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Tudo corria bem até o momento que, num descuido, Youngjae fechou os olhos. Aquilo era um velho hábito, daqueles difíceis de largar, que tinha quando tocava músicas que sabia bem. Era como se conseguisse senti-las quando seus olhos estavam fechados. Entretanto, isso havia se tornado um mau hábito desde aquela festa. Agora, sempre que fechava os olhos, se lembrava de Jaebeom, o cara com que havia dormido naquela noite. E daquela vez não foi diferente.
Segundos depois de fechar os olhos, Youngjae se lembrou dele. Do sorriso estonteante de quando começaram a conversar aos toques firmes e beijos insaciáveis na cama; era como se estivesse revivendo aquela noite. Num raio de segundo, o músico despertou daquele pequeno e perigoso devaneio, errando o acorde e tirando um som desagradável do violino.
― Merda. ― xingou, irritado por ter deixado aquilo acontecer de novo.
Suspirou, endireitando-se. Era apenas ele, o violino e as lembranças sobre aquele homem. Lembranças eram inofensivas. Podiam estar atrapalhando-o naquele momento, mas não era como se estivesse alimentando nenhum tipo de esperança ou desejo de rever Jaebeom e seu sorriso sedutor. Definitivamente, não. Youngjae não queria vê-lo nem um pouco. Só não tirava-o da cabeça por ser recente, só isso. Aquilo ia passar com o tempo e o músico precisava se concentrar em compor uma boa música para apresentá-la em algumas semanas.
Concentrou-se na partitura. Apenas ele e o violino, como sempre foi. Como sempre devia ser. No instante seguinte, Youngjae deslizou o arco sobre as cordas mais uma vez. Sem tempo para erros dessa vez. Sem tempo para memórias inúteis.
Só ele e a música, como sempre preferiu.

Dizem que a primeira impressão é a que fica e com Youngjae e Jaebeom não foi diferente.
Podemos dizer que a primeira impressão que eles tiveram um do outro foi, no mínimo, péssima. E foi exatamente à que ficou. Entretanto, para conviverem e trabalharem em harmonia, eles precisarão deixar isso de lado e se conhecerem um pouco melhor. O que não podiam imaginar era que, ao fazerem isso, um novo sentimento surgiria no lugar de toda aquela antipatia.

Youngjae era o que chamam de workaholic. O executivo mal tinha tempo de ócio e estava sempre alternando entre produtividade e exaustão. E o culpado disso tudo era Im Jaebeom, seu superior.

Jackson não suportava calouros e não fazia a menos questão de esconder isso. Se pudesse, nunca interagiria com algum deles, porém às vezes é obrigado a fazer alguns trabalhos em grupos com eles, o que sempre lhe rendeu dores de cabeça. Entretanto, numa dessas ocasiões, Jackson conhece Jinyoung, um calouro que lhe tira dos trilhos de uma maneira diferente e lhe faz considerar abrir uma exceção para ele.

Jackson sentia-se muito mal e sabia que naquela situação o único que podia lidar consigo era seu contato de emergência.

Jaebeom estava se esquecendo do porquê não queria ceder dessa vez, de que estava cansado daquele ciclo vicioso de ficar com Youngjae até que ele se cansasse, procurasse outro e eventualmente voltasse a procurá-lo no bar. Não pensava mais no quão incomodado se sentia quando percebia que estava sendo manipulado pelo mais novo ou quando agia submissivo demais, apenas por força do hábito. Era assim que as coisas funcionavam entre eles.

O motivo do sorriso do mais velho, entretanto, não era o rosto do Kim por si só, mas pelas pintinhas em sua bochecha praticamente formavam uma constelação muito familiar a Mark. O fato de Yugyeom ter a constelação do Lince no rosto era uma coincidência muito curiosa. Qual era a probabilidade de sua pessoa favorita ter sua constelação favorita marcada na pele?

Jaebeom tinha o velho hábito de olhar Youngjae de longe. Entretanto, quando seus olhares começam a ser correspondidos e Youngjae começa a se aproximar cada vez mais, Jaebeom percebe o quão estranho se sente quando está ao redor do colega.