Lista de leitura Mercúrio sem o gênero Fantasia

Johnny sempre gostou de escrever poemas sobre a pele do melhor amigo.
Era nos traços de Jung Jaehyun que a palavra calma e amor residia, e Johnny só precisava de coragem naquela noite para se confessar da melhor forma que podia e do seu jeitinho.

Esta é a história de amor mais simples e bela que existe! Não há nada grandioso e formoso neste relato; se passa em um prédio verde desbotado nos cantos de Seul e com um valor razoável para universitários com rendas duvidosas. Mas tem amor, alguns gatos e xingos-não-xingos de alguém apaixonado demais para conseguir colocar em palavras.

E na consciência de que é mais fácil coexistir no caos do que no a-caos, vi Hongjoong colocar no papel palavras-achismos sobre o que é amor romântico enquanto vivia na paralela.

Era verão quando Jo Haseul decidiu soltar as palavras que fizeram Jungeun se perder por horas na internet.
A criatura esguia e de olhos afiados era meio conformada com as coisas não-grandiosas da vida, mesmo que sua melhor amiga não concordasse. No fim de tudo Jungeun tinha um sorriso malandro e respostas sagazes para as conclusões apáticas de Haseul.

E durante um indeterminado tempo Seonghwa iria guardar o livro surrado na gaveta e o amor por Kim Hongjoong no peito.

Quando o tempo arde, o outro Tempo está batendo em portas de nuvens atrás de Saudades. Precisa levar para casa e deixar o mundo quietinho, apenas com a chuva de nimbos se misturando com o vento.

Esta estória, um tanto quanto torta e que faltam palavras, é um breve resumo da presença de Park Seonghwa no mundo. É um singelo marco daquilo que Seonghwa foi e é até hoje, acredito eu. O rapaz de cabelos escuros e olhos astutos de gato de rua me ensinou em apenas uma noite que nunca é tão tarde para enfrentar coisas que parecem bobas, mas não são. E que, de alguma forma, nem todos os adeuses que damos são ruins.

O chamado do buraco negro dos "quases" de Yeosang o consomem aos pouquinhos e ele implora para que Yunho volte e de um final, pois o começo ele já não tem esperança de lembrar e o meio o afoga em chá de hibisco numa xícara âmbar.

Mesmo que fosse passageiro, mesmo que não durasse o tempo que ambos gostariam, ainda valeria a pena e Seonghwa poderia dizer que ele e todas suas aranhas imaginárias de estimação encontrou moradia por tempo indeterminado na única pessoa que poderia carregar estrelas em volta dos olhos.

Kim Hongjoong era um espírito livre. Ele nunca pertenceu a algo, nem mesmo seu próprio lar.
Park Seonghwa sempre dizia, em murmúrios para as paredes craqueladas, que Hongjoong se acomodava nos ventos, no Ipê bonito no quintal, nas vielas crepusculares da cidadezinha em que viviam e nas estrelas que salpicavam os céus nas noites limpas.
Carregando um punhado de sonhos supérfluos e lamúrias nas tarde de domingo, Seonghwa se permitiu crescer junto das correntes frias que se enrolavam nas palavras de Hongjoong e seus embalos sobre a vida.