não se importava mais, só aceitava o que lhe era dado por mais injusto que fosse. Detenções por discutir com Heeseung no meio da sala, por matar aula para dormir na biblioteca, limpar sua sala sozinho por algum aluno do segundo ano ter dito que o viu no banheiro com uma garota. Jake não gostava de garotas. Mas para seu pai, tudo o que diziam sobre ele era verdade, nunca lhe fora dado o benefício da dúvida ou uma chance de se defender.

Como de costume, Haewon já o esperava. Sentado em sua cadeira de couro por trás da mesa de madeira pesada como se fosse o dono do mundo, pronto para ditar ordens e ser obedecido quer Jake queira ou não. Especialmente hoje, ele não parecia feliz, o maxilar travado e os braços cruzados à frente do peito demonstrava sua irritação.

— Nós passamos por isso quase todos os dias, pai, vamos nos poupar. — Disse. — Me diga qual é o meu castigo e eu vou embora, assim você não precisa mais perder seu tempo comigo.

Não tenho sentimento nenhum em sua voz, não, seu pai não merecia nada dele. Jake nunca, nunca foi um filho ruim, sempre fez de tudo para ser igual a seu irmão, o melhor. Sempre quis os olhares orgulhosos que Jaehyuk recebia dele para si também, mas tudo o que tinha era o mais puro descaso de sua parte e amor incondicional vindo de seu irmão mais velho. Jaehyuk era a figura paterna a quem queria se assemelhar.

— Você acha que tudo é uma brincadeira, não é, Jaeyun? — O homem perguntou, se levantando de seu trono e andando até seu filho. — Suas notas, seu status, sua reputação! A melhor decisão que você já tomou em sua vida foi esconder de todos que você é meu filho assim não preciso explicar para todos como eu, Sim Haewon, alguém bom e influente, teve um filho como você

Claro, ele. Tudo era sobre ele. Seu pai não estava errado, no entanto, foi uma decisão que partiu de Jake, ele quem escondeu de todos que era filho do diretor da Nunchi. Ninguém além de Chaeyoung, obviamente, sabia disto e pretendia que continuasse assim; formou o peso do nome Jake Sim sozinho, sem seu pai, como tudo em sua vida e não queria ser associado a ele pelo menos não naquele ambiente. No entanto, ele ainda era seu pai e ouvi-lo falando daquela maneira era como facas afiadas que o cortavam cada vez mais fundo sem uma chance de cura.

Jake não o odiava, não. Ele odiava quem seu pai se tornou, cego pelo poder onde valia tudo para continuar com ele. Mesmo que isso significasse machucar seus filhos. Ele não se importava com ninguém além dele mesmo.

— Eu queria que você fosse como Jaehyuk, ele...

— Não fale sobre ele, sequer mencione o nome dele! — Jake interviu alto, não admitia seu pai profanar a lembrança de seu irmão. Não na sua frente. — Você não merece falar o nome dele quando eu e você sabemos que foi você quem o matou! Se você não fosse você, ele ainda estaria aqui comigo! Se você não fosse você, pai, Jaehyuk ainda estaria vivo!

O rosto de Jake virou bruscamente para a esquerda com o impacto em sua pele. Não encarou seu pai e manteve seu olhar fixo no chão, com a cabeça na mesma posição; respirava pesado, sentindo a ponta de seus dedos formigarem e tudo em seu corpo começar a ficar dormente. Ele não sentia mais nada, ele não queria sentir mais nada.

Doeu. O tapa em sua bochecha já machucada doeu, mas não se comparou a dor em seu peito, Jake sentiu o coração ser esmagado por ele com suas duas mãos. Doeu ao ponto de fazer seus olhos arderem ligeiramente, como quando alguém quer chorar mas foi rápido em empurrar esse incômodo para longe, não se lembrava da última vez em que havia chorado e com certeza não iria fazer isso agora. Não na frente de seu pai.

Ele não merecia nenhum sentimento seu.

Quando voltou a encará-lo, seu pai não tinha o mínimo remorso em seus olhos. Eles também não esboçaram nenhuma reação. Haewon respirou fundo, levando a mesma mão que usou para bater em seu filho até o começo do nariz, apertando ali para conseguir raciocinar coerente.

