earnshaw

Semana passada, o carteiro deixou uma correspondência na minha caixa de cartas, com o seu antigo endereço estampado no envelope, porém você não era o remetente. A faculdade ainda não me retornou para informar o resultado do vestibular e eu juntei as minhas economias para quando eu criar coragem e te telefonar, informando que comprei as nossas passagens para São Tomé. Ainda esse mês, meu terapeuta aconselhou-me a te procurar. Bem como o meu pai, o vizinho da casa ao lado, meus santos de devoção, meu supervisor, o primo da minha melhor amiga e todo o resto do universo.

Isadora mirou o telefone milimetricamente posicionado em seu criado-mudo, aguardando até que secretária eletrônica decidisse entrelaçar os dedos com a sua solidão.

E eu, não vejo mais você faz tanto tempo, que vontade que eu sinto…

Porque, meu bem, eu passei por treze praias para achar uma vazia, mas finalmente é minha.

Porque de repente, eu preferia ficar cega, garoto, do que vê-lo se afastar de mim desse jeito.

Apenas não vá. Não por ora. Deixe-me devagarinho, como quem não quer nada, como neblina que desaparece de mansinho na luz do amanhecer. Tu ainda me causa sensações juvenis que fazem-me reviver os meus treze anos, esfria-me a barriga, faz-me notar o que é o amor.

Do nome mais bonito, do timbre mais cativante, do olhar mais instigante, do ser mais brilhante.