Lista de leitura Hannigram - Classificação Doze sem o gênero Policial

Todos conhecem Hannibal Lecter como um homem reservado e cortês, mas não suspeitam que por trás dessa personalidade há uma criatura completamente diferente. E não, não estamos falando do fato do psicólogo ser um assassino canibal, estamos falando de algo ainda mais profundo; dos impulsos irreprimíveis que Lecter tem em seus momentos mais íntimos.

E Will encontrou o amor naquele homem perigoso como os chifres de um alce, porém tão único quanto o pelo do animal.

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O leve desconforto de Will com a nova rotina universitária passa quando ele conhece seu colega de quarto, um rapaz excêntrico chamado Hannibal.

"Hannibal cortou as quatro romãs com muito cuidado e de modo simétrico.

Ele sorriu para si mesmo enquanto colocava as frutas em um prato que era perfeitamente branco e feito da mais fina porcelana. O Lecter se sentia bem satisfeito com a própria escolha, que fora repensada várias vezes para aquela noite.

O psiquiatra queria uma sobremesa que tivesse um significado por trás, algo que pudesse dar a Will pistas sobre o que ele sentia pelo Graham. Hannibal gostava de flertar de modo sutil com o agente do FBI, principalmente por saber o quanto o mais jovem era inteligente.

E naquela noite estavam apenas os dois na casa do Lecter, o que deixava Hannibal um pouco mais “ousado” e livre. O homem pegou talheres de prata polida e seguiu para a sala de jantar, vendo que Will permanecia sentado de modo paciente. E como sempre, o moreno estava muito bonito e até mesmo elegante, usando um terno de tom azul escuro que realçava o tom sua pele branca e de seus olhos."

"Hannibal não se considerava um homem ciumento.

Porém, quando se tratava de Will, o Lecter poderia perder facilmente toda a boa postura que insistia em mostrar e toda sua frieza e toda sua indiferença eram deixadas de lado, tornando-o cego por alguns momentos obscuros.
E naquele momento, o Lecter não gostava de saber que o Graham estava sendo alvo dos desejos do Grande Dragão Vermelho. O homem considerava tal coisa um ultraje, principalmente pelo fato de tal vil criatura tencionar machucar o moreno.

Hannibal não permitiria que o Dragão ferisse Will. Não deixaria que ele tocasse em um só fio de cabelo do alvo de seu maior amor. Will fora feito para si e não seria uma pessoa qualquer que o tiraria de si. Não quando ele estava tão perto de finalmente tê-lo em suas mãos como sempre desejara."

"O Graham aguardou por uma resposta ao toque. Ficou apreensivo, mordendo o lábio sem notar. E quando menos esperava, ouviu o som suave e constante de passos. A porta rangeu e uma figura alta e trajando um belo roupão apareceu.

- Will? Está tudo bem? - Hannibal soou preocupado. Ele parecia grogue pelo sono interrompido.

- Eu... Tive outro episódio de sonambulismo. - As bochechas de Will ficaram vermelhas. - E acabei vindo parar aqui. Eu posso entrar?

- Claro. Minha casa sempre estará aberta para você. - Os lábios do Lecter se curvaram para cima em um sorriso leve e ele abriu espaço para o menor entrar.

Will sussurrou um "obrigado" e adentrou na residência do maior, escapando do frio da madrugada. O interior da moradia de Hannibal era convidativa e aconchegante como uma antiga amiga. A luz da sala estava acesa."

"– Por que você a beijou?

A pergunta infame foi lançada por Hannibal, fazendo com que Will voltasse a tornar sua atenção ao Lecter, enfiando as mãos nos bolsos, afundando os ombros enquanto pensava em algo para dizer, mas sem realmente fazer ideia do motivo de ter beijado Alana.

E durante aquele longo silêncio que se prosseguiu entre si e entre o psiquiatra, o Graham continuou a andar lentamente pela sala do homem. E Hannibal esperava de modo paciente pelas palavras do outro mesmo que por dentro não houvesse traço algum daquela plenitude que transparecia em seu rosto."

"Desde a grande queda do penhasco e da sobrevivência, Hannibal sentia que Will parecia distante de si como se um abismo tivesse se aberto entre ambos separando-os.

O ex-agente andava calado, taciturno, sempre com ar pensativo como se estivesse remoendo as amarguras do passado, digerindo-as como um remédio velho. E vez ou outra, o Lecter flagrava o olhar intenso do moreno sob si, parecendo lê-lo como a um livro. O que se passava na cabeça do Graham era o que o mais velho desejava saber.

E o loiro sabia que não poderia mais aguentar toda aquela ausência. Perderia o que lhe restava do juízo se não pudesse finalmente ter Will para si como andara tanto almejando. O mais jovem era como seu elixir, seu coração parecia pulsar não por ser algo natural e sim pela mera presença do menor. E pelos céus, como Hannibal queria rastejar por Will, como um devoto rastejava e orava por seu milagre, por sua salvação."

Quando um homem passa muito tempo solitário e a fala não saí, a mente pede espaço, abrindo a janela da imaginação.
Era dessa forma que o Dr. Lecter sobrevivia a cada dia no Hospital de Baltimore para Criminosos Insanos. Vivendo apenas de memórias que talvez não fossem verdadeiras, inventando momentos e remoendo lembranças... Lembranças das quais ás vezes não queria lembrar.

"Will sabia que Hannibal não andava bem.

O homem conhecia ao outro como conhecia a palma de sua própria mão. Lia seus sentimentos como se fosse um livro aberto. Talvez o motivo para tal fosse a conexão complexa e única que ambos pareciam ter.

O Graham tinha conhecimento do quanto hostilizavam o Lecter. De quanto o tratavam como um monstro. Só que por baixo da cama dura de gelo que o homem aparentava ser, havia muito mais coisas. Coisas que ninguém tinha a capacidade de compreender ou assimilar por puro preconceito.

Hannibal era complexo. Tinha muitas faces. E só Will conhecia todas. E não tinha medo. Não tinha motivo para correr do cara que jurou amar. Por isso, o Graham decidiu que deveria dar um presente ao maior."