— Eu não quero ver você com os pés dentro desta escola pelos próximos três dias. — Murmurou. — E quando você voltar, na sexta-feira, detenção.

Não era nada que Jake não estivesse acostumado.

E, fingindo que nada além da conversa de um diretor com um aluno havia acontecido dentro da sala, Jake saiu de lá com o mesmo olhar indiferente que sempre tinha. Chaeyoung estava sentada nas cadeiras do lado de fora com os dois alunos do primeiro ano, a preocupação estava estampada no rosto dela quando seus olhares se encontraram; queria correr em direção ao melhor amigo e abraçá-lo com força, dizer que estava tudo bem e que o amava. Mas não podia. Esse era o combinado entre eles, esconder tudo que pudesse ser usado como vulnerabilidade.

Jake correu até a sala do primeiro ano onde esperava que Riki estivesse bem, que Heeseung tivesse obedecido sua ordem e retirado o garoto de lá quando viu o corte nos lábios do mais novo. Pelo vidro da janela, o encontrou sentado com um garoto ao seu lado, eles pareciam íntimos ao que Riki mantinha sua cabeça baixa na mesa e o garoto lhe abraçava como podia na posição em que estavam. Tinha uma garota também, ela estava virada de costas para o quadro e fazia um carinho nos cabelos escuros de Riki. Suspirou aliviado, sabendo que, além dele, Riki tinha outras pessoas que cuidavam e gostavam dele.

Satisfeito e aliviado ao ver que seu amigo estava bem, voltou a caminhar, dessa vez em direção ao corredor do terceiro ano. Jake pisava fundo, batendo os pés com tanta força no chão que seu tornozelo doía e ele tinha quase certeza que o corredor debaixo conseguia ouvi-lo caminhar. Riki estava bem, com um machucado no canto dos lábios mas estava bem e era apenas isso que importava no momento. Heeseung, no entanto, não estaria bem em alguns minutos.

Jake não iria bater nele, nunca, por mais que Heeseung merecesse uns bons tapas. Ele viu tudo, viu Jake brigando com duas pessoas e não fez nada para ajudar, mesmo ele sabendo como fazê-lo, afinal, Jake já tinha o visto derrubar um cara maior do que ele, quem dirá dois adolescentes do primeiro cujo estavam machucando um de seus amigos.

Não tinha nenhum professor na sala quando passou pela porta sentindo os diversos olhares sobre si e mesmo se houvesse algum presente, Jake não tinha mais o que perder mesmo. Seguiu em direção àquele que quase o engolia com o olhar, Heeseung já estava esperando o furacão que Jake iria se tornar então só se deixou ser puxado pelo colarinho e foi posto de pé por um Jake Sim claramente irritado. E com razão.

Viu Sunghoon quase passar por cima de todas as cadeiras para chegar até eles e tentar segurar Jake, mas era em vão. Sunoo em algum momento também tentou se meter no meio dos dois para fazer Jake soltar a farda de Heeseung, também sem sucesso. Ele estava cego de tristeza e indignação com tudo o que aconteceu. Riki, ele, Heeseung... Nenhum deles eram culpados, mas naquele momento, a culpa estava pesando em Heeseung. Não por Jake, e sim por ele mesmo.

— Jake... — Sunoo murmurou, tentando acalmá-lo, o que teve efeito contrário.

— Jake nada, Sunoo! Todos não dizem que eu sou ruim, querendo me transformar no vilão? Então que assim seja, eu serei o vilão!

O tom de voz forte nunca usado com Sunoo o fez estremecer e dar alguns passos para trás, assim como Sunghoon, que desistiu de puxar Jake para longe e se colocou ao lado de Sunoo invés disso. Era algo muito maior do que imaginavam, algo apenas de Jake e Heeseung que estava muito além das briguinhas infantis da sala de aula. Sunghoon e Sunoo não tinham mais o controle da situação e não podiam fazer nada para amenizar o caos que estava prestes a tomar conta da sala do terceiro ano B.

— Você é um idiota! — Jake berrou sem se importar se começaria outra briga. — Você não fez nada, nada! Olhe para mim, olhe para o Riki, você não fez nada Heeseung, mesmo sabendo que conseguiria fazer!

O outro continuava a falar, sacudindo o corpo grande em suas mãos, Heeseung estava imóvel apenas ouvindo tudo que saía de forma irritada. Jake estava sendo vago em suas falas para não dizer com todas as letras que Heeseung lutava em lutas clandestinas, mesmo irritado, Jake ainda estava protegendo o segredo dele e, se não fosse a situação em que isso estava sendo exposto, Heeseung ficaria tocado.

— Se não quisesse fazer por mim, foda-se! Eu não ligo, mas fizesse pelo Riki, ele precisava disso, precisava de você, Heeseung! — A voz de Jake começou a morrer aos poucos, ele estava visivelmente cansado e Heeseung imaginava que falar muito como ele estava fazendo doía no corte em seus lábios. Foi puxado pelas mãos em seu colarinho para mais perto de seu rosto e, diferente da última vez, não tinha provocações, apenas mágoa. — E é isso que amigos fazem... eles cuidam um do outro, Heeseung.

Ver o rosto de Jake tão próximo ao seu e carregando tantas emoções de uma vez fazia uma estranha sensação de aperto correr seu corpo. A pele manchada de sangue com hematomas e cortes não melhorava a situação e saber que Jake estava machucado por proteger um de seus amigos sozinho, porque Heeseung não teve coragem de fazer algo, era pior ainda.

— Mas pelo visto seu poder de intimidação só é bom quando é usado comigo.

O corpo grande de Heeseung caiu bruscamente na cadeira quando Jake o soltou, suas pernas não tinham forças para mantê-lo de pé assim como seus olhos não se moviam e permaneciam fixos na parede sem vida alguma. Aquelas palavras foram como buracos de bala em seu peito. Sunghoon e Sunoo observavam todo o desenvolver da briga em completo silêncio, sem saberem como agir; eles mal começaram a saber como agir em uma amizade, quem dirá em uma briga de amigos.

Jake ouvia os cochichos dos outros alunos da sala e dos que se acumularam na porta da sala, que abriram espaço para ele passar quando saiu daquele lugar, sussurrando que ele é um garoto ruim por onde passava e morriam em seus ouvidos; ninguém queria chegar ou encostar nele, com medo. Hoje eles tinham razão, Jake era um garoto ruim.

E apenas uma péssima pessoa entendia outra péssima pessoa.

— Jay... — Murmurou em uma quase súplica por ligação. — Me tire daqui, por favor.
 

Não havia muitas palavras dentro da picape vermelha dos irmãos, Jake não queria conversar, ele sequer havia pego sua mochila de volta na sala, depois mandaria uma mensagem para Chaeyoung levá-la para casa, e Jay não o forçaria a falar algo. Ele não precisava ser um gênio para saber o que havia acontecido, Jake só o ligava implorando para ser tirado de onde quer que estivesse quando ele brigava com o pai. E Jay, como bom amigo e figura masculina na vida do outro, o fazia de bom grado.

Mas nunca era uma simples fuga e os dois sempre sabiam onde acabariam.

Jay mal teve tempo de fechar a porta do seu quarto quando Jake o puxou pelo pescoço e colou seus lábios. Não era um beijo romântico ou calmo, eles nunca se beijavam assim. Tinha muitas línguas, muitos dentes e mordidas que beiravam o dolorido em ambos os lábios.

Esbarravam em todos os poucos móveis presentes no quarto em meio a tentativa de achar a cama, a mesa, qualquer coisa que pudesse suportar o peso dos problemas de Jake. A parte de trás de suas coxas bateu contra a madeira da mesinha no canto da sala e Jay rapidamente o puxou por elas, colocando-o sentado sobre ela. Os lábios se desgrudaram pela primeira vez desde que entraram no quarto e desceram pela derme quente do pescoço de Jake, não deixava marcas mas gostava de prender a pele dele entre os dentes só para ouvir o suspiro baixo que Jake sempre falhava em segurar. Já estiveram muitas vezes naquela situação para saber exatamente como Jake gostava.

Não tinha amor, era o mais puro desejo acompanhado de uma dependência emocional que Jake jurava ser uma quedinha. No fundo ele sabia que não era, os dois sabiam que aquela relação era puramente carnal com o único propósito de fazer Jake esquecer de tudo. A primeira vez em que os dois dormiram juntos aconteceu poucos dias depois que Jake voltou da Austrália, não se lembravam bem como aconteceu mas, debaixo daquele mesmo teto de gesso e na sofá da sala quando Chaeyoung estava fora, Jake permitiu que fosse Jay quem o tirasse do fundo do poço que para onde a perda do seu irmão havia lhe levado.

Desde então, mantinham esse relacionamento puramente sexual no que achavam manter em segredo. Mas Chaeyoung sabia, claro que ela sabia, era seu irmão e seu melhor amigo se encontrando e dormindo juntos debaixo de seu nariz.

Empurrou com pressa a jaqueta de couro que o outro usava e foi rápido em se livrar da camisa também. Voltou a puxar os lábios de Jay em direção aos seus novamente e descer as mãos por todo o tórax dele, não iriam para outro lugar e, apesar de ter uma cama confortável bem atrás deles, Jake não queria esperar. Era uma bagunça de peles, mãos, lábios e sons indecentes para os quais nenhum deles ligava naquele momento. Era rápido, bom e necessário para ambas as partes.

O verdadeiro pior de toda a situação era que, tanto Jake como Jay sabiam que era errado mas não conseguiam parar. Jake precisava de Jay para fazê-lo esquecer de tudo e Jay era um amigo bom demais para deixá-lo sofrer sem fazer nada quando sabia que com um toque ou beijo, era capaz de levar Jake ao limite. Nenhum deles tinha coragem para pôr um fim em tudo, por mais que fosse o correto a se fazer, não era um relacionamento no entanto, Jay não se relacionava com outras pessoas e Jake vivia alimentando uma ideia de que gostava amorosamente de Jay; estavam presos um ao outro cujo o único que poderia colocar um fim nessa corrente que os prendiam era Jake.

Em uma tentativa de amenizar todo o estrago causado na mente de Jake, quando tudo chegava ao seu fim Jay tentava ao máximo ficar ao lado dele e prover o pouco de carinho que ele precisava. O deixava dormir em sua cama, usar suas roupas e até mesmo chorar em seu peito como o bom amigo que era. Cuidados esses que não duravam mais que uma hora, depois de recuperado, Jake voltava a assumir a postura de inabalável que vendia para todos e voltava para casa como se nada houvesse acontecido.

O ginásio de patinação artística que ficava duas ruas atrás da Nunchi era quase a segunda casa de Sunghoon. A mochila pesava em suas costas e a sacola retangular de papel batia em sua perna, a tensão entre Jake e Heeseung foi algo tão forte que o impediu de entregar o cropped a Sunoo e estava frustrado; não pela briga, com isso ele estava mais preocupado do que frustrado e sim com o fato de que, se demorasse muito a entregar a roupa poderia perder toda a coragem que juntou por todo o final de semana. Verdadeiramente, estava com medo da reação que iria obter de Sunoo.

Depois de deixar sua mochila e cuidadosamente a sacola em uma das cadeiras geralmente usada por seu treinador, Sunghoon colocou seus patins e entrou na pista de gelo. Hoje era segunda e, teoricamente não tinha treino oficial, mas sua mãe decidiu de última hora ser uma mãe e levar o filho mais novo para um momento mãe e filho — palavras dela — então usou isso como desculpa para se enfiar no ginásio e usar sua forma mais saudável de desestressar.

Os patins em seus pés eram tão confortáveis quanto usar meias no frio e deslizar sobre o gelo era tão fácil como andar. O ringue era seu, eles foram feitos um para o outro; faziam seis anos que começara a patinar e apenas quatro desde que entrou para o Time Nacional de Seul de Patinação Artística e mesmo com dezenove anos, era um prodígio com um futuro promissor pela frente. As medalhas e troféus em seu quarto e até mesmo pelos corredores da escola falavam por si só.

— Então é aqui que o popular Park Sunghoon se esconde nas horas vagas.

Ao ouvir uma voz que não era a de seu treinador nem de outros patinadores da sua equipe, Sunghoon rapidamente parou no meio do ringue e encarou os olhos de raposa que estavam em pequenas luas, sorrindo e hipnotizado na figura de Sunghoon sobre o gelo e, se Sunoo já o achava bonito andando pelos corredores da escola, deslizando sobre o gelo Sunghoon era quase um deus. Seus prêmios não eram por seu rosto bonito e pintinha charmosa no nariz, Sunghoon era talentoso.

No entanto, o modo como ele patinou de forma desengonçada na direção de Sunoo não foi nada gracioso. Ele era talentoso, mas naquele momento sua cabeça só conseguia pensar que Sunoo estava ali, com um sorriso no rosto e falando com ele. Sozinho. De forma mais desengonçada ainda, Sunghoon saiu do gelo e agarrou a sacola rapidamente, Sunoo só pareceu notá-la quando a sacola na cor branca estava a sua frente; seus olhos começaram a aumentar de tamanho e o sorriso lentamente sumir e formar uma expressão surpresa em seu rosto. Ele sabia exatamente o que havia dentro dela e estava tendo um conflito de sentimentos dentro de si onde a felicidade e gratidão lutavam contra o medo e ansiedade. Não a boa que Sunghoon sempre lhe causava e sim aquela que lhe fazia querer fugir e empurrar tudo de bom que sentia.

— Não fale nada ainda… Só receba e veja em casa.— Sunghoon pediu. — Se permita se sentir bem, Sunoo.

Ser feliz. Essas palavras ficaram ecoando em loop na sua mente. Quando havia sido a última vez em que Sunoo tinha se permitido ser feliz, sem pensar em como as coisas poderiam dar errado ou em como ele não deveria gostar de fazer isso. Vestir isso. Pegou com incerteza a sacola das mãos que lhe entregavam ela, sem desviar o olhar de Sunghoon; ele estava sendo sincero em suas palavras, seus olhos não mentiam em questão a isso.

Se permita ser feliz Sunoo. Alguém, pela primeira vez depois que saiu da casa de seus pais, estavam lhe dando a chance de ser quem realmente era. E lhe dando abertura para negar tal ato também. Sunghoon não estava lhe pressionando em ter uma reação a todas as vezes que tentou se aproximar dele, sempre tentando de novo quando era afastado por pura insegurança. E estava na hora de Sunghoon parar de ser o único a tentar.

— Então… Você vai só ficar me olhando ou me chamar para patinar com você?

Sunoo não sabia de onde tinha vindo toda a coragem para falar algo do tipo, mas se agarrou a ela e achou bonitinho como as bochechas e a ponta do nariz do garoto a sua frente ficaram levemente avermelhadas. Ele era encantador. Sunghoon olhou para os dois lados, um pouco nervoso; Sunoo era a única pessoa capaz de lhe causar nervosismo. Não sua popularidade, nem se apresentar para centenas de pessoas, e sim, Kim Sunoo.

Permaneceram em um silêncio confortável, Sunghoon estava ajoelhado à sua frente o ajudando a amarrar os cadarços de um antigo patins usado por Sunghoon. Os dois mantinham leves sorrisos nos lábios sempre que seus olhares se encontravam, Sunoo não conseguia parar de pensar em como era bom estar ali com Sunghoon, e ele não conseguia raciocinar direito com a presença de Sunoo com ele.

Segurando firmemente na mão um do outro, Sunghoon e Sunoo entraram na pista de gelo. O Kim lentamente firmou os pés sobre as lâminas dos patins e começou, de forma lenta, a deslizar sobre o gelo, movendo os pés como viu Sunghoon fazer minutos antes. As vezes olhava para trás e tinha a visão de Sunghoon lhe assistindo ainda parado no mesmo lugar, os olhos quase brilhavam com a visão de Sunoo em um lugar que sempre foi tão dele e era bom dividir esse espaço de sua vida com ele, se viu pensando que queria dividir isso com os outros também. Queria eles em sua vida, não só na escola e sim em toda ela.

— Não vai ter graça patinar sozinho se você vai ficar parado, Sunghoon. — Sunoo falou, agora perto dele.

Esteve tão fissurado na figura de Sunoo patinando que mal notou quando ele chegou perto de si e sorria levemente com uma leve empolgação de ter Sunghoon patinando consigo. Era a primeira vez em que o via desse jeito e estava cada vez mais encantado na pessoa que Sunoo se mostrava ser. Queria conhecer cada partezinha dele e admirar cada uma delas, mesmo que isso levasse tempo, não iria se cansar de esperar. Prometeu se colocar no lugar dele e tentar até que Sunoo tivesse confiança nele ao ponto de se mostrar verdadeiramente.

— Você não parece precisar da minha ajuda. — Brincou. — Você patina bem.

Sunoo riu. Pela primeira vez depois da detenção, Sunghoon estava ouvindo sua risada novamente. Os olhos se fecharam em meia luas e os lábios rosados se partiram para deixar com que sua risada quase ecoasse pelo ringue de patinação; era uma risada sincera e contagiosa e em poucos segundos Sunghoon também estava rindo. Se sentiam duas crianças por não saberem ao certo porque estavam rindo, mas continuavam rindo e definitivamente não era uma risada desconfortável, para quebrar um silêncio desconfortável. Eles não estavam desconfortáveis um com o outro.

Lentamente, as risadas começaram a perder sua força e as coisas começaram a se acalmar entre eles, deixando para trás apenas suspiros risonhos e alegres. Sunoo se moveu até estar encostado na divisória que separava o espaço de gelo da arquibancada, Sunghoon se pôs a frente dele porque não queria perdê-lo de vista nem por um segundo. Colar em sua memória o dia em que viu Sunoo tão feliz em todos os anos que conhecia ele.

— Você fala isso porque não me viu caindo de bunda no chão cinco minutos atrás. — Sunoo retrucou com um ar leve na voz.

Os olhos de Sunghoon aumentaram levemente de tamanho ao ouvir o que Sunoo havia dito e rapidamente começou a procurar por possíveis machucados na pele dele. As mãos rápidas faziam cócegas sobre por cima da farda da escola que Sunoo ainda usava, riu mais uma vez e tentou se desvencilhar e escapar do ataque que Sunghoon fazia. Aquilo já não era mais um procura por machucados e sim um ataque de cócegas apenas para ouvir novamente sua risada. Não sabia como explicar mas estava se sentindo tão bem aceitando suas vontades e fazendo-as. Sunghoon estava sendo só um apoio, mas o mérito era totalmente de Sunoo, finalmente estava se deixando ser feliz e aproveitar das coisas que gosta sem colocar algum empecilho na frente. Com certeza gostava de Sunghoon e da presença dele em sua vida.

Segurou as mãos dele sobre as suas para pará-lo, já estava ficando sem ar de tanto rir, esse dia, sem sombra de dúvidas, estaria marcado em sua memória para sempre. Os olhos mais uma vez se encontraram e então Sunghoon parou com o que fazia, não podia olhar por muito tempo diretamente as íris castanhas de Sunoo porque sempre que o fazia, ficava vidrado neles e em seu rosto. Ele ainda usava maquiagem, quase imperceptível mas conseguia notar isso; a pele imaculada e de aparência macia lhe convidava para tocá-la e antes que conseguisse frear o comando de seu cérebro para suas mãos, uma delas já estava encostando levemente na bochecha de Sunoo.

Buscou por algum sinal de desconforto no rosto do outro e não encontrou nada além de uma leve surpresa. Com o polegar fazendo um leve carinho na pele, o olhar de Sunghoon passou por seus olhos e nariz antes de chegarem até seus lábios; eles eram cheinhos e coloridos em um leve tom de rosa, entreabertos por onde passava uma respiração calma e Sunghoon não conseguiu evitar a vontade de tocá-los também, deixando com que o mesmo polegar que fazia o carinho na bochecha fizesse o mesmo em seus lábios. Mais uma vez, buscou por algum desconforto no rosto de Sunoo e mais uma vez encontrando o mais puro nada.

Voltou novamente a olhar para os lábios alheios e ignorando todas as vozes que gritavam em sua mente para não fazer isso, Sunghoon fechou os olhos e encostou levemente seus lábios sobre os de Sunoo. E não passou disso por muitos minutos, esperou o corpo junto ao seu relaxar sob o toque dos lábios antes de levar sua outra mão até a cintura de Sunoo e deixá-la por lá, lentamente e de forma insegura, Sunoo deixou com que suas mãos se apoiassem nos ombros largos de Sunghoon e o puxou para mais perto, apertando os dedos ali e amassando a camisa social sob seu tato.

Sentindo Sunoo relaxar com seu toque, Sunghoon finalmente cedeu a sua vontade e abriu um pouco os lábios, deixando com que sua língua tocasse de forma superficial os lábios alheios. Não era o primeiro beijo de Sunoo, mas também não era um expert na arte beijar, tinha anos desde a primeira e única vez em que outra pessoa havia encostado em seus lábios então não sabia exatamente o que fazer ou como fazer. Separou os lábios e deixou com que Sunghoon invadisse sua boca e suspirou quando sentiu suas línguas se encostarem, passando a acompanhar tudo o que Sunghoon fazia.

Quando a mão que estava em sua bochecha desceu para sua cintura e o puxou para mais perto, Sunoo se deu conta do que estava acontecendo e rapidamente empurrou o corpo de Sunghoon para longe, abrindo uma distância segura entre eles. Estava ofegante e levemente desnorteado, inferno; ele havia beijado Park Sunghoon porque quis beijar Park Sunghoon e havia gostado de beijar Park Sunghoon!

— Eu… eu… — Procurava em sua cabeça alguma forma de construir uma frase coerente, mas seus pensamentos iam e voltavam para a sensação dos lábios de Sunghoon contra os seus. — Eu preciso ir…?

Sua fala soou mais como uma pergunta do que como uma constatação, mas por hora isso servia. Patinou desorientadamente até o lado de fora do gelo, tirou os patins de forma apressada e enfiou os pés em seu all star de qualquer jeito; agarrando sua mochila e a sacola de papelão, olhou uma última vez para Sunghoon, que já o observava.

— Sunoo… — Sunghoon chamou, sua voz soava ofegante e afetada.

O rosto dele estava com as bochechas pintadas em um tom forte de vermelho juntamente com os lábios levemente inchados, Sunoo se perguntou como conseguiu enxergar todos esses pequenos detalhes sem seus óculos e lentes de contato. O fato era que, ele havia gostado do beijo tanto quanto Sunoo e se um dos dois não mantivessem uma distância segura, não seriam capazes de se separar.

Não voltaria a ignorar Sunghoon, ele lhe fazia bem demais para afastá-lo de sua e não queria isso, Sunghoon agora fazia parte de sua vida e não sairia dela a não ser que quisesse, isso Sunoo não poderia impedir. Mas, agora, precisava virar as costas para sair daquele ringue de patinação e empurrar as memórias e sensações do beijo para o fundo de sua mente. Caso contrário nunca iria sair de lá, perderia horas a fio beijando mais uma vez Park Sunghoon.


Notas Finais


hipoalergênicos¹: produtos que, na teoria tem menos agentes alergênicos e diminuem ou vetam a possibilidade de reações alergicas (fonte: google e minha mãe)

Pois é minha gente 10k de pura desgraça com os sunsun trazendo alegria ao povo!!!! Chegamos a metade da fic e eu só tenho a dizer que AGORA AS COISAS VÃO FICAR MAIS INTERESSANTES E AGORA OS CASAIS VÃO PARA FRENTE (com um casal surpresa que não estava no planejamento mas quando eu tava escrevendo foi impossível não colocar eles juntos no final), porque a intenção era realmente um romance ""slow burn"" tendo mais foco na amizade.

As cenas de beijocas me matando realmente gente eu não sei escrever essas coisas mas veio ai os sunsun primeiro casal oficial a dar beijocas. ELES NÃO TEM NINGUÉM MAS TEM AO POVO!!

Surtos a parte, espero que vocês tenham gostado, se cuidem amo vocês e quem tem twitter não esqueçam da tag #.sacyouthgeneration para eu ver os surtos de vocês por lá. Até a próxima! aLIAS A FIC ESTÁ COM 50 FAVS A GATA ESTÁ SURTANDO AQUI sério gente muito obrigada mesmo eu fico tão feliz em saber que vocês gostam é muito gratificante ver os favs e comentários sério amo vocês dms <3

Agora sim, até a próxima!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...